spoiler visualizarmaria 29/01/2024
Impressionada
Ganhei o livro de um amigo em agosto do ano passado. Foi a primeira vez que eu entrei em contato com o gênero thriller/suspense e não sabia o que esperar. Comecei a ler e não curti muito porque eu realmente não era acostumada com a escrita, mas continuei lendo. Não terminei. Tentei pela segunda vez e desisti. No início desse ano eu decidi que iria terminá-lo e esse seria o meu desafio. Consegui e me surpreendi muito. Acredito que procurarei mais nesse estilo.
O colecionador de John Fowles retrata a obsessão secreta de Frederick Clegg por Miranda, uma estudante de artes em Londres. Clegg é um colecionador de borboletas, amante dessa arte. De primeira, ele não tem a ideia de ?colecionar? Miranda, ele apenas a deseja, de longe, pois sabe que nunca terá chance com ela. Depois de ganhar uma fortuna é que esse pensamento passa pela mente de Frederick. E então ele coloca o seu plano em ação. Aluga um chalé distante da cidade e sequestra Miranda. Ele a chama de convidada, pois ele quer que ela se sinta assim (irônico, pois ela é colocada em um porão, o qual ela descreve como escuro e frio). O desejo de Clegg é que ela a conheça melhor e se apaixone por ele do jeito que ele é, mas não há nada de humano nele.
O livro é dividido em duas partes: a perspectiva de Clegg e a de Miranda. Na perspectiva dele nós percebemos a obsessão por ela e como isso se desenvolve até chegar no tal dia do sequestro. Ele faz tudo por ela. Diz que a ama. Se abre e conta da sua vida, aos poucos. Ele não tem pressa pois acredita que irá passar o resto da vida vivendo em harmonia com Miranda. Ele se demonstra frio demais. Ao mesmo tempo em que diz que ele a ama, ele não sabe o que é amor. Isso que ele sente por ela, definitivamente não é amor.
A perspectiva de Miranda é mais longa, uma espécie de diário que ela escreve para passar o tempo. Lá temos acesso a todos os pensamentos dela. O amor que ela sente por G.P. As dúvidas em relação a idade e tudo o que envolve G.P. Sabemos quando e como ela planeja fugir. É muito interessante olhar pelas duas perspectivas, porque Clegg ja a encontra no finalmente e descreve isso. Com ela não, nas páginas desse diário sabemos o que ela sente, o que a fez pensar no tipo de fuga que ela irá usar e isso deixa a narrativa muito mais viva. Admito que não gostei muito da parte em que ela se alongava falando de G.P, achei monótono demais, mas entendi que era o que ela estava pensando para fugir daquela realidade em que ela se encontrava.
Por fim, antes de ela ficar doente, eu ainda dei um voto de confiança para Clegg pensando que ele poderia ter alguma humidade dentro dele. Não tinha. Ele a deixou morrer, mesmo quando ela IMPLOROU para não morrer, pra ele chamar um médico. Eu fiquei chocada, pensei que ela poderia fugir, que ela iria recomeçar a vida dela.
Recomendo muito. De longe um dos melhores que já li.