Memorial do Convento

Memorial do Convento José Saramago




Resenhas - Memorial do Convento


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Daniel 17/07/2019

O outro lado da História
O enredo gira em torno de Baltasar Sete-Sois e Blimunda Sete-Luas; ele, um ex-soldado pobre e maneta; ela, a filha de uma bruxa, dotada do poder sobrenatural de ver "por dentro" das pessoas. É no Portugal do início do século XVIII, marcado pela opulência do ouro brasileiro e pelo terror da Inquisição, que a vida desses dois personagens se entrecruzam, atravessando o caminho de personagens históricos, como o Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, criador de uma das primeiras máquinas voadoras - a passarola - durante a construção do gigantesco Palácio Nacional de Mafra, mais conhecido como Convento.

Publicado em 1982, é a partir desse romance que Saramago alcança a maestria literária que um dia lhe renderia o Nobel de Literatura. Mais do que um simples romance histórico, Memorial do Convento se propõe a ser uma revisão - crítica e irônica - da História oficial. Ao dar voz àqueles que a crítica Linda Hutcheon chama de ex-centricos, os indivíduos excluídos da História (mulheres, trabalhadores, escravos, etc.), mas que foram a verdadeira força motriz da civilização, o autor desenvolve uma narrativa partindo do olhar dos excluídos, dotando a obra de um alto teor de criticidade histórica. Sem se limitar ao panfletarismo, Saramago demonstra um domínio impressionante da técnica literária, com o uso de um narrador móvel que se desloca no tempo e desenvolvendo através do discurso indireto livre a perspectiva de cada uma das personagens - recurso que coaduna perfeitamente com a proposta da obra.

No decorrer de parágrafos longos e nada enfadonhos, somos envolvidos pela atmosfera ao mesmo tempo trágica e cômica do romance - trágica por evidenciar a exploração dos trabalhadores os desmandos dos poderosos ao longo da História; cômica, por criticar a hipocrisia do clero e a ociosidade pervertida de D. João V - o rei que adorava tomar freiras como amantes - com traços de grande ironia.
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marcelo.batista.1428 04/03/2019


O memorial do convento serve para marcar o tempo e o lugar da trama. Com isso, um contexto histórico é apresentado e usado por Saramago, para exercer uma crítica a sociedade e seus valores, muitas vezes através de uma deliciosa escrita ironica. Mas também, é apenas um pretexto para perpassar temas universais, como o amor, os sonhos e desejos.
Eu geralmente prefiro uma escrita mais direta, mas Saramago é um dos autores que me fazem ver que as curvas e desvios podem ser divertidas e belas.
Alguns trechos:
Pg 189: “... ter padrinhos que desculpem o homicídio e mil cruzados para por na balança, nem é para outra coisa que a justiça leva na mão. Castigue-se lá os negros e os vilões para que não se perca o valor do exemplo, mas honre-se a gente de bem e de bens...”
(parece que a balança é reais de um lado e egos de outro)
Pg 249: “ ...não foi a comida fartura, mas um estômago avisado sabe encontrar muito no pouco...” “... eis senão quando ressoa a corneta, se estivéssemos no Vale de Josafá mandávamos acordar os mortos, assim não há outro remédio que levantarem-se os vivos.”
Pg 274: “ A enxerga é a mesma, os trapos nem foram lavados, um homem bate à porta e entra, não a pergunta a fazer nem respostas a dar, o preço é conhecido, desaperta-se ele, ela levanta as saias, gemeu ele o seu gozo, ela não precisa fingir, estamos entre gente séria. “
Pg 296: “... sem falar que o número é de todas as coisas que há no mundo a menos exata, diz-se quinhentos tijolos, diz-se quinhentos homens, e a diferença que há entre tijolo e homem é a diferença que se julga não haver entre quinhentos e quinhentos, ...”
Pg 298: “ ... Mariana Vitória, uma garotinha ..., esteve para casar-se com Luís XV de França e foi por ele repudiada... é mandada para casa porque de repente deu a febre ao prometido, ou aos interesses de quem o orientava, de ter rapidamente herdeiros a coroa, necessidade que a pobrezinha, por inabilitação fisiológica, não poderia satisfazer antes de decorrido uns oitos anos.
... dos prazeres de Mariana Vitória não há muito o que dizer, gosta de bonecas, adora confeitos, ... e, crescendo, estimará a música e a leitura. Há quem governe mais sabendo menos.”
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Gabriel Archanjo 25/07/2018

UMA OBRA MEMORÁVEL.
Eis um romance que enfrenta a dureza do individualismo da sociedade e a esperança dos sonhos. Com sua temática totalmente inovadora do romance histórico, o Memorial do Convento recupera as ilusões, fantasias e aspirações de um Portugal que se quis grande e eterno, ainda que frágil e delicado.
O título apresenta uma carga simbólica, pois sugere as memórias evocativas do passado e pressuposições existenciais que remete ao místico e misterioso.
Baltasar e Blimunda, de alcunha Sete Sóis e Sete Luas, respectivamente, trazem à obra a carga que a faz, além de um relato histórico, também um romance, arriscadamente dito romântico, com todos os subjetivismos, misticismo e finais -não- felizes que pode esperar. São eles a alma gêmea, o sol e a lua. A concretização do amor que é capaz de peregrinar por nove anos em busca de outro e parar apenas quando percebe que a Morte o separou.
Não se pode deixar passar uma personagem que unida aos dois forma uma espécie de tríplice, que o Pe. Bartolomeu, onde através dele e seu incansável e insano desejo de voar, propicia grande parte do romance, principalmente sobre a vida do casal protagonista. Formam eles um tripé, talvez pensado em alusão ao plano físico (Baltasar), mental (Pe. Bartolomeu) e espiritual (Blimunda). A passarola, símbolo da concretização do sonho de um visionário, funciona de uma forma antagônica ao longo da narrativa: é ela que une Baltasar, Blimunda e o padre Bartolomeu, mas também é ela que vai acabar por separá-los.
Através de sua escrita, Saramago nos legou uma obra artisticamente perfeita, em que abrange História, seu teor memorialista de resgate; Geografia, ofertando descrições fies da Portugal da época; Política, explicitando criticamente o poder; Arquitetura, nas descrições fantásticas sobre forma e conteúdo; Filosofia, com seu alto teor reflexivo, Sociologia, retratando as camadas sociais da época; Antropologia, analisando o comportamento humano em relação ao meio e suas modificações e, sobretudo e magistralmente a arte da Literatura, onde através das palavras, sobre a forma do Romance Histórico, e seu extraordinário talento, concebeu a união perfeita de todas as esferas sob um único meio comunicativo: o livro.
Sua escrita transgressora deu à luz ao narrador livre, despreocupado com as marcações gráficas no discurso direto. Um narrador que mesmo preso ao passado evocado nas paredes do convento, conserva o modelo moderno de seu tempo, assemelhando a sua escrita ao estilo quase que oralizado, e junto ao singular modo de construir em sua narrativa personagens com intensos fluxos de consciência, Saramago oferece ao leitor o prazer de penetrar não só no tempo e no espaço da obra, mas como também na mente das suas personagens, o que mais uma vez torna seu Memorial do convento, de fato, uma obra memorável.
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pantalaimon 21/07/2018

Fabuloso
Em O Memorial do Convento José Saramago utiliza um acontecimento real (a construção do convento de Mafra) para criar uma narrativa onde fato e fantasia se mesclam de maneira formidavel. Os personagens principais também se mostram um tanto exóticos, ainda mais considerando-se a época em que o livro se passa: a inquisição. Um padre tomado por sonhos alquimistas, uma moça com um misterioso dom, e um ex soldado marcado pela guerra, estes são os grandes protagonistas. Por vezes sendo descritos como seres brilhantes( em certo momento Baltasar, o soldado, é comparado à Deus), noutras vezes sendo estes imensamente normais. Personagens da nobreza também, apesar de caprichosos e indiferentes se mostram varias vezes cheios de angustias e desejos. Sua fina irônia, marca registrada, consegue ao mesmo tempo acusar e compreender atitudes, por mais egoístas que estas sejam. Mais um ponto para Saramago que consegue ter uma compaixão imensa para com a humanidade e as suas falhas em suas narrativas.
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Lismar 23/04/2018

Obra-Prima Portuguesa.
Mais um belo romance de Saramago. Situado em Portugal no seculo 18, o livro narra a história de Blimunda e Baltasar Sete Sóis e do padre Bartolomeu Lourenço, além da construção do Convento em Mafra e da invenção revolucionária do padre.
Livro vencedor do Prêmio Nobel de literatura, faz jus à premiação pela complexidade e profundidade da obra. É muito mais que uma simples historia de amor, sim estamos diante uma, apesar de tanta desgraçada que permeia esta.
O português descortina, com uma competência assombrosa, a sociedade portuguesa de mil setecentos e umas dezenas, em que observamos o quotidiano de aristocratas, dos miseráveis e das liturgias religiosas.
O detalhamento das procissões religiosas, da construção da Convento, do período em si, é assombroso. A impressão é que estamos observando/sentindo tudo in loco: Os autos de fé, as romarias, os músculos retesados ao erguer uma carroceria cheia de pedra, a alegria e o desespero dos protagonistas.
A escrita de Saramago é aquela de sempre: poucos parágrafos - e os existentes são enormes - além de obedecer sua pontuação peculiar, já marca registrada do escritor.
Está presente também o humor ácido do Português, com críticas mordazes, principalmente sobre o fundamentalismo religioso, da frivolidade mortífera da Aristocracia e do absolutismo autoritário.
O livro possui diversas simbologias que nos leva a reflexão, como por exemplo, os conceitos sobre as vontades presentes no livro - simplesmente estupendos - e os nomes dos protagonistas: Sete-Sóis e Sete-Luas; que possuem poderosos significados.
Uma verdadeira obra de arte, em que precisa ser lida de forma calma e atenciosa para se agarrar toda acepção presente nela.
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Magasoares 21/01/2018

"Depois da morte somos todos ricos".
Se José Saramago não tivesse escrito mais nenhum livro, só com esse, ele já teria merecido...
Recomendo, leiam :)
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Aline 11/12/2017

Saramago - paixão inusitada
Quando comecei ler Memorial do convento, foi na época de vestibular e era um daqueles livros obrigatórios de Fuvest e Unicamp....claro que não me entusiasmei muito com o calhamaço.
Mas...Saramago me conquistou a primeira leitura e com a ajudinha da professora de literatura da época, me apaixonei pela obra.
Bom, eu sou historiadora e professora de história e este livro foi tema de um trabalho de fim de semestre durante a faculdade de tanto que eu amei o livro - história e ficção juntos em perfeita harmonia, do jeitinho que eu gosto.
tenho que confessar, no entanto, sou fascinada por personagens femininas fortes e complexas....também me apaixonei por Blimunda....eu coloraria o nome dela em uma filha de tanto que eu gostei....
Sem mais palavras.
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Pâmela. 29/11/2017

Ao convento, deitam-se histórias. À História, aconchegam-se pessoas.
Nessa obra, Saramago exige tempo. Para acompanhar as histórias e para digerir as reflexões. Saramago lança vontades aos céus, visões mágicas aos cidadãos, heresias a padres e santidade a andarilhos. O que ele faz aqui é desconstruir qualquer categorização de obra: aqui vai um romance histórico com o seu próprio Ícaro, profundas visões e bruxarias dentre os puros e estupradores dentre os clérigos. É como se Saramago convidasse: jogue tudo fora e comece de novo, aqui está a primeira pedra de construção do convento, e nela está também o sangue e o suor de homens e mulheres. Agora esqueça-se da pedra, concentre-se no sangue e no suor. Neles se faz a História, com a pedra só fazemos prédios.

Os homens se distinguem pelo papel social, há os que podem escolher datas para inaugurações monumentais, e há os que têm de morrer para cumpri-las. Só as dores das mulheres que são iguais em qualquer ponto do reino: elas só servem, servir é o papel no qual devem se contentar, ao menos assim elas conseguem sobreviver.

Baltasar é ninguém, Blimunda tampouco. Bartolomeu é alguém na vida, mas sua alma se perdeu de deus para se achar na ciência, e assim ele cruza a linha da sanidade, na mais perfeita inversão: ao achar a razão, perdeu a fé, e perdeu a razão.

O convento é irrelevante. As pedras são feitas de gente. O rei é uma criança mimada e amedrontada pela morte. É importante dar a narrativa a quem a ela merece: Sete-sóis, Sete-Luas e Voadores é que construíram esse mundo.
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Raul.Coutinho 26/10/2017

Pós-moderno: uma nova proposta
Em primeira medida, o autor propõe um novo narrador, despregado dos romances tradicionais. A obra é comparada a uma conversa de boteco, não obstante, não perde a forma, nem desmerece ouras instâncias. O paralelo entre a histórica construção do convento de Mafra e aventuras dos personagens Baltazar, Blimunda e Bartolomeu comove com seu desfexo. Foi a primeira obra do Saramago que me dediquei à leitura, com certeza mergulharei em outras do único premiado ao Nobel em Língua Portuguesa.
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Mara.Sousa 12/05/2017

Saramago...
Saramago realmente mexeu em tudo o que eu considerava literatura...Ele desconstruiu em mim qualquer parâmetro e o que ele colocou no lugar é indizível rs rs
Essa história tem tudo o que um bom romance tem que ter, e a forma como é contada é que transforma tudo em obra de arte. É Saramago gente.
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Leituras do Sam 15/01/2017

Nesta obra histórica, não só por contar fatos históricos de Portugal do século XVIII, mas por alçar Saramago como um dos autores mais importantes dá literatura contemporânea; Saramago conta a história da construção de um convento em Mafra.
Como é sua característica, em Memorial do convento temos histórias dentro de histórias e é assim que Baltasar Sete-sóis (soldado maneta) e sua mulher Blimunda (que tem o poder de ver por dentro das pessoas e coisas) passam a representar os homens e mulheres que trabalharam na obra e sofreram com a inquisição cristã perseguidora de tudo o que é diferente.
Baltasar e Blimunda também participam dá construção de outra obra importante junto com o padre Bartolomeu, que foi a passarola (uma espécie de balão - o primeiro).
E é a narrativa dessas duas construções que amplia a crítica a que o autor se propõe fazer, já que uma construção explora não só os trabalhadores de Portugal, mas também os do Brasil e Índia de onde provinham as toneladas de ouro e outras riqueza que tornavam possível que a corte portuguesa esbanjasse, enquanto a outra é construída pelas vontades coletivas dos homens desconhecidos.
Saramago joga luz sobre os trabalhadores que construíram tão pomposa obra arquitetônica ao mesmo tempo em que de forma extremamente irônica faz a crítica social aos desvarios, megalomanias e hipocrisia dos poderosos que levam as glórias pelo trabalho de outros, aqui exemplificados pela corte e pela igreja.
Saramago foi um tanto prolixo? Sim, o que não deixa a leitura fluir, mas ao finaliza-la tive a certeza de que estive mergulhado em uma obra potente em termos de critica social e de que o memorial que ele fez foi não do convento, mas dos trabalhadores que carregam nas costas os poderosos enquanto seus sonhos e vontades ficam presos dentro de si.
Duas músicas me vieram a cabeça durante a leitura: Cidadão - Zé Geraldo e Construção - Chico Buarque, pois elas ajudam a entender esta belíssima obra literária.

@leiturasdosamm
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Rodolfo Vilar 09/01/2017

MEMORIAL DO CONVENTO (OU O LIVRO DAS VONTADES) | JOSÉ SARAMAGO
É necessário se antecipar e chegar logo a conclusão sobre o livro a ser apresentado: Toda leitura do Saramago é uma completa e fabulosa aventura à cerca de dar vozes aqueles que necessitam. É uma maneira deliciosa e intrínseca de se tornar mais humano.

Memorial do convento, escrito em 1982 e já nessa época consagrando Saramago como um dos maiores autores de Portugal e do mundo, é o quarto romance nessa linha histórica, só que agora com um pezinho na fantasia da mente fabulosa do autor. Considerado um dos melhores livros do Saramago, junto com O Evangelho Segundo Jesus Cristo, Memorial do Convento é um romance que faz do leitor cativo desde as primeiras páginas, uma vez que é impossivel não tomar sentimentos pelos personagens que o fazem parte. Não é à toa que grandes críticos o consideram aquele tipo de leitura do qual nos fará sempre levar conosco seus personagens, lugares e sentimentos por toda a vida.

A idéia original da história, idéias que só o Saramago conseguiu ter, parte do ponto histórico em que o Rei de Portugal, D. João, quinto de seu nome, promete através do pagamento de uma promessa (conseguir ter um filho para suceder o seu trono) construir um dos maiores conventos que a cidade de Mafra já teve. No desenrolar da construção desse convento (hoje o Palácio Real de Mafra), é que conhecemos os fabulosos personagens que dão vida a esse romance. Prometendo emprego a todos aqueles que queiram trabalhar nessa construção, Baltazar, que é um ex soldado e agora maneta, volta a sua terra a procura de ocupação. É nessa volta, enquanto assisti a um espetáculo promovido pela Santa Inquisição, que ele conhece Blimunda, aquela que será a sua mulher e eterno amor. Durante esse tempo o casal conhece também o famoso (e tbm histórico) Padre Gusmão, indivíduo esse que tem o sonho de conseguir voar através de uma engenhoca que está a construir chamada “Passarola”. Só que para isso, para que se consiga voar, é necessário de um combustível bastante diferente: as vontades humanas. Para que este sonho se torne real, Padre Gusmão pede a ajuda braçal de Baltazar, que construirá a maquina, e de Blimunda, essa que, quando está em jejum, consegue enxergar dentro das pessoas, o que tornará fácil a tarefa de colher as vontades. Sendo assim, Blimunda e Baltazar tornam - se o casal mais lindo e admirável da literatura portuguesa. Ele, chamado de Sete-Sois por só enxergar de dia, e ela de Nove-Luas, por conseguir ver através da escuridão. E nesse desenrolar que a história prossegue no sucesso ou não da maquina de voar, na instabilidade da vida do casal Sol e Lua e na construção magnânima do Convento de Mafra.

Através de muitas metáforas, simbologia e críticas rígidas, Saramago consegue construir uma historia que nos mostra os dois lados representados do que era o reinado de D. João V no século XVIII, criticando o poder da aristocracia sobre a plebe e o desprezo somado as condições ultrajantes que esses passavam. Por que os homens de Mafra deveriam sofrer tanto (e até chegarem a morrer) na construção de algo que pouco importavam para eles, a não ser a mesquinharia de um simples desejo? Fora isso, em diversos momentos Saramago mostra a realidade daquilo que foi a inquisição, onde muitos, inclusive mulheres, acabaram morrendo queimados por heresia injustiçada, sem falar no próprio Padre Gusmão que nesse determinado momento é perseguido pelo simples desejo de voar.

Por isso que acrescentei o título dessa obra de Saramago como também “O livro das vontades”, não somente pelo fato já explicitado, mas sim no desejo, na vontade que os núcleos destacados no livro representam em toda a história: o desejo compulsório da construção de um convento, a vontade do homem em ser livre e perseguir seus sonhos, a vontade do padre em voar e conseguir estar mais perto de Deus, o amor intenso do casal Sol e Lua que sentem a vontade, chamado, de serem um só. Em suma, a vontade que cada humano carrega em si como pincipio de vida.

O papel do Saramago aqui é mais uma vez dar voz aqueles que necessitam, nesse caso mostrar o rosto de todos aqueles esquecidos que participaram da construção desse convento sem sentido. Mas mais do que isso, o livro é a grande vontade do Saramago de nos cativar como sempre. Leitura recomendadissíma.

site: http://bodegaliteraria.weebly.com/biblioteca/memorial-do-convento-ou-o-livro-das-vontades-jose-saramago
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Mad28 20/11/2016

"Depois de muito tempo, eu finalmente consegui acabar o Memorial do Convento, e, contra todas as expectativas, acho que este livro é, sem dúvida nenhuma, uma autêntica obra-prima.
O Memorial do Convento é aquele livro com personagens e uma história incrível, mas que não é tão fácil de ler, sendo este o motivo de não receber as 5 estrelas. A esta dificuldade junta-se a tão conhecida escrita de Saramago que faz com que as pessoas ou o amem como autor, ou o detestem.
O Memorial é realmente um livro muito difícil de ultrapassar, o autor usa frequentemente palavras complicadas e nomes históricos que obriga a pesquisas e consequentemente arrasta o ritmo de leitura. No entanto, quando conseguimos entrar na escrita do autor, é realmente muito interessante e nota-se muita pesquisa por parte do autor.
Relativamente às personagens não tenho queixa nenhuma, pelo contrário, eu realmente gostei de todas e do contraste entre elas.
Se tivesse de definir a parte que mais gostei no livro acho que foi mesmo o papel do Convento de Mafra em Portugal e a ironia que o autor usa para descrever a ambição e a astucia do rei para com esta imponência histórica.
Sei que não é um livro fácil, eu arrestei-o por mais de um ano, mas não precisam de o ler todo seguido, vão pegando nele de vez em quando e avançando um bocado que assim conseguem e não se torna tão difícil e também não desistam de o ler só porque não o conseguiram fazer no secundário, porque isso aconteceu-me e no final eu adorei o livro, então, recomendo muito. Se puderem, após a leitura, visitem o Convento de Mafra porque é, sem dúvida, um monumento tão imponente que vos arrepia."

Opinião completa em baixo

site: http://presa-nas-palavras.blogspot.com/2016/11/memorial-do-convento-opiniao.html
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Wagner 12/08/2016

DENTRO DE SI

(...) de nenhuma noite teria medo, se tão negra é a que leva dentro de si (...)

In: Saramago, José. Memorial do convento. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. Pp 399.
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Denynha 29/02/2016

Minha opinião:

Religião, tretas da corte, história, personagens a frente do seu tempo, personagens marcantes, critica social e um romance poético... A construção do convento de Mafra, a família real, o padre que queria construir uma máquina de voar, o amor de Baltazar Sete Sois por Blimunda Sete Luas é uma aula de história e poesia.
Blimunda, Baltazar e o Padre Bartolomeu são os três personagens que marcaram meu coração. Torci para que a passarola voasse, que Sete Sóis e Sete Luas ficassem juntos e me compadeci com o horror da inquisição e das desigualdades sociais já naquele tempo.
Saramago dá uma aula, com conhecimento de causa, mas, o livro poderia ser menor, sem tantas histórias paralelas, que me deixou confusa em alguns momentos.
E aquele final, partiu meu coração
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