Mr. T. 09/04/2023
Uma introdução modesta a ideias fenomenais
Já foi dito do brasileiro que ele “odeia o governo, mas ama o Estado”. Por mais simplista que a frase possa parecer, a verdade é que, com um conjunto limitadíssimo de perguntas, verá que a frase é desconcertantemente precisa, mesmo para brasileiros em qualquer camada da sociedade – de médicos a ambulantes, professores e motoristas de caminhão, policiais, políticas e filósofos.
A noção de que o Estado não é uma entidade benigna, se não ineficiente e inutilizada por corrução governamental – quanto mais a mera sugestão de ser algo fundamentalmente imoral – é considerada tão absurda, tão inconcebível, que na melhor das hipóteses se ganha sobrancelhas levantadas na Academia, e ostracismo intelectual e filosófico, e sabe-se lá mais o que, na pior. Mas é disso que trata esse livro.
A verdade é que existe um certo misticismo ao redor de Estados nacionais e democracias modernas, e não se permitem críticas ou – repito – a mera proposição de que são sistemas moralmente falhos (e sem futuro), ou, ao menos, exauridos do seu potencial como sistema de organização política.
A esmagadora maioria defende com afinco a existência que arrogou para si o monopólio da sua educação, regurgitando argumentos formulados por pessoas que tem interesse na existência do Estado, e que deles se beneficiam. Naturalmente, a existência do Estado parece, a priori, algo reconfortante, a epítome da organização social e civilidade, um defensor da ordem e da lei. Mas com um pouco de honestidade e uma dose ainda menor de bom senso, pode-se estacar e formular algumas perguntas importantes.
O quanto, de fato, conhecemos da natureza do Estado? Defende ele, de fato, qualquer coisa além da própria existência? Seria ele, de fato, o pináculo da evolução social? Você está certo de que conhece o organismo que controla sua vida? Por que nenhuma discussão do assunto passa além de clichês e argumentos com a solidez de castelos de areia? O que acontece se estivermos errados sobre a natureza de uma instituição cujas mãos detém o leme da história humana, e a alma de bilhões?
O que você acha?