vidiana 18/01/2023
Oráculo, Profeta...Viu a frente de seu tempo.
"Não é sobre estar no mundo, é sobre o que você faz por ele. Todos deixamos algo para trás quando morremos: um filho, um livro, um quadro, um jardim, um par de sapatos... algo que você tenha genuinamente criado e tocado e, após partir, quando as pessoas olharem para sua pequena criação, possam te enxergar ainda viva ali."
Fahrenheit 451 me cativou pois, se eu não soubesse que foi escrito na década de 1950, poderia jurar que era um contemporâneo. Aqui, Ray Bradbury narra um futuro distópico que, lendo hoje em dia, facilmente poderia se passar no cenário da década de 2020 de tantas correlações presentes.
Criticando como o mundo se tornou de tamanha futilidade, onde ninguém mais pare para pensar, refletir, conversar e simpatizar com o mundo, onde tudo é um tremendo "pão com circo" em que as pessoas se divertem com violência (fictícia ou real) e debocham e fazem piadas com assuntos que deveriam ser sérios, um mundo em que o ideal é "jamais se sentir mal" e buscar constantemente por dopamina e serotonina temporárias, viver sempre no "190 km/h" pois na velocidade não há tempo para pensar e quando pensa, sentirá a dor e consequentemente, ficará mal; e isso deve-se evitar a todo custo.
Poderia escrever páginas relatando de como esse livro me tocou profundamente, com uma escrita um tanto poética (sério, TUDO era descrito através de metáforas, as vezes tinha de ler o mesmo parágrafo 10 vezes para ter certeza de que eu conseguisse captar ao absoluto o que o autor queria transmitir) me senti acolhida por este livro, acolhida com os personagens sedentos e curiosos sobre os mistérios do mundo os quais pude me identificar, acolhida também com todas suas frases que, só não chamo de "ensinamentos" pois são aprendizados que todos nós já estamos habituados e um tanto digo, "clichezados", porém como o próprio autor cita: "Não há nada de mágico nos livros, não, pelo contrário, eles apenas eram um relato do que já sabíamos, uma ferramenta para guardar tudo aquilo que receávamos perder, uma fotografia para relembrar o que havíamos vivido".
Só não dou 5 estrelas porque, apesar de ser bem desenvolvido na maior parte, senti que deixou algumas pontas soltas, em que muitas vezes ficava confusa com determinadas atitudes de personagens contraditórias a sua personalidade ou a trama (Mildred sendo astuta e inteligente em uma parte sendo que??? a bichinha é uma completa tola alienada), também admito que a visão do autor ao falar sobre minorias me deixou irritada, uma vez que ele mesmo não pertence à essas logo, jamais poderia as julgar pois não sabe o que é viver na pele o que elas vivem.