Matadouro Cinco

Matadouro Cinco Kurt Vonnegut




Resenhas - Matadouro 5


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Ro 20/01/2021

Mas como assim os humanos têm sete sexos?
Reduzir este livro a um simples relato de um sobrevivente pós Segunda Guerra mundial é ser incapaz de dar conta da totalidade da obra. Digo isso, pois foi com essa imagem que cheguei até a obra e dei com os burros n'água.
Escrito em uma narrativa não linear, Matadouro cinco extrapola as suas fronteiras de compreensão ao propor um romance que, ao mesmo tempo em que critica sim as mazelas da guerra, também fala sobre viagem no tempo, vida fora na terra e relações familiares. E se você está se perguntando: "como isso é possível?". É melhor lê-lo.
A bem da verdade, não foi um livro que facilmente ganhou 5 estrelas para mim. E isso ocorreu justamente pela não linearidade narrativa e a loucura de acompanhar um personagem que "não parava quieto em um canto". Em certa medida, a leitura até mesmo me lembrou um pouco da experiência que tive em Forrest Gump. Com a diferença de que um dos livros é linear e o outro está sempre misturando narrativas do passado, presente e futuro.
Embora tenha sido um problema engatar, de fato, na leitura, recomendo fortissimamente essa leitura para você que está buscando um livro crítico e que aponta sim dedos (mesmo que envolto em luvas de borracha simulando patas não-humanas). Conseguir imergir na narrativa do Sr. Pilgrim é uma aventura para aqueles que sabem deixar o corpo ser levado pelas ondas e não se importa de voltar em um fato ou outro.

Ps: o livro não foi nada do que eu esperava. Hahaha
Ave Fantasma 20/01/2021minha estante
Que comentário sensacional!!
E eu fui lê-lo achando que era uma ficção científica envolvendo segunda-guerra. Mas é muito além disso mesmo. Uma leitura diferente, tragicômica e mega crítica.
Passei anos com esse livro na espera para ser lido, espero não enrolar mais para ler outras coisas de Vonnegut.


Ave Fantasma 20/01/2021minha estante
É assim mesmo


Ro 20/01/2021minha estante
Aaaaah obrigadaa. Eu comprei o livro totalmente enganada. Achei que seria muito mais um romance histórico do que a narrativa "viajante do tempo" que encontrei. É um livro que logo, logo vou acabar relendo para ter uma experiência melhor.


Ave Fantasma 20/01/2021minha estante
Dá mesmo vontade de reler. Achei a leitura tão fluída e instigante. Eu queria ler o tempo todo. Apesar dela ser seca com os personagens. É interessante.


Ro 20/01/2021minha estante
Eu fiquei perdida no início. Demorei para engatar, viu? Mas quando bateu, tbm, o negócio foi pra frente.




Alessandra.Adams 27/08/2023

?O tempo em sua inteireza é o tempo em sua inteireza. Não muda. Não se presta a alertas ou explicações. Apenas é. Aceite cada momento e descobrirá que somos todos, como já mencionei, insetos presos em âmbar.?
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iara 24/06/2023

No meu entender, o livro é sobre um veterano de guerra que passou por muita coisa e, pra fugir dos seus traumas, começa a acreditar que tudo o que ele leu nos livros de um escritor decadente aconteceu de verdade; principalmente o lance da quarta dimensão, extraterrestres e viagens temporais. de começo parece confuso, mas embora a história não seja temporalmente linear, ainda é possível compreender bem os acontecimentos.
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Will 28/02/2020

Um verdadeiro massacre.
Matadouro cinco é um livro sobre o massacre de dresden, pouco falando durante a segunda guerra mundial. Escrito pelo americano Kurt Vonnegut, conta a tentativa de um ex-soldado americano que lutou na segunda e assistiu o bombardeio da cidade de Dresden e resolveu contar a sua experiência, na forma de uma ficção científica e para isso ele cria um personagem chamado Bill Pilgrin, um norte americano padrão que viaja no tempo para outros planetas e revisita diversos momentos da própria vida, sendo o ponto principal o momento que foi feito prisioneiro durante a segunda guera, quando vivenciou o bombardeio da cidade alemã, em que morreram 135 mil pessoas, simplesmente o dobro de mortes causada pela bomba de Hiroshima. O Resultado?

