Crônicas de Atlântida

Crônicas de Atlântida Antonio Luiz M. C. Costa




Resenhas - Crônicas de Atlântida


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Maria Paula 20/05/2021

"Sim! – respondeu ela. – Mas as pessoas também se acorrentam a coisas e posições que desejam ou têm medo de perder. Por meio de correntes como essas que vocês usam. – apontou para a corrente de prata de Sistu e as de bronze de Tiakat."
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Paulo 11/06/2017

World Building. Criação de Mundo. Essa é uma expressão que acabou se tornando muito usada por especialistas, autores e até leitores. Ela designa a criação de um universo literário responsável por dar o pano de fundo a um enredo. Esse universo literário pode ser real ou fantasioso. Mas o que é world building? É simplesmente criar um mundo e colocar os personagens ali dentro ou existem um número maior de nuances que não são visíveis à primeira vista.

Esta é a história de Tiakat e Sistu. Ambos viviam em uma pequena vila longe da grande cidade de Atlântida. Em seu pequeno lugar do mundo, os dois se preparavam para a vida adulta e cheia de responsabilidades. Tiakat se preparava para assumir o lugar de Kopinani como xamã local enquanto Sistu estava noivo de Artás e iniciava os preparativos do casamento. Em breve ele iniciaria uma vida militar que Sistu não estava tão ansioso por seguir. Já Tiakat se ressentia do fato de estar apenas naquele lugar quando gostaria de explorar o mundo e conhecer coisas novas. Tiakat e Sistu já haviam se relacionado brevemente uma vez, mas a vida seguiu adiante não dando espaço para os dois. Mas, será na aceitação de que um completa o outro e que ambos precisam seguir os seus sonhos é que a história iniciará. Em uma atitude impulsiva, os dois decidem fugir de sua vila e seguir mundo afora em busca de novas experiências. Mal sabem eles que serão responsáveis por mudanças profundas na grande capital de Atlântida.

Retomando o pensamento do primeiro parágrafo, o autor utiliza excepcionalmente bem o recurso da criação de mundo. Não basta apenas criar lugares interessantes com situações políticas diversas. É preciso fornecer minúcias sobre a população que habita o mundo que nem sempre os autores se dão conta. Antônio Luiz aborda diversos temas extremamente interessantes que tornam a sociedade de Crônicas de Atlântida muito interessante: a sociedade é escravocrata apesar de alguns desejarem realizar um movimento abolicionista; os mitos são muito presentes no cotidiano das pessoas passando pelo nascimento até o enterro; a magia é lidada com naturalidade apesar de alguns tipos de magia serem mais mal vistas do que outras; as festividades recebem uma atenção especial já que elas se integram à religião. Outros elementos narrativos são empregados que mostram como o autor pensou diversos pequenos detalhes que dão individualidade à obra. Até mesmo as formas de se referir ao próximo são importantes: todos os nomes possuem um sufixo que pode ser algo reverencial ou íntimo. Ou seja, o mundo é riquíssimo e mesmo após uma leitura bem calma e tranquila de minha parte garanto que não devo ter conseguido captar todos os detalhes.

Ao mesmo tempo em que representa um ponto forte da escrita do autor, ela é também a sua vulnerabilidade. O Tabuleiro dos Deuses possui uma narrativa lenta e difícil, que nem sempre recompensa o seu leitor. Ficamos presos em minúcias que não são tão importantes assim para a história proposta. O andamento da narrativa muitas vezes é interrompido para descrever um hábito ou um costume senzar, cari ou tlavatli. Não chega a ser um excesso de descrições, mas às vezes parece até algo dissertativo. O autor parece querer apresentar aspectos sociais por demais. Para quem não conhece o autor, ele é um colunista da Carta Capital, formado em engenharia e filosofia. Militante político já há várias décadas, aqui somos capazes de ver um trabalho que exigiu esforço e pesquisa de sua parte. Cada linha apresentada tem muita maturidade no seu conteúdo. Por isso, eu, como historiador, apreciei demais a leitura e queria eu que todo autor tivesse essa maturidade ao apresentar aquilo que circunda os personagens. Entretanto, o meu lado leitor não curtiu a leitura tanto assim. Senti que o autor quis apresentar demais aquilo que ele poderia ter diluído mais em outros volumes da trilogia ou até em contos. Só neste primeiro volume eu conseguiria enxergar temas e assuntos para muitos livros. E isso não se reflete em um direcionamento objetivo para a história.

