Matheus Lins 30/10/2009
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"Estação Mcmurdo, Mactown. MacLamaçal. Ganhou esse nome por causa do Estreito de McMurdo, que, por sua vez, foi batizado em homenagem ao Tenente Archibald McMurdo, do HMS Terror, em 1841."
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"A Antárctida tem aproximadamente 14.2 quilômetros quadrados, sem contar as ilhas [...] Rocha coberta com 30 milhões de km³ de gelo. Este é o continente mais elevado, com média de 2.320 metros acima do nível do mar."
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"A temperatura mais baixa já registrada na Terra foi marcada pelos russos na Estação Vostok [...] 89,6ºC negativos, em 21 de Julho de 1983. Frio desse tipo mata. O vapor da água nos pulmões congela instantaneamente, estoura as células… como se você estivesse explodindo por dentro."
Carrie Stetko é uma agente federal americana exilada numa inóspita base na Antárctica em virtude um erro que cometeu no passado. A personagem é uma típica badass: boca suja, impulsiva, audaciosa – como as figuras femininas nas séries de Joss Whedon, ou a Sarah Connor do segundo Exterminador do Futuro -, do gênero poucos amigos.
Em Morte no Gelo acompanhamos a agente enquanto ela investiga um homicídio ocorrido às vésperas do rigoroso inverso antárctico, época na qual mais de 90% do staff operacional é mandado de volta para casa. A trama gradualmente se complica, com um rastro crescente de vítimas e um interesse incomum da inteligência inglesa pelo caso.
Em Ponto de Fusão, um ataque acobertado a uma base russa gera inquietações no governo americano, o qual acredita que a base servia como depósito para armas nucleares e biológicas. A agente Stentko é convencida a investigar o caso mediante a promessa de uma transferência para fora do contigente gelado, uma vez o caso encerrado.
Ambas as HQs foram escritas por Greg Rucka, nome estabelecido dentro dos quadrinhos underground, que demonstrar um ótimo feeling para o suspense, construíndo gradativamente a tensão a partir de uma simples premissa que se complica aos poucos, mas jamais se perdendo ou rodando em círculos, encaixando organicamente à narrativa momentos mais introspectivos, intercalados com a ação; além disso, seu zelo histórico é notável, manifestando-se por meio de curiosidades divulgadas ao longo da narrativa – algumas ilustrando a introdução deste texto – que têm, como fim, imprimir uma credibilidade maior à história.
Steve Lieber as ilustrou. Seu traço é sóbrio e diversificado, capaz de transitar com facilidade entre painéis mais ricos em detalhes e outros minimalistas em sua essência, incorporando variadas técnicas de desenho, de pincel e acabamento a fim de representar, com a maior fidelidade possível, as várias facetas que o gelo assume nos círculos polares. Seu estilo casa perfeitamente com o de Rucka, traduzindo-se numa narrativa fluida e consistente.
Morte no Gelo foi indicada a três Eisner Awards em 1999, para Melhor Série Limitada, Melhor Escritor e Melhor Desenhista; Ponto de Fusão, no ano seguinte, foi indicada e vencedora do Eisner de Melhor Série Limitada. Um terceiro volume fora prometido para o fim deste ano, mas provavelmente terá seu lançamento adiado para 2010.
No Brasil, ambos os títulos foram publicados pela Devir. Um filme baseado em Morte no Gelo foi filmado em 2007, mas só aportou recentemente nos cinemas, com um atraso inexplicável de dois anos (!). Carrie Stetko é interpretada por Kate Beckinsale (cinessérie Underworld).