O Cemitério de Praga

O Cemitério de Praga Umberto Eco




Resenhas - O Cemitério de Praga


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Ricardo743 15/04/2024

Meu autor favorito e uma leitura maravilhosa
Minha vida literária se divide em duas fases: antes e depois de conhecer Umberto Eco.

Este é o segundo romance dele que leio, precedido por "O Nome da Rosa".

Minhas expectativas eram extremamente altas e foram atendidas. O livro é excelente e recomendo sua leitura a todos. O contexto histórico diligentemente construído, o mistério do abade Dalla Picola, o protagonista cômico e totalmente indefensável e hipócrita, tudo contribuindo para uma leitura memorável e marcante.

Só um mestre como Eco consegue preparar um livro capaz de me fazer refletir por dias depois da leitura e, simultaneamente, me fazer perder o ar de tanto rir com o nosso "querido" Simonini tentando justificar seu "modo de vida" no diário.

Nota 11/10.
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Cintia Laura 29/07/2012

Bom livro
Um livro cheio de suspense, intrigas e mistério. Muito bom.
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22/08/2012

LIVRO REÚNE PERSONAGENS E FATOS HISTÓRICOS
Interessei-me por este livro porque fiz Comunicação Social e o autor é referência em Semiótica. E, apesar de não ter lido “O Nome da Rosa”, vi o filme e gostei bastante. Achei o livro muito inteligente ao reunir tantos personagens e fatos históricos. Certamente, o autor fez uma pesquisa minuciosa sobre vários acontecimentos históricos mundiais, principalmente na Europa.

O livro é o resultado da compilação do Narrador e dos diários de Simone Simonini e seu alter-ego, o abade Dalla Piccola. Os capítulos se alternam entre os fatos relatados pelo Narrador, por Simonini e pelo abade. Ao final do romance, o autor faz um quadro explicando a sua obra ao leitor “excessivamente fiscal, ou de não fulminante perspicácia”.

O protagonista Simonini foi criado pelo seu avô (sua mãe faleceu e o pai era ausente) e por educadores de hábito preto que lhe inspiravam desconfiança numa casa que lhe oprimia, tornando-se incapaz de amar alguém, além de si mesmo e da boa culinária. Ele é anti-herói: guloso, caráter dúbio e assassino. Envolve-se em complôs e tramoias mirabolantes e acredita que há muitos seres humanos na terra e a guerra é uma forma de fazer com que muitos morram (talvez isso seja uma justificativa para os seus atos). O alter-ego de Simonini, o abade Dalla Piccola, foi criado em sua mente para lhe revelar, no diário “conjunto” aquilo que o próprio Simonini recusa desesperadamente a lembrar.

Num mundo cheio de lutas por ideais, complôs, falsificações e conspirações, Simonini tenta sobreviver participando dessas tramas engenhosas, trabalhando para outros agentes. Ao longo do romance, ele se refere a um documento escrito pelo seu avô no Cemitério de Praga, sobre uma conspiração maçom e judaica para dominar o mundo. Simonini sabe que esse será o grande romance de sua vida. Aqui, o autor faz uma referência a Os Protocolos dos Sábios de Sião, um documento também falso, resultado da compilação de várias publicações, que foi utilizado por Adolf Hitler para justificar a perseguição aos judeus.

Alguns personagens históricos que aparecem no romance são: Garibaldi: uma das pessoas que lutou para a unificação italiana. Foi exilado na América do Sul e se envolveu em lutas neste lugar. O narrador Simonini desmitifica a figura do herói descrevendo-o como baixinho de pernas tortas, com reumatismo; Alexandre Dumas: descrito como mestiço de pele oleácea e de cabelos crespos; Freud: jovem médico que prescreve receitas à base de cocaína; Ippolito Nievo: escritor e seguidor de Garibaldi; dentre outros.

