spoiler visualizarkshxba 12/11/2023
Escolhi esse livro totalmente por acaso, sem ter a mínima noção do que se tratava a história. Achei que isso seria uma boa ideia para voltar ao costume de ler por prazer. E a escolha não poderia ter sido melhor.
A leitura me prendeu muito, era muito fácil me concentrar na historia em qualquer momento que eu pegava para ler o livro.
A escrita da Patti é muito gostosa, e a história de vida dela é incrível. Fiquei reflexiva a respeito do que é se sentir livre, na perspectiva dela. Discordo em diversos momentos, mas achei interessante entender essa sensação sob outra ótica.
A conexão entre ela e o Robert é algo surreal. E o fato de eles não continuarem juntos de uma forma romântica mas, ainda assim, continuarem conectados até a morte dele, é algo que mudou um pouco a minha perspectiva sobre conexões com pessoas e amores ao longo da vida.
Outro ponto que achei incrível foi o fato de que as roupas, as produções, os desenhos, as fotografias e até as músicas (basicamente, todas as formas de expressão artística dos dois) eram sempre muito genuínas. Ela não tinha dinheiro para comprar uma roupa bacana. Jamais conseguiria, na sua juventude, usar uma marca bacana e cara, e ainda assim conseguia juntar pedaços de pano, pulseiras feitas à mão, coisas que realmente expressavam sua personalidade, para formar uma produção incrível e original.
Isso também mudou um pouco a minha perspectiva sobre originalidade na moda.
Além disso, a quantidade de referências que ela tem no mundo artístico é incrível. Guardei várias delas para pesquisar depois. E sinceramente, não sei se isso vai acontecer algum dia.. mas mesmo sem pegar nem 10% das milhares de referência que ela cita, fiquei impressionada com todas elas.
Ah, amei o hotel Chelsea. Não conhecia, não sabia da história dele, mas fiquei impressionada. Senti muita vontade de estar lá nos anos 60/70. Mas, como isso não é possível, espero algum dia poder ao menos visita-lo, sabendo de tudo o que aconteceu por lá.
No final, me emocionei. É muito louco pensar que toda aquela historia simplesmente ?acabou?. O Robert morreu com aids. A Patti estava na praia com sua nova família. É como se aquela família ali, seus filhos, sua vida nova, nunca fosse ter a mínima noção de tudo o que aquela mulher viveu e passou ao longo da vida. Como se ela fosse um poço de conhecimento, vivências e experiências surreais, mas seus filhos e seu novo marido fossem apenas parte de uma família comum, sem graça.
O fato dela ter escrito de forma cronológica, desde quando morava com sua família até a morte do Robert, com sua nova família, é um toque especial para o livro. Isso me prendeu ainda mais a história. Sem contar que é impressionante a maneira como ela escreve seus sentimentos e suas impressões tão bem, tão detalhadas é tão fiéis à realidade que ela pretende passar ao leitor. Como se ela tivesse vivido isso tudo ontem, não 60 anos atrás.
Enfim, gostei muito. Muito mesmo. Na metade da leitura achei que ia ficar paia, quando o Robert começou a se revelar um sadomasoquista gay que vende a alma ao diabo.. isso quebrou todas as boas expectativas que eu tinha em cima da história. Mas depois, tomando um caminho completamente diferente do que eu pensava (eles vão se casar, viver felizes para sempre e crescer juntos) ficou ainda mais interessante. É uma história muito diferente de qualquer outra história de amor.
Aprendi outra possibilidade de vivência do amor genuíno entre duas pessoas, ainda que fuja totalmente do padrão esperado.
É isso. Acabei de ler agora e decidi escrever as minhas impressões. Com certeza está mal escrito, mas foi sincero. E acho que a leitura acendeu em mim a vontade de ser leitora novamente - acabei de comprar 7 livros. :))