Memorial de Maria Moura

Memorial de Maria Moura Rachel de Queiroz




Resenhas - Memorial de Maria Moura


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Carolina.Gomes 20/02/2022

Gostei, mas não amei
Depois de ler O quinze, resolvi embarcar na leitura de Memorial de Maria Moura.
Assisti a adaptação da globo e tinha gostado muito da história da sinhazinha que resolve romper com os padrões e assumir o comando de uns jagunços, em busca de poder e fortuna.

Maria Moura é uma personagem controversa, cheia de contradições, como todo ser humano, aliás.

Raquel de Queiroz, contrói uma anti heroína bastante verossímil que desperta ódio, admiração e às vezes, piedade.

Minhas ressalvas ficam por conta do desfecho de alguns personagens que ficaram perdidos na trama.

Gostei da leitura, mas O quinze, romance de estreia, da autora, segue sendo meu favorito.

Não é nada imperdível, mas gostei da leitura.
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Fabiana.Amorim 08/02/2022

Incrível
Para os apaixonados pelo sertão. Pelas histórias de cabras valentes e, recebam esta, uma mulher pra lá de arretada. "Era ou ele ou eu". E assim Dona Moura vai dando cabo de quem atravessa o seu caminho feito a gente se livra de uma espinha de peixe com um punhado de farinha. Maria Moura é com um tiro de bacamarte. É armando emboscadas e dando ordens aos seus homens. A sua cabroeira! Quem não queria estar sob a proteção desta mulher?
Rachel foi uma contadora de história maravilhosa. A obra, ambientada num Brasil no final do XIX ainda tem traços escravocratas e uma visão que se tinha naquele tempo.
Junto com José Lins do Rego, Rachel vai entrar para a minha lista de escritores brasileiros mais queridos.
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sosodecampos 21/01/2022

Personagens leais e apaixonados a sua volta
Bom, não é a toa que, Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras. Lendo às obras da autora, a gente percebe o porquê.
Se tratando de: "Memorial de Maria Moura", a experiência não foi diferente, mas é sempre um encanto e enorme prazer em ler suas histórias. Narrado no Brasil rural no século XIX, a trama baseia-se na jornada de Maria Moura, personagem forte e sertaneja. Ainda muito jovem, tende a passar por situações dolorosas, bem como perder seu pai e sua mãe. Ainda tendo que suportar um padrasto que abusava dela. O além de tudo: sua terra, herdada, se encontrava sob ameaça de primos hipócritas. Uma jornada acompanhada pelo agreste, pela seca, e solidão. Maria é a personificação do desejo e vontade da mulher nordestina: entendia o lugar de submissão que a sociedade e sua própria família queriam colocá-la. Mas não se deixava contrariar a eles.
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CAcera3 14/01/2022

Forte, nordestina, valente e humana.
Temos presentes nesse livro alguns narradores onde os principais são Maria Moura, Beato Romano e Marialva. Essas três histórias seguem seu rumo se entrelaçando umas com as outras.
A narrativa principal gira em torno de Maria Moura, que da nome ao livro.

Essa personagem tem um grande crescimento dentro da história e acompanhamos ela nessa jornada. Mulher de pulso firme, Maria Moura, ou melhor, Dona Maria Moura não fica debaixo da ordem de ninguém.

Não pense que vai encontrar aqui uma heroína. A personagem principal pode ser considerada um tipo de cangaçeira, que mata quando acha que tem que matar, castiga quando acha que tem que castigar. Porém tem para si alguns princípios e também é uma mulher cheia de boas atitudes.

Maria Moura se mostra essencialmente humana. Apesar de ser chamada ?muié homi?, ela tem muito dos medos e anseios femininos, principalmente aqueles tão enraizados na cultura do interior nordestino, onde se passa essa história.
Uma escrita muito envolvente que faz 500 e poucas páginas passarem voando.

Nesse romance Rachel de Queiroz, escritora modernista brasileira, mesmo que não se considerasse feminista, deixa para nós uma personagem inspiradora, que coloca o próprio destino nas próprias mãos, que também passa por dificuldades e fraquezas, mas se reergue forte, valente como uma boa mulher nordestina.

?No que toca a minha vida - minha vida particular - só me resta ser eu mesma o meu pai e a minha mãe. E quem sabe o meu marido.?
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Tha 31/12/2021

Sinhá não, Dona
Eu totalmente não estava esperando pelo que veio em Memorial de Maria Moura!

