Pandora 20/02/2023
"Em Roma, conversei com filósofos que sentiram que aumentar a vida dos homens era aumentar sua agonia e multiplicar o número de suas mortes." (pág. 9).
Sabe aquela comida que não é sua favorita, mas é tão peculiar e única que as vezes você sente uma necessidade dela? Borges para mim funciona assim, não é meu autor favorito, mas quando menos espero bate aquela vontade.
Em "O Aleph" o autor argentino apresentou um conjunto de vários contos fantásticos nos quais explouro seus conhecimentos amplos sobre a Antiguidade Clássica Grego-Romana, a Antiguidade Oriental, o Universo dO Livro das Mil e Uma Noites e até do ambiente dos Pampas Gaúchos.
Para mim, esse é um livro realmente cheio de labirintos no qual até mesmo a narrativa dos contos é sólida e bifurcada, muitas vezes me senti perdida, precisei recontar meus passos, buscar o "Fio de Ariadne" e então encontrar aquele "Aaaaah! Nossa!"?.
Borges era erudito de uma erudição eurocentica, branco da Brancolândia, leitor de clássicos, conhecedor da História dentro do padrão Positivista e usa tudo isso para construir dentro de páginas universos inteiros, infinitos em si mesmo, fascinantes, misteriosos, labirínticos, lúdicos. Para Borges, talvez, escrever fosse como brincar com as palavras.
Ao meu paladar os mundo de Borges tem sabor de infância, de 5° série. Ele brinca com a linguagem que é a linguagem da minha infância, quando eu queria ser Simbad, amava a Idade Média de Ivanhoé, devorava mitos gregos, me perdia nos mistérios das cidades sumérias, lia a Bíblia com devoção e sentia o mistério do mundo no por do sol e no aparecimento das estrelas estando empoleirada no muro de um labirinto, pois toda favela é um labirinto.