Memorial do Convento

Memorial do Convento José Saramago




Resenhas - Memorial do Convento


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Inês Montenegro 31/01/2016

Ainda me encontro à procura da prosa sedutora. Apesar de inicialmente morosa e exigente de atenção, a forma narrativa acaba por não ser desagradável – se ao menos colocasse aspas nos diálogos e metesse na cabeça que existe uma razão válida e lógica para colocar pontos de interrogação no final de uma pergunta. Há certas regras gramaticais que não foram feitas para serem desrespeitadas, quer se use a desculpa do “estilo do autor”, quer seja a do “é para obrigar o leitor a trabalhar”.

Opinião completa em:

site: https://booktalesblog.wordpress.com/2015/10/23/memorial-do-convento-jose-saramago/
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Volnei 25/11/2015

Memorial do convento
A obra conta a história da construção do convento de Mafra e o envolvimento entre um ex combatente Baltasar e aquela que vem a ser sua companheira Blimunda. Juntos nos levam a grandes aventuras.Uma excelente leitura dentre os romances deste autor

site: http://toninhofotografopedagogo.blogspot.com.br/
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Pedro Nabuco 31/10/2015

"Tudo no mundo está dando respostas o que demora é o tempo das perguntas."
Saramago é, sem dúvidas, um mestre das palavras, elas são suas servas leais e incondicionais. Nesse livro, o lusitano nos brinda com a história da construção de um convento em Mafra, que também é a história de um padre cientista que questiona os dogmas de sua doutrina, que também é a história de um amor que surgiu numa simples pergunta, que também é um retrato ficcional (ou nem tanto) da sociedade portuguesa monárquica e que também é, em muitos aspectos, um painel da condição humana.

Em que pese os elogios feitos acima, há certas ressalvas a fazer à leitura desta obra, Saramago embora tenha um estilo de escrita irresistível, em "Memorial do Convento" esse estilo parece não estar tão desenvolvido ou tão límpido como em "As Intermitências da Morte" por exemplo. O que não chega a ser um demérito, apenas um obstáculo a mais na leitura, que não faz ela perder sua graça, apesar de atrapalhar um pouco na fluidez do texto. Contudo, o real objetivo desta ressalva é alertar possíveis leitores virgens dos encantos do português, a buscarem algum outro romance para a primeira vez com este mestre, já que esse, embora espetacular, não é de tão fácil digestão.

Feita a ressalva, volto aos elogios. Me espanta a facilidade que Saramago tem para encaixar observações contundentes e borrifar filosofia no meio da simples descrição de uma cena banal, sem falar na sutileza de sua ironia. Suas críticas a hipocrisia da igreja são sensacionais, posto que não é um ataque a fé cristã e sim aos homens que alardeiam esta fé e esta ideologia e agem de encontro a ela.
Quanto ao enredo da história, ele é, deveras, interessante e convidativo, embora eu não vá tecer mais comentários acerca dele, basta dizer que Saramago consegue partir para a ficção mais extravagante, embora tal não ocorra tanto neste livro, sem perder uma gota de verossimilhança.

Por fim, fica recomendada a leitura deste livro especialmente àqueles que já conhecem o luso de outras datas, para os que pretendem iniciar a jornada no mundo linguístico de Saramago, recomendo "As Intermitências da Morte", livro curto, mas não menos genial.
Júlio 31/10/2015minha estante
Pedro, lembro quando intentei a primeira leitura desse Memorial e, como ocê disse bem, encontrei muitos obstáculos, tantos que abandonei a leitura pela metade. Mas na segunda vez, anos depois dessa primeira tentativa, este se tornou um dos meus favoritos pra toda vida. Parabéns pela resenha!
Abs!


Pedro Nabuco 31/10/2015minha estante
Júlio, eu demorei mais ou menos um mês para ler este livro, intercalando com outras leituras, por conta do embaralhamento de sentenças que o Saramago cria, contudo, depois que você "pega o jeito" a leitura corre solta. E concordo com você, depois que passa o estranhamento inicial, o que fica é uma obra marcante, entrou na minha lista de grandes livros também.
Abraço!




Douglas 11/10/2015

Memorial do Convento
Saramago é, dos escritores que eu conheço, o que mais me fascina pelo seu estilo de escrita. Não digo somente pela identidade que ele criou se valendo do jeito que escreve, mas pelo modo com o qual ele conduz uma história.

Todos os livros dele que eu já pude ler precisam ser digeridos. Saramago para mim nunca foi uma leitura fácil, mas sempre foi fascinante. E em "Memorial do Convento" não foi diferente. Acredito que isso seja o mais próximo que Saramago escreveu do gênero de romance histórico, que é um dos meus favoritos. Fatos reais da história portuguesa contados de modo elegante e sutil estão presentes, mas o retrato das pessoas daquela sociedade é o que mais vale neste livro.

Saramago escreveu um livro que conta o memorial da construção de um convento na vila de Mafra onde, na verdade, a construção deste convento é o que menos importa.
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liciahora 20/09/2015

O amor de Baltasar e Blimunda
A história de como foi construído o convento é cansativa, mas quando se volta para os acontecimentos entre Baltasar e Blimunda torna-se fantástica! É um amor desprovido de dúvidas - a existência inequívoca da completude - é o deslumbre do livro!
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Léia Viana 20/07/2015

“...os homens são anjos nascidos sem asas, é o que há de mais bonito, nascer sem asas e fazê-las crescer...”
Um livro e duas histórias em paralelo. Nesta obra, que se situa em um momento histórico real para falar de personagens e situações fictícias, temos: a construção do Convento de Mafra por D. João V e a história de amor entre Baltazar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas, envolvidos na construção da Passarola idealizada pelo Padre Bartolomeu Dias, que cultivava o sonho de voar é que compõem essa obra riquíssima em detalhes, com personagens marcantes em um cenário totalmente característico da época em que se passa a história, meados do século XVIII.