Acompanhamos a trajetória de três personagens, Maria Moura, seu padre confessor e sua prima Marialva. Partem de um ponto comum e saem por caminhos diversos e inesperados.

Com uma narrativa envolvente e dinâmica, Rachel de Queiroz começa já chutando a porta pra abrir e termina chutando a porta pra fechar!

Amei amei!!
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Nati 07/12/2021

Quando pensei em ler Memorial de Maria Moura eu não esperava gostar tanto desse livro, mas o livro já me fisgou nas primeiras páginas e a leitura foi de um único fôlego.

O livro já começa com a confissão de um crime que o Beato Romano escuta de antemão, mas nada pode fazer para evitar a tragédia, visto que está ligado ao segredo de confissão.

Então, você já fica querendo saber quem era essa mulher que veio confessar um assassinato antes mesmo de cometer e toda a circunstâncias que cerca esse crime.

Contudo, Rachel de Queiroz se mostra uma mestra na narrativa e não nos dar nada de mão beijada. Nesse livro, apesar de Maria Moura não só dar o nome ao livro, ela é também a protagonista, contudo ela não é a única narradora e vai dividir a narrativa do livro com o Beato Romano e sua prima Marialva.
Enquanto, tanto Maria Moura quanto Marialva vão ter suas narrativas contadas linearmente, nosso padre vai contar sua parte da história alternando entre o presente e o passado e nos revelando aos poucos todos os seus segredos.

Contudo, isso não quer dizer que ele rouba a cena da Maria Moura, ninguém rouba nada dessa mulher. Vamos acompanhar a saga de Maria Moura desde a jovem órfã aliciada pelo padrasto, depois a jovem sinhá que vai brigar com os primos por seu lar, até nós chegarmos na Maria Moura lendária, chefe do bando mais temido da região.

Ela é uma mulher que rompe todos os padrões na medida que simplesmente ignora os ditames sociais para viver conforme suas próprias regras. Ela deixa o papel de "sinhazinha" para assumir seu papel de Dona Moura, a chefe, usando cabelo curto e calças, sem que isso a torne menos feminina. E vai lá e conquista seu lugar, impõe respeito e mostra que mulher pode tudo.

Além da história, a narrativa da RaChel em primeira pessoa, que humaniza essa mulher, mostrando seus medos e fraquezas, seus sentimentos perante sua situação e o modo como ela vê o mundo e como ela se vê perante o mundo e intimamente, porque a personagem não tem medo de olhar para si mesma. Isso tudo é o que confere a esse livro a sua grandiosidade.

Sem deixar de esquecer de como o livro é preciso em retratar a realidade sertaneja da época, os costumes, a diversidade, a situação social e econômica do ponto de vista de três personagens diferentes. E não há como deixar de citar em como a autora traz para o livro a linguagem coloquial na fala dos personagens, como foi gostoso de me reconhecer nesses personagens, seja por dividi um pouco da peculiaridade gastronômica ou por algumas expressões tão nordestinas trazidas no texto, daquela que imediatamente nos lembra nossos avós.

Mas também, não esqueci de Marialva, ela que vai trazer para esse livro o romance, a inocência, a doçura do primeiro amor, mas também as amarras que as mulheres em geral estavam presas, além da dificuldade de sobreviver em meio a pobreza extrema do sertão.

As três narrativas vão se entrelaçar durante todo o livro, alternando-se e sobrepondo-se, em uma escrita deliciosa que vai tornar praticamente impossível largar esse livro antes do fim, e que fim! Estou doida para ler mais livros da Rachel de Queiroz, com sua escrita bela que retrata de forma precisa e encantadora esse pedaço marginalizado do país.
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Giovanna_ 25/11/2021

??
Não tenho nem o que dizer desse livrooo. Amei tudo, amei a ambientação, amei os personagens, amei a Maria Moura! Acho que a alternância de personagem em cada capítulo deixa tudo muito fluido, gostei de todos eles. É um livro que se passa no nordeste oitocentista, e a Dona Moura é uma mulher órfã, que comanda um bando de homens conhecidos seus para tomar posse de umas terras que herdou do avô, muito longe no sertão. A trajetória deles é bem legal de ver, e sinceramente não fiquei com vontade de acabar o livro tão cedo, foram 500 páginas que passaram rapidinho ?
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Gerson 18/10/2021

