Eli Coelho 13/07/2013Relato e choque culturalEsse livro não é um romance. É o relato em primeira pessoa de uma mulher que sensibilizou o mundo com seu drama: condenada a apedrejamento por crime de adultério na lei islâmica.
A personagem/protagonista/autora narra sua vida, infância e sucessivos casamentos. Nesse aspecto retrata como uma devota e fiel muçulmana não tem qualquer controle sobre seu destino e é sempre vulnerável a vontade dos homens.
Repudiada três vezes, perdeu 2 filhos para a morte e outros por serem "propriedade" do marido. Ser repudiada nessa cultura é a maior humilhação para uma mulher muçulmana.
O livro começa sem muita graça. Há momentos marcantes, mas contados sem emoção. Pelo menos que me comoveu como leitor. Ganha um pouco de ritmo após o primeiro casamento (os demais não são muito detalhados).
Sei que não se justifica a violência e a morte, mas dentro daquele contexto cultural achei que "o erro" de Safiya ficou sem punição. Ela é tratada quase como uma celebridade apesar de ter cometido "o erro". A morte não óbviamente, mas ao menos as chibatadas. Nada. Deixo claro que não sou a favor da violência...Estou pensando com empátia cultural.
Uma grata surpresa ao final do livro é o posfácio asssinado pelo advogado de Safiya. Ele explica porque a Sharia (lei islãmica) é praticada de modos diferentes no mundo, seu histórico na Nigéria e porque o drama de sua cliente tinha implicações politicas envolvidas.
É um livro que causa um choque cultural enorme. A exemplo de "A CIDADE DO SOL", mas esse aqui é uma história real.
Um livro pequeno, sem emoção, mas real. RECOMENDO!