A solidão dos números primos

A solidão dos números primos Paolo Giordano




Resenhas - A Solidão dos Números Primos


92 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Renata CCS 29/03/2014

As escolhas são feitas em poucos segundos e se pagam durante o resto da vida. (p. 277)
A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo. (Fernando Pessoa)

Eu sei que não devo julgar um livro pela capa, mas a delicadeza da imagem nesta obra, com aqueles olhos que pedem para serem lidos, e o título poético, foram uma conquista de imediato. Como se isso não bastasse, as diversas indicações positivas aqui no Skoob fizeram A SOLIDÃO DOS NÚMEROS PRIMOS entrar para o topo da minha lista de leituras finais de 2013. Um livro envolvente, intenso e comovente onde a angústia e a beleza confrontam-se e se completam - a todo tempo.

Alice e Mattia são os protagonistas problemáticos: adversidades marcaram a infância, o corpo e a mente de ambos. Após sofrer um acidente de esqui que a deixa com deficiência em uma das pernas, Alice torna-se extremamente insegura e, ao mesmo tempo, tenta a todo custo esconder da família que sofre de anorexia. Já Mattia é aluno inteligentíssimo, porém muito esquivo, convive com uma gigantesca culpa por ter abandonado em uma praça a irmã gêmea com problemas mentais, Michaella. O desaparecimento da irmã e o sentimento de impotência em nunca tê-la encontrado desencadeiam em Mattia um comportamento autodestrutivo que o marcará por toda a vida. Alice encontra sua paixão, um refúgio, na fotografia, enquanto Mattia encontra seu mundo, seu porto seguro, na matemática. É a relação dos dois que justifica o título do livro: eles são sós, e esta solidão é a principal protagonista de suas vidas. Distantes dos colegas e negligenciados por suas respectivas famílias, acabam permitindo que suas vidas se toquem, mas não são capazes de abrir mão deste distanciamento em relação a outro ser humano. Alice e Mattia sentiam-se seguros na solidão porque, mais do que um estado de isolamento, isolar-se também é uma forma de liberdade, embora inconstante.

É difícil falar de um livro que consegue chegar tão perto daquilo que sentimos em nosso íntimo. Da primeira a última página a solidão nos acompanha e o mais interessante é que em nenhum momento ela se impõe ao leitor: simplesmente está impregnada em todo o livro, como se florescesse no meio das palavras. Acho que este é um ponto comum entre livro e leitor: o medo de ficar sozinho, de ser sozinho, que acompanha o ser humano. Afinal de contas, em nosso íntimo todos nós temos nossa própria solidão. Porque nos sentimos, às vezes, como um número solitário, sem gêmeo.

A narrativa é tão sólida, sensível e sutil que ganha a atenção do leitor pelo fato de ser muito realista, muito humana. Assustadoramente humana. A escrita é bem estruturada e os protagonistas são impressionantemente bem construídos. Reais. É interessante notar a solidão como algo inerente ao espírito de Alice e Mattia: não é um determinado momento da vida, mas toda a vida deles. O autor narra a infância de ambos, a adolescência e a vida adulta, bem como as dificuldades, as angústias e o sentimento de inadequação que os acompanha em cada fase. São personagens complexos, indivíduos que podemos identificar em nosso cotidiano, que apesar da aparente normalidade, muitas vezes ocultam traumas que causam desconforto e sofrimento, sentindo-se sempre deslocados perante o mundo. Uma história triste, mas bela. Tão simples, mas tão profunda. O livro é a cara da vida.

Transformando a matemática em pura poesia e a prosa em íntima reflexão, Paolo Giordano desenvolveu um relato extremamente apaixonante, humano, e me cativou totalmente em sua estréia como escritor. Grandioso e nobre - e nada pretensioso - o livro é, sem dúvida, para se ter, ler e reler, ser pensado, absorvido e respirado. Para mim, uma obra ímpar.


"Viviam a lenta e invisível compenetração de seus próprios universos, como dois astros que gravitam em torno de um eixo comum, em órbitas cada vez mais estreitas, cujo destino claro é o de se unir em qualquer ponto do espaço e do tempo."

