tioassis 10/02/2024
Indiferente, Incompreendido e Imutável
"O estrangeiro" foi um livro recomendado por um amigo meu, e, usando suas palavras, pode ser descrito como "uma obra com partes que fazem o livro inteiro valer a pena, e com um final bombástico". Devo admitir que meu amigo está mais que certo nessa definição.
Do começo ao fim, Meursault passa uma energia constante de desconforto, com seus monólogos sobre como nada para ele fazia a diferença e ações que levam o leitor a sentir certa repulsa pela personagem. Tanto seu relacionamento com a mãe quanto com sua amante Marie mostram que Meursault nunca teve um certo apego a vida.
Culpando o sol como seu principal motivo, Camus passa a mensagem que, tanto na morte do árabe quanto no enterro de sua mãe, o existencialismo estava sempre presente ao redor de Meursault, que não coloca peso nenhum em suas ações: tanto a de puxar o gatilho, quanto a de tomar um simples café no velório de sua mãe. Não existe arrependimento.
Durante seu julgamento, apesar de ressaltar várias vezes suas ideias, Meursault se vê muitas vezes sendo silenciado por outros, que o julgam sem saber de suas real intenções e pensamentos. É visto pelo mundo todo como um louco, como um estrangeiro, não sendo bem-vindo nem a se proclamar 'humano'. Sentenciado, a única forma que encontra de finalmente expressar tudo é ao capelão, explodindo em cólera e alegria. O alívio que sente após mostra que, no fim, ele finalmente entendeu a vida que levava, e estava feliz com o rumo das coisas.
Meursault morreu como um homem qualquer. E poderia ter morrido 20, 30, 40 anos depois ainda como o mesmo. Abraçando a indiferença do mundo, Meursault, em união a Camus, deixou claro o seu posicionamento acerca do propósito inexistente da vida humana.
Tempo levado para ler (cronometrado aproximadamente): 2 horas
Nota final: 4,5/5