Uma narrativa diferente de de tudo que lí, fantasiosa, muitas vezes sarcástica, triste e cheia de sentidos.

A editora íntrinseca nos presenteia com uma edição lindíssima em comemoração aos 50 anos da obra, afinal.

É ASSIM MESMO!
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Xuxu 13/11/2023

Matadouro cinco
Billy Pilgrim é um optometrista, um soldado, um viúvo, um veterano de guerra, um refém de extraterrestres, que está solto no tempo, vivendo várias partes de sua vida em desconexo.

Quando era jovem, sobreviveu à segunda guerra mundial por ter sido capturado e ir parar na cidade alemã de Dresden, e lá teve que sobreviver mais uma vez, por conta de um bombardeio que destruiu a cidade.

Quando adulto, depois da guerra, casou-se e teve filhos, entrando na profissão designada por seu sogro: optometria.

No meio do caminho, foi sequestrado por Trafalmadorianos e exposto num zoológico extraterrestre para mostrar como os seres humanos viviam.

Depois, sofreu um acidente e ficou internado em um hospital longe de casa, e durante esse período perdeu sua esposa e virou fã de um grande escritor desconhecido.

Ao longo de sua vida, Billy viveu sob o lema de seus amigos alienígenas: tudo que está acontecendo deveria acontecer assim, todo mundo está vivo em alguma realidade. É assim mesmo.

Essa é uma história com humor peculiar, que trata dos horrores vividos na guerra, sob o ponto de vista do autor que também sobreviveu a ela, mas com idas e vindas na clássica viagem no tempo e ets da ficção científica.

Recomendo demais essa leitura! Fiquei com muita vontade de ler os outros livros do Kurt, se você já leu algum, me conta!
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Israel145 15/05/2020

Detestei. Humor forçado. História com uma desconexão artificial pretendendo ser obra revolucionária e diferentona. Até pra ser esquisito o autor deve ser autêntico. Muito hype em cima da obra. Desprezo.
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Rayanna.Santos 23/04/2020

É assim mesmo!
Bom esse é totalmente estranho. Mas entendo que o sarcasmo e as ideias malucas façam parte da escrito do autor. Acho que tenho um problema com clássicos da literatura. Eles não funcionam pra mim.
Na história que vc se perde e se encontra constantemente e muitas vezes não entende bem o que o personagem tá passando, mas com um texto simples e usando da ficção científica e de humor ácido o autor retrata os horrores da guerra e de como ela ceifou milhões de vida a troco de nada. Mostra o sofrimento dos soldados mesmo depois de anos pós guerra e do destino horrível de uma cidade inteira devastada pela devassidão de homens com poder de fogo pra destruir o planeta. A história embora confusa é engraçada de certo modo.
Mas, não amei! Sorry!
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Eduardo Cardoso 20/10/2022

É assim mesmo?
?Deus, me conceda a serenidade para aceitar as coisas que posso, e sabedoria para sempre reconhecer a diferença.?
Livro incrível para quem gosta do assunto guerra. O autor nos leva para uma viagem de altos e baixos sobre a vida do protagonista. Tem momentos alegres, tristes, engraçados e de muita reflexão. Comecei com uma expectativa média e terminei super satisfeito. Excelente livro, vale a pena a leitura e boa viagem? Pu-ti-uít.
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Samanta 10/05/2020

Narrativa inigualável
Nunca li nada igual a Matadouro 5.

O autor nos leva a alternar visão do protagonista por realidades que supostamente viveu - como refém de extraterrestres, como prisioneiro de guerra, como marido por conveniência, como optometrista, seu ofício. Por vezes questionamos o que é realidade e o que é produto da mente do protagonista Billy. Facilmente empatiza-se com Billy, para mim principalmente por ele dar muitos indícios de ser um paciente psiquiátrico sem tratamento, mas até sobre isso o autor deixa dúvidas eventualmente...
Uma obra sui generis.
Ao mesmo tempo em que nos introduz aos pensamentos de Billy, o autor ilustra o cenário da guerra, vivíssimo, muito ilustrado. Senti frio com os personagens. Tive pena, raiva, medo.
E em outra camada do livro, o autor ainda nos convida a pensar sobre nossa própria vida. Sobre os momentos a serem valorizados. Sobre o passado, presente e futuro.

