Resenhas - Os Irmãos Karamázov

Reginaldo Pereira 10/11/2022

?Buscando algum sentido na balbúrdia geral?
Depois da terceira tentativa, finalmente um Dostoiévski que me empolgou!! Após ?Crime e Castigo?e ?O Idiota?, já estava quase desistindo deste autor, mas decidi apostar em ?Os Irmãos Karamázov?, e não é que valeu a pena!!!!

A obra, como o próprio próprio nome diz, gira em torno dos três irmãos: Dmitri, Ivan (de quem eu mais gostei) e Aliócha. Totalmente diferentes entre si, desde a criação, mas principalmente na personalidade, os três se envolvem em um trágico drama familiar, envolvendo paixão, dinheiro, culpa? e morte.

Além disso, a trama é extremamente rica com diversos outros personagens (alguns bastante sedutores!), e sobretudo por abordar questões de religiosidade e jurídicas. Neste sentido, as partes das quais mais gostei foram o ?diálogo? entre Ivan e o diabo, mas principalmente todo o desenrolar do fatídico julgamento (ápice da obra!).

Talvez pelo fato de Dostoiévski inicialmente ter planos de continuar esta obra, na minha opinião o final do livro ficou como que faltando algo mais? algumas explicações pendentes, mas principalmente o ?pós? de cada personagem. Uma grande pena Dostoiévski não ter finalizados seus planos?. puxa vida!!

Mas em nada prejudicou a qualidade de uma excelente leitura! E que me trouxe novas perspectivas desse grande autor russo!!! Que venham ?Os Demônios?!

Fernanda631 10/11/2022

Os irmãos Karamázov
Primeiro livro que li do autor, e logo depois li diversos ouros, me afeiçoando e me apaixonando pela forma que ele escreve, pois considero uma escrita envolvente, fluida, suave e crua.
Um clássico da literatura russa. Nessa obra Os Irmãos Karamazov temos um misto de romance, filosofia, teologia, trama policial, social, suspense policial, tudo que você imaginar, enfim, é um livro completo que engloba basicamente tudo e resume as principais características de Dostoiévski. Um livro lindo e perfeito!
História muito envolvente. Incrível como esse livro parece uma enorme novela, pois realmente parecer que eu estou assistindo uma grande teia de aranha. Gostei bastante da escrita, por mais que eu na época não estivesse tão acostumada a ler livros que vai falar de tantas e todas as camadas dos personagens (mesmo os que não parecem ser tão importantes ou relevantes para a trama).
Fiódor Dostoiévski consegue nessa magistral obra-prima refletir sobre os mais importantes temas da humanidade, sobre verdade e mentira, sobre destino e livre-arbítrio, sobre a existência ou não de sentido na vida, sobre a justiça, o amor, as paixões, culpas e arrependimentos, as fraquezas e as forças de cada um. A narrativa, de cunho filosófico, expõe de maneira trágica e sublime as contradições do que é ser um humano.
Dostoiévski nessa obra permite discutir com equilíbrio e igual profundidade os valores de todos os personagens, dando peso e profundidade à vivência de cada um, sem explicações simplistas. A reflexão sobre o ser humano vai muito além disso, obra recorre ao suicídio, ao orgulho ferido, destruição dos valores familiares,
Corrupção, imoralidade, ganância e desprezo pela família regem a vida de Fiódor Karamázov, um cidadão ordinário que leva uma vida degradante na Rússia.
Extremos e contradições de valores se tocam e convivem nas relações dos personagens, principalmente os 3 filhos que dão o título da obra: O mais velho é um militar irritadiço e um amante dos prazeres da vida, revoltado com o que alega ter sido injustiçado pelo pai em relação aos bens deixados pela mãe. O segundo é um intelectual ateu e questionador, utilitarista, que acha que tudo é permitido para alcançar seus objetivos. O terceiro é um jovem religioso, que procura praticar atos de caridade e bondade, que perdoa e tem empatia, seguidor do líder religioso Stárietz Zossima, mas suas convicções são fruto de profundas dificuldades, reflexões, sofrimento e autoconhecimento. E, por fim, um possível filho bastardo, que vive como criado na casa, desprezado por todos, com problemas de saúde e que nutre inveja e revolta por não ter nenhum respeito ou reconhecimento dos demais.
Resumo do perfil da Família Karamázov:
Fiódor, o pai: o devasso, libertino.
Dmitri, 1° filho: o coração, as emoções, o raivoso.
Ivan, 2° filho: o racional, aquele que observa.
Aliocha, 3° filho: o espiritual.
É preciso estar preparado para toda uma gama de fatos e acontecimentos que envolvem a Rússia do século XIX bem como de outros que permeiam a vida do escritor.
A cada leitura de um livro de Dostoievski eu fico mais encantada com sua genialidade.
É uma leitura surpreendente, apaixonante, prazerosa, interessante, curiosa, insinuante e fascinante.
Essa obra literária é atemporal.
Recomendo.