Surpreendente
Como essa história me surpreendeu, iniciei a leitura achando que a historia ia ser lenta e devagar, mas fui surpreendido. Foi uma leitura rápida, fluida, totalmente envolvente, onde, Maria Moura uma mulher a frente do seu tempo, decide sobreviver em meio a turbulência que sua vida se torna após um acontecimento trágico. Ela não se deixa abater, com atitudes coerentes e as vezes nem tanto, segue seu caminho em busca de sobrevivência. Senti falta de alguns personagens que apareciam no decorrer da história e depois desapareciam. Maria Moura, Marinalva, Beato Romano, todas as histórias desenvolvidas são envolventes e se conectam de alguma forma. Memorial de Maria Moura é um livro com uma representatividade feminina muito forte, com um excelente desenvolvimento dos personagens e que levanta muitos questionamentos que nos fazem refletir sobre muitos aspectos. Uma leitura necessária...
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02/10/2021

Uma mulher forte
Quer uma obra com personagens femininas fortes? Então toma! Aliás, isso não é nada surpreendente vindo da primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, a autora Rachel de Queiroz.

Aqui acompanhamos a trajetória da personagem Maria Moura que após ficar órfã de pai e mãe, briga com os primos pela sua terra como herança. Disposta a não entregar a sua casa aos primos, ela a incendeia e foge para começar uma vida nova. Maria Moura construí o próprio império. Mas mesmo sendo uma mulher poderosa e forte, ela se mostra humana e suas fraquezas são reveladas após uma paixão.

Fiquei encantada com esse clássico! A personagem é forte, mas também é humana, com suas próprias vulnerabilidades. Os personagens são muito bem construídos, só não gostei tanto do final, mas a obra em si dá para entender porque ela é um clássico. Não é uma obra para ser devorada e sim apreciada aos poucos.

"Além do mais, eu tinha horror a casamento. Um homem mandando em mim, imagine; logo eu, acostumada desde anos a mandar em qualquer homem que me chegasse perto." (p. 350).

Para essa e outras resenhas, siga: @livros_e_linhas
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Laura.Bianchini 12/09/2021

Apresentou algo diferente do que imaginava, me trouxe sentimentos conflitantes.
O livro me decepcionou em alguns aspectos.. os eventos que eu pensei que iriam formar a trama da obra não reaparecem, então dá essa sensação de uma história meio perdida, sem começo, meio e fim.
A escrita é maravilhosa, isso é inquestionável, ela te traga para esse universo e te faz sentir parte dele, mesmo que eu nunca tenha nem ido para o sertão nordestino. Acho que o livro me apresentou algo diferente do que eu esperava, ele na verdade trás a trajetória de Maria Moura, e não foca na resolução de alguns conflitos iniciais, como eu esperava.
Em relação à protagonista, é uma mulher difícil de acessar, e nisso eu tiro a grandiosidade da escrita da autora. Maria Moura é extremamente forte, anti-herói em diversos momentos, mas ainda é possível perceber a sua humanidade, suas inseguranças e medos.
É aquelas leituras ''companhia'', deliciosas e imersivas.
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Bárbara | @barbaraeoslivros 20/08/2021

Escrito em 1992, adaptado para uma minissérie de TV em 1994 e simplesmente P E R F E I T O!
Embora cearense apaixonada pela minha terra, nunca tinha lido nada da escritora mais proeminente que essas terras alencarinas já produziram. Primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras, Rachel de Queiroz pode ser considerada uma figura polêmica (alguns amam, outros odeiam), mas o fato é que ela escreveu muito e escreveu muito bem.

Para minha primeira experiência com a autora, escolhi sua primeira obra, O Quinze, escrita quando Rachel ainda era uma jovem de 20 anos (nessa idade, tudo que eu fazia era beber em calouradas), mas o universo apenas ignorou minha escolha e colocou em meu destino este Memorial de Maria Moura.
E eu não poderia ter conhecido Rachel de Queiroz através de uma obra melhor. Se eu já admirava, virei fã, colecionadora e leitora de tudo que essa mulher já escreveu.

Logo nas primeira páginas, percebi que ia ser uma experiência diferenciada, senti algo no clima da história, nas expressões regionais tão comuns ao meu cotidiano e na força e inteligência daquela menina Maria. E foi isso mesmo! Esse livro me prendeu e me marcou, tanto que sonhei com um dos impasses em que Dona Moura se envolve já na parte final da história.

Maria é uma sinhazinha que vive com certo conforto em uma fazenda chamada Limoeiro, ainda jovem perde o pai e encontra sua mãe enforcada, muito abalada a jovem se entrega para o padrasto.. Mas não pense que ela é vítima, não! Ela é muito é braba! Ainda jovem manipula uns “cabras”, arquiteta um plano malicioso para se safar de outros “cabras” e arma uma fuga espetacular daquele pedaço de terra. Mas é só isso que vou contar sobre Dona Moura. Acompanhamos também as histórias de uma padre e de uma moça sonhadora que acabam por se deparar com a respeitada Maria Moura.