Resenha originalmente publicada em 11/11/2013.
Mona 11/11/2013minha estante
Li este livro no início deste ano, e foi um caso de amor à primeira vista! Um dos melhores que li em 2013, sem dúvida!
Linda resenha, muito profunda!


Nanci 11/11/2013minha estante
Renata:
Que alegria constatar o quanto você gostou dessa história comovente. Prova disso é sua resenha perfeita: enxergar a solidão maior dos homens e não aquela inerente ao desencontro amoroso, por exemplo.
Adorei!
Beijo, da Nanci.


Ana Karla 11/11/2013minha estante
Mais uma bela resenha, Renata! Fiquei com vontade de ler o livro agora.


VICKY 11/11/2013minha estante
Tenho este livro em casa e está na minha fila faz tempo. Acho que vou passa-lo na frente de outros.
Adorei sua resenha!


Arsenio Meira 11/11/2013minha estante
Putz, vou terminar endoidando, rsrsrs! Já comecei a ler outro livro, estou relendo um outro e após ler sua resenha mais do que instigante, Renata, já me inclino para esta Solidão, rsrsrs... Certamente, vou ler! Abraços


Renata CCS 12/11/2013minha estante
É um livro notável, de uma sensibilidade tremenda. É um livro que nos fala tão de perto, mexe com o íntimo e nos encaminha para a interiorização... Fiz dele uma leitura muito pessoal.


J@n 12/11/2013minha estante
Que linda resenha! Fiquei com vontade de reler este livro.


Joy 13/11/2013minha estante
Depois desta resenha, só me restou colocar o livro na lista de desejados.


Léia Viana 27/01/2014minha estante
Esse é um dos meus livros favoritos! E eu o comprei justamente pela capa, rs.


Caroline Gurgel 29/03/2014minha estante
Adorei a resenha! Não há como não ficar com vontade de ler :)
Parabéns! Abç


Nanci 22/07/2016minha estante
Que alegria reler uma resenha sua, Renata. E ainda recordar um livro do qual gostei imensamente. Obrigada!


Nanci 22/07/2016minha estante
Que alegria reler uma resenha sua, Renata. E ainda recordar um livro do qual gostei imensamente. Obrigada!


Renata CCS 22/07/2016minha estante
Ao editar essa resenha, também senti saudades desse livro. Preciso reler. Obrigada pelas suas carinhosas palavras!


Márcio_MX 22/07/2016minha estante
Adorei esse livro e também sua resenha ;)


Nathalie.Murcia 10/06/2019minha estante
Gostei muito da sua resenha. Me despertou a vontade de lê-lo. Terminei, há pouco, de ler Acabadora, da Michele Murgia. Creio que você irá gostar, sem falar na tetralogia napolitana, de Elena Ferrante. Estou apaixonada pela literatura italiana.




Ladyce 16/07/2010

Uma história envolvente e moderna, envolta em poesia!
Há tempos eu não lia compulsivamente. Em geral leio de dois a três livros simultaneamente, mas confesso que no mês de janeiro houve duas narrativas, completamente distantes uma da outra que não me deixaram dividir meu tempo livre com qualquer outra história. Foram leituras sedutoras do início ao fim e que pediram e ganharam a minha total atenção enquanto leitora: O TIGRE BRANCO, de Aravind Adiga [Nova Fronteira: 2008] e A SOLIDÃO DOS NÚMEROS PRIMOS de Paolo Giordano [Rocco: 2008]. Hoje vou me concentrar no livro italiano.

Eu não teria acreditado, se me dissessem, que eu iria me interessar, que iria ler apaixonadamente, um romance que tratasse das vidas de pessoas muito complexas, que carregavam traumas da infância. Pessoas que cresceram no meio de famílias ineptas, que não conseguiam lhes dar atenção. Famílias, pais, que não notam as carências dos filhos, que os deixam sofrer distúrbios emocionais. Essa descrição dos dois principais personagens de A SOLIDÃO DOS NÚMEROS PRIMOS, Alice e Mattia, teria simplesmente feito com que eu fechasse o livro e dito: "Não sei se me encontro num momento emocional para ler sobre este tipo de tragédia. Ando a procura de uma história mais branda"... Que erro eu teria cometido! Porque não teria sido apresentada a esta história maravilhosa, a este livro sedutor.