Márcia 09/11/2022

Um monstro da literatura mundial
Que aventura foi viajar pelas 916 páginas de Os irmãos Karamázov, obra em que Dostoiévski se põe por inteiro: ali encontramos sua vivência na Sibéria como exilado, o pai autoritário, a morte de um filho, a epilepsia, além de podermos visualizar a Rússia de seu tempo, com suas variadas classes sociais, o perfil de seus homens e mulheres, seus bêbados, seus criminosos, seu gélido clima. Me dei de presente essa edição verde maravilhosa no dia do meu aniversário, 20/05/22. Não dá pra ler numa sentada, óbvio, mas houve momentos em que a leitura me pegava e seguiam-se horas a fio.

Bakhtin tinha razão; ele sempre teve. Dostoiévski é o representante máximo do romance polifônico. Em Os irmãos Karamazov, vemos um universo plural, em que a representação das personagens é a representação de consciências plurais, em interação, nunca da consciência de um eu único e inseparável, mas sempre dotadas de valores próprios, que dialogam entre si, interagem, preenchem com suas vozes as lacunas e evasivas deixadas por seus interlocutores. Belíssimo!

E como Dostoiévski faz isso? Com suas personagens fazendo-se inseparáveis na história. Os três irmãos, Dimítri, o impulsivo; Ivã, o cético; Aliéksiei, o magnânimo. Somam-se a eles Fiódor Pávlovitch, o pai, boêmio e irresponsável, o austero monge Zósimo, a promíscua Grúchenhka, o pérfido Rakitín, o insano epiléptico Smierdiákov, filho bastardo de seu pai e desprovido de ética, que acaba por cometer parricídio.

O monge Zózimo assim se pronuncia na p. 277: ?Confesso com humildade que não compreendo os motivos desse estado de coisas. Os homens são os culpados: deram-lhes o paraíso, mas eles desejaram a liberdade e roubaram o fogo do céu, sabendo que seriam infelizes; eles não merecem perdão algum. Com meu pobre espírito terrestre, só sei que o sofrimento existe, não há culpados, tudo se liga, tudo passa e se equilibra?.

Definitivamente, Os Irmãos Karamazov é uma obra inesquecível, um monumento da literatura mundial, que deve ser lida pelos amantes da literatura um dia na vida.

Mandy 31/10/2022

Os Irmãos Karamazov
Os irmãos Karamazov é uma obra prima! Um livro profundo, denso e repleto de reflexões!
Aliocha ganhou o meu coração! Gostaria que Dostoievski tivesse vivido um pouco mais para termos a continuação do livro.

Sabrina.Uliana 30/10/2022

Uma obra atual e atemporal
Primeira coisa: vocês já viram Dostoievski errar em algum livro? Não né. Então, esse não é diferente.

Afinal de contas, se Deus não existisse, tudo seria permitido? Em uma sociedade sem Deus, como nós nos comportariamos? Tememos mais as leis dos homens ou as leis morais e religiosas?

O livro data do século passado, mas poderia tranquilamente ser escrito hoje ou daqui a 100 anos e continuaria trazendo assuntos atuais para discussão.

Maravilhoso, final excepcional.
Filosofia e psicologia pura. Uma obra de arte.

