A era da empatia

A era da empatia Frans de Waal




Resenhas - A era da empatia


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JPHoppe 11/03/2012

O subtítulo pode parecer enganoso: "lições da natureza para uma sociedade mais gentil". Afinal de contas, não passamos anos vendo que a falácia natural é, quem diria, uma falácia? Que os meios da natureza não refletem necessariamente nossa conduta moral? Porém, é apenas uma primeira impressão.

Nossas piores qualidades, como a raiva, egoísmo e guerra, são rapidamente comparados com os animais, algo de nossa natureza que subjugamos diariamente com nosso intelecto superior humano. Mas, quando é mostrado que o que temos de bom, como a empatia e solidariedade, é presente em vários graus de desenvolvimento em outros animais, ou seja, que além de uma continuidade filogenética física, também possuímos uma continuidade na mente com os demais, a situação comum é de revolta e rejeição? Mas por que isso?

"Era da Empatia", fruto de décadas de pesquisas, trata desse e muitos outros assuntos. É interessante ver uma espécie de contraponto entre de Waal e Dawkins, sobre o papel da empatia e egoísmo na evolução. Digo "espécie" pois seria errôneo classificar os dois como representantes excludentes de dois extremos: nem Dawkins acha que não existe empatia verdadeira, nem de Waal acha que a natureza é absolutamente empática.

Também é interessante a nota que de Waal faz a respeito das religiões judaico-cristãs que, por terem nascido em locais onde não havia um meio de continuidade com a natureza ao redor (sem macacos, por exemplo), o homem sempre foi visto como algo separado, superior ao resto, enquanto outras religiões, como as da Índia e Japão, possuem animais como sagrados.

Leitura muito recomendada.
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Ricardo Silas 15/06/2015

O contágio emocional
Frans de Waal é um professor de psicologia e primatólogo que decidiu dar um basta às afirmações que se apoiam no egoísmo, ganância e competitividade como força motriz da natureza, geralmente assumida por políticos e economistas. O objetivo de quem adere ideias como essa, diz Waal, consiste em querer justificar atos que ignoram as pessoas em situações de pobreza, culpando-as pela miséria na qual padecem. Ou seja, isso isenta enormemente a responsabilidade do governo quanto ao assistencialismo e justiça social, enquanto os mais ricos se locupletam no poder sem serem estorvados pelas causas da maioria pobre. Nenhuma proposta hobbesiana (Homo homini lupus) se baseia em premissas inteiramente corretas. É claro, e isso Waal não nega em nenhum instante, trata-se de uma meia verdade o fato de que a espécie humana é agressiva e, em alguns casos, desprezível em relação ao bem-estar de seus semelhantes. Mas há outro lado que muitos ignoram, no qual se encontram os milhares de exemplos que consagram o caráter comunitário, cooperativo e altruísta da nossa espécia e de várias outras, inclusive primatas. Antes de adentrar nos resultados de pesquisas voltadas ao comportamento empático dos animais, primeiro o autor se preocupa em destruir duas falácias que em nada contribuem à psicologia social e à neurociência: a falácia naturalista e o darwinismo social. Claramente se nota que não há qualquer embasamento honesto que ratifique uma moralidade sustentada por eventuais fatores comportamentais da natureza, pois como bem coloca o autor, a natureza é uma bíblia, e dela muitos buscam ler aquilo o que querem, conforme seus interesses, "da tolerância à intolerância". Logo, não é uma boa ideia tomarmos a naturalidade da violência como uma prescrição moral apenas porque, às vezes, os animais são violentos. As desconstruções são decisivas para a compreensão do livro e sua mensagem central, que é a de que existe um equilíbrio entre empatia e egoísmo na natureza, e que esses fatores, cada um ao seu modo, nos torna seres sociais, e não meramente competição e insensível ganância e sede de guerra, como pateticamente sugerem aqueles que fazem mau uso da biologia e da evolução. Aliás, eis aqui uma alternativa que contradiz o obsoleto contrato social de Jean-Jacques Rousseau, que é a de que a sociedade prescinde em milhões de anos a nossa espécie, e não fomos nós que a inventamos arbitrariamente. Mas o que Frans de Waal também propõe além disso? Imagino que não seja uma tarefa simples a de extrair razões emocionais embutidas em comportamentos de animais não-humanos, embora as evidências apontem nessa direção. Com exemplos que atravessam desde as sociedades de chimpanzés até as do macaco-prego e golfinhos, Waal se concentra em demonstrações quase puramente altruístas de animais que ajudam os outros sem nenhuma exigência ou troca de favores. Algumas demonstrações incluem certa dose de auto-interesse em que as pratica, mas em nada isso descarta a satisfação que se sente ao se colocar no lugar do outro e promover seu contentamento imediato. Há, também, uma grande dedicação do autor para esclarecer alguns aspectos que fomentaram as crises que o sistema financeiro sofreu em 2008, e a forma como a doutrina do livre-mercado está encharcada de pessoas que não emitem uma visão completa da biologia, ou quando o fazem, esquecem de elaborar uma boa maneira de permitir que assuntos biológicos se misturem com a política. O leitor que compreender as camadas que se desdobram em meio aos estímulos empáticos, ora benéficos ora maléficos, terá maiores chances de se esforçar para agir solidariamente com o próximo. Apenas essa capacidade é profunda o suficiente para nos sentirmos cada vez mais humanos.
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Eduardo 20/05/2023

Excelente livro sobre empatia
Gostei bastante!

O autor mostra que existem empatia no reino animal e nos homens, bem como já nescemos com essa qualidade!

Além disso, ele mostra os impactos da empatia nas diversas áreas de nossa vida, como política, economia, sociedade, família etc.
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