Os Irmãos  Karamázov

Os Irmãos Karamázov Fiódor Dostoiévski




Resenhas - Os Irmãos Karamázov


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Luize 09/10/2017

"Desciclopédia" de Os Irmãos Karamazov
O pai era um tipo que dava até vergonha falar. Um beberrão, devasso, vil, enricou com o dinheiro do dote da mulher, casou só por isso. Fez um bando de filho. Não cuidou, educou ou se preocupou nem um tiquinho com nenhum dos pirralhos, quando enviuvou tratou logo de se ver livre deles, que foram criados por estranhos às custas da caridade alheia. Depois de crescidos, os marmanjos , sabe-se lá por quê, retornam à casa do pai, que não fica nenhum um pouco feliz com essas visitas, receando que eles quisessem lhes pedir dinheiro. Enfim, aquela família comercial de margarina, só que não, estava reunida pela primeira vez na vida. Ivan, o intelectual que se diz ateu, orgulhoso de si e do seu próprio sustento, não sei o que faz de volta. Dimitri, o mais velho,impulsivo, beberrão e amante de uma boa farra tal qual o pai,retorna para reclamar parte de sua herança surrupiada pelo velho asqueroso. Aliocha é o chato de galocha que sempre dá a outra face e a tudo e a todos compreende,volta porque é magnânimo e nunca condenou o pai por ser vil, devasso, imoral, canalha e um monte de outros adjetivos ruins. É o mediador e conciliador da narrativa, isto é, o garoto de recados da família e da vizinhança toda. Ele passa o livro inteiro para lá e para cá tentando resolver as lambanças dos outros. O pai é assassinado, aí fica aquele romance policial/mistério fabuloso: quem matou Odete Roitman, ops, Fiodor Karamázov? E tudo isso narrado fabulosamente em câmera lenta!

Como bem comentou Nabokov em Lições de Literatura Russa: "O livro é uma típica história de detetive, um exuberante romance de mistério...em câmera lenta".

O único capítulo que me agradou - bastante inclusive - foi O Grande Inquisidor. No mais, para quem já leu outras obras do autor, nota-se uma repetição maçante de suas ideias e de suas ideologias, ainda que com outra roupagem. Aquela velha tendência, já conhecida em outras obras de Dostoiévski, a conduzir o leitor à ortodoxia está muito presente também, para quem não sabe, ele era cristão ortodoxo , e novamente o vemos criar personagens niilistas (o niilismo russo difere do niilismo de Nietzsche, favor não confundir) para espicaçá-los durante o desenvolvimento e conclusão da obra, de modo que o leitor perceba que a salvação do homem está verdadeiramente no cristianismo.
Outro ponto da obra que achei realmente interessante foi o Dimitri como espelho e ao mesmo tempo como contraponto do pai. Dostoiévski criou um duplo sensacional: Dimitri e Fiódor Karamazov são iguais, contudo enquanto um é herói de si mesmo, o outro é vilão de si mesmo.

Alguns escritores, como Tchekhov e Nabokov, não gostavam de Dostoiévski, porque o achavam "estridente". Concordo um pouco com isso. Em algumas obras ele "grita" demais. Aqui a histeria de suas personagens femininas me incomodou. Harold Bloom, crítico literário, diz que Tolstói sabia criar mulheres, Dostoiévski não. Concordo muito com isso.
Salomão N. 09/10/2017minha estante
Boa análise, olha que é um dos meus favoritos. É interessante sempre ler opiniões diversas sobre a mesma obra. Mas se era teoricamente uma "desciclopédia" faltaram algumas... é, você sabe - piadas sujas(kk). ;)
Único ponto negativo da resenha foi a citação do Bloom, guardo muito rancor desse velhinho ranzinza.


Luize 09/10/2017minha estante
Intitulei "desciclopédia" por conta do "humor rasteiro" e não pelas piadas sujas. :)

Como (quase) todo crítico literário muitas vezes ele erra na mão, acho-o rabugento, mas gosto de muitas coisas que ele diz também.


Salomão N. 09/10/2017minha estante
Gosto dele falando do Stephen King. Kkkkkkkkkkkkkk, nunca li nada desse autor por causa do Bloom. Esse senhor me alienou. >


Luize 09/10/2017minha estante
(kkkkkk) Ele sabe espicaçar alguém quando quer. Eu gosto de King para passar o tempo. :)

E voltando para o comentário de Harold Bloom que citei na resenha: você pode até não gostar dele enquanto crítico literário, mas só li verdades. Repare nas personagens femininas do Dostoiévski e do Tolstói e diga se Harold Bloom não tem razão em tal afirmação.


Salomão N. 09/10/2017minha estante
"Quem nasceu para ser Ielizavieta nunca será uma Máslova"


Salomão N. 09/10/2017minha estante
Tolstói sabe escrever mulheres mesmo.


Luize 09/10/2017minha estante
Sim, Flávia, você já me disse isso. Acredito que ocorra o efeito contrário com alguns leitores, porque Dostoiévski era mestre em introdução, genial em desenvolvimento e fraco em conclusões. Então muitos leitores ficam embevecidos no desenvolvimento e não conseguem se arrebanhados pela abrupta conclusão moral, algumas (muitas?) vezes pouco convincente.


Thiago 09/10/2017minha estante
Faço coro, ao Salomão, também não gosto do Bloom! Além de ranzinza há o excesso de anglofilia, principalmente quando ele fala que toda grande obra deve algo a Shakespeare...Eu me pergunto se ele já ouviu falar em Homero, Virgilio, Dante e Cervantes.


Salomão N. 09/10/2017minha estante
Ele também estima o Chaucer e o Milton, que são gênios mas não chegam aos pés desses autores que você citou.


Luize 09/10/2017minha estante
Thiago,isso é o que de fato me incomoda em Bloom, a fixação em Shakespeare, embora eu goste muito de bardo, é irritante a eterna comparação de todos os outros escritores com Shakespeare. Mas volto a repetir: ele diz muita coisa legal também. :)


Salomão N. 09/10/2017minha estante
Lembro de um ensaio do Bloom que ele encontrou uma moça em um ônibus/metrô/slaoq e ela afirmou que o Edgar Allan Poe é o ápice da poética inglesa, aí o nosso querido crítico se enfurece e você sabe o que ele começa a escrever... kkkkkk


Thiago 09/10/2017minha estante
A questão não é nem ser maior ou menor, mas ele fala de um jeito como se eles não existissem, e como diria Fernando Pessoa: "Deve haver no menor poema de um poeta, algo em se veja que existiu Homero."


Luize 09/10/2017minha estante
Meninos, quanta implicância com o pobre velhinho! rs.