Apesar de o livro ser bastante inteligente e de a narrativa ser coesa, achei que o autor inseriu muitos personagens e fatos históricos em seu romance, o que prejudicou um pouco a fluidez da narrativa. Às vezes, era necessário voltar um pouco a leitura, para me lembrar de um ou outro personagem, além de fazer pesquisas sobre o período ou acontecimentos citados no livro. Porém, isso não afetou a história em si.
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Toni 04/09/2012

Verídico, mas inverossímil
Sou grande admirador (e usuário) do Umberto Eco Teórico, que contribuiu com excelentes trabalhos sobre a presença do leitor no texto, cuja função principal seria a de sustentar e arrematar as estratégias interpretativas de qualquer obra. Para o Eco de “Lector in Fabula” e “Seis passeios pelos bosques da ficção”, o texto é “uma máquina preguiçosa pedindo ao leitor que faça uma parte de seu trabalho”. Isso significa que qualquer narrativa de ficção está formada por uma série de mecanismos que não só preveem, como procuram criar o leitor-modelo para aquela obra, alguém disposto a aceitar as regras do jogo da leitura e seguir as convenções ficcionais (trocando em miúdos, desista de ler “Chapeuzinho Vermelho” se não consegue aceitar que naquele universo os lobos falam e pronto, não lhe devem mais explicações).

Umberto Eco Romancista, todavia, me decepcionou uma vez mais. A primeira delas, com “A misteriosa chama da rainha Loana” do qual, como seu narrador, prefiro nem lembrar. A segunda foi este “O Cemitério de Praga” (ainda não tive o tempo para ler seu famoso e bem quisto “O nome da rosa” que, oxalá, será sua redenção). Por uma coincidência acadêmica, tive de reler as 6 conferências que Eco realizou em 1993 na Universidade Harvard (publicadas como “Seis passeios pelos bosques da ficção”) e qual não foi minha surpresa ao encontrar toda a “história” (aqui, em formalista oposição ao “enredo”) do novo romance ali, destrinchada e diagramatizada (uma obsessão do autor) na última das conferências. Nela, Eco procura explorar os limites entre ficção e realidade, e nos mostra como amiúde a ficção é às vezes muito mais convincente que os fatos do mundo real, levando pessoas a dar fé à fantasia, por mais “desconjuntada” que esta seja. A intrusão da ficção na vida pode ter impactos neutros, positivos ou negativos. A história real de “O cemitério de Praga” culmina na criação dos "Protocolos dos Sábios de Sião", usados por Hitler na composição de "Mein Kampf"; obviamente, um exemplo do último caso.

Ciente das teorias do Eco, armei-me (ou desarmei-me) como pude para iniciar a leitura desse romance, com a mesma disposição de um “leitor de segundo grau” (aquele preparado para identificar os mecanismos ficcionais mesmo à medida que frui o texto). O esforço, todavia, não foi bem pago. Erudito como só ele consegue ser (perdendo somente para o Sr. Google – Eric Hobsbawn), Eco descortina um caudal de informações e fatos históricos que, a não ser que o leitor seja o supracitado historiador, inevitavelmente contribui para que o grau de desorientação se avizinhe ao desinteresse. Claro que, na economia da obra, a estratégia faz todo o sentido: o turbilhão procura mimetizar o mesmo desencontro de informações que caracteriza a trama de conspirações, com seus grupos secretos, facções, espiões, traidores, vira-cassacas, suas guerras civis, espionagens, prostitutas, explosões, prisões, reuniões secretas, etc. E o pobre leitor que nem o diabo de Grande sertão: na rua, no meio do redemunho.

