Beatriz 19/05/2017Você já imaginou ficar presa em um único e desastroso dia?Estava entediada e por acaso vi o trailer do filme que está em cartaz, uma adaptação para as telonas do livro, livro esse que já tinha ouvido falar e não dado bola. A verdade é que eu passo longe de dramas adolescentes americanos, depois de ter lido um você leu no mínimo 10 iguais. Todos sobre a mesma ladainha “o mundo é tão confuso” “não sei quem sou” “me sinto deslocado” coisas que me faz bocejar. Não sei o que deu em mim para me fazer caçar esse livro e le-lo em um dia. Não sei mesmo, mas fico feliz que tenha acontecido.
Samantha tem uma sexta feira coco, ela é pop, maltrata as pessoas, vai na balada tem um namorado babaca e é uma babaca. Tudo normal, até um acidente de caro acontecer. E bem, quando ela acorda, o dia deu repeat. Tudo exatamente igual, a unica pessoa que sabe que aquilo tudo já aconteceu é ela. E acontece, de novo e de novo. Acordando sempre na sexta do dia 12 de fevereiro, o dia do cupido. Que diabos está acontecendo? Então ela vai mudar com as consequências, brincar com as reações de suas ações, até que por fim, ela descobre o porque tudo aquilo está acontecendo e qual é a missão dela nisso tudo.
“A questão é: você não tem como saber. Você não acorda com uma sensação estranha no estômago. Não vê sombras que não existem. Não se lembra de dizer a seus pais que os ama ou – no meu caso – nem mesmo se despede deles.”
Me admirei com a escritora, e sua linha de raciocínio. Depois de ler vários romances ruins, quando você encontra algum condensado e inteligente, que não subestima a inteligencia dos jovens causa um espanto. Nele assuntos delicados são tratados, como bullying, popularidade, aceitação, amor e amizades.
Me surpreendi com a intensidade dos assuntos tratados e o desenrolar do amadurecimento da personagem principal. Ela é tão humana que você se sente amiga dela, como se fosse uma amiga desabafando um pesadelo. Ela sente raiva, é mesquinha, egoísta, mas carinhosa, solidária e inteligente. Ela vai fazer várias coisas ruins e aprender com as consequências. É uma boa menina, gostei muito dela.
Temos um pseudo romance, que ao meu ver foi um pouco forçadinho quando você reflete que apesar de tudo só se passou UM DIA. Amores não acontecem assim no mundo real, mas da para relevar.
“Ao sair do ginásio penso em como as pessoas são estranhas. Você pode vê-las todos os dias – e pensar que as conhece – e depois descobrir que não conhece nada. Sinto-me completamente animada, como se estivesse girando em um redemoinho, circulando ao redor das mesmas pessoas e dos mesmos acontecimentos, mas vendo as coisas a partir de ângulos diferentes.”
Tem assuntos que ficam encobertos, segredos de personagens que você só pesca uma informação ou duas, e imagina depois o que aconteceu realmente. A proposta do livro é sobre autoconhecimento, amizade e as relações de “popularidades vs bullying” que acontece em colégios do tipo, e consequentemente os suicídios de jovens.
Eis uma cosia muito profunda a respeito do livro; vou falar a verdade eu odiei os 13 porquês, odiei a forma como tratou tudo de forma romântica e até banalizada. E não é o que vemos aqui!
Vemos uma menina que sofreu durante anos, sendo humilhada e isolada, com problemas em casa que teve um processo de morte interna, onde ela simplesmente desistiu de viver, e não vai se matar como vingança, não vai deixar explicações nem acusar ninguém. Vemos o entorpecer de um ser humano, depois de tanto sofrimento e dor, e de como é difícil resgatar essas pessoas, mas não impossível. Todo mundo tem concerto, ninguém é causa perdida.
“O que estou querendo dizer é: talvez você possa se dar ao luxo de esperar. Talvez para você haja um amanhã. Talvez para você haja mil amanhãs, ou três mil, ou dez milhões, tanto tempo, que você possa nadar nele, deixar rolar, deixá-lo cair como moedas entre os dedos. Tanto tempo, que você possa desperdiça-lo, Mas, para alguns de nós, há apenas o hoje, E a verdade é que nunca se sabe quando chegará a sua vez.”
Achei muito real a forma como isso é tratado, como não é só um apelidinho ou pegadinha que faz com que uma pessoa desista da vida. Mas algo mais profundo e como é realmente algo que não vai passar com simples “desculpas” que vai mudar muita coisa.
Tem vários pontos, que depois pensando melhor eu vi que não foram encaixados na história. Mas eu realmente gostei desse livro. De toda sua vibe teen, e a mensagem que ele quer passar. Até o final foi tudo o que eu esperava, sem decepções.
“Eis uma das coisas que aprendi naquela manhã: se você ultrapassa um limite e nada acontece, o limite perde o sentido. É como aquele velho enigma sobre uma árvore caindo em uma floresta, e se ela faz ou não barulho, se não há ninguém por perto para ouvir. Você estende o limite cada vez para mais longe, e o ultrapassa todas as vezes. É assim que as pessoas se afastam da Terra. Você se surpreenderia com a facilidade que é sair de órbita, girar para um local onde ninguém o pode tocar. Perder-se – ficar perdida. Ou, talvez, não se surpreendesse. Talvez alguns já saibam. A esses só posso dizer: Sinto muito.”
Indico a todos que gostam de jovens adultos, dramas, reflexões e assuntos sobre suicídio e bullying.
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