Mas aí entra a arte deste recém descoberto escritor, Paolo Giordano. Sua primeira profissão é a física. É formado em Física pela Universidade de Turim, onde ganhou uma bolsa de doutoramento em Física de Partículas. A segunda profissão, só agora começada, é a de escritor. Não sei se uma tomará a frente da outra. Numa entrevista à revista Elle, o escritor, que foi agraciado com o maior prêmio literário da Itália, o Prêmio Strega, em 2008, por este primeiro romance, com o qual também recebeu uma menção honrosa do Prêmio Campiello no mesmo ano, garante que gosta mais de escrever. Espero que sim, pois revelou uma voz única e bem sucedida.

Parte do sucesso dessa narrativa vem da revelação, muito bem descrita, dos sentimentos de inadequação dos adolescentes, sentimentos que serão permanentes em cada um dos protagonistas. Alice e Mattia têm essa inadequação elevadíssima: conseqüência do sofrimento físico ou psicológico sofrido por cada um na infância. Vivem em extrema solidão, mesmo sendo membros de famílias confortavelmente estabelecidas na classe média. Acompanhamos suas vidas de 1983 a 2007. Enquanto Mattia, que tem o perfil de um gênio, se refugia na matemática, onde consegue se realizar – porque nela sentimentos não são necessários; Alice encontra abrigo na anorexia, onde se sente confortável, emocionalmente, habituada que está à ausência dos alimentos emotivos de que sua alma, seu espírito, precisam. Ambos são ímpares em seus respectivos casulos emocionais e é exatamente isso o que os aproxima e o que nos aproxima dos personagens.

Fato é que conhecemos estes personagens. Se não são nossos filhos, irmãos, primos ou sobrinhos, estão no círculo de amigos, amigos de amigos, filhos de amigos, companheiros com quem nos relacionamos. Reconhecemos alguém próximo e com a narrativa sedutora, rápida e contemporânea de Paolo Giordano seria difícil não nos aproximarmos emocionalmente, não acharmos Alice e Mattia fascinantes.

Dizer que a matemática tem poesia é lugar comum. Mostrá-la é único! Neste livro a matemática é usada como metáfora, magistralmente: "Os números primos são divisíveis apenas por um e por si mesmos. Estão em seus lugares na série infinita dos números naturais, comprimidos entre dois, como todos, mas um passo adiante em relação aos outros. São números suspeitos e solitários, e por isso Mattia os achava maravilhosos". E nas mãos hábeis de Paolo Giordano, nós também achamos os números primos maravilhosos.

Leia. Não se arrependerá!

comentários(0)comente



Paty 19/11/2013

Dizer que a matemática tem poesia é lugar comum. Mostrá-la é único!
Nas mãos hábeis de Paolo Giordano, eu também achei maravilhosos os números primos!
Renata CCS 21/01/2014minha estante
Puxa Paty, vc resumiu na primeira linha todo o sentimento que esta obra despertou em mim!


Mona 11/02/2014minha estante
Uma leitura magnífica!




Evy 20/01/2011

Triste e poético!
Confesso: comprei o livro pelo título que achei lindo! Não sabia nada da história e sequer tinha lido algo a respeito, como geralmente faço antes de comprar. Comprei por impulso e fico feliz de o ter feito. A Solidão dos Números Primos é um livro intenso e doloroso, de leitura simples e rápida. Como um corte na pele, que incomoda no início e deixa uma cicatriz de lembrança pelo resto da vida.

Li esse livro em três dias, coisa que não fazia há um bom tempo mesmo com livros que estava apaixonada pela história. Paolo Giordano me conquistou totalmente com sua escrita triste, dramática e poética. A história é sobre Mattia e Alice, dois jovens que carregam marcas de um passado trágico e acabam se encontrando numa certa fase de suas vidas. Ambos se sentem deslocados, perdidos e sós nesse mundo pretensamente perfeito e encontram um no outro uma certa afinidade que os faz desejar a proximidade apesar de todas as suas limitações que os afastam.