Para piorar a situação, Eco fez de sua narrativa o encontro de três discursos: primeiro, do Narrador, assim mesmo, em maiúscula; em seguida, sob a forma de um diário, o discurso do protagonista, o falsário Simonini – misantropo misógeno anti-semita cujo ódio particular aos judeus é justificado com motivos infantis; por fim, o de uma terceira personagem, que misteriosamente se comporta como um alter-ego de Simonini, o abade Dalla Piccola. O advérbio acima deve ser atribuído a muita bondade nossa. Por mais que tenha se esforçado por manter sob “neblina” (imagem cara ao autor) a identidade do abade que se intromete nas anotações diárias de Simonini (uma atitude, diga-se de passagem, estimulada por certo doutor Froïde), o resultado final é um mistério forçado, que só com bastante complacência do leitor interessado em jogar com o romance não será resolvido assim que surja no texto. Contribui mais uma vez à confusão referida acima, e à suspeita de que em tempos de sociedades secretas e jogos políticos, não se pode confiar em ninguém.

Por fim, como é característico de um escritor com o arcabouço crítico-teórico de Umberto Eco, “O cemitério de Praga” é também uma homenagem, neste caso aos periódicos franceses, grandes incitadores de verdades e mentiras (o texto contém gravuras à maneira dos feuilleton do século XIX; analogamente, “O nome da rosa” trabalha as convenções do romance policial, assim como “Loana” é um tributo ao romance memorialista – à la Proust, talvez?). Expediente que, além do aspecto tributário, aparece no romance gratuitamente, sem qualquer contribuição ao desenvolvimento da narrativa ou para a assimilação de seu conteúdo pelo leitor (prova-o a escolha dos trechos que servem de legenda às gravuras). De maneira geral, assim se me afigura o novo romance de Umberto Eco: um excelente material sobre conspirações que conta a história do poder da ficção, mas que, arregimentado como foi no enredo de “O cemitério de Praga”, não passa de uma disposição confusa de fatos históricos. Lastimavelmente, Eco deu a esses fatos verídicos uma forma narrativa que somente o esforço e a complacência do leitor poderão convencê-lo de sua verossimilhança.
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criscat 15/01/2012

Resenha no meu blog: http://migre.me/7xMbf
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Rafa Castro 21/08/2012

Um livro muito bom, cheio de tramas mirabolantes, cheio de personagens históricos que por terem realmente existido tornam a leitura mais fascinante. Em alguns momentos é um pouco confuso, mas logo tudo se explica, só achei o final um pouco perdido, mas não deixa de ser uma ótima leitura!
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Lucas 08/01/2012

Espionagem, mortes, misticismo, ocultismo em fins do séc. XIX
Com seu inconfundível estilo místico e ocultista, Eco está de volta esbanjado seu já consagrado intelecto, mas agora ele está mais comedido. Diferente de outras obras do autor, Eco poupa o leitor de grandes citações em latim ou grandes descrições, caso dos Rosa Cruzes e templários em O Pendulo de Foucault ou dos concílios e linhas filosóficas católicas em O Nome da Rosa.
Em O Cemitério de Praga o autor recria uma Europa em fins do sec. XIX, agitada pelo antissemitismo e pelo movimento de unificação italiano, retrata uma Paris fervilhante, com atentados contra o governo de Napoleão III até pormenores arrepiantes da comuna de Paris. Entretanto, o leitor viverá tais eventos pelos olhos do bastidor Capitão Simonini, um informante e facilitador do serviço secreto francês, uma espécie de agente secreto, como o próprio personagem gosta de se definir, e um grande conhecedor de culinária (sim, o leitor ficará com fome na leitura do livro, isso se entender exatamente o prato sofisticado que o personagem está descrevendo, algo que, de fato, me escapou muito).
Simonini mergulhará no submundo parisiense para obter informações (ou criá-las), aproximando-se, através de engenhosos disfarces, de grandes personalidades de seu tempo, como Joly, Flaubert ou mesmo Freud, ou explorando os famosos esgotos de Paris, escondendo corpos ou tropas governistas...
Com uma trama envolvente, o leitor mergulha nos bastidores de grandes eventos que chacoalharam a Europa, tornando-se o pivô de vários acontecimentos, através de tramas internacionais e, principalmente, missas negras, complôs e assassinatos.
Creio que os estudantes universitários não conterão sorrisos ao ler sobre uma das missões de Simonini: criar uma revolução de estudantes. Para tanto, ele coloca a polícia dentro da Sorbonne, alguma semelhança com algum evento recente? Um trecho fantástico que forçará o leitor, como em toda a estória de O Cemitério de Praga, a meditar sobre o que está lendo e sobre a atualidade.
Prima facie, a obra soa deverás preconceituosa, o personagem principal é um recorte dos pensamentos mais perversos e, digam-se populares, de sua época e, como diria o próprio Umberto Eco: “(...) em uma palavra, ele ainda está entre nós.”
Entretanto, creio que muito do desenrolar da obra careceu de alguma originalidade, vez que, para os leitores de outras obras de Eco, principalmente O Pendulo de Foucault, perceberá uma certa semelhança irritante da metade do livro em diante e, de certa forma, o próprio argumento principal de toda a trama se assemelha em muito com a referida obra pretérita do autor, a qual eu particularmente prefiro: O Pêndulo de Foucault.
A obra de Umberto Eco não é algo que desperte no leitor um entendimento direto, muito menos simpatia imediata, não se trata de um Dan Brown que conquista o leitor com a primeira página através de uma trama que esbanja mistério. Eco traz uma obra com uma trama invejável, mas traz discussões filosóficas, traz fluxos de pensamento e descrições pormenorizadas que rapidamente o distinguem de simples tramas policiais. Recomendo a leitura para aqueles que realmente buscam uma leitura mais densa que o normal, ou mesmo estão querendo conhecer o autor!
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Coruja 01/05/2012

