O Processo Civilizador

O Processo Civilizador Norbert Elias




Resenhas - O Processo Civilizador


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Luís Gustavo 09/09/2020

História dos costumes da Europa Ocidental
O autor traça, a partir do período medieval da Europa ocidental, uma história dos costumes desses povos. Tomando como base as cortes de países como a França, Alemanha e a Itália, Elias ilustra, com forte base de referências, as mudanças desde camadas mais superficiais, como o começo do uso de garfo, faca e colher, até dinâmicas mais complexas, como a individualização das camas, das relações com o corpo e da relação com a agressividade.
É um baita livro ao qual eu dou 4 estrelas só pela edição da Zahar mesmo. A diagramação é complicada. Letras bem pequenas em páginas brancas deixam o rolê meio pesado.
De qualquer forma, recomendo!
oceanocely 16/01/2024minha estante
vim super curiosa pra saber qual crítica você iria fazer ao livro por ter dado 4 estrelas ?


Luís Gustavo 17/01/2024minha estante
até hoje tenho arrepio com essa diagramação kkkkkkk


oceanocely 17/01/2024minha estante
eu adoro os livros do Elias, mas sempre li pelo digital, acabei de comprar esse no modelo físico, tô até com medo de pegar pra ler depois dessa kkkkkk




Humberto Serrab 31/08/2013

Antipático, porém instrutivo
Quando chegou-me às mãos e iniciei a leitura, logo vi que tratava-se de um trabalho de extrema aridez. Tanto no que se refere ao bojo de suas ideias principais, quanto na forma de exposição escolhida por Elias, quase sempre apelativa no complicado jargão sociológico utilizado. Sim, livro de difícil leitura. Ocorreu-me, então, traçar uma rápida alusão ao embate metodológico rebatido pelo autor e que, de certo modo, alinha toda a compreensão do presente texto. Primeiro, cabe analisar que o sociólogo não se fia às teias do individualismo metodológico, o qual pressupõe que a interação humana realiza-se no interior da personalidade privada e, depois, parte em direção ao mundo social. É o que o autor chama de homo clausus. Logo se vê que o escopo das críticas dirige-se aos tipos ideais weberianos, bem como às perspectivas centradas na análise do ego ou psicologia privados. Em suma, as pessoas replicariam comportamentos, em sociedade, outrora apreendidos no seio familiar. Para Elias, ao contrário, a interação dá-se em uma rede de interdependências abertas, suscetíveis a mudanças; em toda sorte assimiladas no transcurso da vida em sociedade. Sistemas de coerção comportamental teriam sido aperfeiçoados ao longo do tempo, sob mútua influência entre as classes sociais. Cumpre saber que tais mudanças não se processam radicalmente, mas decantadas ao longo de gerações.

Dito isso, Elias mostra-nos como desde o fim da Idade Média, a Europa passou a vivenciar um processo sociológico de controle das emoções. Aspectos de sociabilidade anteriormente tomados como naturais, como escarrar sobre as mesas ou alimentar-se em pratos comuns, passaram a ser vistos como abomináveis à luz das sociedades de corte. A categoria de civilité, quando trazida ao lume, explica que a construção de um comportamento socialmente aceitável impõe maior decoro na utilização de talheres, controle de espasmos intestinais, hábitos familiares e uso de roupas segundo cada ocasião. Utilizando-se de livretos históricos de bom comportamento (entre os séculos XIII ao XVIII), exemplos de cuja sabedoria doméstica e social não se podem duvidar, Elias ilustra-nos a forma como o progressivo controle emocional e gestual espraiou-se em todos os estratos sociais, conformando-se ao poder do Estado monárquico.
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Volnei 19/03/2017

O Processo Civilizador
O autor faz uma analise sobre a formação do povo de acordo com as características trazidas pelos colonizadores . Mostra os hábitos que absorvidos e as transformações que estes sofreram com o decorrer do tempo e as adaptações de acordo com o local

site: http://toninhofotografopedagogo.blogspot.com.br
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Filino 08/09/2018

Um livro esclarecedor - e até divertido
Com "O processo civilizador", Norbert Elias convida-nos a questionar o mundo a que estamos acostumados e encarar as coisas com uma postura crítica. Até aí, nada de tão diferente. Mas o diferencial desse livro é que o autor traz, como ponto principal de investigação, a formação e o desenvolvimento daquilo que está mais à nossa mão; o que aceitamos sem maiores questionamentos: nossos costumes.

Partindo de uma importante distinção entre Kultur e Civilization, o autor demonstra como esses vocábulos assumem significados diferentes em sociedades diversas, notadamente a Alemanha e a França. Para a primeira, haveria uma valoração maior da Kultur (ligada às grandes obras do espírito), enquanto a Civilization estaria mais relacionada a simples maneiras de se comportar no dia-a-dia (que estariam relacionadas à afetação típica da classe superior). Para os franceses, ao contrário, a Civilization assumiria papel preponderante, posto que diz respeito ao que torna uma classe distinta das demais. Curiosamente, assinala Elias, havia barreiras sociais muito mais elevadas entre os alemães do que nos franceses.