O título do livro não poderia ter sido escolhido melhor... "entre os números primos existem alguns ainda mais especiais.Os matemáticos os chamam de primos gêmeos: são casais de números primos que estão lado a lado, ou melhor, quase vizinhos, porque entre eles sempre há um número par, que os impede de tocar-se verdadeiramente".

Mattia e Alice são assim, dois primos gêmeos sós, perdidos e embora próximos, nunca o bastante para se tocarem de verdade. Eu sou suspeita pra falar desse tipo de história, pois adoro histórias que fogem dos finais felizes clichês. Esse livro é angustiante de tão verdadeiro. Acho que parte do encantamento desse livro vem do modo maravilhoso como Giordano descreve os sentimentos das personagens. É muito poética a forma como ele fala da inadequação dos dois jovens ao mundo “normal” e “perfeito”, seus conflitos internos, seus problemas, seus traumas infantis, suas dificuldades, os encontros e desencontros.

Na minha opinião uma história lindíssima, primorosamente contada por Giordano e que vale muito a pena ser lida!
comentários(0)comente



Cissa 23/08/2010

Triste Realidade
A Solidão dos Números Primos é um título que resume bem a história contada por Paolo Giordano.

Nem sei porque comprei este livro. Ele me chamou a atenção na prateleira da livraria. Não é meu tipo de leitura predileta, mas confesso que achei bem interessante.

Fiquei muito angustiada ao longo do decorrer da história, pois sou mãe e não consigo entender como ainda existam pais nos dias de hoje, com tanto conhecimento e informação a respeito de educação e formação psicológica e moral, que ainda exijam e coloquem nos filhos responsabilidades e anseios que eles não estão prontos para corresponder.

Fiquei muito indignada com a falta de preparo dos pais de Mattia e Alice. Tudo à vista deles que como cegos e negligentes deixam passar "batido" sem se importarem com o amadurecimento e formação dos filhos.

Sofri muito com o casal principal, mas não podia ser diferente, pois já no início do livro vemos que os traumas causados nos jovens trarão consequências futuras.

O que mais me entristece é saber que na nossa sociedade existam tantos "números primos" como Mattia e Alice. E que como na matemática, eles parecem fadados a viverem somente se relacionando entre si ou com o nada, o "zero".

Uma história que nos faz refletir até onde somos responsáveis pelos filhos que criamos. E se não estamos preparados para formar seres equilibrados e felizes, melhor que criemos cães e gatos. Dificíl e dura conclusão a minha, mas foi o que aprendi com este livro.

ADENDO:
Quando escrevi que quem não está preparado para criar filhos, ajudando-os a "formar" um caráter digno, que fosse criar cães e gatos, não esperava criar polêmica. Sei que animais exigem atenção e carinho. Eu mesma amo animais, tenho-os em casa, mas a forma com que cuido de meus filhos é diferente de como cuido dos animais. Vejo pessoas que não têm capacidade de criar filhos, mas têm consciência disso e adotam animais, dando a estes todo o carinho e compreensão necessários.
Agora, colocar filhos no mundo é de extrema responsabilidade, visto que quando não temos essa condição, muitas vezes os colocamos em caminhos difíceis e tortuosos como é o caso de Mattia e Alice.
Domenica Mendes 22/08/2010minha estante
Cissa, apreciei sua resenha! Não tive oportunidade de ler o livro. Discordo apenas de um argumento seu apresentado: ao falar de diferença entre criação entre cães e gatos. Entendi perfeitamente o contexto de sua defesa. Sua resenha chamou-me a atenção para a leitura dessa obra. Espero futuramente ter a oportunidade de lê-la! Parabéns pela ótima resenha crítica apresentada.


San... 23/08/2010minha estante
Este livro já está em minha estante de "desejados", mas sua resenha aumentou ainda mais meu desejo por ele. Aprecio esse tipo de literatura porque, hoje amadurecida, me é mais fácil dar atenção aos alertas e conselhos. Algumas vezes, erramos feio sem sequer saber... Assim, quando a intuição não grita, é no alerta alheio que podemos observar se estamos no caminho certo ou não. Mas uma coisinha eu tenho que dizer: para criar cães e gatos também se faz necessário equilibrio, porque sem ele podemos estar criando feras perigosas.


karlasampaio 23/08/2010minha estante
excelente resenha Cissa, despertou-me vontade em ler esse livro.