Uma das narrativas mais marcantes da escritora, esse livro tem um pouco de tudo: aventura, briga de família, romance, mistério, vingança, crítica social, desenvolvimento de personagens, jornada do herói... é uma obra envolvente, imersiva e muito bem escrita. Se você tem aquela questão de não ler nada de Rachel por ela ter (ou não) sido apoiadora da ditatura militar, cogite separar um pouco o autor da obra e conheça a potência dessa história. Vale a pena!


(...) nesta vida, quem não briga pelo que quer, se acaba.
@Estantedelivrosdamylla 20/08/2021minha estante
Fiquei curiosa. ACho que vou aproveitar que tem no Kindle Unlimited e ler.


Bárbara | @barbaraeoslivros 20/08/2021minha estante
Aproveita! Quando eu vi no Kindle Unlimited fui correndo começar a ler!




João Victor - @sigamoslivros 13/08/2021

Ícone de liderança feminina no sertão
Rachel de Queiroz foi ?apenas? a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras e primeira mulher a receber o prêmio Camões (atribuído àqueles autores que contribuíram para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa), escreveu Memorial de Maria Moura já depois de ser galardoada com esses prêmios, assim é nítida a maturidade da obra.

Maria Moura é uma jovem que terá que lidar com questões que escola, sociedade e família não ensinam. O que irá lhe ensinar será a vida, vivência e práticas nada convencionais e muito menos legalizadas.

Órfã de pai e mãe, violentada pelo padrasto e com suas terras sob o desejo dos seus primos, ela buscará soluções pra evitar sair como perdedora da posse de sua propriedade, mas no sertão nordestino do século XIX, lei nenhuma segura a cobiça e avareza se tratando de herança familiar.

Maria Moura, com a ajuda dos seus ?capangas? batalhará, com unhas e dentes, por seu lugar e respeito. Chegando a se igualar com Joana D?Arc e Maria Quitéria, ela teve que se passar por homem pra conseguir os feitos desejados, impondo ordens sobre muitos homens e sendo ouvida por causa da sua inteligência e estratégia convincente.

Essa história relata ainda a caminhada de outros personagens importantes: o beato Romão e Marialva, prima de Moura. Cada um com caminhadas ímpares e enfrentamentos distintos. E óbvio que o caminho desses três personagens irão se encontrar e renderá boas histórias.

Reiterando o que falei, a escrita da Rachel tem uma sensatez impressionante, é um livro com muitas páginas sem a necessidade de detalhamento de cenário ou floreios, ela é direta e sabe dar profundidade a história. Vemos o crescimento de M. M. e compreendemos cada ação, dor e medo nela existentes.

Além da força feminina, são abordados temas como escravidão, amor vs desejo, religião, disputa por terra, vingança e muito mais.

Me prendeu nesse enredo o cenário apresentado, pois se tratando do meu Nordeste, região na qual pertenço, cada lugar que Maria Moura e sua tropa passavam, eu conseguia enxergar com exatidão cor, aroma, temperatura e textura. A cultura nordestina é muito bem representada aqui, por uma autora nordestina e que revolucionou a literatura nacional.
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julha 08/08/2021

?a gente por onde anda cria amor e desamor, e vai deixando atrás de si aqueles pedaços de coração.?
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Jacque Spotto 01/08/2021

Terminei esse livro com vontade de reler, porque é aquele tipo de enredo que te prende e quanto mais você lê mais você quer avançar na leitura. Mas do que se trata o Memorial de Maria Moura? Assim como o próprio título sugere, são as memórias da protagonista que inicia desde a infância até sua fase adulta, mas ele não é um romance cronológico linear, pelo contrário, o livro inicia na fase que a
personagem já desenvolveu praticamente toda a história que há por vir.

Seus capítulos são curtos e cada um deles é narrado em primeira pessoa pelo personagem que conta a história e todos esses personagens, em algum momento do livro, irão se encontrar com Maria Moura. Assim, sabemos a história do ponto de vista de cada um deles, são: Maria Moura, Beato Romano e
Marialva; Tonho e Irineu têm seus relatos poucas vezes, mas sabemos de suas ações através dos relatos dos outros personagens principais.

