Gabriel.Maia 13/07/2022
Depois de Asimov acertar a mão em um romance eu não duvido de mais nada nesse mundo...
Prelúdio à fundação conta a história de Hari Seldon nos anos que antecederam a criação da tão famosa psico-história, uma ciência que tem o potencial de "prever o futuro" por meio de estatísticas e comportamento de massas, e narra as dificuldades que Seldon teve para tornar a psico-história uma ciência possível e viável, visitando algumas áreas do planeta Trantor, a capital do império, enquanto é caçado pelo imperador na tentativa de usar a psico-história como ferramenta política.
Esse livro faz parte da saga Fundação (7 livros no total) e foi lançado após a trilogia original (Fundação, Fundação e império e Segunda fundação), com os acontecimentos narrados se passando antes do primeiro livro da trilogia original, o que nos dá uma ótima noção de como Seldon, que é uma figura quase mitológica para quem leu apenas a trilogia, criou as bases da psico-história, uma ciência tão complexa e tão importante nesse universo.
Esse livro também é o responsável por fazer a ligação definitiva entre a saga dos robôs e a fundação, e enche os olhos do leitor a cada referência à Terra, ao planeta Aurora ou aos robôs presentes na obra irmã. Por esse motivo eu recomendo que antes de ler esse livro você leia a saga dos robôs (Cavernas de aço, O sol desvelado, Os robôs da alvorada e Os robôs e o império), pois além de ser uma saga fantástica e muito fácil de ler se você já gosta de Asimov, ela vai te dar o contexto de como era o mundo antes do Império Galáctico e vai te deixar até arrepiado com todas as referências colocadas com maestria durante o livro.
A ambientação de Trantor é um ponto que eu tinha curiosidade de explorar desde que li o primeiro livro da trilogia original da fundação, e nesse livro o autor nos mostra com detalhes alguns dos 800 setores desse planeta, nos apresentando suas diferentes culturas, ambientações e sociedades, e apesar de Asimov não ser o autor mais descritivo que eu já li na minha vida, nesse livro ele faz um trabalho bem satisfatório na questão de descrição de cenários.
Outro ponto que me impressionou muito nesse livro foi o fato de Asimov acertar em um romance. A relação entre Seldon e Dors é muito boa desde o primeiro contato, com um sempre jogando indiretas pro outro, e isso acaba criando uma vontade no leitor de que os dois fiquem juntos no final. Vivi pra ver Asimov acertar em um romance e estou muito satisfeito.
Os personagens também são um ponto a ser destacado: desde o misterioso e influente Chetter Hummin até o corajoso e esperto Raych, todos os personagens são muito bem construídos e a relação deles com Seldon é muito bem explorada. Dou destaque mais uma vez para Dors Venabili que se tornou minha personagem preferida do autor entre todas que já acompanhei, e não foram poucas.
Enfim, esse é um livro incrível por si só, com uma história fantástica e intrigante e que fica ainda melhor com o contexto da trilogia da fundação e da saga dos robôs, e meu único arrependimento foi ter esperado tanto tempo após acabar a saga dos robôs para começar esse, pois o último livro da saga (Os robôs e o império) é bem chatinho e eu acabei me esquecendo de boa parte dos acontecimentos do final dele, e tive que procurar alguns resumos pra poder recuperar minhas memórias e tirar o máximo de proveito desse livro. É uma história bem diferente da trilogia original da fundação pois foca seus acontecimentos em apenas um período de tempo e em poucos personagens, o que torna nossa afeição por Hari Seldon ainda maior, e nos deixa ansiosos para começar logo o próximo livro e saber mais sobre essa ciência tão incrível. Asimov estava provavelmente em um de seus melhores momentos como escritor quando elaborou essa obra de arte, não errou nos pontos que costumava errar em seus outros livros e não dá ponto sem nó, não deixa nenhum furo nesse roteiro tão incrível e empolgante. Simplesmente leiam!