Fernanda631 31/07/2023
Morte na Praia
Morte na Praia foi escrito por Agatha Christie e foi publicado em junho de 1941.
O livro narra mais uma das férias (ou tentativa) de Hercule Poirot, e nessa vez num lugar bonito com bela praia e boas companhias.
Esse é um livro bom pra se ler em época de férias, pois a história se passa em um hotel isolado em uma ilha com praias privadas. Neste livro, até mesmo Hercule Poirot está de férias! Tudo o que ele queria era um pouco de relaxamento e descanso. Porém, parece que a morte o persegue. Só de observar os outros turistas que estão hospedados com ele nessa temporada, ele tem um mau pressentimento. Que se concretiza.
Uma das personagens é atriz Arlena Marshall, uma mulher belíssima que atraí a atenção dos homens e a inveja das mulheres. Kenneth Marshall, seu marido, parece não perceber ou, pelo menos, não se importar com o comportamento dos outros homens sobre Arlena e vice-versa, é um homem extremamente fechado sobre suas emoções.
No mesmo hotel, está Rosamund Darnley, amiga de infância de Kenneth, Major Barry, Horace Blatt, um homem expansivo, Emily Brewster, Mr. e Mrs. Gardener, um casal turista e Christine Redfern e Patrick Redfern, que tem um caso com Arlena.
Porém, para os futriqueiros de plantão, não passa despercebido a relação suspeita que Arlena está tendo com Patrick Redfern, um homem casado que está passando as férias neste lugar também. E, diferente de Kenneth, a esposa de Patrick, Christine, deixa claro seu rancor sobre essa situação. E por ser uma moça simpática e frágil, acaba recebendo apenas a piedade das pessoas.
Mas Christine não é a única com algum rancor contra Arlena. Rosamund, uma bem sucedida empresária do ramo da moda, amiga de infância de Kenneth também nunca apoiou o casamento do amigo com Arlena. A própria filha de Kenneth, Linda, fruto do casamento anterior, tem sérios problemas com a madrasta.
Isso sem contar vários outros personagens que estão na ilha por motivos suspeitos. E é nesse clima de tensão que um assassinato acontece e cabe a Poirot ajudar a polícia local a resolver. E menção honrosa ao Inspetor Colgate.
Um dia, ao sair logo cedo e ir a uma ilha das praias e não voltar, preocupando a todos, Arlena é encontrada morta por Patrick que fica desolado e Emily, que fica apavorada e ao se aproximarem constatam que ela foi estrangulada até a morte. A partir daí, alguns personagens tem obvio interesse em sua morte, como por exemplo, a esposa traída – a Christine – e o marido enganado mais uma vez e dessa vez, pode ser que tenha tirado satisfação e a vida dela – Kenneth – parecendo ser um simples caso de assassinato, mas não para Poirot, que acha que a morte de Arlena esconde mais coisas que o delegado Weston e o inspetor Colgate imaginam.
E então, a cada capitulo e pagina ficamos mais intrigados e desconfiamos de todos e a autora nos faz acreditar que um ou outro personagem é o culpado, mas no fim – como sempre – ela nos surpreende com um final magnífico que nos é explicado na voz do engenhoso Hercule Poirot, que com sua perspicácia consegue desmascarar e trazer uma explicação plausível e que faz todo o sentido para todo o cenário que foi montado no dia da morte da Arlena.
Apesar de Agatha seguir um certo padrão em diversos dos seus livros, ela sempre inovava em algum elemento para dar um diferencial para o livro e não ser tão previsível adivinhar o culpado. E nesta história tem um desses elementos que eu jamais esperava que fosse acontecer na primeira vez que li. Fui totalmente surpreendida e por isso gostei tanto.
Uma coisa referente a Agatha que eu percebi lendo esse livro e comparando com diversos outros thrillers mais contemporâneos de hoje em dia é que, enquanto a Agatha soltava pistas o tempo todo, mas nunca dava muito foco. Aí ficava aquela sensação de “se ela mencionou isso é porque vai ser importante” junto com “não tem como tudo o que ela mencionar foi importante porque só vai ter uma solução para o crime”. Isso torna os livros dela mais fáceis de se criar teorias, mas mais difíceis de escolher a mais provável.
O que é bem diferente dos formatos mais atuais em que vamos sendo levados a acreditar que o culpado é a pessoa X, mas de repente, plot twist, ela é inocentada e a suspeita pula pra outro pessoa, depois para outra e por aí vai.
Na grande maioria dos livros da Agatha não é assim, todos são suspeitos até a revelação do culpado no final. E tem gente que simplesmente não gosta desse formato e não gosta de ler livros da autora.
Nesse livro o crime parece impossível de ter sido executado porque as pessoas mais suspeitas tinham álibis perfeitos e quem não tinha um álibi tão bom, não tinha motivos para matar. Isso faz com que a cena do momento do crime tenha sido super elaborada e complexa.
Há assassinos que optam por matar de formas mais práticas, porém mais fáceis de serem descobertos e outros de formas mais elaboradas, porém mais difíceis de se resolver.