Aryta 21/02/2022
4 novelas e 2 palavras: Que Livro!
Terminei a leitura e fiquei digerindo tudo que tinha acabado de ler. Esse livro conseguiu fazer o que eu achava impossível: Alcançou o posto de ?O Cemitério? no meu coração.
Como sempre, Stephen King consegue pegar o leitor e levá-lo para dentro de suas cidades, vivendo lado a lado com os personagens, conhecendo-os tão profundamente, que quando o livro termina, parece que você se despediu de pessoas muito próximas.
Mas, nesse livro ele se superou. Porque se já era incrível fazer isso em uma história que ocupa de 400 até 1100 páginas, imagina em uma novela? Agora, imagina conseguir repetir isso em 4 novelas seguidas, unidas no mesmo livro? É surreal!
E, falando nelas, mais especificamente, começamos na primavera, com ?Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank?. Nos deparamos com um narrador incrivelmente carismático. O problema? Ele quis de livrar da esposa, sabotou o seu carro e consequentemente (porque justamente naquele dia ela resolveu dar carona para uma vizinha e seu bebê), acabou matando três pessoas.
Então, condenado à prisão perpétua, ele conta a história de outro homem, também condenado à passar o resto da sua vida na cadeia, por ter assassinado sua esposa e o amante. Porém, diferente do narrador, ele alega ser inocente.
Assim, a primavera começa te levando para dentro de uma prisão, vivendo as dores e desafios de estar lá. Durante a história você inevitavelmente começa a pensar sobre perdão, sobre a função das penas, sobre o fato de que as pessoas, mesmo encarceradas, não deixam de ser pessoas (ou, pelo menos, não deveriam deixar de ser).
Seguimos e chegamos ao verão com ?Aluno Inteligente?, onde nos tornamos íntimos de um menino e de um idoso. O que eles tem em comum? A princípio e aparentemente nada, mas, tudo se transforma e você fica transtornado ao tentar ver o bem onde só deveria existir o mal e o mal onde deveria haver apenas o bem.
Mais uma vez é necessário enxergar ?pessoas? quando elas ocupam lugares destinados apenas para monstros. O verão corre por anos e os personagens vão te fazendo seguir por uma montanha-russa de sentimentos.
Sem tempo para respirar, o outono chega com ?O Corpo?, uma novela extremamente sensível, com uma carga de inocência tão grande por parte dos personagens, que faz você se sentir criança.
É uma história linda, com um plano de fundo mórbido, porém, que traz amizade, vulnerabilidade e inocência em quase todos os momentos. Existe também aquela alegria infantil muito pura, que parece se negar a ir embora, mesmo quando a situação não favorece isso.
Em ?O Corpo?, além de tudo, vivendo com os quatro meninos, questionamos o que fazemos com o que a vida nos deu. Existem coisas insuperáveis? Estamos condenados ou em segurança independente do que fizermos? Em outras palavras, nossa ?colheita? será sempre daquilo que ?plantamos? (já sabendo que alguns não recebem ao menos ?sementes?, enquanto outros ganham ?mudas?)?
E, sentindo que não vou conseguir fazer jus à história do outono, passo para o inverno, com ?O Método Respiratório?, em que com contos dentro da novela, consegue fazer personagens nos apresentaram outros personagens incrivelmente apaixonantes.
O conto narrado é muito emocionante e quando ele termina, com o leitor já completamente satisfeito, dentro da novela ainda existem surpresas. Isso deu um desfecho perfeito para o livro.
Enfim, mais um livro de Stephen King em que eu vejo muito aparente o lado humano. Não são histórias de terror, são histórias de vida, de coisas que talvez não existam e coisas que para muitos de nós é como se não existissem.
Recomendo esse livro para qualquer tipo de leitor. É sensacional!