A rosa do povo

A rosa do povo Carlos Drummond de Andrade




Resenhas - A Rosa do Povo


133 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Alê | @alexandrejjr 08/12/2020

A poesia quer sair, o poeta quer gritar

Desde que conheci a poesia de Carlos Drummond de Andrade, não parei de me interessar pela obra do poeta. Talvez tenha contribuído para meu imaginário pessoal algumas fotos e matérias que li a respeito dele na época da escola. Para mim, Drummond será sempre aquele velhinho pacato, elegante, símbolo máximo do que é ser um funcionário público que, fora do holofote e da atenção alheia, fazia mágica com as palavras. No entanto, “A rosa do povo” quebra um pouco desse personagem idealizado que de alguma maneira construí ao longo dos anos.

Esse é um livro diferente. Afinal, não poderia ser igual aos anteriores, ainda mais na época em que foi lançado. O mundo em que Drummond concebeu “A rosa do povo” era um caos - não que hoje o nosso seja menos caótico, é claro. Porém, era a época do final do Estado Novo de Vargas - regime em que Drummond era observador íntimo a partir de algum escritório do Ministério da Educação, comandado por seu amigo pessoal Gustavo Capanema, e, imagino eu, sem poder fazer muita coisa, se destroçava por dentro -, do terrível e final saldo da Segunda Guerra Mundial, da lenta e desigual industrialização do “país do futuro” e da ascensão de duas potências que dividiram - e ainda hoje dividem, mesmo que simbolicamente - o mundo. Um espaço-tempo turbulento, portanto, e é nessa turbulência que o poeta disseca a palavra, tira dela todo o brilho e deixa ela seca, seca como as inquietações de sua cabeça. E é aí que também aparece com força total a figura do “poeta engajado”, uma versão que meu imaginário desconhecia. O tempo presente, como muitos estudos afirmariam depois, foi a matéria-prima dos poemas de “A rosa do povo”.

Livro de poemas extensos, “A rosa do povo” não é, na minha irrelevante opinião, o melhor livro para conhecer o poeta. Mas, como sou eu que escrevo, vou fazer uma indicação. Acho que é melhor conhecer Drummond, assim como foi meu caso, através de “Alguma poesia”, livro que deve ser considerado de vanguarda por muito tempo ainda.

Entre os 55 poemas do livro, preciso destacar alguns neste singelo texto, como de praxe. Gosto particularmente da parte inicial, que contém a secura do tempo captada por Drummond em, por exemplo, “Procura da poesia”, “A flor e a náusea”, “Carrego comigo” e “O medo”. Gosto também da confusão proposta pelo eu lírico em “Rola mundo” e “Assalto”, da capacidade sintética e sensível de “Áporo”, do belíssimo “Movimento da espada” - inspiração para música homônima de Giovani Cidreira que apareceria no mundo apenas em 2017 -, do premonitório e de uma lucidez espantosa “Caso do vestido”, do antológico “Morte do leiteiro”, do provocativo “Noite na repartição”, que parece quase uma prosa, e por fim mas não menos importante, dos lindos versos de “Consolo na praia”.

Drummond, poeta essencial, não é tempo desperdiçado, é tempo vivido. Leia se tiver a oportunidade.
Débora 08/12/2020minha estante
Amo Drummond!


Suzanie 08/12/2020minha estante
??


Débora 09/12/2020minha estante
Com certeza, Alê!


Alê | @alexandrejjr 09/12/2020minha estante
Drummond está entre os melhores da nossa literatura, né, Débora, não tem como não se apaixonar mesmo. Prova viva é o comentário da Suzani, que respondeu da única maneira possível! (recolocando o comentário corrigido, pois vi um errinho que cometi na primeira vez).


Marcia 24/02/2021minha estante
Talvez não seja o livro mais representativo da poesia de Drummond, mas traz muito do momento em que foi escrito. Se quiser ter uma visão mais ampla da obra deste mestre da poesia( e da língua portuguesa) eu sugiro o livro Reunião.


Alê | @alexandrejjr 25/02/2021minha estante
Obrigado pela sugestão, Márcia, vou conferir!




Sophia.Leme 23/02/2023

"Não grites, não suspires, não te mates: escreve"
Fazia tempo que não lia poemas, e queria algo mais clássico e "importante" pra literatura nacional; foi assim que comecei a ler "A Rosa do Povo".
Esse livro é muito bem escrito e organizado, mas não é totalmente fluido; houve momentos em que um poema se emendava em outro, mas por ser um livro um pouco complicado e de fazer pensar, demorei mt pra termina-lo. Entretanto, ele é bem interessante, e me fez parar pra pensar e refletir (foi o livro que mais fiz marcações na minha vida) várias vezes.
A rosa do povo foi publicada em 1945, trazendo poemas sobre a guerra pública e tbm a guerra individual, que cada um de nós tem dentro de si. Essa dualidade da obra é de fato intrigante.
Recomendo o livro pra quando quiser reflexões sobre o povo e sobre vc mesmo.
Mei` 24/02/2023minha estante
Lá vai ela me fazer ler poema, q ódioo kkkk