Matadouro 5 foi uma experiência e tanto. Indico a todos, foi leitura fluida e rápida.
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Julcimari 10/04/2021

É assim mesmo...
Livro construído nessa viagem no tempo, brincando com os acontecimentos de forma "aleatória" mas muito bem colocada, nos mostrando como ficou o psicológico do personagem após a guerra. Conseguimos entender como a mente dele viaja "do nada" para alguns acontecimentos e, aos poucos, vamos entendendo a história e percebendo as situações traumáticas que o personagem viveu.
O personagem, além de ficar com esses gatilhos que o fazem "viajar" no tempo relembrando acontecimentos, acaba criando um mecanismo de defesa, onde ele diz que é abduzido por alienígenas e vai para esse novo planeta que acaba sendo o seu refúgio mental.
Ao mesmo tempo que o autor conta essa triste história de guerra, que em alguns momentos acaba se misturando com sua autobiografia (o autor esteve nesse bombardeio), ele faz crítica a guerra, atos cruéis que acontecem e são encarados como "normal" e, em momento algum, ele romantiza a guerra, apenas relata de forma nua e crua, sem herois.
É interessante a maneira como o autor descreve o tempo (essa quarta dimensão), não de forma linear, mas sim solta e tudo junto acontecendo simultaneamente, o passado, presente e futuro, nos fazendo refletir sobre o destino, pois ele exclui o livre arbítrio e nos encoraja a focar apenas nas coisas boas, pois tudo que deve acontecer já está premeditado e "É assim mesmo".

Muito bem escrito, um livro com várias camadas, mistura história de guerra, ficção científica e nos faz refletir sobre muitas coisas (não mencionei tudo aqui). Super indico! Boa leitura ?
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murilo 04/03/2011