Acho que a gente deve ter senso crítico para tudo o que lê, as influências de Bloom são muito claras, gostaria também que ele citasse muitos outros escritores, mas isso para mim não diminui muito do que ele escreveu. Embora haja muitas coisas que me desagradem também. Acho que a gente tem que absorver o que de melhor as pessoas nos têm a oferecer. Quando ele surta , eu acho divertido e não o levo a sério. Vai dizer que não é engraçado e você não dá boas gargalhadas, Salomão?

Voltando à resenha, por ex, por mais que vocês não gostem dele , o comentário citado é perfeito: Dostoiévski não sabia mesmo criar mulheres.

Às vezes é preciso se ater apenas ao que é dito por aquele com quem antipatizamos, assim apoiamos ou combatemos ideias e não pessoas. :)


Salomão N. 09/10/2017minha estante
Ok, eu acho ele engraçado :|


Thiago 09/10/2017minha estante
Vou me abster de dizer o que eu acho dele, para que não me tomem por um maníaco ou algo similar hahahahahahahaha.


Luize 09/10/2017minha estante
Tá bom , Thiago, porque periga te tornares tão ranzinza quanto o Bloom! AHAHAHAHA


Lucas 09/10/2017minha estante
O livro é um dos meus favoritos da vida, mas eu concordo totalmente com a sua principal ressalva: Dostoiévski não era tão espetacular na construção de suas personagens femininas. Talvez, com uma pequena exceção da Sônia, de Crime e Castigo, elas (e isso inclui praticamente todas na saga dos Karamázov) são histéricas e imprevisíveis mesmo, nem um pouco comparadas as de Tolstói (só li a obra-prima dele, mas é nítida essa diferença). Voltando a Os Irmãos Karamázov, creio que o Epílogo foi montado para ser uma ponte, que ligaria o desfecho do último capítulo a um segundo volume (é sabido que Dostoiévski planejava escrever uma continuação), que seria mais focado em Aliocha. Muitas coisas ficam "no ar" e, como admirador da obra, isso, além das ressalvas que mencionas, me causou certo "nó no cérebro". Apesar da opinião um pouco divergente da minha, devo parabenizá-la, sua resenha ficou ótima. :)


Sylvinha 09/10/2017minha estante
Preciso ler pra entrar na conversa #Excluida #MissCrepusculo


Luize 15/10/2017minha estante
Obrigada, Lucas. Bom é divergir e compreender o outro ponto de vista. Concordo que a Sônia é uma personagem que Dostoiévski não tornou histérica como tantas outras personagens suas. Gosto demais de Crime e Castigo. :)


Dafne 24/11/2017minha estante
"Desciclopédia" XD

*"garoto de recados da família e da vizinhança toda" Exatamente!!
* E põe câmera lenta nisso!!!
*Histeria é pouco!! Não tem uma mulher que se salva nessa! Passei raiva...

Enfim alguém que me entende. Obrigada! :)
Parabéns pela resenha!




Eliza.Beth 03/07/2022

?A alma dele é uma tempestade. A inteligência o prende.?
Não é fácil fazer uma resenha sobre esse livro. São tantas temáticas abordadas que fica complicado colocá-lo dentro de uma caixinha: ? É sobre família? É sobre assassinato? É sobre religião? É sobre a Rússia? É sobre as mazelas sociais??
Enfim, acho que deu para sentir a dificuldade.

Algumas pessoas (até as mais entendidas do assunto) falam que Dostoiévski não era um bom narrador. Eu concordo que a forma de escrever não é das mais belas, mas é muito poderosa! Algo sem explicação. Um baile de consciência, psicologia, sentimentos.

Como falar sobre o enredo acaba sendo bem difícil, o jeito é falar sobre emoções.

Alguns momentos meus olhos encheram de lágrimas, outros senti meu coração acelerado, alguns arrancaram muitas gargalhadas depois de um dia cansativo e ruim na vida real.
Fala sério? não tem como isso não ser um bom narrador.

Apeguei-me bastante aos Karamazov e agora tenho dificuldade com a despedida. São personagens tão reais, dentro da sua época e país, que eu sentia q eles estavam bem na minha frente encenando uma peça. Bem diante dos meus olhos.

Que livro! Que livro!
Meu coração está em festa, pois enfim posso dizer, com um sorriso de lado e os olhos brilhando: ?Eu já li Os Irmãos Karamazov?
Alan kleber 04/07/2022minha estante
O primeiro livro que lí dele foi Crime e Castigo. Fiquei impactado.


Poly 04/07/2022minha estante
Agora deu mais vontade ainda de ler rsrs


Eliza.Beth 05/07/2022minha estante
Alan, Crime e Castigo tbm me impactou demais


Eliza.Beth 05/07/2022minha estante
Poly, leia! Não tem como não aprender algo com essa leitura ?


Alan kleber 05/07/2022minha estante
Tem um documentário no youtube sobre Crime e Castigo, e sobre a história de vida de Dostoievski. É sensacional.
Discovery Grandes Livros: Crime e Castigo.


Michela Wakami 05/07/2022minha estante
Que maravilha.?


Carolina.Gomes 05/07/2022minha estante
EU AMEI ESSA RESENHA FORTEEE! Sentimos juntas essa emoção. Foi muito bom ler c vc! ?


Michela Wakami 05/07/2022minha estante
Alan, foi o meu primeiro também. Crime e castigo é sensacional.


Eliza.Beth 07/07/2022minha estante
Ahhh que legal Alan. Vou procurar. Obrigada pela dica ?


Eliza.Beth 07/07/2022minha estante
Sempre maravilhoso ler qualquer coisa com vc, Carol! Até as bombas ??


Eliza.Beth 07/07/2022minha estante
Michela, esse livro é muito bom né.


Michela Wakami 07/07/2022minha estante
Crime e castigo é sensacional.
Quero muito relê-lo.
O meu próximo do autor será Os irmãos Karamazov.??


Eliza.Beth 07/07/2022minha estante
Não vai se arrepender. É muito bom.


Michela Wakami 07/07/2022minha estante
??????????




Rafael.Augusto 08/02/2020

null
Cara! Mina! Gente... gente!!! Que porra foi essa?
Queria dizer que virei um fã incondicional do personagem Ivan, quantos questionamentos esse personagem nos traz!


O livro Irmãos Karamázov  é um texto classico , ou seja , um livro que da epóca que ele foi escrito  até hoje , ainda nos remete a grandes perguntas como :  o que é liberdade ? Existe uma regra moral ou ética absoluta? Caso exista tal regra, onde esta minha liberdade? Caso não exista, tenho o direito de fazer o que desejo, usar minha liberdade total? (SE DEUS NAO EXISTE TUDO É PERMITO?).