Mariana. 01/09/2010minha estante
Adorei a resenha, Cissa. Essa metáfora dos números primos em relação à pessoas 'diferenciadas' e 'solitárias' (não sei se são essas as melhores palavras porque não conheço os personagens ainda, mas imagino que deva servir) é mesmo perfeita.


Dri Ornellas 07/04/2011minha estante
Não havia visto a história pela ótica dos pais. Ótima interpretação!




Nicolas388 11/03/2023

"Alice fez o anjo na neve com as asas abertas"
É uma obra que faz jus ao título.

Enquanto mais lia, mas a imagem de um outro autor se destacava em minha mente, a do Gabriel García Márquez. Certa vez ele relatou que todo escritor está, na verdade, num caminho para escrever um único livro, e o que ele buscava escrever era o livro da solidão. Pois é este sentimento, tão complexo, belo e melancólico, que se sobressai na leitura.

A escrita de Paolo Giordano é extremamente poética. Em especial, achei interessante a maneira com que as figuras de linguagem das duas narrativas (as de Alice e Mattia), são recheadas por metáforas compatíveis com os personagens, porém ainda entremeadas com o mesmo significado, o mesmo alvo em comum: a solidão, os abismos que unem esses dois personagens tão humanos.

Essa solidão surge por seus respectivos traumas, momentos minúsculos em suas vidas que, no entanto, acabam por marcá-los para sempre, levando os dois a um caminho de autodestruição. É dessa maneira que reconhecem um no outro a mesma culpa, o mesmo isolamento, e se amparam dessa maneira tão singular.
comentários(0)comente



DIRCE 10/01/2010

Ai! Ai!...E agora, José?
Agora, terminada a leitura do A Solidão dos Números Primos, tenho que confessar (apesar de reconhecer que o autor é merecedor de todos os louros que lhe foram conferidos) que não “morri de amores” pelo livro. Os culpados desse desamor? Foram o título: chega a ser embriagador de tão poético e lindo e a capa que mostra uma jovem de olhar desolado e eles ( o título e capa) me sugeriram um outro tipo de história, um outro tipo de literatura.
A Solidão dos Números Primos nos apresenta Mattias e Alice, dois jovens que trazem um “Saara” dentro de si- o que ocorre com a maioria dos jovens, mas ,estes, conseguem aos poucos encontrar os seus “ Oásis” – já, com os 2 protagonistas isso não ocorre: eles andam de mãos dadas com a solidão e a aridez até a idade adulta.
Eu não achei um livro delicado, mas não daria para ser diferente, pois nele são abordados temas chocantes, temas, que por si só, são de extrema crueza como a “bullying”, a anorexia, e também a cobrança excessiva dos pais e situações vivenciadas na infância que provocam traumas que podem ser devastadores.
Apesar dos pesares o livro merece no mínimo 3 estrelas. Incoerente? Não. Não posso desmerecer o livro por tê-lo idealizado.
Ana 24/05/2010minha estante
vc disse exatamente o que eu queria ter dito desse livro! rs estava na maior espectativa e acabou sendo um pouco menos - ou nem tanto. Mesmo assim, é sim um bom livro. Mas faltou algo que nem sei o que é ... algo que diferencia o Hagen Däs da Kibon, digamos, mas que não sei expressar em termos literários ... rs


Silvana (@delivroemlivro) 13/06/2011minha estante
Também não fui arrebatada como achei que seria... Para mim faltou o que chamo de "livro além do livro", aquilo que permeia a mente e faz pensar, mexe com as emoções do leitor para além da narrativa. Como faz Milan Kundera, Clarice, Alain de Botton, Ian McEwan e tantos outros. Mas, apesar disso, sem dúvida é um bom livro.




Nath Mel 06/08/2020

Mattias e Michela são gêmeos que compartilham grande semelhança física, mas nenhuma mental. Michela tem déficit de inteligência e Mattias é um gênio.

Na infância, Mattias tem uma atitude impulsiva e egoista que impacta tristemente seu futuro.