Entretanto, a construção dos personagens é perfeita. Tanto Tiakat, quanto Sistu e depois Tjurmyen são muito bem apresentados. Conseguimos compreender que estas são pessoas de carne e osso que, apesar de suas falhas, tentam se tornar pessoas melhores. Todos eles possuem algum trauma ou situação que passaram que os fizeram que são hoje e até determinam suas escolhas. É possível enxergar também que essas pessoas precisam umas das outras. Gostei também de ver que o autor não fugiu de assuntos polêmicos já que a protagonista é bissexual assumida e trata o tema com extrema naturalidade. Aliás, sua bissexualidade compõe o charme de sua personalidade. O tema não é tratado de maneira forçada de forma a chocar o leitor e apresentar a importância do homossexualismo na literatura (ou até de cumprir uma "cota" de homossexuais). Nada disso... a personagem faz suas escolhas com absoluta naturalidade e ela até chega a explicar os motivos de sua rebeldia.

Os personagens secundários também são interessantes mesmo em seus papéis de coadjuvantes. Awesa, Razzan e até Kasmin estão ali não para ilustrar o quadro, mas para fornecer algum elemento de sua personalidade à trama. Só achei que no final o autor deu uma corrida e acabou por prejudicar um pouco a participação destes personagens. Mesmo assim, o núcleo em Atlântida é muito bem apresentado e cada um dos personagens tem suas próprias situações a serem resolvidas. Awesa e seus estranhos desaparecimentos, Razzan e sua luta contra a escravidão dos soans e Kasmin sendo o professor e chefe de departamento do instituto onde SIstu quis estudar e pesquisar.

O enredo é interessante, mas sinto que o autor se perdeu em alguns momento. Por exemplo, aquela parte depois da queda da "nave" agarti eu sinceramente não entendi. Para mim o momento contra o domínio de Raan seria o clímax e levaria até o desfecho. Mas, houve aquele outro momento na ilha próxima ao vulcão. Eu não tenho como descrever aquele momento. Simplesmente pareceu fora de foco já que o autor não deu pistas que aquilo iria acontecer ao longo da história. Plot Twist? Sim... Necessário? Não... Útil? Menos ainda. Tive que mencionar esse momento porque foi muito estranho para mim. Acho que essa parte poderia ser inserida em um conto com um enredo levando a esse acontecimento ou esticado em um segundo livro. Da forma como se deu, não encaixou bem.

O Tabuleiro dos Deuses é um livro muito competente com uma ambientação riquíssima. Infelizmente essa ambientação trabalha contra o livro em alguns momentos, provocando uma leitura lenta e pesada. Os personagens são bem construídos e o autor chegou até mesmo a dar uma importância maior aos personagens secundários. Alguns temas são tratados de forma harmoniosa dentro da trama sem exageros. Recomendo a leitura principalmente para aqueles que gostam de um world building competente e que se preocupa com minúcias.

site: www.ficcoeshumanas.com
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Vanessa Sueroz 17/11/2016

O começo do livro é bem lento e narrativo. Vamos conhecer Atlântida, ambientes, todos os personagens e diferentes castas, o dia a dia da comunidade e tudo mais. Vamos começar em uma pequena vila, mas ao longo do livro as coisas vão ficando maiores, principalmente porque vamos conhecer melhor Atlântida.

A leitura vai se aprimorando aos poucos, confesso que teve momentos que parecia que o autor estava infantilizando todo o conflito, mas pode ser para não sair tendo barraco o tempo todo.

Uma coisa que me incomodou muito foi à liberdade sobre o sexo, os personagens são liberais e temos várias cenas com muitas situações impróprias para os nossos costumes. Claro que tudo isso é possível no universo que ele criou.

Outra coisa interessante foi a história que ele criou para os deuses e deusas que é bem explica e muito interessante o ponto de vista

Resenha completa:

site: http://blog.vanessasueroz.com.br/cronicas-de-atlantida/
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Philip Rangel 08/05/2012

Fantástico, é assim que começo minha resenha. A arte da capa, com suas cores fortes, seus tons vivos que remetem ao passado, numa época posta dentro do enredo deixa o leitor eufórico para devorar as próximas páginas.