Sou fã incondicional do Umberto Eco, do tipo completamente apaixonada que lê de tudo o que a criatura escreve – quer seja ficção, quer sejam tratados de semiótica e crítica literária, se tem a assinatura do homem, estarei na fila para comprar.

Não é assim nenhuma surpresa que tão logo foi anunciado o lançamento de O Cemitério de Praga, eu já estava providenciando a minha cópia antes mesmo de sair a sinopse. Felizmente, do tempo em que vi o livro pela primeira vez (em italiano) e ele ser traduzido aqui no Brasil, não chegou a se passar tanto tempo, de modo que não precisei cometer a loucura de comprar um livro numa língua que não falo.

Por minhas experiências pretéritas com o autor, sei que é preferível esperar traduções. Por mais fluente em inglês que se possa ser, o estilo de Eco muitas vezes mergulha a história no vocabulário da época em que a história se passa e nem sempre é fácil desvendar inglês arcaico... ou neologismos que misturam três ou quatro idiomas. Este título em particular não apresenta tais dificuldades, uma vez que a história se passa já na era moderna (nada de vernáculos medievais).

Ainda assim, Eco nem sempre é um autor fácil de se ler. Mas é um desafio que sempre vale muito à pena – suas histórias são sempre fascinantes, surpreendentes, do tipo que bagunçam sua cabeça até você chegar à última página do mistério.

O Cemitério de Praga não é uma história policial, mas é um grande mistério, um verdadeiro novelo de lã envolvendo dupla personalidade, amnésia, uma busca pelo passado, a construção de uma identidade – ou reconhecimento da mesma. É uma investigação contínua: quem é Simonini e o abade Dalla Picolla, quais são os seus papéis no ninho de conspirações que ele adivinha enquanto procura por si mesmo?

Simonini é o único personagem fictício da história. Nas mais de quatrocentas páginas do livro, ele vai encontrar jesuítas, socialistas, satanistas e espiões e irá construir uma das maiores fraudes da História – os famosos Protocolos de Sião, usados por Hitler para justificar a perseguição aos judeus. Seu caminho cruza com os do revolucionário Garibaldi, Alexandre Dumas e Freud e ele tem uma mão num dos casos de erro judicial mais famosos do mundo – o caso Dreyfus.

