A lentidão

A lentidão Milan Kundera




Resenhas - A Lentidão


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Marcos Aurélio 12/07/2021

Dançarinos e ansiosos
Milan Kundera apresentou o "dançarino", um sujeito que faz o possível para mostrar-se diante das câmeras.

Conta também a história de Vivant Denon, Madame de T, e um Marquês, que formam um triângulo amoroso cheio de mistério.

Em viagem com a esposa Vera, o autor hospeda-se no hotel, antigo castelo, onde a trama aconteceu.

Mas a proposta do livro é a discussão acerca da ansiedade, descontrole e impaciência, na busca pelo prazer.

"...o homem curvado em sua motocicleta só pode se concentrar naquele exato momento de seu voo; agarra-se a um fragmento retirado tanto do passado quanto do futuro; é arrancado da continuidade do tempo; está fora do tempo; em outras palavras, está no estado de êxtase; em tal estado, não sabe nada de sua idade, nada de sua mulher, nada de seus filhos, nada de suas preocupações e, portanto, não tem medo, pois a fonte do medo está no futuro e quem se liberta do futuro nada tem a temer".

Gostei do livro, dos personagens, da escrita, da formatação. Gostaria de ler um final diferente para algumas das histórias, mas é uma questão pessoal.
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eglair 22/02/2013

Quando as coisas acontecem rápido demais, ninguém pode ter certeza de nada.
Esse pequeno livro é realmente muito interessante. Kundera começa a narrativa, em primeira pessoa, através da voz masculina de um casal que está a caminho de suas férias num castelo na França. Este castelo é supostamente – ou pelo menos é isso o que o narrador nos faz entender – o mesmo castelo onde Madame de Tourvel, do romance “Ligações Perigosas”, de Chordelos de Laclos, teve suas aventuras adulteras e anseios libertinos do século XVIII.

No caminho, o narrador faz especulações metafísicas sobre a velocidade – estamos na década de 70 – e tudo o que se perdeu com os anseios tecnológicos e a pressa para alcançar o êxtase e a felicidade. Ele faz uma bela comparação entre os prazeres da lentidão versus os prazeres da velocidade, falando sobre o culto ao orgasmo, que reduz o coito a um obstáculo a ser ultrapassado o mais rápido possível e sobre a eficácia em contraposição à ociosidade criativa e sedutora da lentidão.

O decorrer do livro sobrepõe narrativas, onde o tempo se entrelaça, numa dança lenta e libidinosa, mesclando épocas e personagens que se alteram como peças num tabuleiro de xadrez, guiados pelo hedonismo e a dificuldade de apreensão do real.

Ele também fala sobre uma “equação bem conhecida do manual da matemática existencial”: o grau de lentidão é diretamente proporcional à intensidade da memória; e o grau da velocidade é diretamente proporcional à intensidade do esquecimento.

Isso me fez pensar que quando sentimos felicidade num determinado momento, queremos guarda-lo na memória e para tanto acabamos prolongando-o, tornando-o mais lento; e fazemos exatamente o inverso para momentos desagradáveis ou de sofrimento.

Adorei o livro e a forma como a narrativa é contada. Gostei muito das especulações sobre “ser eleito” e sobre como manipulamos o momento, nos tornando “dançarinos”, para obter o reconhecimento.

Kundera tem toda razão: “Quando as coisas acontecem rápido demais, ninguém pode ter certeza de nada, de coisa nenhuma, nem de si mesmo.”
Marcos.Azeredo 18/03/2020minha estante
Um dos escritores que mais gosto.




Débora 20/02/2023

Não sei descrever o que acabei de ler.

O formato de escrita sugere que a obra pertence a um movimento muito moderno da literatura, embora o livro tenha quase 30 anos.

Ele tem uma escrita tão despretenciosa que parece um rascunho, tanto mais porque o autor estabelece um diálogo bastante informal com o leitor. Mas da metade pro final, as informações, que até então tinham sido jogadas para o leitor de forma desconexa, se unem e formam um quadro ainda bastante informal, mas divertido, erótico e curioso.
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anna 24/01/2021

Sempre que eu termino de ler algum livro do Kundera, admito que fico por um tempo sem saber o que achar. Mas "A Lentidão" foi de longe um dos mais surpreendentes, apesar de tão curto.
No começo, a leitura não fluiu muito bem. A partir da aparição do entomólogo tcheco, no entanto, de repente tudo fez mais sentido e, consequentemente, ficou mais interessante. O fato do próprio autor ter um papel na história e usar isso com tanta habilidade também me hipnotizou, assim como ele fez em "A Imortalidade".
É um livro divertido, muito audacioso, e que ainda traz muita reflexão.
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Lori 05/04/2011

