A Bolsa e a Vida

A Bolsa e a Vida Jacques Le Goff




Resenhas - A Bolsa e a Vida


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Lemos19 02/04/2024

Le Goff
Impressionante como tudo o que esse cara escreve é bom. Minha mente fazia as ligações e era um misto de sensações entre ficar p*ta com a Igreja e me sentir livre de amarras milenares.
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Estrangeiro 15/02/2024

O livro trata da questão da usura e a condenação da igreja católica no século XII e XIII. Nesse período o impresti.o de dinheiro era um pecado mortal como punição o inferno.
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Luiz Pereira Júnior 28/10/2023

Como tornar um pecado aceitável...
Para os leitores leigos (assim como eu) e para aqueles que buscam informações rápidas e básicas, escrevo essa pequena resenha. Para quem busca maiores profundidades, é só ler as outras resenhas disponíveis no site.

Jacques Le Goff, um dos maiores especialistas em história medieval de todos os tempos, trata da usura (a cobrança de juros, em poucas palavras) em seu curto, porém muito bem embasado, “A bolsa e a vida”. Fazendo uso de farta documentação de cunho basicamente religioso (católico), o autor mostra ao leitor como a usura foi necessária para o surgimento da economia como nós a conhecemos hoje. Ao mesmo tempo, relata a modificação da ideologia que condenava a usura e que, pouco a pouco, buscou meios de justificá-la e aceitá-la.

Em resumo: um livro para os amantes do medievalismo lerem em dois ou três dias, sem maiores voos tecnicistas. Mal comparando, um riacho estreito, porém bastante profundo...
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Gualter 21/07/2023

Os primórdios do capitalismo e o imaginário teológico.
O texto busca explicar como as transformações sociais que ocorreram entre o século XI e XIII se relacionam com a doutrina de igreja católica. Legoff escreve:
"A usura é um dos grandes problemas do século XIII. Nessa época, a Cristandade, no ápice da vigorosa expansão que ela perseguiu desde o ano 1000, gloriosa, já se encontra em perigo. O crescimento e a difusão da economia monetária ameaçam os velhos valores cristãos. Um novo sistema econômico está prestes a se formar, o capitalismo, que para se pôr em movimento necessita senão de novas técnicas, pelo menos do uso maciço de práticas condenadas desde sempre pela Igreja." (LEGOFF, 2022, p. 7-8)
A usura é condenada no texto bíblico, nos escritores cristãos antigos e mesmo no escritos medievais, como em São Thomas de Aquino, mas o surgimento da doutrina do purgatório muda a sorte destes homens, permitindo que eles tenham a bolsa e a vida:
"Uma andorinha não faz o verão. Um usurário no purgatório não faz o capitalismo. Mas um sistema econômico só substitui um outro no final de uma longa corrida de obstáculos de todos os tipos. A história são os homens. Os iniciadores do capitalismo são os usurários, mercadores do futuro, mercadores do tempo que, desde o século XV, Léon Battista Alberti definirá como dinheiro. Esses homens são cristãos. O que os retêm no limiar do capitalismo não são as consequências terrenas das condenações da usura pela Igreja, é o medo, o medo angustiante do inferno. Em uma sociedade em que toda consciência é uma consciência religiosa, os obstáculos são primeiramente ? ou finalmente ? religiosos. A esperança de escapar do inferno graças ao purgatório permite ao usurário fazer com que a economia e a sociedade do século XIII avancem em direção ao capitalismo." (LEGOFF, 2022, p. 94-95)
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Jhoe 04/03/2023

Usura: Pecado Mortal
Le Goff, um cânone na historiografia recente sobre a medievalidade nos dá um ensejo do que foram as contradições religiosas e temporais entre o ano 1000 e o século XIII. Privilegia um objeto que por sí já responde sobre a estrutura economica e cultural da época. A usura, como atesta o autor, conseguiu ser ao mesmo tempo adjunto a prostituição, jograis e outras atividades a mola mestra para que o poder religioso gesta-se uma série de medidas condenatórias a tais práticas.

A Usura se distanciou ainda mais das outras pelo fato de que, segundo o autor, praticar usura na medievalidade era ''brincar, manipular'' se ''arrogar'' de uma propriedade que só pertencia a Deus, o tempo. O tempo é para as pessoas durante a medievalidade o que separa-os do fim da vida e o Paraíso de cristo, renascidos na eternidade. Portanto, o usurário, praticador de usura blasfemava contra Deus em primeiro lugar, e ainda, errava sob os olhos do poder temporal, uma vez que, julgava-se inapropriado a tomada de bens móveis ou imóveis do seu irmão simplesmente dando acréscimos a serem pagos junto ao que foi emprestado.

Lembremos ainda, a consciência medieval era permeada em todas as instancias pelo medo e pelos mecanismos de controle da Igreja. Logo, é feeling para sentirmos junto com a leitura e vermos que o medo, o controle, a usura e sua condenação foram para o autor as molas cortadas daquilo que já apontava como princípio capitalista. Le Goff usando as exemplas, histórias de natureza popular folclórica evidencia a negação que existia em referencia a usura, por outro lado, não deixa de atestar que essa prática já era uma alteração na estrutura econômica, um principio que mais tarde veríamos se desenvolver no Ocidente.
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Rodrigues 06/12/2013

A bolsa e a vida
Trecho da resenha, publicada no meu blog cujo link acompanha a postagem:

"Usura. Esta é a palavra que será repetida uma infinidade de vezes durante o decorrer desta obra sendo o tema central deste livro de Jacques Le Goff. Confesso que soa um tanto hipócrita que na apresentação do blog eu tenha falando sobre a facilidade de se procurar material de Le Goff, Foucault e outros por serem conhecidos e agora estar postando dois livros deste autor em sequência. No entanto, são livros baratos, relativamente fáceis de se encontrar e possuem um conteúdo muito rico para a compreensão da cultura medieval e sua sociedade como um todo, novamente salientando a impossibilidade de o fazer sem envolver a religião, mais precisamente o cristianismo – sob a forma da Igreja Católica Apostólica Romana.

Para iniciar a resenha, creio que seja necessário primeiro elucidar o significado da palavra usura, que caiu em desuso com o passar do tempo. Usura é o ato de se emprestar dinheiro e obter lucro em cima dos juros decorrentes do tempo. Em outras palavras, empréstimo, geralmente sob altos juros.

A principal problemática do livro gira em torno da condenação ferrenha do cristianismo à pratica da usura. Segundo os católicos, o usurário era a pior espécie de ser humano. Enquanto ladrões roubavam bens e objetos, o usurário roubava Deus. Ora, se o usurário empresta o dinheiro e recebe o lucro em cima do tempo, sendo Deus o único dono e senhor do tempo, logo o usurário está roubando a Deus. O problema é que essa condenação exagerada do usurário começou a se tornar inconveniente quando aos poucos o sistema capitalista começou a dar mostras de nascimento. Então, convenientemente, criou-se a idéia de que um usurário, caso devolvesse o lucro ilícito proveniente da usura antes da morte, poderia encontrar a salvação – esta provavelmente pelo purgatório. Como em um determinado trecho é explicitado: “O purgatório, decididamente, não é mais do que uma oportunidade que o cristianismo dá ao usurário no século XIII, mas só o purgatório lhe assegura o paraíso sem restrição.”

Mais no blog Leitura ObrigaHISTÓRIA

site: http://leituraobrigahistoria.blogspot.com.br/2009/06/jacques-le-goff-bolsa-e-vida.html
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Rodrigo 16/01/2010

O usurário: entre o céu e o inferno, o purgatório
Neste livro, Jacques Le Goff mostra ao leitor como foi a usura na Idade Média, como era vista pela população e, principalmente, pelo clero, que era “quem” decidia quem iria para o céu ou para o inferno.
Le Goff acerta muito bem na colocação do título deste livro, pois, de certa forma, resume a idéia principal do livro, a Bolsa simbolizando o dinheiro ilícito, o dinheiro adquirido na usura, e a Vida simbolizando a redenção, a salvação, a vida eterna.

Mas ia vendo
uma bolsa a seus peitos bem segura,
cores mostrando e insígnias juntamente,
cuja vista, parece, os transfigura. [não grifado no original]
(Dante citado por Le Goff, p. 35)

A usura foi considerada pecado na Idade Média, devido principalmente a dois fatores: era considerado roubo, de acordo com a Bíblia, que era um dos guias da população na época, e outro fator, mais importante, é o fato de o usurário ser considerado um “ladrão de tempo”, esse tempo seria o tempo entre o dia do empréstimo e o do pagamento, quando o usurário acrescentaria juros ao que emprestou, e nesse tempo que se passou, o usurário ganharia dinheiro sem nada fazer. Sendo o tempo algo divino, “grátis”, estaria o usurário roubando de Deus e vendendo este tempo a seus “clientes”.
Estes dois fatores estão sustentados sobre o juro, ou melhor, sobre o juro em excesso, já que os juros eram permitidos, porém, o excesso de juros caracterizava a usura. Nas palavras do próprio Le Goff, a “usura e juro são duas coisas diferentes, e a igreja nunca condenou todas as formas de juro” (p. 70).
Sendo o usurário um pecador, o único lugar para onde vai depois de morrer é o inferno. Mas havia uma maneira de “escapar” do inferno, que seria se confessando, arrependendo-se, e devolvendo tudo que “usurou”. Posteriormente, com a “criação” do purgatório, havia a possibilidade de outra pessoa se redimir no lugar do usurário, devolvendo tudo. Poderia ser por vontade própria ou o usurário poderia deixar alguém encarregado de devolver os bens.
Com o passar dos tempos, a situação do usurário com relação a céu x inferno veio abrandando. O usurário tinha mais chances de ir para o céu, indo para o purgatório, onde se “limparia” de seus pecados, caso se arrependesse, antes de morrer. Dificilmente o usurário iria para o inferno, segundo a igreja católica.
É importante ressaltar que o autor fala da usura como um impulso inicial do capitalismo, e de como um obstáculo ideológico (a concepção de usura como pecado) pode “atrasar” toda uma sociedade, pois só com o passar do tempo, com a Igreja começando a tolerar o usurário, é que o capitalismo começa a se desenvolver mais rapidamente.
O trunfo de Jacques Le Goff é o de tratar da usura na Idade Média de uma forma simples e direta. Le Goff utiliza principalmente dois tipos de documentos neste livro, os exempla e as summas, os manuais dos confessores. Os exempla constituíam de narrativas a que os pregadores recorriam em seus sermões, contando histórias fictícias, para advertir aos ouvintes, e nas summas, os confessores listavam pecados que lhes eram confessados, e relacionavam a penitência relativa a cada pecado. A maciça utilização dos exempla torna a leitura ainda mais agradável do que já o é. Qualquer pessoa que tenha interesse pela Idade Média conseguirá ler o livro e entender a idéia principal sem maiores dificuldades, pois não é necessário ser um acadêmico ou um profissional da área de História para entendê-lo.
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