Este livro ilustra os traumas e como eles moldam o nosso futuro. A história acompanha a vida de Mattias desde a infância à fase adulta. Vemos as transformações das pessoas ao seu redor, mas pouca dele, que ainda permanece preso ao trauma do passado.

?Aprendera, agora, a lição. As escolhas fazem-se em poucos segundos e descontam-se no tempo que resta.?
comentários(0)comente



Paula 07/12/2009

Doloroso e intenso
É difícil falar de um livro que te emociona tanto. São histórias não para serem contadas, mas para serem sentidas. E como doem essas histórias!
Um livro extremamente "humano", que fala dessa solidão "nossa", que de uma forma ou de outra todos nós temos, que fala de culpa, e do quanto uma escolha errada pode marcar para sempre a vida de uma pessoa. De uma criança. De como podemos ser cruéis nos nossos julgamentos, ao culpar alguém por um erro, por uma falha. Ele mostra como sofremos por não sabermos nos comunicar com o outro e o tanto que poderia ser evitado com uma conversa, com um abraço; e descreve de forma brilhante o psicológico dos personagens. Além de tudo isso, é um livro que fala de amizade e de amor, e sobre aceitar as diferenças.
Eu ainda estou torcendo por Mattia e Alice.

Preciso comentar também desse título, que é lindo e que foi o que chamou minha atenção para o livro, e se encaixa perfeitamente na história. Foi um dos melhores livros do ano pra mim.

comentários(0)comente



Ren@t@ 30/03/2014

Um título mais que atraente, uma capa que é um convite à leitura,
A Solidão dos Números Primos, do escritor italiano Paolo Giordano, foi uma agradável descoberta. Forte, verdadeiro e, em muitos momentos, extremamente doloroso, o livro faz uma reflexão sobre as diferenças, sobre a solidão, sobre as relações familiares e sobre muitos conflitos da nossa juventude.

O livro é uma avalanche de aspectos psicológicos muito bem explorados pelo autor, mas que deixam o leitor quase sempre com o coração apertado, sofrendo pelos personagens. Toda a obra está maravilhosamente bem escrita e foi um prazer conhecer o trabalho deste autor.

Uma solidão a dois. Uma solidão incompleta e que nunca cessa. É um silêncio ensurdecedor!
comentários(0)comente



Pedro 16/03/2014

Melancolia: significa o estado de tristeza e apatia sentido continuamente por algo.

Começo a resenha com essa definição, pois foi uma das coisas que mais senti durante a leitura.

Já vou dizendo que a editora Rocco fez um ótimo trabalho no livro. O título e a delicadeza que encontrei na capa foram elementos que me deixaram, ao mesmo tempo, intrigado e instigado a lê-lo. Se amor a primeira vista existe ou não, eu não sei, mas que me encantei com o físico do livro, isso eu não posso negar.

Em A Solidão dos Números Primos, temos a história de Alice e Mattia, dois jovens que passaram por uma infância cheia de conflitos e dificuldades e uma tragédia que os afetaram psicologicamente em seus desenvolvimentos, tornando-os pessoas reclusas, com dificuldades em esboçar sentimentos e até mesmo falar sobre eles.
O livro possui capítulos paralelos e cronológicos (de 1983 a 2007) e que se alternam entre os dois protagonistas principais que têm seus caminhos cruzados juntamente com a de outros personagens, e é a partir daí que vemos suas características serem nos apresentadas e a trama começa a ganhar forma.

"Mattia tinha estudado que entre os números primos existem alguns ainda mais especiais. Os matemáticos os chamam de prima gêmeos: são casais de números primos que estão lado a lado, ou melhor, quase vizinhos, porque entre eles sempre há um número par, que os impede de tocar-se verdadeiramente..."

O Paulo Giordano, neste livro, abordar problemas em que há muito eu já não via ser trabalhados em outros livros, como o ato de se cortar, distúrbios alimentares, dificuldades em socializar e o isolamento, de tal maneira que em cada linha a um toque de delicadeza e tristeza.

"Havia uma bolha enorme de coisas a dizer que flutuava sobre suas cabeças, e os dois procuravam ignorá-la, olhando para baixo."