A rica paisagem histórica que Eco nos apresenta nos deixa com gostinho de quero mais. Simonini é desprezível, sim, mesquinho, ignorante e preconceituoso; mas é também fascinante em sua capacidade de moldar a verdade, de fazê-la se dobrar aos seus propósitos.

A relatividade da verdade é um tema constante na obra do italiano, bem como a paranóia das teorias da conspiração. Em O Pêndulo de Foucault ele já tinha feito algo parecido – mas lá, as mentiras eram criadas como um jogo e a eventual crença nelas era de um bando de fanáticos; enquanto aqui, Simonini tem plena consciência de que as ilusões que cria são para o grande público, alimentam governos e justificam crimes.

É a mesma premissa da idéia de Hitler da Grande Mentira – e não acho que seja uma coincidência que as palavras que o ditador escreveu em seu Mein Kampf estejam na essência do que Simonini faz – quanto mais colossal o tamanho da mentira, mais fácil que se acredite nela, pois é difícil crer que alguém distorceria a verdade de forma tão absurda.

Uma mentira dita cem vezes torna-se verdade.

É um alerta precioso numa época em que multiplicamos virais nas redes sociais sem ter consciência da veracidade das informações que compartilhamos. As conseqüências podem ser mais do que você barganhou.

(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)
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Luciana Ramos 05/03/2012

Leitura interessante
Em O Cemitério de Praga o autor recria uma Europa em fins do sec. XIX, agitada pelo antissemitismo e pelo movimento de unificação italiano; retrata uma Paris fervilhante, com atentados contra o governo de Napoleão III até pormenores arrepiantes da comuna de Paris. Típico romance psicológico, que brinca com histórias de espionagem e se ampara em inúmeros fatos históricos, de personagens reais e que fala da farsa da concepção de um famoso texto antissemita, "Protocolos dos Sábios de Sião".

Há três narradores na história, que, inclusive, são grafados com fontes diferentes. Um é o narrador que conta a história, as outras duas correspondem às personalidades divididas de seu personagem principal, que ora é Simone Simonini, um sujeito com patente de capitão e falsificador renomado; ora é um abade chamado Della Piccola. Estes dois dividem um diário que é lido e interpretado pelo narrador da história.

A história propriamente dita se passa basicamente na segunda metade do século XIX e envolve a vida e os sucessos do notário (tabelião) e falsificador de documentos Simonini. Criado por um avô antissemita ele cresce e passa a ser educado por padres jesuítas.

Simonini mergulhará no submundo parisiense para obter informações (ou criá-las). Utiliza engenhosos disfarces para se aproximar de grandes personalidades de seu tempo, como Joly, Flaubert ou mesmo Freud, o "inventor" da psicanálise, que aparece no livro explicando a ele alguns dos aspectos de suas teorias e procedimentos clínicos. E, ainda, explora os famosos esgotos de Paris, escondendo corpos (suas vítimas) ou tropas governistas.

Após trabalhar alguns anos para um rico tabelião de sua cidade, ele é recrutado pelo serviço secreto piemontês e passa a produzir documentos falsos para todos os fins. Com o tempo ele passa a produzir não apenas documentos avulsos, mas histórias e tramas inteiras, para os mais variados usos e práticas.

As invenções são sempre mirabolantes, envolvendo conspirações cruzadas entre maçons, jesuítas, carbonários, judeus, protestantes, papistas e cristãos, incluindo os mais variados sentimentos anticlericais, satânicos e antissemitas.

Partindo de sua Piemonte natal ele emigra para Paris. Sua carreira acompanha alguns dos fatos políticos europeus mais importantes da segunda metade do século XIX: as conspirações dos carbonários; as guerras de independência e de unificação italiana; a guerra franco-prussiana; a comuna de Paris; a aproximação entre a França e a Rússia.

Sua "obra prima" é a produção de um documento para o serviço secreto russo que servirá de base, já no início do século XX, para os protocolos de Sião. O interessante neste personagem é que ele parece acreditar nas farsas que produz.

