O Resto é Silêncio

O Resto é Silêncio Erico Verissimo




Resenhas - O Resto É Silêncio


28 encontrados | exibindo 16 a 28
1 | 2


Henrique Fendrich 02/10/2019

Fiquei muito tempo sem ler um livro do Erico Verissimo e quando li "O resto é silêncio" eu já havia me esquecido dessa sua grande habilidade em fazer com que a gente se identifique com os seus personagens, ainda que não tenhamos, pessoalmente, muito em comum com eles.
Maria 03/10/2019minha estante
Vou ler :p


Henrique Fendrich 03/10/2019minha estante
Diz que o próprio Erico testemunhou o suicídio de uma moça que pulou de um prédio.




Craotchky 15/07/2017

E o que nos Resta?
"Era como se quisesse despedir-se dum mundo que não veria mais."

Assim como em outros livros, mais uma vez não há grande frequência de ações, cenas, acontecimentos, e por isso este livro pode ser enfadonho para muitos. Sempre digo que Erico explora a humanidade das personagens, as angústias, as singularidades de cada uma e o comportamento destas frente as agruras da vida. Excepcionais reflexões e diálogos não faltam. O texto em si, como sempre, encanta, se sobrepõe, alça voo, transcende a história.

Diria que a personagem mais interessante de O resto é silêncio é Tônio Santiago, um escritor de meia idade, claramente uma personagem autobiográfica como o próprio Erico nos diz no prefácio. As melhores reflexões e sobretudo os melhores diálogos estão sempre orbitando essa personagem. E quando o assunto é literatura e/ou as divagações sobre o ofício de escritor logo parece que é o próprio Erico falando e usando Tônio como um simples porta-voz.

Acontece um suicídio logo no início da história e algumas personagens, de uma forma ou outra, presenciam o fato. O resto do livro mostra (mas não somente) como cada uma dessas personagens absorve, reflete, entende, e formula explicações para o acontecimento; explora como isso afeta elas e as reverberações disso na vida de cada uma. De onde surgiu a ideia deste romance? O próprio Erico presenciou o fato no outono de 1941 e no ano seguinte desenvolveu o livro.

Ora,
Cada pessoa tem sua própria formação, suas próprias influências, sua própria história, seus próprios pontos de vista; em suma, seu mundo próprio capaz de conferir sentido, coerência, aos seus procedimentos comportamentais, suas opiniões e suas condutas. E como cada um de nós é diferente, singular, a forma que temos de levar a vida é totalmente única, individual, e condizente com o mundo que é o de cada um.

Cada pessoa é um ponto no meio de seu próprio caos, cada qual concebe as suas verdades a partir daquilo que lhe formou, das influências que recebeu. Mais ainda: essas verdades estão sempre mudando pois as pessoas estão sempre em plena transformação. O nome disso é vida, e a vida segue adiante. Parafraseando Heráclito: Tudo é fluxo.

O resto é intangível, é inexplicável, é mistério, vácuo, vazio, escuridão, esquecimento.

"Ficou ouvindo as batidas do próprio coração e sentindo mais agudamente que nunca a solidão do mundo, o vazio da vida."

O resto é silêncio.
Márcio_MX 15/07/2017minha estante
Show de resenha!!


Wagner 15/07/2017minha estante
Excelente, caro Craotchky...nada é estacionário.


Craotchky 15/07/2017minha estante
Muito obrigado. Fico muito feliz com esses elogios, eles me alimentam.


Luize 15/07/2017minha estante
Adorei a resenha. Já quero ler também.




guibre 03/02/2010

Como em outros livros de Erico Veríssimo que li, verifica-se um estilo narrativo "arrastado", por vezes excessivamente descritivo ou minucioso. A narrativa tem como período temporal dois dias, cuja simbologia está presente no pensamento e atitudes de alguns personagens, de modo a formar um quadro da sociedade. É perceptível o ênfase que é atribuído a algumas personagens, enquanto que outros são relegados a segundo plano, mesmo estando entre os sete que viram a queda de Joana Karewska.
Todavia, trata-se de uma obra bastante interessante, especialmente pela declarada intenção metalinguística existente em torno da personagem Antonio Santiago, escritor renomado. Inclusive a própria família de Erico (com alterações) encontra-se retratada no enredo. Para além de tal fato, nota-se a deliberada seletividade da memória humana e a limitada sensibilidade dos indivíduos.
Mesmo sendo por vezes prolixo, fica-se ansioso para que seja lido o desfecho da obra, já que o autor induz o leitor a tornar-se curioso em relação a conduta das personagens. No entanto, recomenda-se conhecimento de música clássica, fato que compromete a devida compreensão do fim da obra.
comentários(0)comente