Fer Paimel 23/10/2022

Impressionante!
É difícil resenhar esse livro, porque são muitos aspectos merecedores de atenção e, com certeza, uma única leitura da obra é incapaz de mostrar toda a profundidade de seu conteúdo.
Este parece ser um livro que nada foi colocado lá por acaso, ainda que não faça muito sentido a princípio. O próprio nome da família tem uma razão de ser, o que me faz pensar em quantas mensagens dos autores nós, leitores, deixamos passar quando não estudamos um pouco sobre a obra... Óbvio que nem toda leitura cabe e pede essa análise, mas me fez refletir sobre a profundidade das minhas leituras recentemente. Ah, tô divagando igual ao Dostoievski já kkkk
Voltando sobre a história, eu adorei cada personagem, até os chatos e irritantes kkkk é maravilhoso ler algo bem escrito, que você consegue, realmente, visualizar tudo que está sendo descrito. Eu comecei a ler em janeiro, em uma LC, mas acabei me atrasando e deixei a leitura de lado para somente pegar agora; foi uma jornada mais solitária, mas muito prazerosa.
O enredo tem de tudo: filosofia pesada, romances, tragédias e comédias, psiquiatria/psicologia, direito... enfim, as quase mil páginas não deixam nada a desejar e atendem a um público bem variado. A parte jurídica da investigação e do julgamento foi muito interessante para mim, que sou da área, mas o destaque vai para os diálogos existencialistas, sem sombra de dúvida!
As questões morais dentro do livro são inquietantes e objeto de estudo de muitas pessoas. Pensar se a liberdade humana é um fardo ou uma benesse é algo bem doido, temática de outras leituras que fiz, principalmente de cunho distópico. Dostoievski, por sua vez, aborda-a mais cruamente, em um diálogo arrebatador entre os irmãos Ivan e Aliocha, meus personagens preferidos! Dentro das questões sobre liberdade, ele também passa a questionar nosso senso moral, para refletir se existe alguma referência moral absoluta fora da religião ou se a falta de fundamento da moral ensejaria em uma permissão absoluta para qualquer comportamento... Olha que loucura! Se não me engano, acho que vi que Nietzsche se dedicou a explicar a moral longe da religião, tendo ele sido um leitor de Dostoievski...
O contraste dos personagens é marcante e a maneira como o autor oscila entre momentos de diálogos pesados, com descrições de personagens aleatórios e interessantes, me prendeu à leitura, embora eu imagine que seja algo que talvez cause dificuldades na leitura para outras pessoas. Achei tudo dinâmico e surpreendente!
Não dei nota máxima porque achei o final um anti clímax... Vi que este foi o último romance de Dostoievski e, parece, que ele pretendia escrever um segundo volume, mas faleceu antes de começar ou concluir (não sei se ele começou!). Alguns pontos não ficaram bem resolvidos para mim, mas, ainda assim, é possível traçar um final para cada personagem.
Aff, já falei demais!! É uma leitura que dispensa apresentações e vale a pena o esforço de tantas páginas... A ressaca literária ta grande, vai ser difícil esquecer um pouco essa história!

Martony.Demes 11/10/2022

Livro de mais alta prateleira
Quem sou eu para resenhar Os irmãos Karamazov? Muito presunçoso não é mesmo? Mas vamos tentar!?

Bom, há algum tempo estava com esse livro como meta de leitura! Comecei-o em março. Confesso que as partes iniciais são lentas e, em certo sentido, cansativas. Contudo, entendi que para singrá-lo, devemos partir do pressuposto que não é um livro comum. Há diversos prismas e matizes de temas em cada capítulo. É explorado bastante a filosofia, a sociologia, o existencialismo, o niilismo, entre outras grandes vertentes do conhecimento. Por isso não devemos ficar intrigados se não entendermos certas partes do livro.

O livro é uma história da família: pai Fiordor Karamazov, seus três filhos Ivan, Dmitri e Aliocha. Há um terceiro filho bastardo, Smierdiakov. O pai, um beberrão, interesseiro, bufão lascivo. E cada um dos filhos tem suas idiossincrasias: Ivan, o intelectual ateu; Aliocha, o puro, religioso e o Dmitri, bem semelhante ao pai. Não será uma relação bem simples entre todos esses. E complica quando envolve uma mulher disputada entre pai e filho (Dmitri).

Ah, e qual dos três irmãos eu me encaixaria? Ou temos algo dos três!? E você quem você acha que é?

Nesse cenário embricado, acontece um parricídio. E todos os indícios levam ao filho Dmitri como autor do crime. O que vem depois!? Bem...

Bom, além dessa trama bem complexa de crime, traição, lascívia e questionamentos religiosos, temos capítulos bem interessantes e famosos como: A revolta, o Grande Inquisidor, os meninos e um longo e belo "Um erro judiciário".

Seria muita presunção eu ao menos tentar apresentar detalhes e análises, mesmo que superficiais, desses vários capítulos. Após ler o livro, escolha um e aprofunde!