O autor estabelece de que maneira diversos costumes que hoje tomamos como evidentes (como utilizar talheres, não fazer as necessidades em público ou evitar escarrar) foram, em verdade, sendo construídos no decorrer do tempo. Para isso, expõe passagens de obras como a de Erasmo ("De pueris"), "Galateo" e outras, demonstrando esse processo.

Ao final, a edição traz a "introdução" de 1968 (a primeira edição foi publicada no período entre as duas Grandes Guerras) que apresenta uma reflexão extremamente pertinente acerca dos estudos sociológicos. O autor contrapõe dois modelos: o primeiro, típico do século XVIII e, principalmente, do XIX, toma a sociedade como um "processo" (que bem pode ser caracterizado pelo pensamento marxista); o segundo, como algo estático (próprio do século XX). Ao criticar duramente este último modelo, Elias assinala que, a despeito das críticas dirigidas à compreensão de sociedade como um "progresso", não se deve jogar fora a água suja junto com o bebê (a edição traz essa expressão, inclusive): ainda que a ideia de progresso seja extremamente questionável, não parece ser possível encarar a sociedade como algo estático, "harmônico". Pelo contrário: a sociedade pressuporia um movimento, uma relação entre os homens, tal como na dança (uma imagem também utilizada por ele). E no bojo dessa crítica, Elias vai fundo ao verificar a origem desse modelo de sociedade estática na Idade Moderna, notadamente na filosofia de inspiração cartesiana, ao se estabelecer a distinção entre duas esferas: a do indivíduo, de um lado; de outro, a sociedade. Para Elias, não é possível haver uma compreensão mais adequada se tomarmos esses dois elementos como polos estanques (e até opostos).

É, enfim, uma leitura bastante instrutiva pelos argumentos trazidos pelo autor acerca de conceitos como civilização e modelos de investigação social, além de demonstrar como determinados comportamentos se modificam com o decorrer do tempo. Vale muito a pena.
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TalesVR 20/06/2019

Profundo no que se propõe
Infelizmente o livro não foi o que eu esperava que fosse e a culpa é toda e unicamente minha, e não da obra. A obra se propõe a analisar os costumes que formaram o homem europeu a partir das suas obras literárias e manuas de época, ponto. Não tive lá muita paciência pra saber como o homem medieval se sentava a mesa, confesso.

A primeira parte é interessantíssima sobre civilização x cultura, me valeu muitos pensamentos produtivos, e por isso agradeço. Norbert Elias explicita como o conceito de ''civilização'' nasceu e é até hoje sinônimo de ''estágio avançado de uma pretensa cultura superior da sua época''. Ele não chega a exemplificar assim, mas é possível fazer varias conexões com a missão civilizatória dos países imperialistas e de como nós queremos ser o que pensamos ser o modo de agir da elite. Engraçado porque nesse caso a elite brasileira quer se parecer com outra elite também, muito provavelmente a dos EUA. Enfim, pensamentos que valeram o livro todo.

Obra extremamente minuciosa no que se propõe nesse primeiro volume: costumes e cultura do homem europeu medieval-moderno. Talvez o volume 2 que aborda a formação do Estado me interesse mais, veremos.
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Dieicy 02/05/2020

Leitura impressionante e com diversos exemplos para ilustrar, muito detalhado.
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Diana 27/03/2021

Do comportamento das pessoas em sociedade
A civilização como transformação do comportamento humano. É essa a tese do livro de Norbert Elias. Por meio de exemplos claros dos comportamentos à mesa e outros hábitos, o autor faz um panorama das mudanças dos costumes e como questões que parecem simples demonstram muito sobre a sociedade e suas culturas.
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Osório 08/05/2021

Muito interessante a abordagem de Norbert Elias, onde ele destaca comportamentos tidos como rotineiros, para exemplificar como as sociedades mudaram com o passar dos tempos, costumes que eram todos como aceitos, passaram a ser tratados como tabus. O autor baseou seu livro em alguns dos escritos de Roterdã, algumas pinturas, tudo para ver como as sociedades se portavam e como isso foi se alterando.
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Ariadne 26/03/2023

Excelente estudo sobre o processo civilizador
Norbert Elias apresenta neste primeiro volume d'O processo civilizador um estudo vasto sobre os hábitos e costumes que cercavam as sociedades dos séculos XV até o XVIII e detalha como foi o processo para o homem se tornasse civilizado na cama, na mesa e em sociedade. Para isso utiliza os manuais de comportamento publicados entre os séculos XV até o XVIII para mapear como esses manuais identificavam, impuseram e censuraram comportamentos considerados normais e que, de uma geração para outra, não existiam mais ou foram radicalmente modificados.

Um dos argumentos de Elias é o que de que o homem passou a fazer parte desse processo civilizador e o impor nas sociedades europeias quando passou a se entender como indivíduo e como agente na sociedade do qual fazia parte, ou seja, para além de modificar a natureza, ele queria agora modificar os comportamentos da sociedade a seu redor e também era modificado por ela.
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