Tudo se inicia quando Beato Romano, até então chamado de padre José Maria, chega à Casa Grande de Maria Moura pedindo asilo e lembra à Maria Moura que quando mais nova, ela teria se confessado a ele por um pecado que ainda iria cometer. Maria Moura então acolhe o padre que em seguida muda de
identidade para não ser encontrado, passa então a se chamar Beato Romano. O primeiro capítulo é contado do ponto de vista de Beato Romano, já no segundo capítulo o mesmo momento é contado a partir de Maria Moura, o que lembra uma obra cinematográfica ou de telenovela, não é a toa que foi adaptado tão bem para uma minissérie, apesar de Rachel de Queiroz não ter gostado muito da adaptação rsrs.

O enredo do livro se desenrola em três histórias principais:

Maria Moura que diante de uma tragédia familiar, se vê sozinha em uma época em que o patriarcado impera e a mulher não tem voz igualitária aos homens, e mesmo sendo um alvo fácil para seu padrasto que busca passar as terras para seu nome e de primos que tentam lhe roubar sua parte das terras, ela
não se vê intimidada e consegue se impor e agir de forma incomum aos padrões ditos "femininos" para buscar sua liberdade, mesmo que seja fora das regras e leis.

Beato Romano, antes padre José Maria, fazia parte de uma comunidade, se apaixonou e teve um relacionamento escondido com Bela, uma mulher casada mas que o marido está em uma expedição e há muito tempo não retorna para casa, ela nem mesmo sabe se ele ainda está vivo. Como já se prevê também ocorre uma tragédia em decorrência desse relacionamento e o padre passa a ser um fugitivo.

Já Marialva é prima de Maria Moura e irmã dos primos que tentam roubar as suas terras, ela se apaixona por Valentim, um saltimbanco, a partir desse relacionamento também ocorrem vários acontecimentos entre alegrias e tragédias.

Destas 3 histórias centrais, mais personagens vão surgindo na trama, fazendo com que o enredo se entrelace perfeitamente com os personagens principais.

O tema central que percorre por todo livro é a força da mulher e suas diferenças em cada uma delas:

Maria Moura é uma mulher forte, que não se deixa intimidar por nenhum homem, que por um tempo se abstém de um relacionamento para não perder o respeito pelos homens que trabalham para ela. Já Bela, é uma mulher casada sem amor, dona de casa e mãe, mas que ainda assim busca a felicidade
mesmo que seja através de um ato proibido. Marialva é uma mulher que não tem nenhuma perspectiva de futuro, nem mesmo de um relacionamento, pois os irmãos a privam de um casamento para não terque dividir suas terras.

E no decorrer das histórias vemos que há diferentes tipos de mulheres, cada uma com uma força tremenda para sobreviver mesmo quando as esperanças são mínimas.

"O único lugar que a mulher pode frequentar sozinha é mesmo a igreja." (p. 105)

A história se passa na zona rural do nordeste no século XIX, as cidades são fictícias mas utilizam de fatos históricos para situar os personagens. Em alguns momentos Rachel insere algum cato histórico como a Guerra do Cariri (Confederação dos Cariris) que ocorreu entre os anos de 1683 e 1713 na região Nordeste do Brasil e também sobre o período do Brasil Império desde a Independência do Brasil (1821-1825) e terminou com a Proclamação da República (1889).

"Os escravos tinham morrido, mas foi como se o quilombo continuasse. Um sujeito por nome Sandoval, fugido da Guerra do Cariri, tinha tomado conta do terreno." (p. 82)

"Agora o Brasil era um Império, onde não se aceitava mais aquela vergonha do pelourinho." (p. 261).

A linguagem utilizada na obra é muito simples e regionalista, além disso também utiliza termos de acordo com a época que se encontram. Em vários momentos eu lembrava de meus avós que utilizavam de algumas expressões e até mesmo superstições que há no livro. Rachel conseguiu trazer a cultura
própria de uma região para sua obra, mesmo com alguns lugares fictícios e que é compreendido facilmente por quem lê. Além do tema sobre a força da mulher e seu lugar em um momento regido pelo patriarcado, o livro vai além e nos expõe sobre a escravatura, a região nordestina que é esquecida
pelos governantes, a fome, a violência e ganância.

Mesmo tendo mais de 500 páginas, o livro é composto por muita ação e o desenrolar dos momentos vão se desenvolvendo e consequentemente surgindo novos, ele não tem muitas pausas ou momentos contemplativos, isso faz com que a leitura flua muito bem e prenda o leitor na história. Pelo menos foi o que aconteceu comigo.
Espero que gostem da leitura!
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