Cachorro Velho

Cachorro Velho Teresa Cárdenas




Resenhas - Cachorro Velho


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Bookster Pedro Pacifico 16/06/2021

Cachorro velho, de Tereza Cárdenas
Essa foi a primeira leitura do meu clube do livro, Bookster pelo Mundo, e é impressionante como a experiência de uma leitura coletiva enriquece muito, deixando as discussões e reflexões bem mais marcadas no leitor.

“Cachorro velho” é um romance que se passa durante o período de escravidão em Cuba, que foi o penúltimo pais da América Latina a abolir essa brutal forma de exploração, em 1886 (o Brasil foi o último). A autora, descendente de escravizados, constrói a narrativa a partir da historia de Cachorro Velho, um escravizado mais velho que sequer teve direito a um nome, passando a ser chamado da forma que o senhor de engenho escolheu.

"Não era dono de seus passos nem de seu caminho. Nem sequer lhe pertenciam os ossos que tremiam, de noite, sobre o catre."

Assim, nos deparamos com as poucas memórias de quem nunca teve direito a nada. Logo após seu nascimento, Cachorro Velho foi separado da sua mãe e criado por outros escravizados. É uma vida de quem aguarda a morte, na expectativa de que o sofrimento um dia possa terminar. Ao lado de sua história, conhecemos um pouco sobre outros escravizados, sendo as mulheres as personagens mais fortes e que se destacam, sobretudo a velha Beira.

E é quando Cachorro Velho está no fim da vida que essa rotina de espera muda repentinamente: Aisa, uma menina escravizada de 10 anos, busca a ajuda do personagem para conseguir sobreviver de uma fuga. A partir disso, será que é possível esperar coragem de alguém que vive uma vida de medo e falta de afetos?

A escrita de Tereza Cárdenas é fluida e tranquila, apesar do impacto dos temas por ela tratados. É impossível não se lembrar das historias de escravidão que estamos acostumados a ler no Brasil. Enfim, gostei demais dessa leitura e recomendo muito para quem quer se aventurar na literatura cubana.

Nota 9,5/10

site: http://instagram.com/book.ster
Ju Touguinha 06/01/2022minha estante
Eu amei esse livro! Você já leu "Cartas para a minha mãe", da Tereza Cárdenas, também?


Gisele539 24/03/2024minha estante
Prazer em ter lido com esse clube! Livro prazeroso e comovente!




Gilberto Alves 28/12/2020

Duro, triste, sensível..
Cachorro velho põe você na pele de um velho escravo, em Cuba.
O livro é bem curto e vc lê numa tacada só se quiser. Nem por isso ele é raso, ou entrega pouco. Pelo contrário, proporciona uma experiência muito sensível ao leitor.
É duro ver que a vida de um ser humano não vale nada, serve apenas para servir, e que nem sonhar lhe é permitido.
Apesar destes livros sempre tocarem fundo na ferida, trazerem sentimentos de tristeza, revolta, compaixão, etc., ainda assim são necessários para relembrar o quando a humanidade já errou, e infelizmente ainda contínua errando.
Pôr-se na pele do Cachorro Velho é realmente uma experiência necessária.
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Gustavo Kamenach 03/12/2023

A maior vergonha e o maior crime da humanidade
Dentre todas as atrocidades que a humanidade tem cometido desde que nos tornamos "racionais", a escravidão certamente está no topo das piores. E seus ecos ressoam até hoje no século XXI, através da discriminação racial, racismo estrutural, desigualdade social... enfim é uma mancha que estará lá para nos assombrar até quando deixarmos de caminhar nesse planeta.
O livro Cachorro Velho, escrito por uma autora cubana descendente de escravos nos escancara os horrores que os escravos sequestrados da África sofreram. Sobretudo o protagonista além de sua condição de escravizado é velho e sofre todas as consequências de torturas e castigos sejam do tempo, sejam dos feitores. Há partes que dilaceram o coração, emocionam profundamente e quando ao lermos ficções nos acalentam quando nos damos conta que é tudo de faz de conta... aqui não, aqui esse alívio nunca vem e peso da culpa e vergonha por esse episódio da raça humana invadem com uma força brutal.
Força essa que é necessária precisamos de nunca esquecermos de tanta maldade e sofrimento wue infringimos a nossos irmãos, a nossos semelhantes!
Embora contraditório, o livro tem passagens que dão alegria também como a descrição da natureza local, os costumes dos escravos. Cachorro Velho vive em todos nós!
edu basílio 03/12/2023minha estante
que resenha bacana. dá para sentir o quanto a leitura mexeu com você. e concordo: a escravização de outros seres humanos é uma marca vergonhosa na nossa história.


Gustavo Kamenach 03/12/2023minha estante
Sim Eduardo, foi uma leitura bem visceral, mexeu muito comigo...




Janaina Edwiges 19/05/2021

Vencedor do prêmio Casa de las Américas!
Cachorro Velho não temia o inferno: tinha vivido nele desde sempre. Através da vida de um escravizado de setenta anos, que nunca havia ultrapassado a cancela do engenho, a escritora cubana Teresa Cárdenas nos faz refletir sobre o inferno da escravidão. Ao longo do livro, vivenciamos a trajetória de perdas e tristezas de um homem que não sentia mais o seu coração, que, em suas próprias palavras, ao pousar a mão sobre o peito, pousava a mão sobre uma pedra. Um homem que já trabalhava desde o ventre de sua mãe e que não conhecia a liberdade.

Um pensamento vigente por muito tempo na Historiografia foi a ideia de que no sistema escravista havia muitos escravizados submissos e apenas um pequeno número de heróis, não havendo espaço para o meio termo. Hoje, sabe-se que esta ideia não corresponde à realidade e que a resistência dos escravizados foi muito mais intensa, em atos do dia a dia, de maneira individual e coletiva. Gostei muito deste livro por justamente transparecer e mostrar a resistência daquelas pessoas, seja através das sublevações, fugas individuais ou em grupos, formação de quilombos, ataques no próprio engenho e especialmente a resistência que se manifesta na manutenção das tradições, dos hábitos, das crenças e da religiosidade dos ancestrais africanos.
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Cristiane 19/04/2021

Cachorro Velho
Este livro é uma obra de arte, suas poucas páginas não traduzem a beleza e a poesia contidas neles. Apesar de narrar os horrores da escravidão, o livro é belíssimo. Cachorro Velho nasceu Eusébio. Após o parto foi separado de sua mãe e criado pelas velhas escravos. O fato de cheirar as mulheres em busca da mãe, fez com que o dono do Engenho onde nasceu e viveu lhe desse esta alcunha. Seu corpo e sua memória falham, já não serve para nada na ótica cruel da escravidão. Mas decide ajudar sua amiga misteriosa e seus companheiros de infortúnio a fugirem. Teresa Cárdenas é a primeira escritora cubana que tenho prazer de ler.
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Aline Teodosio @leituras.da.aline 10/01/2021

Viver apenas para servir. Trabalhar até a exaustão, sem recompensas, sem dignidade, sem direito a um nome sequer. Ele foi desde sempre Cachorro Velho.

Essa narrativa curtíssima é contada pela perspectiva desse escravo ancião, que já não tem mais forças para o serviço braçal e agora é designado à função de porteiro. Nela, mergulhamos em suas memórias mais profundas e doloridas. E não há nada de belo na escravidão. Só dor, mazelas e revolta.

Sim, o livro é curtíssimo, pode até ser lido de uma vez só. Mas eu não consegui. Precisei de fôlego para me recompor. Precisei de ar para respirar. Senti vergonha de uma parte da humanidade. Senti asco dos donos do poder. Senti náusea pelas atrocidades e pelas humilhações a que todas as pessoas escravizadas um dia foram submetidas. Sinto revolta que mesmo hoje, com todas essas páginas manchadas de sangue, o racismo ainda seja tão forte.

Às vezes, assim como Cachorro Velho, eu procuro a esperança e ela me parece tão, mas tão distante... Todavia, sei (assim como ele) que não devo deixar de persegui-la. Um dia a gente se esbarra. Há o tempo de se resignar, o da apatia, o da empatia, o de acreditar e o de lutar.

"Olhou para o céu e viu cair uma estrela. Não pediu nada. Nunca havia pedido nada que não tivesse ao alcance de suas mãos."

Triste, sofrido, real. Esse é o retrato de uma época perversa. Destroçou meu coração. Estou em prantos...
Luly @projetocabeceira 10/01/2021minha estante
Me deixou com vontade de ler. Teresa é cubana? Brasileira?


Aline Teodosio @leituras.da.aline 10/01/2021minha estante
Cubana. Escrita maravilhosa, fluida e sensível. Gostei muito.




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Monico 31/03/2021

Sensível e estarrecedor
Ambientado em uma Cuba escravocrata do século XIX, "Cachorro Velho" narra trechos da vida do escravo homônimo. Cuba utilizou da mão de obra escrava africana por mais de 330 anos, sendo o seu boom produtivo do açúcar graças a exploração de mão de obra africana, que possuía uma altíssima taxa de mortalidade e subsistia em condições precárias e insalubres de moradia.

Escravizado desde o seu nascimento, Cachorro Velho não recorda nem seu próprio nome original. Perdeu sua mãe logo após seu nascimento e foi forçado a dedicar sua vida, seu trabalho, seu corpo e sua mente ao seu senhor.

"Ele era um escravo, e não um homem que pudesse caminhar por onde lhe desse na telha. Não era dono de seus passos nem de seu caminho. Nem sequer lhe pertenciam os ossos que tremiam, de noite, sobre o catre."

Senhor, aquele que decidia se eles deveriam viver ou não, quando deveriam constituir suas famílias, para logo então escravizar seus filhos ou "[...] estes seriam vendidos como cestas de frutas".

Agora já idoso,  "taita" é porteiro da propriedade, vive seus dias a passar pela cabana da velha Beira e tomar seu café da montanha, desejando a morte, ou ainda um lugar muito ao longe de todo o sofrimento. Desconhece o amor, a felicidade e o carinho, mas reconhece e sente sempre o medo, o sofrimento e a injustiça.

Esse ciclo vicioso de sua vida é interrompido bruscamente quando Beira pede para que ele ajude Aísa, uma menina escrava de 10 anos, a fugir. Logo, a rotina resignada que vivia é perturbada e suas motivações para encontrar o que seria a vida, um mundo sem o homem branco, são testadas.

Sensível, chocante e estarrecedor, Cachorro Velho é como Teresa Cárdenas descreve suas narrativas, uma história que ninguém conta. Como um escravizado reage aos sentimentos que hoje tomamos por naturais e intrínsecos ao ser humano. Uma população que compunha 1/3 da população total era obrigada a ser subserviente ao homem branco. Logo, sofrimento não abre espaço ao amor e ao afeto, mas sim ao desejos mais funestos.

"Agora, se pudesse escolher, preferia que seu momento de fechar os olhos fosse tranquilo, sossegado, calmo. Preferiria que nem o feitor nem os senhores da Terra ou do Céu estivessem por perto. Só assim poderia morrer em paz."
Camila 31/03/2021minha estante
Oi! Fiquei com vontade de ler :) Se passa na época de Cuba colonial ainda?




Gabi Sagaz 27/06/2021

A dor da escravidão
Algumas histórias devem ser contadas e recontadas. A história de Cachorro Velho é triste e cheia de amargura. Ele nasceu escravo em uma fazenda de açúcar e nunca saiu da fazenda. A vida, as perdas, a objetificação do seu ser e dos outros escravizados fazem parte da narrativa central da história. Cachorro velho envelhece, sua mente e memória tbem. Acredita ter perdido o coração durante sua vida mas no fim dela percebe que não, que em algum lugar lá dentro ele batia e sempre bateu. Não era uma coisa, era um ser pois tinha um coração.
Leitura rápida, curta e uma pena que chega ao fim.
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Peter.Molina 16/11/2023

A dor da escravidão
Esse pequeno livro conta a história de Cachorro Velho ,um escravo de mais de setenta anos, que nasceu dentro da senzala e vivenciou toda uma série de sofrimentos e angústias de uma vida passada na escravidão. A narrativa é forte, a linguagem chega a angustiar e a emocionar, e o final é extremamente belo,tocante e de arrepiar. Excelente livro!
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Layla.Ribeiro 13/11/2022

Desafio literário 2022- autoria negra
Neste livro acompanhamos e conhecemos um pouco sobre Cachorro Velho, um idoso escravizado que vive na atual Cuba e que nunca soube o seu verdadeiro nome, sendo chamado a vida toda por essa alcunha posta por ?seu senhor?. Cárdenas traz uma abordagem diferente em sua obra por o protagonista ser um idoso, que para os senhores e demais não era útil, um estorvo, reduzindo-o a um objeto com prazo de validade vencida tornando até mesmo sua própria existência longa questionável por não ter mais expectativa nenhuma. Mesmo passando em um país distante do nosso, esta estória tem muitas familiaridade com a nossa história por tratar de um tema cruel que esteve na História da América. É um livro curto e fluído, acredito que se não fosse os intervalos que dava a leitura por conta da falta de tempo, eu aproveitaria muito mais da estória. Não conhecia Cárdenas até então e depois desta leitura quero muito ler mais obras dela.
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jessyhehe 25/01/2020

:)
Livro curto mas extremamente marcante, sensível, triste e profundo. Narra a história de um escravo idoso , sua vivência, seu passado e o medo de ver o futuro. Quem gosta de ler livros sobre essa temática , recomendo muito essa leitura.
Sofi 08/02/2020minha estante
Como faço pra ler o livro


Sofi 08/02/2020minha estante
?




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Eduarda 16/03/2021

Uau
Confesso que não tinha grande expectativa com o livro e me surpreendi muito.

Leitura única. Intensa. Forte. Grandiosa.

Tão doloroso quanto bonito!
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