vamprismu 26/04/2024
Tinha tudo para ser aclamado, mas quase foi abandonado
“Sem graça” é um dos adjetivos mais usados pelos personagens para descrever a protagonista Jane, e infelizmente eu concordo. Quase tudo sobre a história dela é sem graça ou, como eu gosto de dizer, sem sal.
Jane Eyre, originalmente intitulado de “Uma Autobiografia”, foi publicado como uma trilogia. E talvez tenha sido esse o fator de sucesso do livro.
A primeira parte, que julgo ser parte do primeiro livro, foi muito, mas muito boa. Era divertido acompanhar a vida da nossa heroína, o que iria acontecer com ela, e com os outros personagens. Também encontramos muitas críticas, não só à sociedade, mas ao ser humano e suas inclinações questionáveis. O (des)valor que uma criança órfã e pobre tem para a sociedade, e assim como fez sua irmã em “O Morro dos Ventos Uivantes”, essa parte contém bastante ironia e acontecimentos engraçados.
Porém, tudo foi por água abaixo por causa de um homem.
E um homem descrito como feio, diga-se de passagem.
Eu não consegui gostar menos da segunda parte de Jane Eyre. A protagonista, agora com seus 18 anos, é preceptora na casa de um homem rico. Homem esse, o personagem mais irritante e imbecil (não de todo o livro, porque ainda fica pior) mas dessa parte específica. Não teria nenhum problema a Jane só narrar a vidinha simples que ela levou como professora da menina Adèle e suas conversas com a Sra. Fairfax; mas obviamente precisamos de um “romance” bizarro feito nas coxas. Eu detesto o Sr. Rochester, e detesto que a Jane o amava tanto, ou pelo menos achava que o amava já que o entendimento do sentimento é extremamente complexo para uma menina de 18 anos criada em um internato só para meninas.
E tudo isso foi insuportável por tirar a Jane de um lugar de “heroína vitoriana” para colocá-la no de uma “boy crazy”. Desculpe pelo uso do termo mas foi exatamente isso que aconteceu.
A nossa protagonista ao perceber seus sentimentos pelo Sr. Rochester não pensa mais em nada a não ser nesse homem. Ela acorda, dorme, almoça e janta pensando, única e exclusivamente, em seu patrão; e essa parte se estende por tempo demais.
Porém, na terceira parte, quando eu tinha esperança que as coisas ficariam melhores com a introdução de novos personagens mais interessantes, a autora fez questão de jogar um balde de água fria na minha cabeça.
Um homem ainda mais chato e pedante: St. John.
Sério! Pense tudo de ruim que um homem pode ser, inclusive crente/pastor.
Mais uma vez ficamos com as expectativas lá em cima e mais uma vez ela é quebrada por causa de um homem. E nessa parte ainda é mais revoltante porque as irmãs de St. John estavam bem ali, clamando para ter suas próprias histórias com a Jane expostas.
Para minhas considerações finais: diferentemente de Drácula, eu não recomendo a leitura de Jane Eyre. Procurar artigos ou cursos focados nesse clássico seriam melhores do que ter que passar pela leitura dele em si, eu queria que alguém tivesse me dado esse conselho.
Leia O Morro dos Ventos Uivantes, e sobre a outra irmã Brontë, ainda não posso dar minha opinião.