Helder 08/05/2018O maior TCC sobre cetáceos já escrito.Há anos tenho este livro em minha estante, mas nunca dedicara um tempo para le-lo. Porem no começo do ano descobri um grupo de leitura conjunta proposto pela Tati Feltrin e resolvi encarar a leitura de um livro clássico. Eu tinha uma ideia do que era a estória, mas aos poucos fui vendo que era uma leitura que botava medo em muitas pessoas. E logo descobri a razão.
Infelizmente não consegui acompanhar o grupo no devido prazo, pois achei tudo muito chato, mas assim como o lendário capitão Acab, posso dizer que terminar com a Moby Dick virou uma obsessão para mim.
Xiitas e estudiosos me crucificarão, mas estão aqui 5 meses de teimosia de minha vida. Orgulhoso em ter terminado, mas confesso que fiquei com medo do que as pessoas consideram clássicos. Houve algum engano por aqui. Diferente de Acab, eu posso dizer que venci a baleia, mas assim como para ele, isso não trouxe nada de grande para mim.
Não encontrei nenhum conteúdo aqui que me faça dizer que a leitura valeu a pena. Esta com certeza não é uma leitura para mim. Se você é biólogo e curte baleias, talvez seja interessante. Se você curte navios antigos, talvez também se interesse, mas tudo poderia ser muito melhor.
Muitos autores escrevem livros sobre itens que fazem parte de suas vidas e conseguem inserir isso no romance, usando certos conhecimentos a favor da narrativa. Vamos aprendendo coisas e a estória vai fluindo. Vide as aulas de história dos livros de Ken Follett. Aqui isso não acontece.
Ok, xiitas vão dizer que sou louco em comparar um escritor Best Seller como Follett a um Classico como Melville. Sendo assim, vou comparar com Dickens, que em livros antigos nos dá aulas sobre a Revolução Francesa sem parecer um compendio presunçoso.
Como romance, na minha opinião, Moby Dick é nota zero. Tudo ali é errado. Não existe um padrão de escrita. Hora temos um texto que parece um romance, outra hora é uma poesia, outra hora é um texto cientifico tipo enciclopédia, outra hora parece um fato saído de um jornal. Se fosse nos dias de hoje, com certeza Melville teria colocado uns power points para exemplificar sua ambição. E também duvido que alguém o editasse, pois 80% do que está ali acaba me parecendo supérfluo.
Já vi muitas pessoas dizendo que o texto é uma alegoria, com passagens bíblicas e mensagens filosóficas sobre a vida, o homem, a morte, a estória americana. Onde o homem fica cego por uma ambição e acaba com tudo o que está ao seu lado. Quem encontrou alegoria neste texto tem uma grande imaginação, ou eu tenho uma muito pequena.
O livro que li é uma grande Wikipedia sobre baleias e a indústria de caça a mesma no século XIX. Se você decidir ler o texto como um texto técnico, vai encontrar muitos momentos de curiosidade, já que a caça de baleias era uma “indústria” muito especifica. Difícil imaginar que aqueles caras passavam 4 anos no mar. Todo o processo manual de arpoar baleias, depois de carrega-las para o navio, depois de corta-las e transformar todas as suas partes em produtos. Tudo isso é até interessante, apesar de toda a linguagem rebuscada. Existem tempos verbais na minha versão que não sei nem se aprendi na escola. Assim como todo o vocabulário náutico de partes do navio e tipos de ventos.
Tambem é nítida a quantidade de pesquisa que Melville fez para escrever este livro. São diversas citações de coisas no texto e muitas vezes ainda em notas de rodapé, mas como a inserção destas pesquisas não é fluida na narrativa, parece que ele está tentando nos convencer a ler um grande TCC.
Se, assim como eu, você procura a estória de um capitão que tem uma obsessão e busca uma vingança contra o maior animal existente na Terra numa luta de Davi contra Golias, procure uma versão resumida juvenil (Tipo Para Gostar de Ler) e leia numa tarde rapidinho, sem perder todo o tempo que perdi aqui.
No meu caso foi inesquecivelmente a pior leitura de minha vida. Podem me atacar pedras, mas realmente não recomendo este livro para ninguém.