Eduarda 24/02/2023minha estante
Deu menos que 5 estrelas pra um livro? Que milagre

Brincadeira


Sophia.Leme 25/02/2023minha estante
Duda agr minha nota padrão é 4kshsjksks pode ver que só ando dando isso


Eduarda 25/02/2023minha estante
Uma nova mulher vc é agora




Max 10/12/2023

Meu poeta...
Sei que a sensibilidade é como uma porta entreaberta, uma nesga de luz, que deixando entrar, queima nosso coração marcando-nos de dor e sofrimento. Em Drummond não é assim. Dele, a luz da sensibilidade se decompõe apenas em delicadeza, só dela. Morei alguns anos em Itabira, sua terra, em que remete a todo tempo nesse livro. Eu o compreendo, talvez, quando me lembro que vi as mesmas montanhas, vivi a mesma vagareza do tempo, senti a mesma neblina em meu rosto...
O que produz tanta beleza em sua poesia, é a sua memória, a sua lembrança que a todo tempo o trai, o engana, fingindo que o antes era mais belo que o foi...
Recomendo fortemente!
Carine Campos 10/12/2023minha estante
Eu amo esse livroo!


Max 10/12/2023minha estante
Não me surpreende, Carine, sua sensibilidade para com a poesia é muito parecida com a minha!?


Débora 10/12/2023minha estante
Que lindo, Max!?


Max 10/12/2023minha estante
Obrigado, Débora querida!?




arthur966 20/02/2023

E que a hora esperada não seja vil, manchada de medo,
submissão ou cálculo. bem sei, um elemento de dor
rói sua base. será rígida, sinistra, deserta,
mas não a quero negando as outras horas nem as palavras
ditas antes com voz firme, os pensamentos
maduramente pensados, os atos
que atrás de si deixaram situações.
que o riso sem boca não a aterrorize
e a sombra da cama calcária não a encha de súplicas,
dedos torcidos, lívido
suor de remorso.
lizardeb 21/02/2023minha estante
q foto linda


arthur966 21/02/2023minha estante
te amooo


arthur966 21/02/2023minha estante
ficou de lado não sei pq




Renata CCS 19/02/2013

Um retrato psicológico vivo de uma época importante no Brasil e no Mundo

Procura da Poesia

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
(...)
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
(...)

Carlos Drummond de Andrade - A Rosa do Povo.

A ROSA DO POVO é uma obra de linguagem poética com participação social: está profundamente sintonizada com o contexto histórico do qual nasceu. O livro foi escrito durante os anos sombrios da 2°Guerra Mundial, os anos de ditadura de Getúlio Vargas, e nele encontramos a amargura, a indignação e a esperança mescladas de forma intensa. Em seus poemas Drummond procura compreender o sentimento, o sofrimento e a angústia existencial daquela época. O poeta testemunha e nos apresenta sua reação diante da dor coletiva e da miséria do mundo moderno, com seu materialismo e sua falta de humanidade. É interessante observar que o clima dos poemas parece acompanhar o movimento histórico do qual faz parte. Inicialmente é mais silencioso, porém apreensivo, como quem aguarda a tempestade, aí vem o medo, a sensação de impotência diante de tanta tragédia e sofrimento, vem a fragilidade humana, a hora sombria da morte e o momento de reflexão. E assim, o livro e a guerra seguem finalmente para o seu desfecho e, como todo esperado final, brilha a esperança, a força e o amor. A ROSA DO POVO é um livro único. Leitura obrigatória para amantes de poesia.
Maria Luísa 07/03/2013minha estante
Para a compreensão dessa obra, bastante útil é lembrar a data de sua publicação: 1945. Trata-se de uma época marcada por crises fenomenais, como a Segunda Guerra Mundial e, mais especificamente ao Brasil, a Ditadura Vargas. Drummond mostra-se uma antena poderosíssima que capta o sentimento, as dores, a agonia de seu tempo. Basta ler o emblemático "A Flor e a Náusea", uma das jóias mais preciosas da presente obra. Este é, sem sombra de dúvida, meu livro predileto de Drummond.


Renata CCS 08/03/2013minha estante
Drummond conseguiu transformar uma dura realidade, o materialismo de uma época e a falta de humanidade em poesia. Realmente o livro é único, apaixonante.




madubaldi 16/05/2022

particularmente não gosto muito de livros de poesia, achei um pouco maçante e não me prendeu. Acredito que pra quem tem o costume de ler poemas pode ser um bom livro, com muita expressividade, mas não foi dessa vez pra mim ?
júlia. 16/05/2022minha estante
????