Tem um capítulo chamado "O grande inquisidor " que vale uma leitura solo. Nesse capítulo o personagem Ivan vai discutir com o irmão Aliócha assuntos profundos e no final, vai descrever um poema em que Jesus Cristo aparece em carne e osso no período da inquisição espanhola, na Espanha mesmo. Ali ele é tomado pela multidão ensandecida, faz um milagre e, logo na sequência, é preso por um velho inquisidor. Já na sela esse inquisidor aparece na calada da noite e passa um sermão fodastico em Jesus. É simplesmente genial!

Leiam por favor!
elle carmo 09/02/2020minha estante
meu deus, suas resenhas sempre de deixam com uma vontade de ler!


Rafael.Augusto 09/02/2020minha estante
Obrigado Gabrielle! Tenho lido muitos livros que valem muito a pena realmente.


Julia 10/02/2020minha estante
Cara, nunca achei uma resenha que me representasse tanto! O primeiro parágrafo então hahahahaha . Ótima resenha, Rafa ;)


Rafael.Augusto 10/02/2020minha estante
Obrigado Juliaaa! Fiquei feliz que tenha gostado!


Natalia1054 24/02/2020minha estante
Pronto fiquei com vontade de ler, de tanta impolgacão. Kkkk
Vou ler com toda certeza


Rafael.Augusto 24/02/2020minha estante
Bom dia Natalia! Tudo bem? Ahh é um livraço viu! Vale a pena mesmo!


Natalia1054 26/02/2020minha estante
Vou ler sim, depois volto aqui pra te falar.


brunatschaffon 10/05/2020minha estante
"Dostoiévski é o único psicólogo com que tenho algo a aprender; ele pertence às inesperadas felicidades da minha vida?, disse Nietzsche. E é bem provável que todo admirador do niilismo de Nietzsche ame Ivan. Mas quando o próprio Dostoievski destruiu de antemão toda a filosofia do übermensch em "Crime e Castigo" com 20 anos de antecedência, vemos que não foi à toa que escolheu Aliócha, e não Ivan, como herói dessa obra-prima.


Rafael.Augusto 26/05/2020minha estante
Bruna, obrigado por seu comentário absolutamente pertinente. Me desculpe em demorar na resposta. Por qualquer motivo não havia visto antes.


rafa 21/03/2021minha estante
penso em ler em breve, sua resenha me deu ainda mais vontade de pegar esse livro agora!


Rafael.Augusto 22/03/2021minha estante
Pega sim, Rafa! Super leitura.




Jow 24/09/2010

Uma obra prima.
Em Os Irmãos Karamazov, Dostoiévski se pôs inteiro. Suas vivências o período na Sibéria, o pai autoritário, a epilepsia, a morte de um filho, tudo está explicito ali. Mas também está ali um vasto painel da Rússia, de suas variadas classes, de seus homens, mulheres e profetas, os bêbados, os carbonários, os criminosos.

Se a concepção religiosa de Dostoiévski e sua prosa dramática pudessem ser separadas, essa habilidade de mergulhar em vozes interiores e traçar um amplo e complexo painel social não existiria. E Dostoievski não seria tão caro ao leitor sensível, muitas vezes na adolescência, que é tão tocado por sua intensidade moral, sem precisar adotar seu moralismo.

A ortodoxia masoquista de Dostoievski, sua crença no sofrimento redentor, era para Tolstoi uma fuga da paz e da razão. Em outra passagem conhecida de Os Irmãos Karamazov, o diálogo entre o Diabo e Ivan, o Diabo diz que pode dar a Ivan mais originalidade que um enredo de Tolstoi. Mas nós não precisamos escolher entre Tolstoi e Dostoievski. Apenas ver o que cada um tem de mais original.

Cada personagem é uma parte inseparável da estória: começando pelos três irmãos: o impulsivo Dimítri, o cético Ivã e o magnânimo Aliéksiei, além do boêmio e irresponsável pai, Fiódor Pávlovitch. Outras figuras marcantes são: o austero monge Zósima, a promíscua Grúchenhka, o pérfido Rakitín, o insano epiléptico Smierdiákov...
O conflito do livro está no triângulo amoroso composto por Dimítri, Fiódor, e Grúchenhka. Os diversos conflitos internos são abordados concomitantemente com as excentricidades protagonizadas pelas personagens. O momento máximo da estória está no assassinato de Fiódor Pávlovitch e suas conseqüências posteriores. Dimítri é acusado de parricídio e um comentado julgamento decidirá seu futuro.
Dostoiévski consegue manter o suspense e ainda inserir elementos da psicologia para analisar os personagens diante dos diversos acontecimentos vividos por eles, e com isso construir a idiossincrasia de cada um.

"Os Irmãos Karamazov" é uma obra inesquecível, um salutar monumento da literatura mundial. Uma leitura obrigatória para quem quer compreender melhor as diversas facetas da alma humana e assim entender o funcionamento da sua própria.
Luh Costa 24/09/2010minha estante
Ótima resenha.
Ainda não li Os Irmãos Karamazov pois nunca tinha tido vontade até agora. Seu resenha me fez sentir vontade de ler essa obra.

Abraço


Gláucia 02/10/2010minha estante
Difícil de ler, tarefa árdua resenhar e você conseguiu fazer isso com perfeição. Captou a alma do romance compreendendo o contexto em que ele ocorria e conseguiu caraacterizar os personagens com apenas um adjetivo para cada um demonstrando um grande poder de síntese. Parabéns, está maravilhosa.


Vinícius 20/11/2014minha estante
Excelente resenha, Cássia. Está de parabéns!!!

Só queria fazer uma observação quanto à psicologia. Talvez a psicologia da época de Dostoievski fosse ainda incipiente. Só sei que percebi que ela (no livro) simplesmente constrói narrativas e, a princípio, não tem por que uma ser considerada melhor do que a outra. Isso me passa a impressão de um certo ceticismo de parte do autor.


iagomanicoba 18/01/2016minha estante
Gostei da resenha, mas confesso que fiquei chateado ao saber que Dmitri realmente mata o pai. Estou lendo o livro no momento e tal episódio ainda não aconteceu (estou na página 400).


Norma.Duda 29/06/2017minha estante
Gostei da resenha, pena que tem spoiler, muito chato!


Douglas 14/09/2020minha estante
Excelente resenha. Espero um dia conseguir terminar essa leitura.


Marlana.Kiewel 28/01/2021minha estante
Os Irmãos Karamazon, não é um livro para "devorar". É uma obra prima atemporal, assim ter maturidade mental (não física) é essencial para pensar, sentir e viver a obra. Espirito reflexivo, interesse na alma humana, no estudo e tentativa de compreensão das relações sociais, quase sempre muito hipócritas, são alguns fatores importantes para levar a obra adiante. Não é no final de tudo uma obra local, mas uma história universal, muito mais para estudos e reflexões do que para lazer e ócio. Porém pode sê-lo também.
Neste contexto, sugiro ouvir com calma o Canal Desassossego Sonoro, onde o livro é narrado com voz humana. Ou, ler em voz alta ou ainda em grupo a edição da Editora 34 que traduziu Os Irmãos Karamazov diretamente do russo para o português. Outras edições o fazem a partir do francês.
Só mais uma pequena observação, Dostoiévski discute questões que só posteriormente Freud, Viktor Frankl e outros teóricos aprofundam, tornando-se ícones . A primeira edição dos Irmãos é de novembro de 1880.


Berenga 06/02/2022minha estante
As pessoas deviam respeitar quem ainda não leu. Sinalizem spoilers, por favor! Muito chato isso. Ainda mais pra um livro de 900 páginas!


Frd santos 10/10/2022minha estante
Muita sacanagem dar spoiler


Tchê 09/02/2024minha estante
Excelente sua resenha. Vou aproveitar as férias pra avançar no livro.


Ygor.Borges 18/03/2024minha estante
Pra que fui ler a resenha, baita spoiller, mas mesmo assim, vale a pena ler a obra




Daniele 29/04/2021

Seria a moralidade provinda da fé?
Esse é um debate presente nos primeiros capítulos, levantado por Ivã Karamázov, filho do meio de Fiódor. Obviamente não é o único, durante a leitura, várias outras questões filosóficas religiosas complexas são levantadas por todos os personagens.
Aliocha, que escolhera uma vida monástica, logo no começo é descrito como realista, o que de forma alguma abala seu credo, já que não são os milagres que o levam a crer; "No realista, a fé não nasce do milagre, mas o milagre da fé". Ao longo dos fatos, se mostra como principal personagem presente na narrativa, um garoto doce, de bom coração e apaziguador, mas que não deixa de ter, assim como os demais Karamázov, vícios e demônios dentro de si.
A cerca do milagre é muitas vezes tratada e discutida. Durante o poema "O Grande Inquisidor" recitado por Ivã à Aliocha,  o ancião trata da natureza humana de repelir o milagre, dando como principal exemplo as 3 tentações de Cristo, e discorre sobre o porquê de recusar-se, mesmo em meios as multidões; "Sem uma ideia nítida da finalidade da existência, prefere o homem a ela renunciar e se destruirá em vez de ficar na terra, embora cercado de montes de pão" (lê-se pão como os milagres).
A escrita de Dostoiévski é, antes de tudo, não uma forma de encontrar respostas à perguntas simples, ao contrário; o debate a cerca da moralidade e imortalidade, se mostram um diálogo aberto, em contradições e sem uma lógica sistematizada, esmiuçando por sua vez, cada personagem e suas falas. Citando aqui Pondé, ler seus romances é como a sensação de afundar num abismo. Particularmente, isso e mais um misto de prazer e reflexão.
Uma leitura definitivamente engrandecedora. Estou apaixonada por ele, por cada um de seus personagens com suas questões únicas, personalidades e falas. Um livro que acaba de se tornar um de meus livros preferidos, com certeza.
Um tijolão e clássico que merece, sem dúvidas, ser lido!
Pedro Moreira 29/04/2021minha estante
Excelente resenha! ?


Daniele 29/04/2021minha estante
Aaah obrigadaa!! *-*


Julia.Everton 29/04/2021minha estante
Amei a resenha .


Daniele 29/04/2021minha estante
Obrigada, Juu ?


Keilla.Arsie 30/04/2021minha estante
Excelente. Me deixou mais animada e curiosa .


Daniele 30/04/2021minha estante
Ahhh, que bom! fico feliz ??


dani 02/05/2021minha estante
Obrigada pela resenha! Ainda estou começando a me aventurar pelo território da literatura russa, mas quero ler esse, com certeza!


Daniele 02/05/2021minha estante
Eu que agradeço você ter lido ?. já leu algum livro de Dostoiévsk? Você vai amar esse, aposto


dani 02/05/2021minha estante
Ainda não li Dostoiévsk. Dos russos, só li alguns contos do Chekhov e do Tólstoi. Recentemente meu primeiro romance (ou novela ?????) "A morte de Ivan Ilitch".


Daniele 02/05/2021minha estante
Pretendo ler Tólstoi também. Deve ser ótimo




Victoria 22/03/2020

Duas paixões chamadas Aliócha e Ivan
Ah, os irmãos Karamázov virou uma paixão. Mesmo a fama e o peso de ser considerado a grande obra do Dostoiévski não me preparam pra esse livro. Fui ler porque li em algum lugar que junto com Édipo rei e Hamlet, esse era considerado um dos livros que melhor retratavam o complexo de Édipo pelo Freud. Nunca tinha lido um livro que tivesse personagens tão bem construídos psicologicamente, de tal forma que eu sentia que os conhecia como pessoas reais. Tive uma experiência bastante pessoal com esse livro, consegui me ver em dois personagens completamente opostos do livro, foi como ver um espelho duplo de mim mesma. Além disso, existem passagens que quero guardar pelo resto da vida, apesar da narrativa ficar um pouco monótona às vezes. Porém isso não é o suficiente pra tirar o fascínio que esse livro exerceu em mim. Agora quero ler tudo do Dostoiévski.
Janaina Edwiges 22/03/2020minha estante
Adorei sua resenha. Quero ler este livro também :)


Victoria 22/03/2020minha estante
Leia mesmo! Pra mim esse livro se tornou um dos favoritos da vida..


Dayvid Simplicio 24/03/2020minha estante
Victória, que maravilhosa sua descrição. Não deixe de se maravilhar com Crime e Castigo. Eu o li em 2012, e até hoje não houve obra mais impactante na minha vida.

Eu tbm estou lendo Irmãos Karamázov baseado nas ideias de Freud, que disse que essa obra é a maior elaboração artística do Ocidente.

Abraços.


San 25/03/2020minha estante
Eu lhe indico Os Thibault. Terminei o terceiro livro de cinco, é algo arrebatador. O autor venceu o prêmio Nobel de Literatura por essa série.


Victoria 25/03/2020minha estante
Estou lendo Crime e castigo atualmente, Dayvid. É incrível, acho que também vai entrar pros favoritos!


Victoria 25/03/2020minha estante
Fiquei interessada em Os Thibault, vou procurar pra ler.


Jonny 02/04/2020minha estante
Acabei de ler este livro esta semana, ele é um hino ao existencialismo, à espiritualidade, à liberdade, etc. As personagens são tão bem descritas que nos apegamos a elas, e no fim das tais 700 e tal páginas parecem poucas, porque na verdade esta obra está incompleta, Fiodor morre antes de a terminar. Todos estaríamos à espera de ver Dimitri solto, ou por exemplo, saber se Ivan cura daquela loucura intelectual que tanto o afligia. Para além da trama central temos outras pequenas tramas que compõem esta grandiosa obra, falo do relato sobre como Zozima se tornou um stariet, do frágil iliucha, e da conversa que Ivan tem com Aliocha antes de partir para Moscovo. Essa conversa é qualquer coisa de genial, Ivan era um ser atormentado pelo saber, pela filosofia. Ele se questionava sobre algo interessante "foi deus que fez o homem ou o homem que fez deus"; se não existe Deus então tudo é permitido. Mas falar de Ivan é pouco comparado com Aliocha. Este é a personagem central de toda a trama, ele é o mensageiro, o conselheiro, o apaziguador, no fundo ele se movimenta por toda a trama conversando e dando sua opinião sobre os mais variados assuntos. Aliocha era a cabeça mais centrada de toda a trama. Enfim... Há muito mais para falar desta obra, mas agora preciso de ler "o idiota". Boas leituras.


Victoria 03/04/2020minha estante
Se eu tivesse o poder de ressuscitar Dostoiévski do túmulo, o faria, só pra que ele escrevesse a continuação esse livro. Por mim ele poderia ser uma obra tão longa quanto "Em Busca do tempo perdido", que tem mais de 4000 páginas. Concordo com tudo o que disse, na minha opinião Ivan e Aliócha são os personagens mais interessantes do livro, porque eles parecem quase que dois lados opostos da mesma moeda. Quero ler O Idiota e Os Demônios o mais breve possível. Boas leituras pra ti também.


Gesiel 07/04/2020minha estante
Se possível, tente edições da editora 34.
Traduções direto do russo, com muitas notas de rodapé que enriquecem a leitura.
Até hoje me arrependo de quase 10 anos atrás ter lido Crime e Castigo pela Martin Claret.


Victoria 08/04/2020minha estante
Sim! Eu só ouvi falar sobre isso depois que já havia comprado as edições da Martin Claret. Mas vou procurar futuramente, até porque ele e o Crime e Castigo são dois livros que serão releituras pra vida inteira pra mim.




Dan 20/03/2017

''O mundo dos Karamázov é o nosso mundo'' (Carpeux)
Só li até agora dois livros com os quais senti como se o universo inteiro estivesse contido ali, ''Dom Quixote'' (Cervantes) e ''Os Irmãos Karamázov'' (Dostoiévski). A grandiosidade dessas obras transpõe qualquer tentativa de englobá-las numa resenha, e, por mais completa que seja a crítica, ela será mediocremente reducionista. Quero enfatizar de antemão: esta resenha não escapa à regra.
Quanto ao enredo, não me demorarei. O romance gira em torno do eixo da família Karamázov - do patriarca devasso Fiódor Karamázov e dos seus filhos Dmitri, Ivan e Aliócha. Cada irmão possui um comportamento e uma visão de mundo peculiar: Dmitri vive em função dos impulsos emocionais/sexuais, Ivan é um ateu militante. (intelectual excêntrico), Aliócha é um homem de espiritualidade superior. O cerne do romance se dá com o assassinato do patriarca e o principal suspeito do crime afigura-se em Dmitri.
Além disso, temos outras histórias paralelas, que a princípio parecem estar isoladas do ponto central da narrativa, mas, ou posteriormente se tocam, ou criam algum vínculo de sentido; algo que reflete o domínio preciso dos fios narrativos por parte do autor. Aliado a isso, temos ótimas personagens secundárias gravitando ao redor dos protagonistas. O meu espanto ao ler o romance foi notar como as personagens secundárias possuem uma profundidade psicológica incomum se levarmos em conta a tendência de muitos escritores de as eclipsarem pela força das personagens centrais, como se as secundárias estivem ali simplesmente para cumprir pequenos papéis e/ou alavancarem a história dos protagonistas. Não, todas as personagens de ''Os Irmãos Karamázov'' (por mais rápida que sejam suas participações) possuem uma intensidade bastante impressionante.
O livro é gigantesco em suas mensagens, nas suas entrelinhas inesgotáveis, frases ou diálogos sugestivos, nas quais contém em si um mundo de reflexões complexas. ''A parábola do Grande Inquisidor'' chocou-me (não relatarei um resumo aqui, pela brevidade de espaço) por trazer uma carga teológica, antropológica, filosófica e histórica em proporções inesgotáveis; o meu espanto foi tamanho que, pelos céus!, imaginei estar lendo algo nascido de uma mente sobre-humana!
Experimentei as mais diversas emoções durante a leitura do livro, por ora estava num estado elevadíssimo de espírito, por ora despencava num abismo. Dostoiévski nos revela a beleza contida em cada alma humana, nos presenteia com o sublime; logo após nos lança à face o que há de mais horrível, torpe e cruel no homem; e sempre aponta a possibilidade da redenção. Tudo isso a partir de uma sondagem psicológica clínica e de uma filosofia sofisticadíssima, existente somente na obra dostoievskiana.
Seja a personagem favorecida pelo dinheiro ou não, a miséria existencial, a crise da alma pelas vicissitudes da vida afoga-os. É no limiar entre a loucura e a razão, nos limites do suportável, que a natureza humana revela-se em toda sua força, toda sua fúria. ''Os Irmãos Karamázov'' também é um tratado acerca dos extremos da mente.
E isso não é tudo o que a obra oferece!
Há algumas ressalvas quanto à "arquitetura" do romance (perfeito somente Deus). Em certos pontos, as personagens falam demoradamente (coisa de páginas) e nem sequer são interrompidas pelas outras (um pouco inverossímil, por certo). Dostoiévski não é um bom estilista; inicialmente, isso me frustrou, senti que ele poderia ter organizado sintaticamente melhor certos trechos (não me refiro aos trechos de crise psicológica das personagens), parecia feito às pressas, sem falar nas repetições de palavras e expressões em dados momentos (como a expressão "de si para si" como indicação de monólogo). Contudo os milhares de pontos positivos neutralizam os negativos: é uma das obras mais impressionantes da História da Literatura, um legado cultural inestimável. Certamente o melhor livro de minha vida, depois da Bíblia, claro.
Emmerson 20/03/2017minha estante
Um marco. Sem dúvida, um dos melhores livros de todos os tempos.
Ótima resenha, Dan.


Dan 03/09/2017minha estante
Vlew!!


Renato 24/10/2020minha estante
A grandiosidade de Os Irmãos Karamazov me fez por um bom tempo sentir "medo" de ler outros livros. Me apeguei, sobretudo, ao Kólia. Admito, no entanto, ser necessária a releitura. Em especial porque sempre desejei a edição da Editora 34. Quanto a Dom Quixote, sinto que se aproxima o momento oportuno para me aventurar pela obra de Cervantes. Poderia me dizer qual edição você leu?


Dan 24/10/2020minha estante
Oi, Renato! Também senti o mesmo que você!
Quanto ao "Quixote", li numa edição especial da Editora Abril. No entanto, pretendo reler numa outra edição, porque eu vi relatos de que minha edição omitiu trechos da obra.


Renato 25/10/2020minha estante
Entendi. Pretendo comprar a edição da Penguin, mas ainda vou pesquisar e procurar opiniões.


Dan 25/10/2020minha estante
??????


Marcio 26/02/2023minha estante
Esse é o estilo do Dodô: os personagens se comunicam através de gigantescos discursos e diversas cenas de sala de estar onde até 10 personagens se encontram pra "lavar roupa suja". Perfeito ?. Hehe


Dan 26/02/2023minha estante
Rsrsrs




Dafne 22/12/2017

Terminei! Enfim terminei. Terminei...
Há inúmeras resenhas que falam da grandiosidade dessa obra, por isso minhas expectativas eram altíssimas. Não questiono essa grandiosidade, mas acredito que eu ainda não tinha maturidade literária suficiente para esse livro. Por isso me arrependi de ter feito de "Os Irmãos Karamázov" meu primeiro contato com Fiódor Dostoiévski. Se essa é sua situação, recomendo começar por algum livro mais curto (quem sabe "O Jogador").

Em alguns trechos a leitura foi bem divertida. Mas, de forma geral, foi cansativa e por isso demorei muitos meses para ler (intercalando com outros livros). A partir da página 600 (mais ou menos) a história deslanchou (depois de um determinado crime). Então eu percebi que tudo o que fora contado antes, e que muitas vezes parecia enchição de linguiça, era muito importante!!! Pena que eu li essa mega introdução de 600 páginas praticamente me arrastando e já não lembrava de muitos detalhes.

Sem querer querendo, descobri em uma resenha quem era o tal assassino.(Muito obrigada amiguinho spoiler! :P) A princípio isso me desmotivou ainda mais na leitura, mas depois até me incentivou (como que se chegará àquela conclusão sobre o assassino?!)

Como se trata de outra cultura, outro país, outro século, foi "uma viagem muito louca". Aqui os russos são apresentados com um jeito bem dramático, prolixo e caloroso. Uma visão bem diferente da que eu tinha dessa cultura. Isso foi interessante... mas algumas vezes me fez passar raiva porque alguns personagens pareciam pouco críveis. Que mulheres dramáticas são essas!? De certo modo, os russos lembram bem os brasileiros.

site: sonhos-e-suspiros.blogspot.com.br
Juliana 20/09/2021minha estante
Eu ainda tô na página 74 e já não aguento mais


Dafne 22/09/2021minha estante
Então... o estilo não muda muito até a página 600... Mas se você ainda quer dar uma chance para a leitura, te aconselho a procurar o podcast do Clube Ichthus, pois eles acabaram de terminar esse livro. Eles comentaram todos os capítulos em 38 episódios de pocast, daí dá pra você ouvir conforme for lendo e ter uma companhia pra passar raiva junto rs (ou não, acho que eles gostaram do livro).


Juliana 22/09/2021minha estante
Eu não sou de desistir, mas tá quase. . já li os outros de Dostoievski, não gostei de nenhum, tava na esperança desse me arrebatar


Dafne 23/09/2021minha estante
Eu li esse oo Crime e Castigo. CeC eu goostei um pouco... Acho que a escrita dele não me arrebata e contigo deve ser assim também. Mas tem gente que ama.... que curioso, né?!


Dafne 23/09/2021minha estante
*esse e o Crime e Castigo


Dafne 23/09/2021minha estante
Já o Tolstói eu curti!! Li A Morte de Ivan Ilith e "entrei na história"!


Juliana 24/09/2021minha estante
Exatamente , eu já li crime e castigo e memórias do subsolo, não gostei de nenhum..empurrei com a barriga ...Tolstoi tbm amo, já li uns 4 ou 5


Dafne 24/09/2021minha estante
:D É bom saber que mais alguém também se sente assim...




Whesley Nunes 14/01/2018

Indispensável. Inadiável. Imprescindível.
Camaradas, apresento-lhes a última obra de Dostoiévski: Os Irmãos Karamázov, que é, sem dúvidas, a obra mais completa e complexa que já li. Por quê?
Primeiro, este romance engloba e trata minuciosamente todas as minhas paixões: aspectos jurídicos, psicológicos, históricos, filosóficos e, sobretudo, religiosos - se não existe Deus nem a imortalidade da alma, tudo é permitido?
Isso mesmo, camaradas, tudo em uma obra só.
Segundo, Dostoiévski construiu cada Karamázov de forma surreal, haja vista que eles possuem personalidades totalmente distintas. Sim, surreal, pois o leitor viaja profundamente na alma de cada personagem.
Só pra constar, o mediador Aliócha é meu Karamázov favorito. E a minha cena preferida é a parábola do Grande Inquisidor.
Não é atoa que Os Irmãos Karamázov influenciou grandes pensadores como Nietzsche e Freud.
Recomendo!
Ps: Quem fundou Troia?

Whesley Nunes do Nascimento
Whesley Nunes 14/01/2018minha estante
Dezembro: Crime & Castigo
Janeiro: Os Irmãos Karamázov
Fevereiro: ???


Helô 14/01/2018minha estante
Fevereiro: Noites Brancas


Whesley Nunes 19/01/2018minha estante
Opa! Valeu!
Mas tenho dois na frente... Memórias do subsolo e Gente pobre.


laloarauxo 15/02/2018minha estante
Gente Pobre


Whesley Nunes 16/02/2018minha estante
Comprei Noites Brancas, tá chegando...


Whesley Nunes 16/02/2018minha estante
Gente Pobre eu li em janeiro. Muito bom. Tem resenha, Eduardo. Dá uma olhada.


Mathews 05/12/2018minha estante
Poooorra, o Grande Inquisidor é sinistro demais, meu camarada! Puta merda.




Fer Paimel 23/10/2022

Impressionante!
É difícil resenhar esse livro, porque são muitos aspectos merecedores de atenção e, com certeza, uma única leitura da obra é incapaz de mostrar toda a profundidade de seu conteúdo.
Este parece ser um livro que nada foi colocado lá por acaso, ainda que não faça muito sentido a princípio. O próprio nome da família tem uma razão de ser, o que me faz pensar em quantas mensagens dos autores nós, leitores, deixamos passar quando não estudamos um pouco sobre a obra... Óbvio que nem toda leitura cabe e pede essa análise, mas me fez refletir sobre a profundidade das minhas leituras recentemente. Ah, tô divagando igual ao Dostoievski já kkkk
Voltando sobre a história, eu adorei cada personagem, até os chatos e irritantes kkkk é maravilhoso ler algo bem escrito, que você consegue, realmente, visualizar tudo que está sendo descrito. Eu comecei a ler em janeiro, em uma LC, mas acabei me atrasando e deixei a leitura de lado para somente pegar agora; foi uma jornada mais solitária, mas muito prazerosa.
O enredo tem de tudo: filosofia pesada, romances, tragédias e comédias, psiquiatria/psicologia, direito... enfim, as quase mil páginas não deixam nada a desejar e atendem a um público bem variado. A parte jurídica da investigação e do julgamento foi muito interessante para mim, que sou da área, mas o destaque vai para os diálogos existencialistas, sem sombra de dúvida!
As questões morais dentro do livro são inquietantes e objeto de estudo de muitas pessoas. Pensar se a liberdade humana é um fardo ou uma benesse é algo bem doido, temática de outras leituras que fiz, principalmente de cunho distópico. Dostoievski, por sua vez, aborda-a mais cruamente, em um diálogo arrebatador entre os irmãos Ivan e Aliocha, meus personagens preferidos! Dentro das questões sobre liberdade, ele também passa a questionar nosso senso moral, para refletir se existe alguma referência moral absoluta fora da religião ou se a falta de fundamento da moral ensejaria em uma permissão absoluta para qualquer comportamento... Olha que loucura! Se não me engano, acho que vi que Nietzsche se dedicou a explicar a moral longe da religião, tendo ele sido um leitor de Dostoievski...
O contraste dos personagens é marcante e a maneira como o autor oscila entre momentos de diálogos pesados, com descrições de personagens aleatórios e interessantes, me prendeu à leitura, embora eu imagine que seja algo que talvez cause dificuldades na leitura para outras pessoas. Achei tudo dinâmico e surpreendente!
Não dei nota máxima porque achei o final um anti clímax... Vi que este foi o último romance de Dostoievski e, parece, que ele pretendia escrever um segundo volume, mas faleceu antes de começar ou concluir (não sei se ele começou!). Alguns pontos não ficaram bem resolvidos para mim, mas, ainda assim, é possível traçar um final para cada personagem.
Aff, já falei demais!! É uma leitura que dispensa apresentações e vale a pena o esforço de tantas páginas... A ressaca literária ta grande, vai ser difícil esquecer um pouco essa história!
Joao 23/10/2022minha estante
Dostoievski é realmente um dos autores que, talvez, "apenas" a leitura não baste heheheh. Sempre tem muito mais que nós não pegamos. Esse livro tá na minha lista já pois muita gente comenta que é A obra do autor.


Emerson Meira 23/10/2022minha estante
Linda resenha Fernanda! ???????
Achei que você pegou muito bem os pontos relevantes e reflexões da história, apenas na primeira leitura. Você é atenta e fez uma boa análise.
Sobre Nietzsche, ele aborda essa questão em "Genealogia da Moral", onde resumidamente ele explora a origem das palavras "bom" e "mal" para além do senso comum, moldada assim a moral por classes sociais e intervenção de valores religiosos. Nesse sentido, diz que a moral se perdeu e afastou os homens, acabou ficando relativa, longe da verdade, de girar em torno do humano, do real. Ele propõe um resgate dessa moral.
Fico feliz que tenho gostado e tenha valido a pena pra você, é um livro muito longo pra não valer! ??
Um dia com tempo e coragem vou reler! :)


carlosdeangelis 23/10/2022minha estante
Ótima resenha! É uma das melhores e a mais profunda leitura da minha vida. É algo que precisa ser revisitado durante a vida devido à complexidade da obra. "O Grande Inquisidor" é simplesmente magnífico. Sua opinião sobre o final é fruto da vontade de continuar a obra e é justa.


@willamsrodrig 24/10/2022minha estante
Sabia que você ia gostar! Foi uma leitura que me marcou muito.


Fer Paimel 26/10/2022minha estante
Obrigada, meninos!
João, eu adorei! Ainda quero ler muuuito mais Dostô, mas essa é a minha preferida por enquanto!!
Carlos, O Grande Inquisitor é surreal de bom kkkk fiquei pasma quando li, a criatividade do autor é inigualável!
William, foi marcante mesmo, quero reler daqui uns anos, ver se vou gostar do mesmo tanto kkk
Emerson, muito interessante essa perspectiva do Nietzsche, confesso que conheço muito pouco da obra dele, mas é algo que quero encarar algum dia! Releia sim, acho que essa obra é o tipo de livro que nos tiramos novas conclusões com o passar dos anos...


Daniel1841 05/01/2023minha estante
Eu abandonei, mas pretendo recomeçar um dia. Estava gostando bastante, aí tive que fazer uma pausa devido a questões pessoais, quando fui retomar, havia perdido o fôlego/ritmo e preferi deixar para uma nova tentativa.


Fer Paimel 05/01/2023minha estante
Aconteceu isso comigo também, Daniel. Comecei a ler em janeiro e me ocupei com outras coisas, aí retomei só em setembro, eu acho? vale a pena o esforço, é uma baita duma obra!!




Michela Wakami 29/05/2023

Muito bom
Embora eu tenha gostado bastante desse livro, Crime e castigo ainda é o meu favorito do autor, até o momento. (Não li todos dele ainda)

A espiritualidade é latente aqui, embora não condiz totalmente com a minha, agradará bastante quem segue a mesma doutrina.

Os personagens são muito marcantes e inesquecíveis.

Teve algumas partes que achei maçantes, mas a grandeza do livro supera isso, facilmente.
Janaina Edwiges 29/05/2023minha estante
Também gostei mais de Crime e castigo do que este.


Rogéria Martins 29/05/2023minha estante
Adorei a resenha! ??


Michela Wakami 29/05/2023minha estante
Janaína, estamos juntas então.???


Michela Wakami 29/05/2023minha estante
Rogéria, obrigada.???


Raimundo.Sales 02/06/2023minha estante
Belíssima análise! Parabéns!


Michela Wakami 24/01/2024minha estante
Obrigada, amigo!




Morgana.Paulino 29/12/2023

Terminei chorando
A primeira parte do livro foi um pouco cansativa, pois tem uma visão bem religiosa que pessoalmente não me atrai.

A segunda parte do livro é diametralmente melhor, mais cativante e tem um grande desenvolvimento dos personagens, bem como do enredo da história.

Meu livro favorito foi o do Ivan, além do último capítulo, que considero que faz um contraste emocionante com a relação entre Mítia e Fiódor.