Quando soube pela editora que receberia o livro para resenha, imaginava um livro menor, quando chegou, suas quase 500 páginas me levou a uma viagem incrível pelo reino de Atlântida. Diferente do que estamos acostumados em desenhos, filmes da disney, aqui todo o detalhe é posto em prova, como os lugares, sua história, como a diversidade de castas e sua forma de vida. Nos primeiros minutos, somos envolvidos com muita informação, fator este, essencial para o que iremos em seguida presenciar. Um mundo em que a magia é seu ponto forte.

Em Crônicas de Atlântida: O Tabuleiro dos Deuses, no mundo de Kishar os heróis são uma espécie de tabuleiro, já os humanos são postos como peões. Com muita reviravolta, o que parecia incerto, pode se complicar ainda mais. Como? Novos jogadores estão entrando nesse jogo milenar dos Deuses, brigando para mudar suas regras, revirando todas as possibilidades enquanto as peças tentam encontrar o seu próprio destino.
No decorrer do enredo somos levados pelas mudanças de cenários, com seus personagens pequenos, já em um outro momento, vislumbramos o crescimento pela imensidão de detalhes, com informações esotéricas, e pela história dos registros de Platão no qual o autor soube mergulhar em cheio, trazendo muita informação para o leitor historiador, que gosta de revirar o passado. Confesso, de início que a leitura pode ser lenta, porém evolui de uma hora para outra.

A resenha completa, você confere no site: www.entrandonumafria.com.br
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Vinicius Takaki 15/07/2011

Surpreendente!
Será este realmente o primeiro livro do autor?
Este livro me surpreendeu em diversas maneiras diferentes.
Vamos começar pelo que todos vêem quando estão na livraria, a capa: e linda, colorida, e tem um estilo que nos transporta para outra época, exatamente o que a história também faz. Também gostei dos enfeites na borda das paginas, ponto para a editora Draco.

Eu sinceramente não sabia o que esperar da história, afinal de contas, nunca havia lido nada ambientado em Atlântida. E aqui vem mais uma surpresa, o autor nos faz sentir ao lado dos personagens, com descrições de tudo quanto for imaginável, os ambientes, as pessoas, direfentes castas, o dia a dia... pode parecer muita informação a princípio, mas acaba sendo como uma segunda natureza, você sente como se estivesse desbravando este antigo mundo onde a magia era algo usual.

Adorei também o modo como a história vai se desenvolvendo, começando pequena, em uma pequena vila, e ficando cada vez maior conforme o cenário vai se mudando para Atlântida, a grande cidade que dá título à obra. Ao mesmo tempo que as personagens, "caipiras" do interior, vão conhecendo as maravilhas do mundo fora de sua pequena vila, nós também vamos sendo maravilhados com a mudança de cenário.

E que mudança! Não direi detalhes para não estragar a experiência de ninguém, mas acreditem, essa história me levou numa direção que eu não havia nem vislumbrado quando comeceei a ler, e assim me senti surpreso, maravilhado e simplesmente adorei tudo.

Achei primoroso o desenvolvimento dos personagens, no final sentia como se fossem velhos amigos meus, inclusive para personagens que só aparecem mais para frente na história, todos se integram perfeitamente na narrativa. A mim pareceu que não existe nada por acaso, tudo está escrito por um motivo. Por exemplo, no começo a história parece um pouco devagar, mas entendi que isto acontece para nos ambientarmos ao novo mundo, ao cenario ricamente descrito, e aos personagens extremamente carismáticos. Outro detalhe são as palavras específicas para tempo decorrido (como "ag") e distância (como "estádio"), mais um toque especial que nos faz mergulhar de cabeça nesse mundo.

Enfim, este livro foi realmente surpreendente de ler, muito agradável, divertido, e que fez surgir diversas emoções em mim. A história vai criando momentum, somando, crescendo, até chegar num final surpreendente! Adoraria saber se existem mais histórias a serem contadas neste mundo, pois eu certamente gostaria de voltar a ele.

Nota 10!!
WallFrance 19/08/2013minha estante
Me tirou o receio que tinha com a história.




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