Uma das sátiras mais geniais já escritas
Houve uma época em que a maioria dos livros era terrivelmente cara para meus bolsos vazios. Minha única chance de ler novos livros era freqüentando a biblioteca do bairro. E foi lá, naquele local decrépito e pequeno, que tive meus primeiros contatos com Álvares de Azevedo, Machado de Assis, Stephen King, Camus, entre outros. Um dia, ao procurar um livro que me interessasse naquele acervo humilde e reduzido, avistei um pequeno e antigo volume de cor verde e lilás. Ele se tornaria um dos melhores romances que já li. Seu nome, ainda um completo estranho aos meus olhos, era Matadouro 5.
A guerra sempre foi uma grande fonte de inspiração para os mais diversos artistas. São músicas, quadros, filmes, graphic novels e livros sobre o tema. A Segunda Guerra Mundial, como um dos eventos históricos mais importantes do século XX, não foi diferente. Até hoje, mais de sessenta anos após o seu desfecho, surgem novas obras sobre ela. Mas tal conflito parecia não inspirar um jovem escritor americano chamado Kurt Vonnegut, por mais que ele quisesse. Como um veterano ex-prisioneiro de guerra ele tinha a ambição de escrever sobre um dos eventos mais importantes de sua vida: o bombardeio da cidade alemã de Dresden, o maior de toda a guerra. Tinha certeza que poderia fazer um grande romance ou pelo menos vender bem com um evento tão grandioso como esse na história. O problema é que as palavras quase não lhe saiam da mente. E as poucas que saíam não eram suficientes para um livro inteiro. Pelos seus cálculos, em todos aqueles anos, já deveria ter escrito cerca de cinco mil páginas. Insatisfeito com o resultado, o destino delas era sempre o lixo. Somente depois de vinte anos do fim da guerra, quando já tinha mais de cinco livros escritos e tinha um público restrito, mas fiel, que concluiu sua tão adiada obra sobre Dresden. Com o seu Matadouro 5 pulou do underground para o grande público. Seu estilo ácido tornou-se famoso no mundo inteiro, encabeçando as listas de mais vendidos e passando a ser considerado, não sem razão, um dos maiores escritores americanos vivos.
Um romance de ficção científica? De guerra? De sátira? Um libelo pacifista? Uma autobiografia? Como acontece com todos os romances de Kurt Vonnegut, Matadouro 5 é impossível de se definir. Ele não se limita a um só gênero, pelo contrário, dança por eles sem nunca se atrapalhar. É quase como se para fazer um bolo se colocasse pimenta, alho, ovos e vinho e o resultado fosse um doce muito mais delicioso que a maioria dos bolos convencionais. Estranho, mas bom.
O início de Matadouro 5 é metalingüístico e autobiográfico. Yon Yonson, um escritor de Cape Cod, quer escrever um livro sobre suas experiências na Segunda Grande Guerra, principalmente o bombardeio de Dresden. Então se encontra com um antigo amigo da guerra para relembrar essa época. A partir desse encontro, ele finalmente consegue terminar seu livro. Só depois disso começa o livro dentro do livro, A Cruzada das Crianças. Billy Pilgrim, o protagonista, é um americano comum. Quer dizer... tão comum quanto uma pessoa que, sem motivação aparente, começa a dar saltos no tempo. Ele revisita diversos momentos da sua vida. Entra por uma porta em 65, sai por outra nos 40. Dorme em 1930 e acorda em 1957. Ele não possui nenhum controle sobre essa habilidade e nem pode alterar suas ações e palavras nas ocasiões que tem que reviver. Conseqüentemente, o livro não é narrado em ordem cronológica, e sim na ordem das viagens temporais de Billy. Entre os momentos da sua vida que tem que reviver está a sua captura por soldados nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Billy Pilgrim não é o típico soldado heróico que os filmes americanos nos empurram goela abaixo. Em Matadouro 5 nada é típico. Ele é um fracote idiota que não deveria nem ter sido enviado ao front. Não tem armas, uniforme, capacete, nada. É apenas um inútil, um atraso para os companheiros, pronto para ser morto a qualquer momento. O palhaço involuntário da guerra. Seu único diferencial é saber como tudo termina. Sabe que Dresden vai ser bombardeada até não sobrar pedra sobre pedra. Sabe que sua esposa vai morrer envenenada. Sabe como vai falecer. Que vai ser abduzido por alienígenas tralfamodorianos. Matadouro 5 dispensa máquinas do tempo, De Loreans e afins. Billy viaja no tempo entre um cochilo e outro. E os alienígenas do planeta Tralfamador não querer dominar a Terra ou passar uma mensagem para o nosso líder. Eles só querer saber de controlar as viagens no tempo para reviver os melhores momentos das suas vidas. Esses são os elementos de ficção científica do romance, mas nunca fica claro se são verdadeiros ou simples frutos da mente de Billy perturbada após o fim da guerra.
Kurt Vonnegut talvez não tivesse a mesma genialidade de Douglas Adams e seu clássico Guia do Mochileiro das Galáxias, capaz de criar mundos e raças, mas seu Matadouro 5 vai muito, muito além de um simples livro de humor. Com seu estilo tragicômico, ele aborda momentos sérios e trágicos com seu senso de humor negro e absurdo. Vemos pessoas inocentes sendo mortas e massacres, mas Vonnegut escreve de um jeito que nos faz rir disso. A risada como nossa auto-defesa. A sensação passada é que nós rimos para não chorar. Isso só é possível graças aos artifícios do autor para eliminar o nosso maior temor: a morte. Aqui a pessoa nunca morre, ela continua viva no passado. Os momentos das nossas vidas se repetem infinitamente. Elas sempre estiveram lá e sempre estarão. E para que Billy evite os momentos ruins ele só precisa fechar os olhos e partir para a próxima viagem. Mas, nesses breves momentos, podemos sentir os horrores da maior guerra de todo um século, com um saldo de milhões de mortos.
