Flávia 29/12/2020O amor cura tudoWarm Bodies, traduzida no Brasil pela editora Leya com o nome de Sangue Quente, é uma obra de Isaac Marion publicada originalmente em 14 de outubro de 2010 pela Atria Books. É o primeiro volume de uma trilogia e conta com mais dois livros prequel entre cada publicação oficial.
A história se passa em um futuro distópico pós-apocalíptico onde os humanos estão cada vez mais escassos e quem domina o mundo são os mortos-vivos. É narrada em primeira pessoa pelo zumbi R e conta com uma subdivisão de três arcos em duzentas e cinquenta e seis páginas. A diagramação do livro foi feita para que cada capítulo tenha uma parte do corpo desenhada como substituto dos números e nomes.
Como dito anteriormente, R é um zumbi que não faz ideia de seu nome real e só se lembra da primeira letra dele. Vive em um 747, em um aeroporto que foi tomado pelos mortos-vivos e a todo o momento o nosso protagonista nos dá a entender que ele está em uma crise existencial. Também pudera: ele é um zumbi. Tem uma amizade divertida e pouco comunicativa com outro zumbi chamado M e as vezes até conseguem trocar poucas palavras entre si.
Certo dia, tomado pela fome voraz, R convoca um pequeno grupo de errantes e parte em busca de comida e é lá que ele encontra Julie e sua equipe, que procuram suprimentos para a cidade estádio onde moram (um dos poucos refúgios humanos que restou).
É nesse momento que a vida de Julie e R se conectam, após o zumbi devorar o cérebro de um dos jovens daquele grupo. A partir daí, R sente a estranha necessidade de manter a garota segura e para conseguir tal feito, a leva consigo para o aeroporto como uma nova aquisição do grupo.
O problema é que essa conexão estranha acaba desencadeando uma mudança grande não somente em R, mas também em todos os outros zumbis.
Sangue quente é uma obra que tem como premissa explícita que o amor cura tudo. E embora muita gente não goste do livro (principalmente os fãs ávidos do terror zumbi), é uma história que nos faz refletir sobre a sociedade e em como estamos sendo "zumbis" em nosso próprio tempo.
Somos apresentados a uma ótica diferente, a partir da perspectiva de um ser visto antes como apenas um faminto matador, morto e sangue frio. R nos leva a refletir sobre a nossa própria identidade, solidão interna mesmo que rodeados de pessoas, sobre a grandeza de nossos sentimentos e sobre enxergar a beleza nas pequenas coisas.
É uma leitura de entretenimento que contém alguns poucos furos na trama (isso não podemos negar), mas que é bastante fluida e — com certeza— vale ser feita em uma tarde preguiçosa, acompanhada de uma boa xícara de café fresco.