Eu entendo que Os irmãos Karamazov é um livro para ler umas 3 ou 4 vezes, a despeito ter mais de 1000 páginas! E devemos, a cada nova leitura, entender por meios da fortuna crítica, resenhas, estudiosos, como o filósofo Mikhail Bakhtin, o professor brasileiro Flávio Vassoler, entre outros! Procure(mos) por vídeos, teses de doutorado e dissertações de mestrado, artigos entre outros materiais. Isso só tem um problema: a cada nova pesquisa que fizer, você descobrirá mais e mais sobre essa maravilhosa obra e vai querer imergir mais ainda.

Por tanto, mergulhe nesse clássico! E sim, ele está na minha mais alta prateleira!

Liliane 10/10/2022

livro incrível para fofoqueiros, é briga atrás de briga e treta atrás de treta.
um dos livros mais emocionantes que eu já li, cheios de clímax e cenas muito reais (fáceis de visualizar). perfeito!

Fernanda631 06/10/2022

Os irmãos Karamázov - obra atemporal
Primeiro livro que li do autor, e logo depois li diversos ouros, me afeiçoando e me apaixonando pela forma que ele escreve, pois considero uma escrita envolvente, fluida, suave e crua.
Um clássico da literatura russa. Nessa obra Os Irmãos Karamazov temos um misto de romance, filosofia, teologia, trama policial, social, suspense policial, tudo que você imaginar, enfim, é um livro completo que engloba basicamente tudo e resume as principais características de Dostoiévski. Um livro lindo e perfeito!
História muito envolvente. Incrível como esse livro parece uma enorme novela, pois realmente parecer que eu estou assistindo uma grande teia de aranha. Gostei bastante da escrita, por mais que eu na época não estivesse tão acostumada a ler livros que vai falar de tantas e todas as camadas dos personagens (mesmo os que não parecem ser tão importantes ou relevantes para a trama).
Fiódor Dostoiévski consegue nessa magistral obra-prima refletir sobre os mais importantes temas da humanidade, sobre verdade e mentira, sobre destino e livre-arbítrio, sobre a existência ou não de sentido na vida, sobre a justiça, o amor, as paixões, culpas e arrependimentos, as fraquezas e as forças de cada um. A narrativa, de cunho filosófico, expõe de maneira trágica e sublime as contradições do que é ser um humano.
Dostoiévski nessa obra permite discutir com equilíbrio e igual profundidade os valores de todos os personagens, dando peso e profundidade à vivência de cada um, sem explicações simplistas. A reflexão sobre o ser humano vai muito além disso, obra recorre ao suicídio, ao orgulho ferido, destruição dos valores familiares,
Corrupção, imoralidade, ganância e desprezo pela família regem a vida de Fiódor Karamázov, um cidadão ordinário que leva uma vida degradante na Rússia.
Extremos e contradições de valores se tocam e convivem nas relações dos personagens, principalmente os 3 filhos que dão o título da obra: O mais velho é um militar irritadiço e um amante dos prazeres da vida, revoltado com o que alega ter sido injustiçado pelo pai em relação aos bens deixados pela mãe. O segundo é um intelectual ateu e questionador, utilitarista, que acha que tudo é permitido para alcançar seus objetivos. O terceiro é um jovem religioso, que procura praticar atos de caridade e bondade, que perdoa e tem empatia, seguidor do líder religioso Stárietz Zossima, mas suas convicções são fruto de profundas dificuldades, reflexões, sofrimento e autoconhecimento. E, por fim, um possível filho bastardo, que vive como criado na casa, desprezado por todos, com problemas de saúde e que nutre inveja e revolta por não ter nenhum respeito ou reconhecimento dos demais.
Resumo do perfil da Família Karamázov:
Fiódor, o pai: o devasso, libertino.
Dmitri, 1° filho: o coração, as emoções, o raivoso.
Ivan, 2° filho: o racional, aquele que observa.
Aliocha, 3° filho: o espiritual.
É preciso estar preparado para toda uma gama de fatos e acontecimentos que envolvem a Rússia do século XIX bem como de outros que permeiam a vida do escritor.
A cada leitura de um livro de Dostoievski eu fico mais encantada com sua genialidade.
É uma leitura surpreendente, apaixonante, prazerosa, interessante, curiosa, insinuante e fascinante.
Essa obra literária é atemporal.
Recomendo.

