C. M. Jandrey 18/10/2014
O livro é, literalmente, um peso na consciência. Enquanto eu lia, foi impossível não pensar no que eu fazia. Foi quando percebi o quão vazia era a minha existência.
Eu me perguntava, a cada página que lia, o que eu fazia para mudar o mundo. Nada. Absolutamente nada. E o livro faz isso com você. Te faz refletir. Afinal, o que você faz pra ajudar o mundo?
Ajuda alguém que não a si mesmo? Pensa em alguém que não em si mesmo? Já ajudou um completo estranho? Mas aposto que já o julgou.
Eu também julgava. Já julguei quem eu nunca vi apenas pelo modo como escrevia. Não uma, mas muitas vezes. Já julguei pelo jeito que falava, pelas palavras que escolhia usar mas e a história dessas pessoas? Já se perguntou por que a pessoa que você julgou fez o que fez? São essas as perguntas que esse livro trás. É muito profundo.
Não vou dizer que graças a ele, porém sei que me influenciou bastante, mas me envolvi com afinco em um novo projeto social aqui na minha cidade. E é incrível como eu me sinto importante quando vou naquela creche carente. É como o personagem principal se sentia, eu sei. E não há como escrever um livro como esse sem ter vivido algo parecido. A sensação de se sentir útil, de saber que está fazendo algo realmente bom é incomparável. Não há como saber isso sem ter vivido. Sem conhecer a realidade que esse livro nos trás.
A versão traduzida possui muitos erros ortográficos. Se a estória não fosse tão boa eu teria desistido de lê-lo. Acho uma vergonha publicarem um livro com tantos erros. Ninguém leu o livro antes de ele ser impresso? Senti que estava lendo uma fanfic. Achei um absurdo encontrar erros de pontuação e ortografia durante o texto. Absurdo.
Mas o autor não tem culpa. Ele fez o trabalho dele de forma esplêndida. O mundo que ele trouxe é real. Espero que esse livro afete a todos como me afetou. Ele me mudou, de certa forma. Não há como explicar algo como o que eu li. O mais incrível sobre ele é que eu sabia que era real. A realidade da Ruby é a realidade de inúmeros sem teto por aí. É uma realidade que eu ainda não conheço, pois, por enquanto, não tive contato com tal modo de vida. Esse livro mostra como fazemos pouco pelas pessoas ao nosso redor. E não estou dizendo que deveria dar esmolas a todos os que pedem, mas pare para pensar quando foi a última vez que você se sentiu realmente importante.
Meus motivos para continuar com o projeto no qual me envolvi depois de ler esse livro são um tanto quanto egoístas. Eu continuo para me sentir importante. Porque quando uma criança carente me abraça e sorri pra mim daquele jeito que só elas sabem sorrir, eu sei que fiz algo bom. Que mudei o dia delas. Que fiz alguém feliz. E essa é uma sensação incrível. É uma sensação tão boa que palavras não podem explicar.
Por isso espero que todos os que lerem esse livro mudem como eu mudei. Espero que ele as faça refletir como fez com que eu refletisse. Honestamente, espero que ele mude alguns conceitos que estão por aí. O livro é simplesmente sensacional.