Victor T. 21/01/2009

Bem que eu tentei.
No começo do livro me esforcei ao máximo que eu pude pra compreender as poesias do Drummond mas não deu.

Entendia uma, viajava em várias. No saldo final posso dizer q boiei em 50% ou mais do livro.

Possui idéias q achei difíceis de compreender. Não é um livro q possa ser devorado alucinadamente como muitos, mas sim lido com calma e mastigando cada poema completado.
wisk 06/03/2009minha estante
ooi li seu comentário e precisa comentar. Eu li tbm e quase que nada entendi. Daí um amigo meu veio e disse que o livro era fantástico! Fazer o que né..XD


Dandara 27/09/2010minha estante
O livro é fantástico! Os poemas não são tão difícies de compreender como você os pintou, todo livro de poesia exige um pouco de dedicação, e com A Rosa do Povo não é diferente. No entanto, isso não é algo que impeça o entendimento e o prazer da leitura.




Marília Moreira 15/02/2010

Sempre me debati um pouco para iniciar leitura de poemas; apesar de gostar muito de subjetividades e das brincadeiras com a linguagem,tinha a impressão de que a minha leitura era muito "simplista", o que tornava os poemas entediantes. Ficava com vontade de descobrir a "intenção do autor" e não conseguia abarcar os diversos sentidos do texto (a famosa polissemia). Com o passar do tempo e o acréscimo de leituras, percebi que os poemas não são tão difíceis. "A Rosa do Povo" ampliou essa percepção. Recomendo e mesmo depois de alguns anos ainda espero que a flor brote do asfalto ! :)
05/05/2018minha estante
Tirou as palavras da minha boca! Um abraço ;)




Brenda 05/02/2022

É sempre delicado avaliar a literatura e a leitura poética, ao menos para mim, haja vista que livros de poesias não possuem a linearidade narrativa que romances "garantem". Uma obra inteira não guarda versos e mais versos sobre a mesma coisa, muito menos do mesmo modo. E essa não-permanência é via de mão dupla: ao passo que pode gerar movimento, pode criar aberturas para momentâneas decepções.

Dentre os alguns livros que já pude ler do Drummond, este sem dúvida foi um dos mais complexos, poética e tematicamente falando. A vida, a morte e o cotidiano são já temas comuns, corriqueiros, afinal, o cotidiano é essencialmente isto: o gosto da repetição. Mas aqui pude observar estas temáticas ganharem formas emaranhadas e se entrecuzarem com outras macro e microestruturas da vida humana: regionalismo, universalismo, individualismo, política.

E o resultado desta poética da complexidade é Drummond, que mais uma vez faz jus ao lugar canônico que ocupa, ainda que vez ou outra ele e eu tenhamos me permitido pensar em palavras fora das letras.
Peudro 05/02/2022minha estante
Que incrível!!




Caroline457 21/09/2023

Sem sombra de dúvidas uma obra atemporal e necessária!
?A Rosa do Povo? foi escrita em um contexto histórico muito conturbado, devido à ditadura decorrente do Estado Novo de Vargas, bem como ao cenário catastrófico da Segunda Guerra Mundial que se expandia.
Drummond fez um excelente trabalho ao apresentar diversos temas importantes para a
sociedade na forma de uma poesia com versos livres, representando os sentimentos de angústia, medo e esperança, temas muito comuns no período em que o livro foi escrito através, por meio de simbologias.
Me surpreendeu, uma vez que, normalmente, quando pensamos em poesia, não nos vem à mente uma pauta tão política e social.
Meus poemas favoritos foram: "Resíduo", "Morte do leiteiro", "Morte no avião", "Consolo na praia", "Idade Madura" e "Visão 1944".
Hellen.Lily 27/09/2023minha estante
UAUUU, vou colocar na minha lista




spoiler visualizar
Aline 14/02/2012minha estante
Recomendo!!




Arsenio Meira 27/09/2012

Carlos Drummond de Andrade, o maior poeta do modernismo brasileiro. Primeiro, sem segundo. A Rosa do Povo, seu livro mais significativo, é uma dádiva poética. Marca o apogeu da trajetória poética de Drummond
cid 03/03/2017minha estante
Grata Arsenio, pela indicação.




lenna 16/02/2009

Acho que é um dos poucos livros de leitura obrigatória que eu gostaria de reler. É um poema mais lindo do que o outro!
comentários(0)comente



Bell_016 16/09/2009

Já agora te sigo a toda parte,
e te desejo e te perco, estou completo,
me destino, me faço tão sublime,
tão natural e cheio de segredos,
tão firme, tão fiel... Tal uma lâmina,
o povo, meu poema, te atravessa.
comentários(0)comente



TalesVR 29/04/2024

Sublime
O que eu escrevi não conta.
O que desejei é tudo.

[...]

Sinta frio, calor, cansaço; pare um momento; continue.

comentários(0)comente



133 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR