Eduardo Ruaro 26/02/2023
Do ser e sobre como
Não posso deixar de denotar minha condição enquanto pessoa aficionada com antropologia e minha questão de ser trans, a partir dessa localização parto para falar sobre a resenha em si.
Clarice não narra uma história propriamente dita, mas uma aprendizagem sobre o mundo, minto, sobre o Ser no mundo, sem dúvida alguma trazendo a fenomenologia ontológica da forma mais simples já vista. Admirada por tantos estudiosos, de letras até antropologia, sociologia, psicologia e etc, a autora é simples em descrever o complexo, ou como ela mesma diz, o importante que não é dito.
Certas passagens trazem minha vivência pessoal como algo diretamente colaborativo, se a arte tem como objetivo nos fazer sentir algo, esse livro falha miseravelmente, pois nele não senti nada, apenas estive como Ser. Breves passagens abrindo portas que não sabia existir em meu coração, portas que ao serem transpassadas se desaparecem, pois são caminhos sem volta.
Essa foi a minha primeira experiência madura com Clarice e com toda a certeza não será a última, já estou ansiosa para continuar a jornada por essa autora que, felizmente, volta a ser comentada por republicação de suas obras.