Os Irmãos  Karamázov

Os Irmãos Karamázov Fiódor Dostoiévski




Resenhas - Os Irmãos Karamázov


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Rosangela Max 13/07/2021

Nesta história, a genialidade do autor ficou mais evidente.
Para quem já leu uma história de Dostoiévski sabe da característica dele de apresentar em detalhes os personagens e de ficar chamando-os de outros nomes, no decorrer da história, só para confundir nossa cabeça. Aqui, não é diferente! Mas vale muito a pena passar por toda essa introdução (e ligeira confusão) porque a leitura que está por vir sempre compensa.
É genial como o autor conseguiu desenvolver todo um debate filosófico envolvendo Sociedade X Estado X Igreja, sem perder o fio da meada e sem se tornar repetitivo. E ele fez isso em cada uma das suas obras.
Quanto mais extensa for a história, mas isso fica evidente, como é o caso aqui dos ?Os Irmãos Karamázov?. Não é à toa que esta obra é considerada uma das mais Importantes do autor e da Literatura Clássica em geral.
Para quem quer ler um bom clássico russo e não tem receio de ler calhamaços, recomendo fortemente este livro.
Para finalizar, seria impossível não mencionar a edição da Editora 34. Eles realizaram um trabalho primoroso, não só com esta obra, mas com todas os clássicos publicados por eles.
No momento, é o que temos de melhor para este gênero.
raafaserra 14/07/2021minha estante
Qual livro você recomenda pra começar a ler Dostoiévski??


Rosangela Max 14/07/2021minha estante
Olá! Sugiro ?Noites Brancas?. É um livro curtinho e de escrita leve.


Francisco 14/07/2021minha estante
Esse livro é excelente mesmo. Considerei muito interessante as discussões de Aliócha e Ivan sobre religião e niilismo.


raafaserra 14/07/2021minha estante
Obrigadaa ??




Craotchky 23/01/2020

Provocações rasas sobre narrador(es)
AVISO: não trato aqui sequer de uma ínfima parte dos profundos elementos que constituem o livro. Em verdade, este texto se satisfaz tão somente em abordar apenas um elemento: o narrador.

UMA DIVAGAÇÃO TALVEZ INOPORTUNA
Ao longo dos anos sempre me incomodou ver o narrador Bentinho, em Dom Casmurro, ser alvo de tanta desconfiança por parte dos leitores. Aceito que Bentinho não deve ser acreditado completamente, que deve se ter um pé atrás com ele, mas acho que a desconfiança dos leitores é exagerada; talvez ele seja o narrador mais desacreditado da literatura! E qual é o principal (embora não único) motivo para tamanha desconfiança? A narração em primeira pessoa. Ora, quantos e quantos livros são narrados em primeira pessoa e mesmo assim não vemos o narrador ser colocado sob suspeita de tal forma extrema? Penso mesmo que a fama de Bentinho como narrador, tão conhecida, faça com que o(a) leitor(a) de Dom Casmurro já comece o livro condicionado(a) a ver em Bentinho alguém tendencioso (pra não dizer mentiroso). Assim, a partir deste primeiro e principal motivo, torna-se mais fácil achar no texto outros motivos (para muitos, argumentos) para o condenar. Cria-se, de fato, uma forte tendência ao viés de confirmação.

(O parágrafo/preâmbulo acima serve apenas para apontar a relevância que um narrador pode ter na literatura. Não há praticamente tangência entre ele e o resto do texto. Portanto, que fique claro: meu objetivo não será comparar narradores e defender que o narrador de Os irmãos Karamázov é tão suspeito quanto Bentinho.)

O NARRADOR DE OS IRMÃOS KARAMÁZOV
Ao terminar Os irmãos Karamázov, onde encontrei um narrador peculiar, fui até a página de resenhas do livro e, com a ajuda do ctrl+G, procurei o termo "narrador". Em quase 150 resenhas encontradas atualmente, o termo aparece não mais que 15 vezes. Fiquei surpreso com a pequena importância com que este aspecto do livro é tratado. Com isso, resolvi escrever este texto para refletir sobre essa questão, lançar provocações e quem sabe suscitar debates.

O narrador de Os irmãos Karamázov me chamou atenção por ser um tanto incomum. O narrador, logo no princípio, apresenta-se como biógrafo de Aliocha Karamázov e sugere ter certo apreço ao personagem ao declarar que este será o herói de sua história. Diante deste início podemos ao menos supor que o narrador pode não ser imparcial nos relatos sobre seu biografado? (Esta é apenas uma primeira observação e sinceramente acho que estou viajando quanto a ela. Prossigamos.)

Aparentemente o narrador é um habitante da região onde se passou a história narrada. Este narrador não participa ativamente das ações que constituem a história, apenas parece ter acompanhado os eventos como um observador distante, assim como os demais habitantes do lugar. Sua narrativa tem como matéria prima sobretudo o testemunho de sua própria memória (passível de falha?) e os relatos de terceiros (muitas vezes dúbios e/ou vagos) que chegaram ao seu conhecimento. Aqui talvez seja possível colocar a exatidão da narrativa sob suspeita. Vejamos abaixo um trecho do início do livro que demonstra certa incerteza quanto aos fatos ocorridos:

"Enquanto isso, a família de sua esposa soube que a infeliz tinha morrido de repente em um cortiço: de tifo, segundo alguns, ou de fome, segundo outros. Fiódor Pávlovitch estava ébrio quando lhe deram a notícia da morte de sua esposa; contam que ele correu para a rua e começou a gritar, alegremente, com os braços erguidos para o céu: 'Agora, Soberano Senhor, podes despedir em paz o teu servo'. Outros contam que ele chorava como uma criança e dava pena de vê-lo, apesar da rejeição que ele inspirava." (Primeiro capítulo do livro)

Além disso, embora o narrador utilize na maior parte do tempo a terceira pessoa no singular e adote um tom impessoal e praticamente de caráter onisciente, por vezes assume também a primeira pessoa no singular e plural. E embora não seja tão recorrente, de quando em vez emite sua opinião particular, expressa suas próprias reflexões acerca de eventos, além de falar com o leitor diretamente. Sem dúvida isso pode influenciar o(a) leitor(a) a interpretar desta ou daquela maneira (de forma geral o(a) leitor(a) tende a aceitar o viés do narrador). Chega mesmo a antecipar/insinuar que um grande acontecimento será narrado em breve. Na reta final, quando é narrado o julgamento, momento importante da obra, o narrador declara que só dirá aquilo que julga de maior importância e necessário para a compreensão do(a) leitor(a), deixando claro que omitirá partes dos discursos das testemunhas. Veja:

"Assim, não me queiram mal por contar apenas o que mais me impressionou, pessoalmente, assaltando toda a minha memória, dominando todas as minhas lembranças. Posso ter tomado o secundário por principal, posso ter omitido até mesmo os aspectos mais marcantes e indispensáveis..." (Primeira página do capítulo: O dia fatal)

Tudo isso indica a importância de se observar de perto o narrador, não ao nível de descrer de suas palavras, mas para levar em conta suas peculiaridades na hora de interpretar a história. De fato, o resultado aqui é um livro que desafia o(a) leitor(a) ao apresentar muitas interpretações possíveis. De qualquer forma, este narrador, assim como Bentinho (pobre Bentinho), nos sendo a única fonte da história, merece nossa confiança pois, do contrário, a leitura se torna quase impraticável.

Acho que já estou me perdendo, então chega. Fim.
Ari Phanie 23/01/2020minha estante
Massa. Gostei da tua resenha. Me pareceu intrigante tuas opiniões sobre o narrador.


Craotchky 23/01/2020minha estante
Obrigado, Ari!


Eder 25/01/2020minha estante
Não que eu discorde de você, mas é que Dom Casmurro (bem como Lolita) é um exemplo bom demais quando se trata de narrador em primeira pessoa. A forma como interpretamos e acreditamos, ou não, no que estamos lendo num livro assim, é parte enriquecedora da experiência de leitura. Preciso fazer uma anotação mental pra voltar a essa resenha quando eu ler essa obra. Um belo texto, Filipe. Abraço.


Craotchky 25/01/2020minha estante
Com certeza a possibilidade de múltiplas interpretações é um ponto positivo. Gosto quando o autor não entrega tudo de mão beijada. Meu ponto principal é que, como praticamente todo leitor que pega Dom Casmurro pra ler (Lolita também se enquadra aqui, como bem você colocou) já conhece de antemão essa questão do narrador não confiável, já ouviu falar disso muitas vezes, e penso que isso cria mesmo uma tendência ao viés de confirmação. Fica mais fácil ver ali elementos para corroborar esse viés. Porém, nada disso se aplica a Os irmãos Karamázov. Essa parte de Dom Casmurro foi meio aleatória. Talvez eu estivesse com isso preso e precisava colocar pra fora...hahahaha




César 09/05/2020

A culpa é novamente a matéria-prima de Dostoiévski em Irmãos Karamazov. E mais uma vez me deparo com um tratado sobre a mais elevada forma de purgar o mal praticado: a consciência. A aflição, o remorso e o estigma do crime são as mais elevadas e tenazes formas de aflição, superiores ao claustro e à ignonímia. É um livro denso e fatal e que nos traz não apenas uma história sobre irmãos mas antes de tudo a história de três filhos.
Neto 19/05/2020minha estante
ele tem uma leitura fluida?


César 19/05/2020minha estante
Neto, é uma leitura agradável. O vocabulário é simples e direto, com bons diálogos. As passagens mais complicadas são as introspectivas, com conjecturas e divagações dos personagens, mas são as mais envolventes justamente por sua densidade e entrega. No conjunto, apesar disso, lê-se fluidamente sim.


Neto 19/05/2020minha estante
fiquei com receio de ser truncado e pouco envolvente por esse aspecto, mas vou começar a ler logo então


César 19/05/2020minha estante
Boa leitura! Espero que goste.




Rodolfo.Barbosa 19/12/2022

Obra prima.
Drama familiar, teologia, sentimentos de culpa, filosofia, psicologia... Tudo isso é abordado nesse grande livro(literalmente, 912 pág).

Um romance muito bem encaixado, com personagens interessantes. Quem lê Dostoiévski, sabe que ele gosta de deixar o leitor em reflexão com suas estórias, nesse livro não foi diferente.


A narrativa é simples, apesar de ter partes que a narrativa é bem densa, o que torna uma leitura desafiadora em certas partes(Único defeito desse livro).

'Crime e castigo' continua sendo o meu favorito dele. Porém ainda tem muitos livros dele que eu ainda lerei, então posso mudar de opinião. ?
Elton.Oliveira 19/12/2022minha estante
Massa ... Dostoiévski vai se minha meta pro ano q vem ! Super curioso pra conhecer a escrita desse monstro !


Rodolfo.Barbosa 19/12/2022minha estante
Eu acho que tu vai gostar dele. Alguns livros dele, se a for a tradução direta do russo, pode ser um pouco densa algumas partes, mas não desista rsrrsr. Ele é um mestre. Viajo muito no que ele passa com suas obras.


Rodolfo.Barbosa 19/12/2022minha estante
Foda tbm são os nomes russos, cada um tem uns 5 nomes, e usam todos eles kkkkk. O leitor que lute kkkkk. Mas acostuma. Tu é leitor véi de guerra ?


Elton.Oliveira 19/12/2022minha estante
Eu já tô ligado nessas ondas de tradução... Vou procurar umas traduções bem avaliadas .... Russo é complicado e se o tradutor não ajudar emperra tudo ???




Vinícius 20/02/2024

O último livro do Grande Dostoievski
Os Irmãos Karamázov nos brinda com o último livro escrito deste grande autor, que para mim, é um dos melhores da história da literatura universal. A história dos irmãos: Dmítri, Alexei e Ivan com seu início peculiar, mostrando um pai ausente e que pouco se importava com sua família, a vida intensa de cada um se seus filhos que iam do sublime e religioso Aliocha (Alexei) ao suspeito de assassinato do próprio pai, Dmítri. Reviravoltas e intrigas, além de um julgamento final como só Dostoievski poderia pensar, faz do livro uma das obras primas do mestre ao lado de Crime e Castigo, que para mim, é sua obra prima. Para quem gosta de literatura Russa Dostoievski é leitura obrigatória. São 910 páginas na versão da Martin Claret e várias passagens são tão empolgantes, que não conseguimos parar de ler. Recomendo.
Rogéria Martins 20/02/2024minha estante
Boa resenha, Vinicius. Pretendo ler mais Dostoiévski, eventualmente chego neste título :)


Vinícius 23/02/2024minha estante
Vale a pena Dostoievski foi um dos grandes da literatura de todos os tempos. Poucos autores chegaram a expor de forma intensa o íntimo de seus personagens. Recomendo começar por Crime e Castigo se nunca leu nenhuma das obras. Depois, noites brancas, Um Jogador e Humilhados e Ofendidos é


Vinícius 23/02/2024minha estante
Um grande autor.


Rogéria Martins 26/02/2024minha estante
Obrigada pelas recomendações! Só li Memórias do Subsolo e estava mesmo procurando outros títulos dele. Ele é excelente mesmo!




@aprendilendo_ 06/02/2022

Resenha de "Os Irmãos Karamázov"
Publicado pela primeira vez em 1879, “Os Irmãos Karamázov” foi o último livro do grande escritor russo Fiódor Dostoiévski e é considerado, por muitos, sua obra-prima. Na trama, quando pai e filho, Fiódor e Dmtri, apaixonam-se pela mesma mulher, passamos a acompanhar a história da conturbada família dos Karamázov e como a vida de todos será eternamente abalada por um acontecimento irreparável. O grande elemento da narrativa, no entanto, que chamou a atenção das multidões e perpetua a história nos clássicos da literatura mundial, é a forma como os irmãos terão suas crenças e atitudes confrontadas entre si durante o desenrolar da história.

Em primeiro plano, com uma escrita envolvente e focada em extensos diálogos, típica das obras de Dostoiévski, a história começa com uma boa contextualização da vida e das personalidades dos membros da família protagonista. Nesse sentido, tal introdução é essencial para a estrutura do romance e seu bom desenvolvimento. Isso, pois, apesar da história ter uma ótima premissa, o verdadeiro foco narrativo é, justamente, o caráter dos indivíduos e suas crenças, as quais serão constantemente desafiadas pelos acontecimentos da trama. Assim, estabelecidas as personas, a obra tem o seu prosseguir recheado de cenas repletas de questionamentos existenciais, as quais, em sua essência, explorarão cada psique dos Karamázov com perfeita profundidade.

Por outro lado, apesar da história do livro em si estar claramente em segundo plano, tem-se uma trama com os tons certos de suspense e drama, os quais, escritos de forma ágil e irônica, tornam o livro surpreendente leve e divertido. Nesse contexto, mesmo com o tamanho da obra, a qual, dependendo da edição, chega a 1.250 páginas, o leitor só sente o peso da leitura em alguns momentos mais prolixos, os quais envolvem personagens secundários ou assuntos já encerrados. Isso tudo, claro, apenas auxilia na completude de Os Irmãos Karamázov, que acaba por entregar uma história incrível, repleta de personagens excêntricos, complexos e carismáticos.

“Os Irmãos Karamázov” é um livro espetacular, o qual se utiliza perfeitamente de seus protagonistas enquanto cria um dos melhores estudos de personagens da história da literatura.
Nota: 9,9
Instagram: @aprendilendo_

site: www.aprendilendo.com.br
almeidalewis 07/02/2022minha estante
??? resenha ?. Conheci esse livro por indicação de Charles colson ex acessor da casa Branca do ex presidente Richard Nixon ( envolvido no caso warteghate ) e gostei bastante isso há quase duas décadas atrás citado na sua obra E agora como viveremos ...


@aprendilendo_ 07/02/2022minha estante
Muito obrigado, amigo!!


Gabryely2 07/02/2022minha estante
Uau... que resenha maravilhosa


@aprendilendo_ 07/02/2022minha estante
Muito obrigado!!




Luiz Miranda 08/06/2019

Uma Sagrada Memória
O que ainda não foi falado sobre essa Catedral Literária? De teimoso dou meus pitacos: Irmãos Karamazov é magnífico, colossal. Freud o considerava o melhor dos romances; eu que não vou discutir com Freud...

Cabe um mundo nas mais de 800 páginas da obra: da premissa básica sobre 3 irmãos e seus conflitos com o pai, desvela-se uma arena de titânicos embates filosóficos e psicólogos, num nível que você jamais leu num romance.

...mas um livro escrito no século 19 deve trazer questionamentos ultrapassados e chatos... . Ledo engano, Irmãos é surra atrás de surra, e quando você acha que já acabou, Dostoiévski vai lá e humilha mais um pouco com uma batalha de tribunal capaz de levar ao suicídio os John Grisham da vida.

Narrado em 3ª pessoa (narrador observador) por um autoproclamado escritor, em muitos momentos o mesmo passa a bola pro personagem engatar gigantescos monólogos, como na antológica sequência que Ivan tenta explicar a Aliócha sua falta de fé. A densidade psicológica dos personagens, mesmo secundários, é algo único. Coisa de gênio e fim de papo.

É uma muralha. Não da pra ler rápido ou com pouca atenção, é daqueles livros que exigem a alma, até por isso está destinado a ser mais famoso que lido. Que assim seja, fazer o que? É o preço da obra-prima.
Lucas 08/06/2019minha estante
Assino embaixo, Israel. Eu tenho uma peculiaridade quanto a esse livro. É o meu favorito do Dostoiévski, mas acho Crime e Castigo melhor (ele é mais "redondo" eu diria, mas Os Irmãos Karamázov era para ter uma continuação, mas o autor pereceu antes). Mas é um livro espetacular pelas teorias de Ivan (principalmente no capítulo O Grande Inquisidor, que funciona como uma parábola bíblica) e pelo Livro VI, onde há a história do Monge Zózimo (na minha tradução é este o nome dele), permeada por muita bondade, espera e fé. Enfim, um livro sensacional do início ao fim.


Luiz Miranda 08/06/2019minha estante
São muitos os grandes momentos, O Grande Inquisidor é memorável, sem dúvida; belíssima também a pequena biografia do Monge. Logo logo encaro Crime e Castigo, Lucas, valeu.


Rodrigo1001 08/06/2019minha estante
Que bela resenha! Obrigado por compartilhar. O meu está aqui, no plástico ainda, aguardando a sua vez.


Luiz Miranda 08/06/2019minha estante
Obrigado, Rodrigo, estou sempre atento as suas resenhas.




Julia 01/04/2015

Não é uma resenha sobre este livro, apenas um comentário sobre os clássicos e as mulheres
Mergulhando na incrível complexidade e densidade de "Os Irmãos Karamázov", pela primeira vez atinei para o motivo que faz de um clássico um clássico. Os clássicos talvez sejam os fios condutores, a coluna vertebral escrita da alma humana que atravessa as eras mostrando no presente uma diversidade, profudidade, e sobretudo continuidade perene do sentido de humanidade.
Ao mesmo tempo que lia o romance, estudava teoria feminista para a pesquisa em que trabalho. Os personagens femininos do romance são profundos, não são acessórios (como muitas vezes acontece em romances que nem por isso deixam de ter excelente qualidade), mas configuram aquelas (importantes) figuras arquetípicas da mulher. Um ponto basal do feminismo é que esses arquétipos femininos existem, mas não definem o que são as mulheres de carne e osso, como indivíduos, assim como os arquétipos masculinos não constituem os homens reais.
Os clássicos escritos por homens, logo do (obviamente heterogêneo) ponto de vista masculino, são parte da alma das mulheres porque são parte da alma humana. Mas onde se encontram os clássicos escritos por mulheres, que também fazem parte da alma humana?
Não posso deixar de lembrar da passagem do livro "Persuasão", de Jane Austen, em que a personagem principal discute com um amigo sobre a natureza das mulheres. Ele argumenta que elas são irracionais, volúveis e dissimuladas, como é provado por séculos de literatura. A personagem rebate, com muita lógica, que os séculos de literatura não contam, pois foram escritos apenas por homens.
Não quero entrar na questão de que a educação das mulheres foi marginalizada ou mesmo impossibilitada, e sem entrar na questão maior ainda da marginalização de mulheres não brancas (e também homens). Atendo-se apenas à produção literária tradicional de mulheres que conseguiram se educar (o que assim praticamente exclui mulheres não brancas, ou "a irmã de Sheakspeare", narrada por Virginia Woolf, que jamais pôde se tornar poetisa por não ter sido educada), onde está ela?
Onde os clássicos escritos por mulheres? Claro que seu número, pelos motivos citados acima, seriam bem menores e que os escritos após meados do século XX têm uma voz muito mais forte, mas a já rara produção, ao longo dos séculos anteriores, foi marginalizada ou simplesmente esquecida, e assim a "história das mulheres", a história da humanidade pelo ponto de visa das mulheres, foi sendo perdida.
A leitura de "Os Irmãos Karamázov", que despertou meu interesse por obras desse porte, me fez ver o crime contra a história cultural da humanidade que é relegar algumas obras ao esquecimento por preconceito.
Julia 09/04/2015minha estante
E pra mim são 4 irmãos. Cada um representa um aspecto da consciência.


Priscilla.Reis 12/05/2015minha estante
Não gostei. Muitas estórias paralelas que não pertencem organicamente à trama. Por exemplo, o funeral do mestre Zozimov, aonde Aliocha estava triste e constrangido com o odor do cadáver de seu velho mestre e amigo.


Marc 05/06/2017minha estante
Não queria comprar briga, mas não posso me calar diante de um disparate desse nível. O que faz um clássico ser o que é não é a questão de imposição do macho-cristão-branco-direitista-heterossexual-e-o-que-mais-se-inventar-na-próxima-semana. O que faz um clássico é justamente trabalhar com questões que são universais (e elas existem, a despeito do que essa turminha acredita), que são capazes de atravessar períodos históricos com poucas ou nenhuma alteração. Se cada grande autor fosse questionado pela teoria do momento, Homero seria considerado um machista, afinal, Agamenon e Aquiles eram homens e as mulheres desempenham um papel muito menor em na Ilíada, por exemplo. No entanto, a não ser entre esse pessoal cheio de teorias e questionamentos, Homero é parte da nossa formação cultural e leitura indispensável. É claro que a igualdade de direitos entre os sexos faz sentido, mas dentro da especificidade de cada um. Não pode se tornar um valor para medir toda a história, uma vez que esses questionamentos não estavam presentes naquele tempo. E isso é muito simples de se ver: todos os grandes filósofos (independentemente de sexo) trabalham com questões levantadas desde o princípio, nunca com as questões da modinha. É segundo esse critério que se deve avaliar um clássico, não se ele respeita a questão negra, dos homossexuais, de gênero, etc. Leia "Radicais nas Universidades" de Roger Kimball (um autor conservador, mas eles não mordem e não vão derreter o seu cérebro) para ver o que significa esse tipo de "evolução" do saber.


Julia 09/07/2017minha estante
Marc, concordo em número, gênero e grau com tudo o que você falou. Mas acho que você não entendeu bem o que eu falei - eu não critiquei o Dostoiévski em momento algum, aliás eu me considerei ainda despreparada pra fazer um comentário pertinente sobre um livro dessa magnitude. Eu sei muito bem situar momento histórico e não julgo os pensadores de antigamente pelos padrões do que é atualmente politicamente correto. Como eu digo na resenha, está escrito lá, é que nós quase só temos hoje as obras dos gênios homens brancos bla bla bla, não porque eles fossem machistas racista e tal e tal, mas porque o nosso mundo é - de tal forma que as mulheres tiveram pouco acesso a desenvolver sua genialidade ou a escrever livros, e as obras delas, que foram muito mais que pensamos, são relegadas ou foram perdidas mesmo. É o mundo que é assim, não os gênios (se eles pessoalmente eram ou não, não importa face seu legado). Num mundo assim, ainda bem que eles existem! O que é fascinante nos clássicos é que tocam essas questões humanas universais através de um ponto de vista local. Não é incrível que um homem russo do século XIX despertou essa percepção numa mulher brasileira do século XXI? A pena é que nós não temos esses clássicos com as cores diferentes que as mulheres e as pessoas negras teriam dado (antes do século XX). É isso que estou falando. E escrevi isso na resenha desse livro porque foi ele que me fez despertar para o que é um clássico - não é só um bestseller das antiga. O que é um elogio ao gênio de Dostoiévski, de me fazer refletir tanto para questões que estavam além do livro, e não uma crítica ao conteúdo do livro ou a sua própria existência õ.ô




Aline Teodosio @leituras.da.aline 01/05/2017

Um livro que me fez refletir
Iniciei esse livro com uma grande expectativa, por se tratar da obra máxima de Dostoievski. De fato, senti-me bastante tocada e plenamente convencida de que não é possível continuar a mesma pessoa depois dessa leitura.
Apesar dos vários personagens secundários, muito bem construídos, o romance centra-se na família Karamázov; os irmãos Dmítri, Ivan e Aliocha, e seu pai Fiodor Karamázov. Dmítri, o primogênito e filho do primeiro casamento do patriarca da família, é impulsivo e emotivo, tido como uma ?alma selvagem?. Ivan, o segundo filho, erudito, culto e ateu. Aliocha, o caçula, sensível, conciliador e com espiritualidade elevada. E o pai, um libertino inveterado, que após as mortes de suas duas esposas, relegou totalmente a educação dos filhos, abandonando-os à sorte ou a terceiros. Diante desse conturbado panorama familiar, trava-se disputas por herança entre Fiodor e Dmítri, e mais adiante, a disputa pelo amor de Grúchenka, por quem ambos se apaixonaram. Em torno de toda essa trama, uma desgraça, um assassinato, um julgamento, tendo como principal suspeito e acusado, Dmítri Karamázov.
Boa parte do romance dá ênfase nesse julgamento, sobre quem realmente seria o autor do tal crime. Mas Dostoievski não seria Dostoievski se fosse SOMENTE isso. Cada, personagem é minuciosamente construído, sendo possível conhecer-lhe a alma de cada um deles, através do profundo mergulho em seus traços psicológicos muito bem delineados. Os Irmãos Karamázov é um livro sobre uma família desafortunada de amor entre pai e filhos, um livro sobre um inevitável crime, mas também é um livro que desnuda a alma humana, os anseios humanos, a perversidade, o amor, a piedade, a injustiça, a fé, o caráter (e a falta dele). Muito mais do que descobrir o autor de um crime, essa obra busca uma reflexão acerca das personalidades e atitudes humanas.
Paulo 01/05/2017minha estante
Que resenha maravilhosa Aline, parabéns!


Aline Teodosio @leituras.da.aline 01/05/2017minha estante
Obrigada, Paulo. Que bom que gostou. :)


TatiLedo 25/07/2017minha estante
Adorei sua resenha. Sintetizou tudo. Parabéns


Flávia 16/06/2021minha estante
tô relendo pra um projeto de leitura em familia que meu esposo (q voltou a ler) me inventou. tem livros q tenho medo de reler e perder o encanto. q ñ seja o caso...




Carolina.Gomes 23/07/2022

Forjados a partir do castigo
O título da resenha é o significado da palavra Karamázov: nome escolhido, pelo autor, para denominar a família mais complexa e incrível da literatura mundial.

?Os Karamázov tecem a própria desgraça? e o leitor se vê embrenhado nessa tessitura. Esse é um romance extremamente psicológico e com isso, quero dizer que, na primeira parte, o leitor vai acompanhar as reflexões filosóficas e questões existenciais dos personagens. Isso faz com que o ritmo seja lento.

É preciso ler com atenção e buscar se aprofundar, em textos complementares, para compreender os meandros do pensamento do narrador que omite propositadamente fatos e só entrega ao leitor o que lhe convém, no momento que lhe é oportuno.

Na segunda parte, o romance assume um ritmo de cunho policial, mas ele não vai descrever a cena do crime, tal qual fez em Crime e Castigo. O leitor tem que esperar? Essa condução foi absolutamente genial!

Há cortes intencionais, na narrativa, o que leva o leitor à loucura. Por vários momentos me vi entre a indignação, o embevecimento e entregue às gargalhadas. Chorei, ri, me indignei, me revoltei, briguei com Dostô e fiz as pazes com ele.

Ao final, fiquei muda, por um tempo? olhando pro nada, pensando: o que foi tudo isso q eu li?! Livro bom é aquele que cala nossa voz e reverbera na nossa alma!

Que privilégio conhecer essa obra magnânima! Quão gigante era Dostô! Esse é um legado para humanidade e eu me orgulho de ter lido.
Se puder influenciar outras pessoas a conhecerem a saga dos Karamázov, vou me sentir muito feliz.

Registro, aqui, a minha emoção e encantamento, apenas?Sem nenhuma pretensão de discorrer ou analisar esse espetáculo da literatura que dispensa recomendações e elogios.

Foi uma experiência INCRÍVEL!
Victoria 23/07/2022minha estante
Esse é o meu livro favorito da vida e sua resenha fez jus a tudo que eu penso a respeito dele!


Carolina.Gomes 23/07/2022minha estante
Que bom, Victoria! ?


Eliza.Beth 23/07/2022minha estante
Aplaudindo com as mãos e os pés!!!!!!!
IK é isso: sentimentos.
Um livro que fica conosco embora já tenhamos saído dele.


Carolina.Gomes 23/07/2022minha estante
Que bom q lemos juntas, Beth! ??




Natalie Lagedo 12/02/2016

"Quem é, pois, essa família Karamázov?"
Histórias que trazem questões relacionadas a crimes sempre agradaram-me bastante, mas somente após conhecer Dostoiévski percebi que esse tipo de enredo poderia enveredar tão fundo no desenvolvimento psicológico do delito e na forma como o caráter de cada personagem implica no resultado da trama. No entanto, resumir o autor a ser simplesmente um contador de romance policial é demasiado injusto.
Como bom russo que é, Dostoiévski mostra com esplendor toda a passionalidade e extremismo existentes nos seus compatriotas, traduzindo esses sentimentos na máxima "...em outra parte, tem-se Hamlet, nós não temos senão Karamázov!"
A obra é um debate constante sobre os valores morais e o papel desempenhado por Deus e pelas religiões nas escolhas e relações humanas: Aliócha, jovem cristão e de boa índole, fortemente influenciado pela figura do stariéts Zózima, que representa o ideal de alma cristã, com doação integral ao próximo; Ivan, representante do progressismo europeu vigente na época do escrito (e até hoje!), para o qual tudo é permitido; e, finalmente, Dimitri, de personalidade arrebatadora e apaixonada.
Um fato interessante, é que o escritor parece incomodado com a maneira das pessoas enxergarem umas as outras. Cita por diversas vezes a Bíblia e critica aqueles que a usam para justificar o próprio interesse. Chama atenção para a banalização dos problemas individuais e a preocupação excessiva com a generalidade, o que nos torna muitas vezes abstratos demais e fora do contexto da realidade. para isso, usa o processo criminal e a vítima/acusado como exemplo, chegando a afirmar que podemos amar a humanidade como um todo e odiar as pessoas em particular.
O escritor, aos apresentar os Karamázov, fez muito mais, nos deu um espelho para vermos o abismo do nosso caráter: "Quem é, pois, essa família Karamázov, que adquiriu de súbito tão triste celebridade? Talvez exagere, mas parece-me que ela resume certos traços fundamentais de nossa sociedade contemporânea, em estado microscópico, 'como uma gota de água resume o sol'".
Márcio_MX 12/02/2016minha estante
Que resenha! Adorei.
Depois que conhecemos Dostoiévski nossos parâmetros mudam totalmente.


Natalie Lagedo 12/02/2016minha estante
Obrigada, Márcio. É verdade, já não posso deixar de tê-lo em minha cabeceira.


Isa 26/08/2016minha estante
Vi ma




Valéria Cristina 13/01/2023

Atemporal
“Os Irmãos Karamázov” é uma obra-prima e muito já se escreveu a seu respeito. Aqui, deixo apenas as minhas percepções sobre esse clássico.

O último livro escrito por Fiódor Dostoiévski, conta a extraordinária história da família Karamázov: Fiódor, Dmitri, Ivan e Alexei. Ainda, de diversas personagens que contribuem para a trama.

Todas as personagens são extremamente complexas. Vemos um dissoluto Fiódor Karamázov, pai ausente dos três moços que percorrem o romance. Para além da dissolução, temos uma personagem avarenta, tomada pela luxúria e que não teve pejo em lesar os filhos emocionla e economicamente. Fiódor representa a antítese do pai ideal. Abandonado pela primeira mulher e, depois, viúvo da segunda, ele abandona os filhos ao cuidado de Grigóri, o empregado da casa, até que almas piedosas se incumbem da educação das crianças.

Dmitri, o mais velho dos irmãos, é violento e apaixonado. Tem um temperamento explosivo e inconsequente. Ivan, em algumas resenhas, é descrito como niilista, todavia, dotado de intelecto privilegiado, vemos sua luta com as crenças no final do romance. Alexei, Aliocha, descrito pelo narrador como o herói da narrativa, é realmente adorável e apaixonante. Com uma ética profunda, tendo frequentado o mosteiro, representa, na minha visão, a pureza na história.

As opiniões de Ivan e mestre Zózimo (monge) me remeteram à filosofia oriental, em especial a Voz do Silêncio (livro trazido à luz por Heleva Petróvina Blavatski). Ainda, percebi referências claras à Kant e seus imperativos categórico e hipotético, à filosofia socrática perpetuada por Platão, bem como à Bíblia.

Além dos irmãos, temos o invejoso e ressentido Smerdiakov, filho bastardo de Fiódor; Katerina, a noiva abandonada de Dmitri; e Grúchenka, seu grande amor e cuja paixão é o móvel do romance.

A história se passa da cidade imaginária de Skotoprigônieuski (em russo: cidade para onde o gado é levado). Destaco que essa informação aparece apenas na página 658 da edição da Martin Claret. Bem, nesse cenário acompanhamos a vida dessas personagens que envolve paixões, ciúmes, disputas, desconfianças e vinganças, temas desenvolvidos magistralmente.
Dostoiévski introduz os temas como pétalas de vão de abrindo até o ápice da narração quando um crime é cometido. Anterior a esse momento, há a disputa amorosa entre Dmitri (Mítia) e Fiódor pelo amor de Grúchenka que, por sua vez, desdenha de ambos; e, algum nível, entre Ivan e Mítia pelas atenções de Katerina. Os embates e os diálogos que compõem essa fase do romance são viscerais e levantam grandes questões existenciais.

A partir do crime, o romance toma a forma de uma extraordinária história policial. A investigação nos brinda, durante os interrogatórios, com jogos psicológicos intensos. Nesta fase vemos como Dostoiévski contrapõe a visão de testemunhas, promotores, advogados e acusado acerca do fato. O leitor, que conhece o que verdadeiramente aconteceu, pode se deliciar com os arrazoados da promotoria e da defesa. Todos perfeitamente possíveis.

O item IX, do Livro XI descortina a comicidade e a ironia do autor quando Ivan conversa com o diabo. Na minha visão, um dos melhores textos do livro. Disposto como um delírio, vemos o tema da fé, da liberdade de crença, da espiritualidade são neste tópico apresentados.

Dostoiévski – foi um escritor russo, considerado um dos maiores romancistas da literatura russa e um dos mais inovadores artistas de todos os tempos. É tido como o fundador do existencialismo, mais frequentemente por Notas do Subterrâneo, descrito por Walter Kaufmann como a "melhor proposta para existencialismo já escrita."

A obra dostoievskiana explora a autodestruição, a humilhação e o assassinato, além de analisar estados patológicos que levam ao suicídio, à loucura e ao homicídio: seus escritos são chamados por isso de "romances de ideias", pela retratação filosófica e atemporal dessas situações. O modernismo literário e várias escolas da teologia e psicologia foram influenciadas por suas ideias.

Alex64 24/02/2023minha estante
É livro cristão religioso??? Tipo que vai dar lição de moral pra pessoa se submeter ao cristianismo e religião? Só uma curiosidade


Valéria Cristina 24/02/2023minha estante
De jeito nenhum. É um clássico da literatura mundial.


Alex64 24/02/2023minha estante
Obrigado:)




LeomaxCOF 24/04/2021

Empatado como meu livro favorito.
O mais interessante desse livro é que a história, embora boa, seja a parte menos relevante no contexto geral. Cada personagem pode ser um próprio protagonista e mesmo num período longínquo eles são real. A parte que mais destacou para mim são os diálogos... Muitos desses são incríveis... dá para perceber a monomania de alguns personagens e o sofrimento de outros. O choque de ideias é real: o conflito familiar, o sacrifício da felicidade por se achar em dívida com alguém, os debates sobre espiritualidade, religião, moralidade, vida, assassinato, relacionamentos (embora essa questão mudou culturalmente).
Esse livro sempre será eterno, pois trata de questões da base psíquica do ser humano e não conheço nenhum outro autor literário que trate tão bem desses temas quanto ele.
Juliana 13/06/2021minha estante
Empatou com qual?


LeomaxCOF 14/06/2021minha estante
Entre ele e Don Quixote.


LeomaxCOF 14/06/2021minha estante
Entre ele e Dom Quixote.




Clio0 26/08/2023

Há duas coisas a manter-se em mente ao ler Os Irmãos Karamazov: a tragédia da vida em família e a busca incessante pela moral.

Dostoievski, ávido combatente do incipiente nihilismo, teve como proposta básica na maioria dos seus livros a evolução do Homem. Diferente de Nietzche, no entanto, o autor não julgava isso como um imperativo biológico-social, mas como uma luta incessante entre as novas ideias e o julgamento ético.

É justamente a trama parricida do trio de irmãos Dimitri, Ivan e Alexei que coloca em cheque os comportamentos individuais julgo decentes e a necessidade - ou não - da convenção para o bem social.

A metáfora entre a velha Rússia czarista e a nova revolucionária aparecem na disputa entre a paixão do Dimitri e o racionalismo de Ivan que ganha dimensões quase sobre-humanas na visão filosófica de Alexei - aquele que seria o julgador inocente que precisa medir a validade das novas ideias contra a tradição.

Tudo isso parece muito abstrato, mas na verdade o autor lança mão de acontecimentos comuns e sensacionalistas e aquilo que hoje se refere como conversa-de-botequim para coloror o texto e enriquecer a sensação de se estar vivendo o drama de uma pequena vila.

Críticos ainda discutem se essa é magnum opus de Dostoivesky, porém não há nenhuma dúvida sobre a sua complexidade.

Minha edição sofreu um pouco com o passar dos anos, já se foram quase trinta. As folhas estão um pouco amareladas e o material, feito com uma espécie de courvin parece umedecer com facildade.

Recomendo.
Yanne0 26/08/2023minha estante
Amo esse livro ??


Thamiris60 27/08/2023minha estante
Quero muito ler!


AndrAa58 31/08/2023minha estante
Um dos meus preferidos. Depois de ler sua resenha espero poder reler em breve ?




felipe.demattos.94 12/05/2022

O maior romance de todos os tempos?
Primeiramente, quem sou eu para avaliar este livro?
Apenas recomendam que leiam e após isso vejam a aula do professor José Monir Nasser sobre o livro.
E respondendo o título da resenha, SIM.
Ainda que gosto não se discuta este é um livro de outro nível, como poucos já escritos.
Leo 18/05/2022minha estante
Eita dica boa. Achei essa aula dividida em 3 partes no Spotify. Obrigado.


felipe.demattos.94 18/05/2022minha estante
Recomendo ouvir depois, porque tem spoiler. A qualidade do áudio é precária, mas o conteúdo é primoroso!


Leo 18/05/2022minha estante
De fato, o áudio está bem zoado. Mas já li o livro tbm e agora muitas coisas fizeram mais sentido. Ainda falta terminar a parte 3, mas gostei demais.




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