Alexandre Dumas aparece com destaque, assim como o revolucionário Garibaldi, herói das guerras de unificação da Itália moderna.

O livro tem o ritmo de uma história de espionagem, algo na linha das conspirações da Guerra Fria e dos romances de aventura. Há também saborosas descrições gastronômicas, especialmente da culinária francesa. Entre um diálogo e outro, ele intercala maravilhosas receitas medievais, momentos em que o livro chega a dar água na boca.

Os estudantes universitários não conterão sorrisos ao ler sobre uma das missões de Simonini: criar uma revolução de estudantes. Para tanto, ele coloca a polícia dentro da Sorbonne (qualquer semelhança com fatos recentes, é mera coincidência). Um trecho fantástico que forçará o leitor a refletir sobre o que está lendo e comparar com a atualidade.

O livro tem um bom número de ilustrações, reproduções de gravuras antigas, a maioria delas de propriedade do próprio Eco. O uso destas ilustrações dá veracidade à trama.

A obra de Umberto Eco não é algo que desperte no leitor um entendimento direto, muito menos simpatia imediata. Não se trata de um Dan Brown que conquista o leitor a partir da primeira página através de uma trama que esbanja mistério. Eco traz uma obra com uma trama invejável, mas traz discussões filosóficas, fluxos de pensamento, relatos históricos e descrições pormenorizadas que rapidamente o distinguem das simples tramas policiais. A leitura é para aqueles que realmente buscam um texto mais denso do que o normal.
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Sergio 19/01/2012

ele
Eco mistura realidade e ficção num show de história e erudição.Fiquei pasmo!
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Filipe Santos 26/01/2012

Maravilhoso!
Um dos livros mais inteligentes e engraçados que eu li nos últimos meses.

Contudo, não é fácil de ler. É necessário que o leitor estude o contexto histórico da narrativa para aproveitá-la ao máximo (assim como outro livro do Umberto Eco: Baudulino).
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Alanna Gianin 27/01/2012minha estante
O conteúdo histórico deste livro é imenso! Futuramente pretendo rele-lo pois sei q o entederei mais ainda...
segundo Eco: "Minha intenção era dar um soco no estômago de meus leitores", replicou o semiólogo. "Uma violência que convenceu a outros."




mario 25/02/2012

Não é muito fácil ler um livro de Umberto Eco
Este é o terceiro livro desse escritor que me recordo de ter lido. "O Nome da Rosa", decididamente, foi o melhor de todos, pois, até hoje, passados mais de 20 anos da data em que o li, guardo uma ótima impressão sobre ele. O "Pêndulo de Foucault", que li recentemente, foi um pouco decepcionante, talvez porque esperasse algo parecido com a sensação que tive com a leitura do anterior.
Já este "O Cemitério de Praga" resgatou um pouco daquela minha primeira impressão. Ainda que não seja uma leitura fácil, pois é necessária uma grande concentração por parte do leitor para que não se perca nas muitas idas e vindas do livro, a trajetória do amoral protagonista Simonini na segunda metade do século XIX, repleta de eventos e personagens reais da época consegue cativar o leitor, mantendo-o ligado no livro, apesar do estilo "erudito" do autor.
Recomendo a leitura, pois é um bom livro.
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max lage 11/02/2012

um verdaderio Umbero Eco

O CEMITÉRIO DE PRAGA
ILL CIMITERO DI PRAGA

HUMBERTO ECO
Itália, 2010

Editora Record
Brasil, 2010



Típico romance psicológico, que brinca com histórias de espionagem e se ampara em uma miríades de fatos históricos, se apropria de personagens reais (quase todos loucos de pedra) e que fala da farsa da concepção de um famoso texto anti-semita, o execrável "protocolos dos sabios de Sião".

Como sempre nos livros de Eco você pode se concentrar apenas na história ou desfrutar dos jogos literários e da erudição do autor.

