Jefferson Vianna 12/11/2020
Um livro triste e necessário...
Após finalizar a leitura de “O lugar escuro”, uma história de senilidade e loucura, da autora Heloisa Seixas, fiquei refletindo a cerca de como eu escreveria uma resenha de opinião sobre este livro. Trata-se de um livro difícil, árduo e pesado. A narrativa da autora é cativante e envolvente, e inevitavelmente tocou num dos meus pontos fracos, o mal de Alzheimer que se faz presente na vida de uma das pessoas que eu mais amo neste mundo, a minha avó materna. O livro é uma espécie de relato pessoal, onde a autora nos apresenta algumas situações vivenciadas com sua mãe, também acometida pelo mal de Alzheimer. Heloisa passa então a narrar episódios pessoais, do convívio familiar e com muita sensibilidade permite-nos conhecer a intimidade dos seus e até mesmo a própria intimidade. Ao longo da narrativa, ela busca detalhar as fases da doença e os leves agravamentos, descrevendo com precisão as mudanças de personalidade, os acessos de raiva, a depressão, as paranoias, os medos, as alucinações e a lenta degradação da mente de uma mulher, de personalidade forte e que por ironia do destino voltou a ser criança. Um dos trechos mais difíceis: “O mal de Alzheimer é arrasador para quem vivencia. Não é, como as pessoas pensam, uma boa forma de morrer. “A pessoa enlouquece e não percebe nada”, dizem. Mas não é assim. A pessoa sabe que está enlouquecendo. Pelo menos, até um certo ponto. Dali em diante, o terror é com o outro. Com o que ficou para assistir.” – pag. 132. É um livro triste e necessário. Leitura recomendada.