A Lentidão como o nome indica vem tratar sobre a velocidade do tempo, mas precisamente sobre a alteração na forma de ver o tempo. O livro se utiliza da temática para discutir a modernidade, um assunto constante nas obras de Kundera. Penso que o autor esteja sempre debatendo isso por estar entranhado nas dúvidas e dualidades do período. Ele começa a atuar na década de 60, onde uma nova forma de pensar nascer, onde o comunismo começa a sua derrocada e que muitas questões sobre o ser humano são levantadas. Kundera vive isso, apóia e luta por isso, suas obras trabalham sobre detalhes que antes eram deixados de lado. Ao mesmo tempo em que ele é moderno, ele é um homem de tradições, que não compreende rock e rejeita setores da nova literatura.

Temas recorrentes de sua obra aparecem no livro, como o orgulho, auto-imagem, política. O importante é como ele consegue relacionar isso tudo de uma forma orgânica. Não é a primeira vez que ele trabalha sobre essa necessidade de atenção externa e da glória, ele chama esses de dançarinos (diferentes dos políticos que lutam pelo poder). Um traço maior cada vez mais na modernidade, só precisa passar um dia vendo jornais que é possível perceber isso. A necessidade da exaltação pública é um dos assuntos predominantes do livro, chegaria a dizer que o principal até, entrelaça as histórias mesmo com personagens que não interagem. Talvez Kundera seja um homem com traços tradicionais, mas o mundo que ele analisa com maestria é o moderno.

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http://depoisdaultimapagina.wordpress.com/
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Nazrat 02/11/2020

Memórias e presente
Meu primeiro livro de Kundera. Admirado pela forma apresentar a psicologia do personagem e as situações em que ele é colocado, entre seus pares e outras situações.
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Luana 22/12/2020

Aquilo que se faz com lentidão se é melhor apreciado.
Sétimo livro que leio do Kundera e novamente, o autor me surpreende com mais uma leitura envolvente em que me faz refletir sobre como ando realizando as coisas que me proponho a fazer. Com qual velocidade? Dependendo da velocidade posta na realização dessas coisas, como elas sairão? Bem feitas, mal feitas? E o mais importante: eu soube aproveitar o prazer de poder realizá-las?
Essas reflexões se aplicam também nas minhas relações interpessoais. Como estou me dedicando às pessoas? Gasto tempo para conhecê-las? Elas se sentem queridas ao meu lado? Ou apenas espero elas terminarem de falar para que eu possa despejar o que penso para elas, mas sem dar ouvidos à fala dessas pessoas?
São questões interessantes e esse livro ajuda muito a nos fazer olhar para nós mesmos, além de ser uma leitura agradabilíssima.
Kundera é mesmo um autor fascinante.
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Déia 08/12/2014

Uma obra breve, porém repleta de interessantes ideias e reflexões. Fala sobre a velocidade dos tempos modernos, como esta afeta nossa memória e acaba atrapalhando a fruição. Fala sobre a necessidade que sentimos de sermos observados, alguns se tornam verdadeiros “dançarinos” na busca da glória e reconhecimento, alguns imaginam serem “eleitos”.
O desfecho do enredo é simplesmente genial!
“Em nosso mundo, a ociosidade transformou-se em desocupação, o que é uma coisa inteiramente diferente; o desocupado fica frustrado, se aborrece, está constantemente à procura do movimento que lhe falta.”
“Ser eleito é uma noção teológica que quer dizer: sem mérito nenhum, por um veredicto sobrenatural, por uma vontade livre, senão caprichosa, de Deus, se é escolhido para alguma coisa de excepcional e de extraordinário. Com essa convicção, os santos encontraram a força para suportar os mais atrozes suplícios. As noções teológicas refletem-se, assim como suas próprias paródias, na trivialidade de nossas vidas; cada um de nós sofre (mais ou menos) da insignificância de sua vida muito comum e deseja escapar dela e elevar-se. Cada um de nós conheceu a ilusão (mais ou menos forte) de ser digno dessa elevação, de ser predestinado e escolhido por ela.”
“Há um vínculo secreto entre a lentidão e a memória, entre a velocidade e o esquecimento”.
“Nada mais? Coisa alguma? Nada? Numa súbita iluminação todo o seu passado aparece-lhe, não como uma aventura sublime, rica em acontecimentos dramáticos e sublimes, mas como a parte minúscula de uma barafunda de acontecimentos confusos que atravessaram o planeta em tamanha velocidade que é impossível distinguir seus traços, a tal ponto que talvez Berck tenha razão de tomá-lo por um húngaro ou um polonês, porque quem sabe se ele não é mesmo húngaro ou polonês, talvez turco, russo ou até mesmo uma criança agonizante na Somália?”
Carlos Patricio 24/07/2015minha estante
Ótima resenha *-* me fez querer ler, amiga!




Aninha 31/12/2015

"...será que podemos viver no prazer e para o prazer e sermos felizes?"
"...a fonte do medo está no futuro e quem se liberta do futuro nada tem a temer." (página 7)

Minha paixão por Kundera começou com A insustentável leveza do ser, que li há cerca de 5 anos. Ele é hábil em criar personagens densos que transpiram alegrias e dores, sucessos e fracassos, de forma intensa e, por vezes, insana.

A partir de um castelo francês do século XVIII, ele cria diversas histórias, com dramas distintos, baseado nas questões: o que se passa ao meu redor? Por que as pessoas se comportam assim e não de outra forma? Por que meu comportamento foi esse? O que nossas palavras querem, de fato, dizer?

"A palavra pronunciada num pequeno espaço fechado tem um significado diferente da mesma palavra ressoando num anfiteatro." (pág. 80)

E não só conta o que se passa num encontro de entomólogos nesse castelo, com um sábio tcheco, o "dançarino" Vincent e o próprio autor com sua esposa Vera, mas retoma uma trama libertina do século XVIII para ir e vir no tempo.

Ele questiona a felicidade, o prazer, o mundo que virou um palco, a ociosidade e a velocidade da vida:

" Estaríamos nós todos presos na mesma armadilha, surpreendidos por um mundo que, subitamente, sob nossos pés, transformou-se num palco do qual não podemos sair?" (página 69)

"...será que podemos viver no prazer e para o prazer e sermos felizes? O ideal de hedonismo é realizável?" (pág. 96)

Vale a pena a leitura!

site: http://cantinhodaleitura-paulinha.blogspot.com.br/2015/11/a-lentidao.html
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Fernanda Sleiman 14/04/2020

Lento
o único livro do Kundera que foi difícil continuar
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Paula.MTerra 27/11/2021

Está lido
Salva porque tem umas reflexões bem boas.. uns insights da atualidade que são bem interessantes... mas a história em si não curti.
Tinha expectativa boa porque amei A insustentável leveza do ser.
Está lido.
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pri84 03/03/2022

A matemática existencial de Milan Kundera
Milan Kundera é um autor que parece não ser muito conhecido além do famoso ?Insustentável leveza do ser?, mas já é o terceiro livro que leio dele e nunca me arrependi de nenhuma leitura. O que mais me interessou e me marcou neste livro foi a matemática existencial de Kundera: ?o grau de velocidade é diretamente proporcional à intensidade do esquecimento?. E, também, a questão dos dançarinos! É uma leitura agradável, rápida. Super recomendo!
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LaraF 11/02/2014

Interessantissimo olhar sobre o modo de vida contemporaneo. Enquanto vivemos com as situaçoes com a maior velocidade possivel, para esquecermos que elas sao vazias de sentido...no passado, a "lentidao" dava as situaçoes uma intensidade maior, sendo vivenciadas plenamente, inclusive em sua dor e fracasso.
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Nádia 02/05/2017

#resenhapomarliterario A lentidão
" Por que o prazer da lentidão desapareceu? Ah, para onde foram aqueles que antigamente gostavam de flanar? Será que desapareceram junto com as veredas campestres, os prados e as clareiras? Um provérbio tcheco define a doce ociosidade deles com uma metáfora: eles estão contemplando as janelas de Deus. Aquele que contempla as janelas de Deus não se aborrece, é feliz. Em nosso mundo, a ociosidade transformou-se em desocupação, o que é uma coisa inteiramente diferente."
O livro começa contando sobre a viagem de férias de um casal, a caminho de um castelo na França, que parece ser o msmo do romance Ligações Perigosas de Chordelos de Laclos. A partir daí ele destrincha tdas aquelas reflexões, aqueles questionamentos profundos e ao mesmo tempo poéticos que só o Kundera pra dar conta msmo. E são tantas analogias, comparações e especulações. Não dá pra ler Kundera e não se envolver até a alma ♡♡

site: https://www.instagram.com/p/3VKL6-mv1X/?taken-by=pomarliterario
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