Lethycia Dias 14/10/2018

O impacto de uma morte
Em "O resto é silêncio", somos apresentados a sete diferentes núcleos de personagens unidos por uma coisa em comum: sete dessas pessoas testemunharam a morte de Joana Karewska, que no fim de tarde de uma Sexta Feira da Paixão caiu do alto de um edifício, em Porto Alegre, deixando dúvidas se havia se suicidado ou sido assassinada. A narrativa acompanha os impactos desse acontecimento nas vidas dos diversos personagens.
Esse não é um livro sobre suicídio, muito menos sobre a investigação de uma morte. É, sobretudo, um livro sobre os sentimentos e pensamentos de pessoas diferentes em uma sociedade repleta de contrastes. Em uma constante troca de pontos de vista, nós conhecemos a intimidade de vários personagens, e das pessoas que os cercam, e como elas são afetadas pela morte de Joana Karewska.
Na primeira vez em que li esse livro, ele me impressionou muito. Nessa releitura, já não gostei tanto. A multiplicidade de pontos de vista condensados em pouco tempo cronológico torna a narrativa lenta e as vezes cansativa. Existe uma grande dimensão dramática em alguns personagens, que nos leva a criar empatia com eles; já outros, são insuportavelmente chatos. Acredito também que a estrutura dessa história levou Verissimo a "contar" várias coisas que poderia "mostrar" com ações dos personagens. O mistério da morte de Joana Karewska, que apesar de não ser o principal elemento, desperta curiosidade, nem tem uma explicação tão interessante. Na verdade, é bastante sem graça.
O que o livro tem de interessante é essa entrada nas mentes de pessoas tão diferentes, e nos fazer questionar: como as pessoas reagiriam hoje à morte de uma Joana? Verissimo é meu escritor brasileiro preferido. Esse romance não tem a qualidade de outros de seus títulos, mas já apresenta algumas características de O Tempo E O Vento, que é sua maior obra.

site: https://www.instagram.com/p/Bo5DQsoH8pS/?taken-by=lethyciadias_
comentários(0)comente



Bernardo.Baethgen 22/06/2018

andante-adagio
o resto é silêncio é uma obra fabulosa! a principal personagem simplesmente aparece na primeira página - uma jovem que se suicida. e as pessoas que presenciam esse ato, têm suas vidas analisadas durante a obra. podemos até afirmar, so to speak, que é como se a jovem analisasse as vidas que se apresentam na obra. mas sob a forma de um "eu lírico oculto"
comentários(0)comente



Edmar.Candeia 02/01/2023

Viciante, como sempre (parte 3)
Seguindo nas leituras sobre Érico Veríssimo, gostei da leitura, embora em alguns poucos momentos se torne enfadonha, a trama é muito rápida, várias situações ao mesmo tempo, personagens que se entrelaçam, e no meu caso, o desejo de que algum personagem resolva o mistério. A leitura vale a pena, principalmente pela personalidade dos persongens, cada um mais marcante do que outro.
comentários(0)comente



Egídio Pizarro 11/07/2014

Quando li a sinopse (o suicídio de uma moça sob o ponto de vista de 7 personagens sem muita ligação), fiquei receoso. Achei que a quantidade de personagens faria com que tudo ficasse confuso e sem um centro.

Inocência minha achar isso de uma obra do Érico Veríssimo. O que temos aqui são personagens muito interessantes. Encantei-me com Tônio, angustiei-me com Setemêis, bufei com Roberto ("cara chato!"), tive dó de Marina, vontade de sacudir Bernardo, seu egocêntrico... e, quando percebi, tinha acabado de ler uma das melhores obras do Érico que já passaram pelos meus olhos.
comentários(0)comente



Deghety 29/08/2018

O Resto é Silêncio
O Resto é Silêncio
Érico Veríssimo
Brasil
Globo
1999

Sob o olhar de vários protagonistas de classes sociais e personalidades completamente diversas, O Resto é Silêncio nos mostra como a "presença" de uma morte anônima pode impactar, ou não, a vida das pessoas, sobretudo a respeito de um suicídio.
Tais personagens possuem seus próprios dramas, como se o autor quisesse dizer à suicida: "Everybody Hurts... Hold On" ( lembrei de R.E.M, por isso) .
Digo isso em razão das características diversas, que entre elas destacam-se burgueses, miseráveis, ateus, religiosos, visionários, resignados, crianças e idosos.

"É inútil lutar contra a sorte... Por que baixar a cabeça ante a voz do destino? Por que não tentar uma revolta... ao menos tentar?

"Por que será que quando chega o inverno da vida o homem seca, murcha e depois morre, ao passo que as árvores todos os anos têm uma primavera?"

É óbvio que também a corda quase sempre arrebenta para o lado dos menos afortunados. E o livro me fez parecer que são inevitáveis as tragédias e os sofrimentos próprios e alheios, que mesmo você fazendo tudo o que estiver ao seu alcance, não seria nunca o suficiente.
Enfim, é bastante desanimador esse tipo de raciocínio a partir da leitura, mas por outro lado, também a partir dela percebe-se que é possível ser feliz, às vezes, mesmo sob a sombra do infortúnio.
Se alegre, sofra, mas viva.

