O Último Verão Europeu

O Último Verão Europeu David Fromkin




Resenhas - O Último Verão Europeu


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Hudson 02/08/2014

A possível resposta para um dilema...

Como se sabe um dilema em matemática se constitui por duas possibilidades impossíveis, ou melhor existem as possibilidades mas de fato em vias de realização elas podem não ser possíveis.

Gostei bastante do livro é bem escrito e parece traduzir muito bem, o que pretende passar ademais acho que o grande ponto é desmistificar outras obras que foram sedimentar e tidas como grandes pilares sobre o que realmente aconteceu em 1914, tais como "The Guns of August" que já ganhou o pulitzer etc.


Tudo era muito mais profundo do que parecia, e na verdade é de forma interessante o narrador nos introduz em um mundo que pedia passagem para o novo e a segurança daquilo que é estável é o conflito da mudança com a estabilidade, o mundo romântico de 1914 que certas horas o autor invoca Stefan Zweig é muito interesse, mas não existe apenas esse mundo.


Existem vários outros mundos dentro destes, e que o livro trata de descortinar de forma até bastante clara, gostei da coesão textual embora cercado de muitas informações nomes e datas o leitor conseguirá absorver os argumentos principais que precisão ser lembrados a frente e até mesmo depois fica bem fixado mesmo.


O autor traz novos fatos que entendo de modo conclusivo desmistificarem o início da Grande Guerra, revisitando a historiografia de modo geral e até mesmo outras obras sobre o género, é um livro muito interessante e que merece ser lido, ainda mas neste ano que completa cem anos da grande guerra.

E o autor mostra que de certa forma não estamos distantes daquele verão de 1914 e que ainda sim seus ventos sopram brisas até nós, poderá chegar um tornado um dia?

Ninguém sabe, como também ninguém sabia naquele lindo e interessante verão, onde existia um mundo tão livre e em 37 dias tudo mudou, ou teriam sido 37 dias que apenas aceleraram processos de vários séculos anteriores, de qualquer forma há argumentos para tudo dentro do livro, e desmistificando o "óbvio" que o assassinato de Sarajevo, foi um pequeno detalhe, mas os detalhes fazem toda a diferença e muitas vezes são eles que decidem as coisas.

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leonardo 10/01/2013

Livro muito bem escrito. É fácil notar que a pesquisa foi meticulosa e procurou levar a sério a relatividade dos contextos regionais sem assombrar o resultado final com o véu do discurso ideológico que cobre a complexa realidade da condição humana em qualquer tempo.

Buscou humanizar as pretensões de Gavrilo Princip desmantelando de forma sóbria qualquer teoria da conspiração e mostrando que o buraco era bem mais embaixo naquela região.

Em suma, um livro a ser lido sem medo, pois não trata os eventos de maneira simplória atribuindo às ações os reflexos de uma suposta luta de classes, algo que os marxistas adoram pregar.
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Antonio Luiz 18/03/2010

Detetive esnobe
A I Guerra Mundial esteve na raiz de todas as demais grandes convulsões políticas do século XX, incluindo a Revolução Russa, a ascensão do nazismo, a II Guerra Mundial e a Guerra Fria. Mas o que a causou?

Muitos historiadores a trataram como acidente: as conseqüências do assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando não teriam sido desejadas nem previstas. Uma tese oposta, defendia por Lênin, é a de que a guerra foi um confronto inevitável entre imperialismos rivais que só esperava um pretexto qualquer para começar.

Em "O Último Verão Europeu", o historiador estadunidense David Fromkin, com base em documentos e argumentos apresentados pelo alemão Fritz Fischer nos anos 60, põe-se no papel de detetive para defender uma terceira tese e apontar dois crimes, com dois culpados distintos: uma guerra local, desejada pela Áustria-Hungria e outra européia, preparada pelo Império Alemão.

O governo austríaco e seu imperador detestavam o Arquiduque, mas acreditavam que submeter seu súditos eslavos, controlar os Bálcãs e sobreviver como potência exigia destruir a Sérvia. O atentado era o pretexto tão aguardado. Mas Viena só se atreveria se a Alemanha prometesse impedir a Rússia de atacar-lhe a retaguarda em defesa de Belgrado.

A Alemanha não tinha razão para se arriscar pela ingrata Áustria. Em 1908, esta anexara a Bósnia graças ao respaldo alemão, mas em 1911, quando Berlim quis disputar colônias africanas com a França, Viena recusara-se a retribuir o favor.

Mas, se Viena temia Belgrado, Berlim temia São Petersburgo. Julgava a Rússia uma potência emergente que, se deixada em paz, logo ultrapassaria o Reich em poderio industrial e militar. A Alemanha só seria uma potência mundial se não demorasse em esmagar os russos (e seus aliados franceses).

Os alemães encorajaram Viena a ir em frente e cair na armadilha. Quando o tsar timidamente ensaiou uma mobilização parcial, Berlim declarou guerra à Rússia e exigiu que os austríacos os acompanhassem.

Restam, porém, pontos cegos, parte deles resultado de um esnobismo metodológico que reduz os protagonistas a um punhado de soberanos e ministros.

O general Moltke, chefe do Estado-Maior alemão, teria sido “o” culpado. Mas precisou da cumplicidade da imprensa e dos partidos para iludir o povo com a notícia falsa de que os russos haviam atacado a Alemanha. Como a sociedade civil foi envolvida?

Rússia e França não tiveram escolha, mas os alemães não queriam lutar com os britânicos: estes tinham boas razões para não ficarem passivos, mas foi sua vontade que promoveu a guerra de européia a mundial. O detetive Fromkin, claro ao explicar os passos alemães, atrapalha-se ao seguir a pista de um governo tido como mais transparente. A maioria do partido liberal (governista) queria evitar a guerra “a qualquer custo”. Após o previsível ultimato alemão à Bélgica, mudou de opinião. Difícil crer que seja tudo.

Fromkin descreve os assassinos do Arquiduque como reacionários voltados para o século XIV, aldeões ignorantes de uma sociedade “onde os camponeses dormiam com os animais”. Compara-os aos “fanáticos religiosos nas cavernas de Tora Bora”. Depois admite: Gavrilo Princip, o estudante que puxou o gatilho, tinha uma pequena biblioteca, lia Bakunin, Kropotkin e citava Nietzsche. Também os seqüestradores de 11 de setembro não eram exatamente homens das cavernas.

Com o Afeganistão em mente, o autor, que escreve em agosto de 2003, concede retroativamente à Áustria o direito de confiscar a soberania da Sérvia, que não impediu que seu território fosse “usado para agredir outros países”. Não citou o Iraque, cuja comparação com 1914 seria demasiado embaraçosa.

Sem perceber a contradição, Fromkin expõe informações importantes sobre a preparação da I Guerra Mundial – mas em vez de usá-las para esclarecer o presente, se apega a preconceitos e à ideologia do Império atual para obscurecer o significado dos impérios do passado.

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