Para alguns o livro pode ser chato, ou até mesmo difícil, creio que depende muito do momento e o que está passando no interior de cada leitor. Para mim foi uma leitura gostosa e que me marcou muito.

Próximo ao final do livro estava completamente submerso na história e com uma vontade incontrolável de saber o fim, tanto é que acabei acelerando e me encantando com o desfecho, não foi o melhor do mundo, mas pra min foi perfeito, perfeito por ser triste, perfeito por ser angustiante, perfeito por ser delicado, perfeito por ser real...

Enfim, leiam o livro e mergulhem nesta história que fala nas entrelinhas, assim mesmo, de maneira obscura da tristeza de dois números primos reais, digo reais por ver em nós (gente de carne) e isso é o que estes personagens transmitem.

E antes que eu me esqueça, em 2010 o livro ganhou uma adaptação para as telinhas. Ainda não o assistir por medo de estragar a imagem que tenho do livro, mas vi o trailer e me deu uma vontade de chorar...
gabriela z 24/03/2014minha estante
Pedro, muito boa a sua resenha. Te aconselho a não assistir o filme, que é bem fraquinho! Nem se compara ao livro!




LissBella 01/09/2010

Solidão!
Um livro delicioso de ler. Leitura fácil e rápida.

Em alguns momentos nos sentimos tão só quanto Alice e Mattia. Paramos pra pensar em como algumas decisões podem mudar nossa vida, como diz Paolo Giordano "As escolhas são feitas em poucos segundos e se pagam durante todo o resto da vida".

A vida de Mattia reflete isso claramente. Já a vida de Alice nos mostra que não podemos decidir por ninguém... toda relação depende de duas pessoas e uma só não tem poder de controlar.

E, apesar de ser uma história de solidão e tristeza, nos deparamos com lindos sentimentos...

"Decidiu que faria isso por ele... para levá-la para passear. Tinha medo de admitir, mas quando era com ela, parecia que valia mais a pena fazer todas as coisas normais que as pessoas normais fazem".

Delícia de livro!

Recomendo!



comentários(0)comente



Kabrine 30/08/2021

Um livro fora da curva e poético
Um livro fora da curva e com uma escrita maravilhosa e poética!

Só por essa descrição, meus bibliófilos, já sabem que eu amei o livro né?

A solidão dos números primos conta as histórias de Alice e Mattia: inicialmente paralelas que se convergem ao ponto de se conhecerem.  

Ambos sofrem uma tragédia que os marcam para sempre.

Ambos se isolam e tem em comum a solidão.

Ambos possuem traumas por suas escolhas passadas e possuem dificuldades nas escolhas presentes e futuras.

Ambos possuem traços de distúrbios psicológicos: um, automutilação e a outra, anorexia.

O livro conta a história dos dois em suas diferentes fases (infância, adolescência e fase adulta) e mostra o peso que uma escolha possui ou mesmo quando se deixa que a maré escolha por você.

É um livro pesado, com diversos gatilhos como famílias desestruturais, distúrbios psicológicos, bulling, solidão, entre outros.

Não é um livro que termine com um final feliz, mas sim um agridoce que, eu pelo menos, achei extremamente coerente e perfeito para o espírito que o livro tem desde o início.

A forma como o autor descreve tudo é o maior charme do livro: tristemente poético. Ele relaciona a solidão dos personagens com os números primos e com a matemática, que por falar nisso, é a verdadeira paixão de Mattia.

O livro foi como um diamante gigantesco e bruto para lapidação na mão do autor, com temas importantes, escrita extraordinária, porém o mesmo se perdeu dentre as tantas possibilidades que o livro oferecia e mesmo gostando do final a execução teve um quê de apressada enquanto a história seguia um tempo lento e morno.

Personagens secundários que não foram bem aproveitados e poderiam ter sido melhor explorados.

Situações que não precisavam de tantos pormenores e outras que foram rápidas demais.

Viajar para a Itália foi uma experiência incrível com esse livro, mas não posso dizer que foi feliz e sim, profunda.
Dadá 30/08/2021minha estante
Esse entra sem dúvidas na sua lista de livros que os personagens tem algum transtorno psicológico.




92 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR