Mournet 15/04/2024
Queridos e Gentis Leitores,
Não sou Lady Whistledown, mas com certeza: simpatizei mais com ela e pasme, ela sequer possui tamanha relevância.
Se eu não tivesse assistido à série antes de ler os livros, eu teria o abandonado na metade - eu com certeza estaria amaciando minhas palavras: eu teria o abandonado antes.
Penso que há diferença entre a ingenuidade inocente e a falta de maturidade. Na série, Daphne é uma mulher e age como uma, apesar de ser ingênua nas questões matrimoniais, mas isso com certeza não é culpa dela que foi moldada à perfeição de passar uma imagem de mulher imaculada. No livro, porém, eu tive a sensação de lidar com uma adolescente - para não dizer criança. O livro é curto e direto. Julia Quinn disse que ela tem uma queda por este nas notas, e eu a pergunto: ela enlouqueceu, certo? Tenho a impressão que ela disse isso sobre pressão, afinal o livro parece levemente amador, com acontecimentos corridos e sem desenvolvimento, eles apenas acontecem. Por fluidez? Não, com certeza não.
Senti falta do desenvolvimento de Daphne, e confesso que apenas terminei de ler o livro para conseguir compreender os acontecimentos dos próximos e o próprio universo. Daphne é teimosa - no péssimo sentido da palavra, sequer tem o charme -, Simon passou anos com um trauma que o assombra desde criança, e mesmo tendo dito seu veredito final diversas vezes, Daphne contraria as palavras do marido sem entender o que o levou a fazer aquilo (e não, ninguém me convence que aquelas falas são ela compreendendo os sentimentos de Simon, sem mencionar o ’acontecimento’). É como se Julia Quinn se tornasse o temido roteirista de obras que usam do ‘o amor cura tudo’, mas neste livro, apenas joga o ferimento debaixo do tapete. Simon era interessante no início, e apesar de ter tido empatia por ele durante o livro, sinto que Julia Quinn “escorregou a mão” quando fez ele mudar de ideia magicamente apenas para aceitar o capricho de Daphne.
Já a questão da escrita, achei leviana, mas critico Julia Quinn pois com certeza ela faltou com a naturalidade nesses livros. Os personagens pareciam apenas peões recebendo uma ordem de atuar daquela forma, mas faltou mostrar o motivo, a razão dos atos deles. Durante as cenas de intimidade tão esperadas pelos leitores, eu as li como se os personagens estivessem em um café de Londres no período de movimento conversando sobre cavalos. Foi péssimo, seco e sem sentimentos.
Espero que os próximos livros tenham um amadurecimento na escrita e na forma de lidar com os personagens. Irei levar ‘O Duque e Eu’ como uma partida, o início, e irei considerar o amor de Julia Quinn por ele apenas o sentimento de gratidão por ser o livro que iniciou tudo. Pois se ela realmente o tem como favorito escrito, sinto dizer: que decepção. Se tem algo que aprendi com este livro? Com certeza é como não escrever personagens.