Paulo474 06/10/2022

Uma obra-prima russa!
Sem dúvida Os Irmãos Karamázov de Dostoievski é uma das obras mais interessantes da literatura russa, acompanhando a vida dos três (talvez quatro) irmãos Karamázov, Mítia, Ivã e Alieksiei. A história se trata de um drama familiar, mas tenho que dizer que Dostoievski não abre mão de tiradas cômicas, onde o pai, gosta de aproveitar as belas coisas da vida, seja dinheiro ou mulheres, muitas vezes negligenciando os próprios filhos, se recusa a dar o que é de direito aos filhos que de certa forma se ressentem do pai.
Falemos então dos filhos,que por sinal são personagens extremamente bem escritos, cada qual com sua própria personalidade. Mítia, o mais velho, fruto do primeiro casamento é muito parecido com o pai, mais do que o próprio gosta de admitir, amante das mulheres, bares e do bom e velho dinheiro, quanto ao segundo, Ivã, é o filósofo e ateu, sendo ele o autor de um dos mais interessantes capítulo da obra (O Grande Inquisidor), é por fim, mas não menos importante, Alieksiei, o caçula (ou não), o mais bondoso, bom ouvinte, pronto a servir, o filho e irmão preferido.
E como esquecer do parricídio, a morte misteriosa de Fiódor Karamázov, que torna o segunda parte do livro tensa e um drama no tribunal, com reviravoltas atrás de reviravoltas.
Enfim, creio que é uma obra muito bem escrita e que vale a pena ser lida, afinal, uma das maiores obras-primas já escritas deve sempre ser apreciada.

Marcos Ferraz 04/10/2022

Um dos maiores romances que o gênio humano já produziu
Por que sofremos, se poderíamos simplesmente ignorar a verdade e viver uma vida de ilusão e autoengano?

Se não existir Deus nem a imortalidade, qual o sentido das leis morais? Tudo então seria permitido? Há uma moral absoluta que preexiste à humanidade ou é tudo criação dos homens?

O que é melhor: termos o livre-arbítrio – e, em razão dele, sermos responsabilizados por toda a eternidade por nossos atos e escolhas erradas – ou termos um ser superior que determine o nosso destino, porém pagando o preço de não termos liberdade?

Corrupção, imoralidade, ganância e desprezo pela família regem a vida de Fiódor Karamázov, um cidadão ordinário que leva uma vida degradante numa Rússia que sofre a influência do niilismo em voga na Europa do Século XIX.

Seu brutal e misterioso assassinato, mesmo não causando nenhuma comoção especial, coloca como suspeitos alguns de seus filhos, gerando a investigação que permeia o livro - muito embora não se trate propriamente de um romance policial, mas sim uma magnífica investigação sobre a alma humana.

Extremos e contradições de valores se tocam e convivem nas relações dos personagens, principalmente os filhos que dão o título da obra: O mais velho é um militar irascível e bon vivant, revoltado com o que alega ter sido injustiçado pelo pai em relação aos bens deixados pela mãe. O segundo é um intelectual ateu e questionador, utilitarista, que acha que tudo é permitido para alcançar seus objetivos. O terceiro é um jovem religioso, que procura praticar atos de caridade e bondade, que perdoa e tem empatia, seguidor do líder religioso Stárietz Zossima, mas suas convicções são fruto de profundas dificuldades, reflexões, sofrimento e autoconhecimento. E, por fim, um possível filho bastardo, que vive como criado na casa, desprezado por todos, com problemas de saúde e que nutre inveja e revolta por não ter nenhum respeito ou reconhecimento dos demais.

Dostoiévski consegue nessa magistral obra-prima refletir sobre os mais importantes temas da humanidade, sobre verdade e mentira, sobre destino e livre-arbítrio, sobre a existência ou não de sentido na vida, sobre a justiça, o amor, as paixões, culpas e arrependimentos, as fraquezas e as forças de cada um – e de todos nós, que “não passamos de miseráveis pecadores”.

A polifonia prevalecente na obra, como é comum nos livros de Dostoiévski, permite discutir com equilíbrio e igual profundidade os valores de todos os personagens, dando peso e profundidade à vivência de cada um, sem maniqueísmos simplistas.

Para Freud e Nietsche, um dos maiores romances já escritos na história. Só posso concordar.