Há três narradores na história, três vozes, que ele inclusive grafa com fontes tipográficas diferentes. Um é o narrador que conta a história, as outras duas correspondem às consciências divididas de seu personagem principal, que ora é Simone Simonini, um sujeito com patente de capitão, falsificador renomado, ora é um abade chamado Della Piccola.

Estes dois dividem um diário, que é lido e interpretado pelo narrador da história.

Freud, o "inventor" da psicanálise, aparece no livro, explicando a Simonini alguns dos aspectos de suas teorias e procedimentos clínicos.

Alexandre Dumas aparece com destaque, assim como o revolucionário Garibaldi, herói das guerras de unificação da Itália moderna.

A história propriamente dita se passa basicamente na segunda metade do século XIX e envolve a vida e os sucessos do notário (tabelião) e falsificador de documentos Simonini. Criado por um avô anti-semita ele cresce e passa a ser educado por padres jesuítas.

Após trabalhar alguns anos para um rico tabelião de sua cidade ele é recrutado pelo serviço secreto piemontês e passa a produzir documentos falsos para os fins todos os fins. Com o tempo ele passa a produzir não apenas documentos avulsos, mas histórias e tramas inteiras, para os mais variados usos e práticas.

As invenções são sempre mirabolantes, envolvendo conspirações cruzadas entre maçons, jesuítas, carbonários, judeus, protestantes, papistas e cristãos, incluindo os mais variados sentimentos anti-clericais, satânicos e anti-semitas.

Os carbonários são sempre citados. É uma associação que atuou na Itália, França e Portugal; anticlerical e libertaria, leva seu nome dos carvoeiros italianos, primeiros membros. Se tratam por primos e tem uma rígida hierarquia de choças, barracas e vendas, tem alfabeto secreto e foi redescoberta em países sulamericanos na década de 80 (mais um delírio da humanidade).

Partindo de sua Piemonte natal ele emigra para Paris. Sua carreira acompanha alguns dos fatos políticos europeus mais importantes da segunda metade do século XIX: as conspirações dos carbonários; as guerras de independência e de unificação italiana; a guerra franco-prussiana; a comuna de Paris; a aproximação entre a França e a Rússia.

Sua "obra prima" é a produção de um documento para o serviço secreto russo que servirá de base, já no início do século XX, dos protocolos de Sião. O interessante neste personagem é que ele parece acreditar nas farsas que produz.

O livro tem o ritmo de uma história de espionagem, algo na linha das conspirações da guerra fria e dos romances de aventura. Há também saborosas descrições gastronômicas, especialmente da culinária francesa; entre um diálogo e outro ele intercala maravilhosas e aparentemente esquecidas receitas medievais e de aparente dificuldades para se realizar, há pelo menos 30 receitas descritas com ingrediente e forma de se fazer; momentos em que o livro dá mesmo fome.

A psicologia freudiana e os mecanismos do inconsciente pairam sobre a trama do livro. Se não é o melhor livro dele ao menos tudo é divertido afinal de contas, o autor é vaidoso intelecutalmente e gosta de tramas eruditas intrincadas.

O livro tem um bom número de ilustrações, reproduções de gravuras antigas, a maioria delas propriedade do próprio Eco. O uso destas ilustrações dá sempre a impressão de uma erudição na pesquisa e de como a trama foi bem feita e é confirmada pelas imagens.
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Raquel Lima 07/05/2012

Bom mas não empolga
Alguns livros nos deixam mensagens, outros pensamentos, outros são como aventuras , em alguns amamos os personagens ou odiamos... Ao terminar este livro estou aliviada de ter em fim terminado mas não e por ser uma história ruim, simplesmente não empolga. Simonini esta confuso, e te deixa também , em uma trama cansativa com muitos detalhes sem motivo , a descrição dos pratos , seu antissemitismo cansa. Enfim, acabei. Apesar de não ter desgostado de todo, coloco na lista de livros que não leria novamente, na verdade, ate já esqueci ...
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