Carla.Parreira 22/10/2023
Escutando sentimentos
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O livro define que depressão é o cansaço da vida por não aceitá-la como é. Isso se diagnostica pela freqüência com que se sente desanimo, inconformismo e angustia. Para tratar tal mal é preciso acreditar que se merece a felicidade, parar de encontrar motivos externos para as dores, descobrindo-lhe as causas intimas e parar de pensar em felicidade depois da morte, ou seja, tentar ser feliz na vida terrestre. O primeiro passo para a cura consiste em ligar-se com o próprio interior e escutar o coração. Ouvir a alma é aprender a discernir entre os sentimentos e o conjunto variado de manifestações íntimas do ser, sedimentadas na longa trajetória evolutiva, tais como instintos, tendências, hábitos, complexos, traumas, crenças, desejos, interesses e emoções. É aprender a discernir o que queremos da vida, em síntese, nossa intençãobásica.
A intenção do espírito é a força que impulsiona o progresso através do leque dos sentimentos.
A intenção genuína da alma reflete na experiência da afetividade humana, construindo a vastidão das vivencias do coração, ou seja, a metamorfose da sensibilidade. A conquista de nós mesmos consiste em saber interpretar com fidelidade o que buscamos no ato de existir, a intenção magnânima que brota das profundezas da alma em profusão de sentimentos.
É o que nos leva a estarmos em plena paz de consciência. Consciência tranqüila e prazer de viver são as maiores conquistas das pessoas livres e felizes. Estar em paz conosco mesmo é recurso elementar na boa aplicação dos talentos divinos a nós confiados.
Educar para ser feliz é dar sentido à existência. O homem contemporâneo padece a doença do sentido. O vazio existencial é o corrosivo de seu mundo íntimo. A primeira condição para se estabelecer um sentido à vida é o exercício da singularidade. Descobrir os próprios caminhos, lutar pelos sonhos, celebrar a diversidade aceitando as particularidades, participar da vida como se é, sentir o gosto de se desligar de uma vida centrada no ideal e realizar-se no real.
A vida em si mesma não tem um sentido, algo que se possa definir através de padrões ou princípios filosóficos. Esse sentido é construído pelas percepções individuais sob as lentes da singularidade humana que, a partir de diretrizes gerais, capacita-se a seguir a própria rota intuitiva na direção da perfeição. O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme o modo por que encare a vida terrena. O modo de encarar ou perceber a vida terrena é a leitura pessoal de ser no mundo.
A felicidade resulta da habilidade de consolidar esse sentido a partir do ?olhar de impermanência?, tendo o enfoque da transitoriedade e do desprendimento. Quando desenvolvemos a arte de abrir o cadeado de nossas mazelas, soltamo-nos para novas vivências. Desprendemos das velhas amarras mentais, dos complexos afetivos, dos condicionamentos.
Quando aprendemos a lidar com nossos valores a vida se torna plena. A dor existe para incitar a inteligência na descoberta de soluções em nós mesmos. A grande lição nesse passo é descobrir as causas das aflições. O sentido da existência não está fora, mas dentro de nós. Podemos compartilhá-lo com o outro, entretanto, ele não depende do outro. Quanto mais amor a quem somos, mais amamos a vida.
O sentido da existência está no ato de percebermos o que significamos na Obra Paternal. O segundo ponto essencial na construção do sentido é desenvolver a habilidade de superar o sofrimento. O prazer de viver surge quando, efetivamente, entendemos as razoes de nossas dores e como superá-las.
Ser feliz é contentar-se com o que se é sem que isso signifique estacionar. É o amor a si. Esse amor está ligado a nossa intenção. A freqüência de nossos objetivos recônditos é o canal de sintonia que nos liga com a vida. A intenção é o termômetro de nosso ato evolutivo determinando a freqüência básica de nossa atividade mental, pela qual seremos identificados na teia cósmica da vida. A intenção é a manifestação inconsciente da alma na busca de seus compromissos e necessidades de crescimento. Todos trazemos essa energia instintiva de melhora. Ela é a divina reguladora da paz consciencial.
O amor é a manifestação afetiva que repousa sobre as intenções mais puras. Intenção é diferente de desejo. A intenção básica é aquela que norteia as aspirações e escolhas do homem em direção a Deus. Os desejos são metamorfoses dessa intenção matriz que se fermentam sob ação dos reflexos no automatismo da vida mental. A intenção tem a vontade como alavanca de suas expressões, enquanto o desejo é o palco onde se apresentam as emoções e a motivação, elementos componentes da tessitura do sentimento. Vontade é a manifestação inteligente da intenção enquanto desejo é o reflexo instintivo da intenção.
Para quem se ama a falha é nota que afere o ser para um recomeço melhor.
Deixar de tentar é falha maior que buscar a experiência. Quando nos amamos, queremos saber o que nos vai à alma, quais nossos desejos e o que ansiamos para nós. Quando nos envolvemos na psicosfera do auto-amor, encantamos pelo que somos, até mesmo pelas deficiências. De posse disso, mensuramos a vida que nos cerca e, mesmo que não possamos fazer nada para mudá-la por fora, saberemos preservar-nos intimamente nas aspirações de crescer e ser feliz.
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Melhores trechos:
??Na individuação o critério certo/errado é substituído por algumas perguntas: convém ou não? Quero ou não quero? Serve ou não serve? Necessito ou não necessito? Questões cujas respostas vêm do coração. Somente aprendendo a linguagem dos sentimentos poderemos escutar as mensagens da alma destinadas ao ato de individuar-se? Depressão é a reação da alma que não aceitou sua realidade pessoal como ela é estabelecendo um desajuste interior que a incapacita para viver plenamente? Quem se conecta com o self divino, capacita?se para gerenciar suas potências internas e adota a humildade como conduta, pois não sente necessidade de passar uma imagem, mas apenas ser. Tem consciência de sua real importância perante a vida. Nem mais, nem menos valor. Apenas o que realmente é; nada além, nem aquém? A pior consequência da falta de autonomia é medir o valor pessoal pela avaliação que as pessoas fazem de nós. Por medo de rejeição, em muitas situações, agimos contra os sentimentos apenas para agradar e sentir?se incluído, aceito. Quem se define pelo outro, necessariamente tombará em conflitos e decepções, mágoas e agastamentos?
Podemos enumerar em quatro as principais vivências que conduzem à autonomia:
1. Autoestima ? é o aprendizado do valor pessoal. Quem se ama sabe sua real importância.
2. Resistência emocional ? é a capacidade de suportar os próprios sentimentos, que muitas vezes levam?nos às crises e opressões em razão da bagagem da alma. Atravessar dores amadurece.
3. Saber o que se quer ? somente fazendo escolhas, descobrimos nossas aspirações. Algumas dessas escolhas inclui a corajosa decisão de romper com velhas ?muletas mentais?.
4. Escutar os sentimentos ? nos sentimentos está o ?mapa? de nosso ?Plano Divino?. Aprender a ouvi?los sem os ruídos da ilusão será nossa sintonia com o ?Deus Interno??
Como temos dificuldade em assumir a nossa fragilidade! Quanta dificuldade demonstramos para admitir nossa falibilidade! Sentimo?nos pequenos, incompetentes ao nos deparar com as batalhas não vencidas ou com as imperfeições não superadas, agravando ainda mais as provações? Quem se ama dispensa a imponência das máscaras. É feliz por ser quem é??