????????
comentários(0)comente



Roberta.Barbosa 18/03/2018

Do autor:
“não será demais repetir que esse processo de histórias e vidas cruzadas,com sua ausência de personagens centrais, dota o livro duma superfície demasiadamente larga, com prejuízo da profundidade.”

O que me chamou atenção deste livro foi o titulo é a ultima fala de Hamlet de Shakespeare.

O acontecimento central do livro está logo no inicio que é o suicídio ou assassinato de Joana kawesca.

A história se passa em dois dias sexta feira da paixão e sábado de aleluia em que sete personagens presenciam aquele fato e se indagam como aquilo aconteceu, cada um com sua opinião sobre o fato ao mesmo tempo que seguem suas vidas cada um com seus problemas, sua maneira de levar a vida.

O romance vai intercalando entre as histórias de um personagem e outro e inicia com o autor descrevendo o ambiente e suas cores como uma pintura e termina com a 5 sinfonia de beetowen .
comentários(0)comente



Elza 27/01/2018

Livro de cuja leitura é improvável que se possa sair indiferente. Acompanhando ações, diálogos e muitos monólogos interiores de um conjunto de personagens díspares entre si, nos deparamos com a complexidade dos relacionamentos humanos.

Indivíduos que se interagem diretamente, ou outros que se cruzam ao acaso pelas ruas vão sendo apresentados por um narrador onisciente, num caleidoscópio onde se movem sonhos, frustrações, futilidades, convicções, vaidades, lembranças, temores... Viajamos pelo pensamento das personagens, enquanto vivem a rotina cotidiana. De repente, aos nos darmos conta, estamos nos identificando com sua humanidade, seja ela qualidade ou fraqueza.

Tonio Santiago, Joana Karewska, Sete-Mêis, Aristides, Norival, Marina, Lustosa, Chicharro, outros mais... Como esses universos individuais se interligam? A queda de Joana de um edifício logo no início do romance e as testemunhas do ocorrido é o ponto de partida. Cada qual é impactado pelo fato ao seu modo.

A obra nos oferece um leque de reflexões acerca de vários assuntos, mas para não me alongar ainda mais, fico apenas em um aspecto que me chamou mais a atenção. A fragilidade dos relacionamentos humanos. Como afirmou o próprio Érico Veríssimo, "em última análise, nós, os seres humanos, sabemos muito pouco uns dos outros." Cada pessoa é um universo particular, apenas em algumas ocasiões temos um vislumbre de sintonia, uma interação verdadeira. Na maior parte do tempo o que impera é "a solidão no meio da multidão". Até virou clichê há muito tempo. Nem tão desesperador, afinal é ao som da Quinta Sinfonia de Beethoven! Alguma coisa ainda há para se fazer.
comentários(0)comente



Paula741 16/02/2023

?- Você é muito menino, ainda não sabe de certas coisas... Mas viver é morrer em prestações. Cada criança que nasce assina com a vida um contrato de compra e venda... e a gente nunca sabe o prazo certo do vencimento. ? A sua dissertação fora interrompida por acessos de tosse em que o homenzinho ficava vermelho, engasgado, enquanto sua boca expelia para todos os lados um chuveiro de saliva. Era preciso nada menos de cinco minutos para ele voltar à calma e recomeçar a exposição. ? Mas como eu ia dizendo, a criança assina o contrato e o vendedor, que é a Morte, passa a cobrar as prestações anualmente. Cada ano a gente morre um pouco. Quando vai ficando velho, as prestações já não são anuais, e sim semanais. Por fim o contrato se vence. O pior de tudo é que a gente continua sem saber o que comprou... Por acaso você sabe??
comentários(0)comente



Lima Neto 24/08/2011

livro muitíssimo bem escrito, como tudo de Érico Veríssimo, mas, entre todos os livros dele que li, esse foi o que menos me agradou. a falta de um "foco narrativo", de uma história "una", torna o livro, na minha opinião, um tanto quanto solto. as histórias, vidas e psicológicos dos personagens foram muitíssimo bem explorados e desenvolvidos, sem dúvida, mas, a falta de uma unidade deixou a impressão de "história sem foco".
louco um grande admirador da obra de Érico Veríssimo e me doi o coração dar uma "nota" "tão baixa" para um livro dele.
pretendo, sem dúvida, fazer uma nova leitura desse livro, com um novo olhar.
comentários(0)comente



Vivi Koenig 23/03/2010

Para refletir...
O autor sugere que, em última análise, nós, os seres humanos, sabemos muito pouco uns dos outros.

Um romance para reflexão do valor do ser humano e um alerta para o entrelaçamento dos seres em suas histórias tão similares e ao mesmo tempo tão distantes.

Recomendo!!!
comentários(0)comente



28 encontrados | exibindo 16 a 28
1 | 2