Jonathas dos Santos Benvindo 30/09/2022

História muito envolvente! Fiquei com mais vontade de ler a versão integral agora que já conheci melhor a história. Traz questões muito importantes sobre sociedade!

Gabriela - @livrosdegab 28/09/2022

Posso dizer que, assim como começar Jane Austen por Emma foi um erro, começar Dostoievski por Os Irmão Karamázov talvez também tenha sido.
Esse livro, previsto para dois volumes e publicado apenas o primeiro, foi o último livro escrito pelo autor e posso dizer que minha experiência teria sido melhor se já conhecesse alguma obra dele e não estivéssemos em isolamento por uma pandemia.
É muito interessante ver como a criação de cada um dos 3 irmãos interferiu diretamente no que eles se tornaram na vida adulta e como podemos nos identificar com algum deles, ou um pouco de cada um. Sem dúvida Aliócha, o filho mais novo e “teórico” personagem principal, é o que me desperta maior simpatia (eu como sempre torcendo pelos bonzinhos e desejando o final feliz).
As passagens mais lindas, na minha opinião, foram as dos personagens coadjuvantes Zossima e Iliúcha. Os discursos de acusação e defesa também são sensacionais! Tudo na vida é questão de interpretação!
A escrita é muito boa e as traduções bastante acessíveis, as notas de tradução explicam muita coisa dos costumes russos que não conhecia e isso facilita bastante o acesso a livros clássicos como esse, mas não achei uma leitura fácil!
O livro é bom, com diálogos profundos, descrições detalhadas e personagens LOUCOS! Não tem um são em toda história. O fato de a história ter se passado em uns 5 dias ao longo de mais de 700 páginas me deu uma sensação de arrastamento e eu esperei ansiosa por ação, intriga, suspense... Realmente não acredito que tenha sido o momento certo.

Por fim deixo um SPOILER...
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O final é aberto! Meu deus, minha mente racional e de exatas não dá conta disso, gente! Eu preciso de uma certeza do autor, do que ele mesmo concluiu com tudo isso! Hahahaha
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Enfim, tudo isso contribuiu pra eu ficar mais surtada quanto à loucura desse livro e se eu parar pra pensar demais talvez eu conclua que ele é maravilhoso!!!

Andy76 25/09/2022

Viva Karamázov!
Incrível cm esse livro parece uma enorme novela da globo, no sentido de parecer q eu estou assistindo uma grande teia de aranha. Gostei bastante da escrita, por mais que eu não esteja tão acostumada a ler livros que vai falar de todas as camadas dos personagens (msm os que não parecem ser tão importantes para a trama). E é muito interessante a forma como os personagens são realmente humanos, dá pra sentir a alma e os pensamentos/sentimentos de todo mundo, em especial nas cenas do julgamento.

Rick Muniz 20/09/2022

Os Limites da Alma Humana
38 dias, 1000 páginas, números desconexos, paixões avassaladoras.
Bem, terminar a obrar maior de Dostoievski foi um passeio por uma Montanha Russa radical, confesso que após terminar a leitura, a ficha ainda não caiu.
A narrativa, de cunho filosófico, expõe de maneira trágica e sublime as contradições do que é ser um humano, carregamos em nós mesmos os abismos que compõe o perfil psicológico da Família Karamázov
Fiódor, o pai: o devasso, libertino.
Dmitri: o coração, as emoções, o colérico.
Ivan: o racional, aquele que observa.
Aliocha: o espiritual.

Uma família com tantas diferenças é um reflexo da nossa psique, que esta todo o tempo numa corda bamba, em que a qualquer momento pode ceder a um dos extremos. E é nesse momento que Dostoiévski mostra toda sua genialidade e força criativa, ao sintetizar em Aliocha a busca por uma vivência ideal e equilibrada. Esse herói improvável não é perfeito, mas se esforça para manter os seus semelhantes em condições que sejam ao menos virtuosas, sob o ponto de vista humanitário.
Fraternidade, é uma palavra-conceito que poderia ser muito bem aplicada ao definir boa parte da filosofia do caçula da família, que ousa demonstrar compaixão num mundo que desaba aos seus pés.
O final do livro é em “aberto”, até porque Dostoiévski pretendia continuar a obra em outro momento, mas isso não prejudica a grandeza do livro, que assume, como a Grande Rússia, múltiplas reflexões, desafiando o leitor a tomar parte no Grande Palco que é a experiência humana...