Livro muito bom. Só não sei 5 estrelas porque a primeira parte do livro foi bem cansativa.
juls 01/01/2024minha estante
oii, quando perde mais esse cunho religioso?? n me atrai nem um pouco e tá sendo bem difícil continuar


Morgana.Paulino 01/01/2024minha estante
Do meio em diante!


juls 01/01/2024minha estante
okk, obrigada! vou continuar a leitura!


Maria18495 13/01/2024minha estante
Com quantas páginas termina a parte religiosa? Tô achando muito massante


Morgana.Paulino 13/01/2024minha estante
Ali pelo meio do livro !!




Vítor 01/09/2020

Um livro inesquecível
Um livro incrível.
Os diálogos abordam vários temas interessantes e nos faz refletir.

É um livro com muitas páginas, porém achei a leitura agradável e em nenhum momento achei entediante. Mas aqui vale uma observação: o autor foi muito prolixo, então algumas partes são demasiadamente extensas. Portanto, se você não gosta de histórias bastante descritivas, certamente achará o livro maçante.
Douglas 14/09/2020minha estante
Vitor, ainda não comecei a leitura, mas já irei preparado para uma maratona. ;)


Vítor 15/09/2020minha estante
Se gosta de temas, principalmente filosóficos, com certeza não vai se arrepender da leitura.


Douglas 15/09/2020minha estante
Você leu a edição da editora 34 ?


Vítor 15/09/2020minha estante
Não, li a da Martin Claret. Sobre a edição da Editora 34, já vi muita gente falar que é uma ótima edição também, inclusive dizem que tem uma tradução melhor do que a da Martin Claret.

Mas mesmo assim não tive dificuldade nenhuma com a tradução da Martin Claret, achei super de boa.


Douglas 15/09/2020minha estante
Eu fiquei um pouco traumatizado com a Martin Claret, porque empaquei em Crime e Castigo. Só consegui fazer a leitura fluir com a edição da 34. Aí acabo puxando sardinha pra eles. Rs




Danilo 03/02/2023

5 estrelas é pouco!
Que história sensacional! Daria para continuar com mais 1000 páginas. Dostoievski não decepciona nunca.

Uma frase me veio a cabeça quando cheguei no plot do livro: ?Se você acha que homens fortes são perigosos, espere até ver do que os homens fracos são capazes."
juline 04/02/2023minha estante
Essa edição vale a pena? Sou louca pra ler esse livro!


Danilo 04/02/2023minha estante
Eu não tive nenhum problema e fluiu bem a leitura. Comprei mais pela estética. Mas indico a compra da editora 34, pois o Paulo Bezerra traduz direto do russo.


juline 05/02/2023minha estante
Pois é, acho lindo essa edição, mas sempre fiquei com um pé atrás por causa da tradução.. mas pelo jeito vale a pena então! hsush obrigada ?


Danilo 06/02/2023minha estante
Inclusive eu li Crime e Castigo também da Martin Claret, ficam bem bonitos na estante. Rsrs


juline 07/02/2023minha estante
Imagino haha




Alex 12/12/2023

Você nasceu em uma família karamazoviana?
Irmãos Karamazov é a última obra de Dostoievski,  e claramente ele pretendia algo maior. Não é uma obra inacabada, mas ele claramente queria entregar um segundo volume a essa novela.

Dito isso, cabe lembrar que Dostoievski é um romancista russo que explora muito bem os dilemas psicológicos em seus romances, e em seus personagens. Em Irmãos Karamazov isso não é diferente.

A história conta as tragédias da família Karamazov. Fiodr, o pai, é um alpinista social com zero escrúpulos, cada casamento é um degrau a mais, rumo ao sucesso financeiro.  As esposas? Não importam. Os filhos? Importam menos ainda, os criados que os criem.

Beberrão,  desbocado, com ausência total de bom senso, perdulário até certo ponto. Um homem que não merece menção, de tão obtuso.

Seu primeiro filho, Dmitri. Saiu muito ao pai, perdulário,  e com o mesmo defeito, de se ter em conta superior ao que realmente é.

Dmitri e Fiodr representam a hybris grega, uma espécie de presunção,  arrogância, de valorar-se muito além do que realmente é, a ponto de os deuses os castigarem. E  no romance karamazoviano, a hybris atrai a desgraça também.

O segundo filho é Ivan, um erudito, ateu, apaixonado pela cultura europeia (estrangeiro), ele é o niilista impregnado de religiosidade,  e sua filosofia transborda em todos os atos desse livro, "Se Deus não existe, tudo é permitido".

Com esse personagem acompanhamos os melhores diálogos,  as reflexões filosóficas mais profundas, os embates teológicos com o irmão mais novo. Mas também vemos que o seu niilismo filosófico não o livra do fardo de salvar "alguém". Não o livra do peso moral nas escolhas. Ao ponto de ter um desfecho bastante trágico,  talvez até em aberto.

Alieksei, ou Aliocha, o herói do escritor, o terceiro filho, representação de Abel, o filho preferido. O preferido entre os irmãos também.  Querido por todos, até pelas crianças da cidade. Um religioso, com fervor sincero,  sem moralismo, sem colocar fardos sobre os ombros dos demais. O fardo de sua religiosidade sincera, é colocada apenas sobre si, por ele mesmo, com a maior voluntariedade possível. Um tremendo personagem, poderia escrever páginas sobre ele.

E, ao final, o filho bastardo, filho de Fiodr com uma mendiga. Nascido ao relento. Órfão de mãe e de pai. Entregue para ser criado junto aos servos da casa. Com um nome que representa "aquilo que fede", Smierdiakov é um amargurado silencioso. Que passa a vida aos pés do dono (seu pai), cozinhando e entretendo.  Observa os irmãos com uma vida melhor que a dele e amargura-se, cada dia mais, com tão triste realidade.

Toda a trama gira em torno desses personagens. Todo o climax gira em torno das escolhas deles.  E toda a tragédia se desenrola por serem Karamazov.

Dostoievski ensina, nesse livro que somos produto do meio, mas que a família nos faz herdar mais que apenas patrimônio, ele acerta em coro com a bíblia sagrada, que, "amaldiçoado serás, de geração em geração".

Não posso falar mais, para evitar spoillers, mas vale a leitura. Não é a obra prima de Dostoievski,  ainda acho Crime e Castigo imbatível, mas é muito bom.
Moninha 12/12/2023minha estante
?? incentivo


Alex 12/12/2023minha estante
Tentei ser positivo e não citei nada contra a obra, de propósito rsss.


Regis 12/12/2023minha estante
Adorei a resenha! ???


Josy 14/12/2023minha estante
Que resenha excelente, Alex! Estava com saudade das suas opiniões literárias.


Alex 14/12/2023minha estante
Obrigado, Josi. Foram meses complicados, a leitura ficou bem comprometida. Mas seguimos.




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