Allan.Franck 28/03/2023
Uma distopia do tédio
Esse livro foi o meu primeiro contato com distopias anos atrás. Na verdade, foi uma releitura. É um livro que, para mim, traz certa nostalgia. Interessante como Marcelo Rubens Paiva desenvolveu a história. Personagens 'presos' em um mundo que, de um momento para o outro, se tornou vazio, ou melhor, com pessoas imobilizadas como estátuas de plástico. O autor desenvolve um texto bem fluido, com uma linguagem jovem e momentos extravagantes, semelhante aos personagens descritos. Rindu narra os acontecimentos em primeira pessoa, ao lado do fiel e explosivo amigo Mário e de sua amiga e amante Martina. Os três surpreendidos por um mundo solitário e sobrevivendo ao seu estado pós-apocalíptico. Muitos questionamentos e lembranças de suas vidas passadas. O livro envelheceu bem, apesar de ter uma percepção diferente da que eu tive na minha primeira leitura. Quanto ao título, Blecaute se refere ao apagão gerado pela interrupção no fornecimento de energia que porventura aconteceria com o passar do tempo. Vou mais além: seria a ausência completa de luz, tanto dos personagens que foram fadados a tal destino, quanto de esperanças e de algo que lhes pudesse guiar. Estavam sós e por si mesmos, enfrentando a todo o momento a possibilidade de não sucumbir a um estado de loucura.