Márcia Regina 13/09/2009
"Cabeça de negro", de Paulo Francis
Nunca tinha lido Paulo Francis ficção e por isso pedi “Cabeça de negro” emprestado. Terminei de birra. E também porque o assunto era interessante. Gosto desses relatos (ficção e não) sobre acertos, erros, linearidade e contradições da ideologia. Agora, a forma como ele escreve, céus, pesou, pesou, pesou, me senti carregando uma tonelada morro acima.
Um exemplo. Imaginem a cena: a mulher acabou de matar um cara, o defunto ainda está na sala. Ela diz
"- Ponha-se no meu lugar, um minuto, se for possível, não deve ser, nossas preocupações são triviais; imagine só, esta mulher, eu, atormentada porque matou um cabra, na era de Hitler e Stálin, que Hugo Mann dissecou em ensaios cheios de tensão, ironia,sagacidade, independência de raciocínio, mas meu benzinho,desce do Olimpo, ou já que você é boche, do Valhala, e ajuda tua irmã..."
Dá para entrar no clima de uma mulher com um morto na sala? Mesmo que seja de uma mulher fingindo? Mesmo que seja de uma mulher falsamente fingindo? Mesmo que seja para demonstrar a hipocrisia? Eu não consigo. E não tenho muita paciência com conotação intelectual demais.
Valeu para conhecer Paulo Francis, mas dificilmente vou ler outro dele, me sentia lendo análises e listas de artigos culturais.
Tudo bem, gosto literário é algo bem pessoal.
Paulo Francis é um prato cheio, mas não para mim.