Vonnegut não fica preso aos elementos de ficção científica que inclui no enredo. Você não vai ver em Matadouro 5 como as naves do tralfamodorianos funcionam ou outras explicações científicas. Se você quiser ler algo desse tipo procure Asimov ou Julio Verne. A ficção científica aqui está para abordar situações e esboçar idéias. As leis físicas ficam em segundo plano em sua obra. Quando não se há preocupação com elas o único limite para o escritor é a sua imaginação, e a imaginação de Vonnegut parecia não ter fim.
Além de conseguir unir inúmeros estilos dentro do mesmo livro, Vonnegut conseguiu provar sua genialidade. Ele dispensa todos os artifícios que os escritores costumam usar para segurar os leitores. Não precisa criar um clima de suspense tolo, de um grande mistério que sustente a história. Desde o primeiro capítulo ele já nos revela todos os pontos importantes da história, os personagens que vão morrer e, sobretudo, o final: o bombardeiro de Dresden. A desgraça anunciada. Ele simplesmente dá tantas informações que o próprio leitor poderiam terminar a história e abandonar o livro às traças. Mas não é isso o que acontece. Não é o que vai acontecer que importa aqui. É como. O fato de sabermos bem o que vai acontecer só aumenta nossa expectativa. A trajetória até aquela situação e as conseqüências dela. A antecipação das cenas até serve de ironia, com personagens comentando como Dresden era uma cidade que jamais seria bombardeada.
Vonnegut sempre foi um mestre em criar personagens inusitados. Em Matadouro 5 podemos ver alguns dos seus melhores de toda a sua obra. Um soldado que se torna amigo de Billy só porque na escola tinha o costume de se tornar amigo do cara mais fraco só para espancá-lo depois; outro que promete matar qualquer pessoa que entre no caminho dele, até mesmo um cachorro; Kilgore Trout, um escritor de ficção científica completamente obscuro e anti-social, que a partir de Matadouro 5 daria as caras em vários outros livros. Cada idéia de Trout era capaz de reaparecer em um novo livro de Vonnegut.
Vonnegut era acima de tudo um sádico com seus personagens. Ele mete Billy Pilgrim em todo tipo de situação constrangedora e dolorosa durante a narrativa. Nem Billy e o restante dos personagens têm poder para mudar o rumo dos acontecimentos e nem poderiam. São apenas dezenas entre milhões de pessoas na guerra, apenas lutando para permanecer vivos.
Entretanto, mesmo com todas essas qualidades, uma só coisa poderia jogar todo o trabalho de Vonnegut no esgoto: Ele tomar o partido de um lado ou um país no livro. Felizmente, ele segue o caminho contrário. Embora seja americano, retrata os soldados dos Estados Unidos de forma bem menos lisonjeira do que estamos acostumados a ver nos filmes. Em Matadouro 5 eles são meras crianças que sequer saíram da casa dos pais ou perderam a virgindade, tendo que lutar pelas suas vidas a cada dia. Os ingleses, os únicos combatentes aparentemente dignos, olham surpresos para os americanos e pensam consigo mesmos: “Realmente, eles não parecem grande porcaria!”.
Já os alemães são tão ridículos quanto os americanos. Um bando de velhos decrépitos e adolescentes subnutridos. Vonnegut não condena a Alemanha nem Hitler pelas atrocidades da guerra. Nem mesmo as menções aos campos de extermínio rendem qualquer crítica da sua parte. Porque pra ele não existe um lado certo e um errado, por mais que a propagandas nazistas, soviéticas e as americanas se esforçassem para parecer assim. A guerra é um erro por si só. Mesmo sendo um grande e criativo libelo pacifista, a visão do autor de Matadouro 5 é que as guerras são como geleiras. Impossíveis de serem evitadas. Quando se vê toda a série de fracassos que a ONU coleciona fica difícil discordar.
Matadouro 5 não poderia ter sido lançado em época mais propícia. Foi publicado em plena Guerra Fria, durante a corrida espacial, quando o conflito mais controverso dos Estados Unidos estava em curso, a guerra do Vietnã. Enquanto milhares de pessoas protestavam pelo fim desse confronto e os hippies cantavam pela paz e o amor, a união Soviético e os EUA tinham poder bélico pra varrer cidades do mapa com os chamados ICBM, foguetes adaptados capazes de carregar imensas cargas de destruição e morte nuclear. Nesse cenário, a obra-prima de Vonnegut se tornou idolatrado por milhares de pessoas. O grande manifesto anti-guerra da época. Após mais de quarenta anos, o romance não envelheceu nada, continua tão atual quanto na época do seu lançamento. Matadouro 5 é, mesmo em épocas de paz, um lembrete dos males da guerra e a melhor porta de entrada para a original obra de Kurt Vonnegut.
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João Victor 01/04/2020

Trágico, porém cômico!
Aqui conhecemos a história de Billy, um prisioneiro americano de guerra. O mais louco é que ele passava bem longe de ser um soldado, o seu jeito completamente retardado, trazem ao livro um pouco de humor ácido e isso é o que quebra todo cenário trágico em que a história se monta e desmonta.
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