É o segundo livro que leio do Saramago, o encanto permanece e estou ansiosa para ler as demais obras do escritor. Esta história não me conquistou como “Ensaio sobre a cegueira”, mas gostei muito de lê-la, especialmente as metáforas usadas para criticar a sociedade da época.

“...são assim os tropeções da vida, um homem vai à guerra, volta de lá aleijado, depois voa por artes misteriosas, confidenciais, e enfim se quer ganhar o pobre pão de cada dia, é o que se vê, e pode gabar-se da sorte, que há mil anos, se calhar, ainda não se fabricavam ganchetas a fazer de mãozinha, como será daqui a outros mil.”

Quase chorei no final da leitura. Fiquei emocionada, mas não saberei descrever se por ter sido esse o fim, pelo desenrolar da obra ou se pela beleza da história em si.

Leitura recomendada!
Manuella_3 20/07/2015minha estante
Leia, ainda não li Memorial, mas como vc tb adorei Ensaio. Li A Caverna e achei belíssimo. Fiquei curiosa e com saudades de ler o mestre.


Léia Viana 21/07/2015minha estante
Eu pretendo ler outros dele também. Você leu mais algum outro dele além de A Caverna e Ensaio? Estou querendo indicações :)


Manuella_3 21/07/2015minha estante
Sim, li As intermitências da morte. É muito bom tb, o estilo Saramago de criar um caos e em cima fazer a crítica, as observações inteligentes e que nos poem a pensar. Mas, como vc, comecei pelo grandioso Ensaio, então, parece que todos são ótimos, mas sempre atrás do primeiro, rs... Falam muito bem do Evangelho, será meu próximo do portuga. Bj


Manuella_3 21/07/2015minha estante
Ah, Leia, saiu o filme do Homem Duplicado, outro que já tenho e ainda não li. Vc viu o filme do Ensaio sobre a Cegueira? Muito interessante e quase todo fiel ao livro.


Léia Viana 21/07/2015minha estante
E assim vai aumentando a minha listinha de Saramago, rs. Ensaio, ainda, esta no topo dos meus livros que mais gostei.
Beijos.


Léia Viana 22/07/2015minha estante
Eu estou vasculhando a minha memória a respeito do filme "O Homem Duplicado", acho que já vi alguma coisa assim, entrei no Filmow para verificar e fiquei mais confusa, rs. Esse filme foi com Rodrigo Santoro?




Kac 05/04/2015

Mais uma vez fui surpreendida por uma obra de José Saramago. Essa, um pouco diferente das outras que já li, não há "caos" logo de início que transforme a vida dos personagens, mas há, a construção de um convento, em pagamento de uma promessa e que envolve vidas e histórias. A história de rei e rainha, príncipes e princesas, soldado e mulher com poderes extraordinários, santos e religiosos, e do padre Bartolomeu de Gusmão, padre inventor, que tinha como principal sonho voar. Além desses, muitos outros personagens e histórias aparecem para fazer com que a ficção e a realidade se misturem, enriquecendo a narrativa e tornando-a uma leitura inesquecível!
Tenho certeza que vou sonhar com esses personagens e eles continuarão na minha memória por um bom tempo!
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Valério 03/01/2014

A beleza e os mistérios da alma feminina
José Saramago é tão singular, tão diferenciado, que consegue compreender até mesmo o recôndito da alma das mulheres. Sim, e isto não foi dito por ele próprio. Nesta fantástica narrativa da construção do convento de Mafra, principalmente através dos sentimentos de Blimunda, Saramago mostra-se íntimo do que vai na cabeça das fêmeas de nossa espécie.
Basta dizer que uma jornalista espanhola, ao ler "Memorial do Convento", ficou tão encantada que começou a presentear todas as suas amigas com o livro, alegando que nenhum homem jamais entendera ou entenderia a alma feminina como Saramago o fez em "Memorial do Convento". Mais: Afirmou que o entrevistaria e que daria um jeito de conquistá-lo, pois não poderia deixar passar um homem assim. Pois bem, a jornalista Pilar o entrevistou, e foi sua esposa até sua morte. Hoje, é a responsável pela Fundação Saramago. Até hoje, não conheço uma mulher a quem eu tenha contado esta história que não quis ler o livro...
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Lista de Livros 23/12/2013

Lista de Livros: Memorial do Convento, de José Saramago
“Porque, enfim, podemos fugir de tudo, não de nós próprios.”
*
“Há aqui mais quem esteja dormindo, por essa razão não poderia falar, mas, se acordado estivesse, talvez lho não consentissem, porque só tem doze anos, pode a verdade estar na boca das crianças, mas para a dizerem têm de crescer primeiro, e então passam a mentir.”
*
“Tudo no mundo está dando respostas, o que demora é o tempo das perguntas.”
*
Mais em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2009/04/memorial-do-convento-jose-saramago.html
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Melissa Padilha 06/11/2013

Memorial do Convento
Tem certos autores que metem medo, de ler ou mesmo de escrever sobre. Meu medo neste caso é escrever sobre e não fazer juz a qualidade de José Saramago.

Meu primeiro contato com o autor foi a muito tempo atrás, ainda na adolescência. Depois disso, passei um longo e tenebroso, começo de vida adulta, sem contato com Saramago. Retornei com um dos seus livros, talvez um dos mais famosos, difícil, porém ao mesmo tempo que proporciona uma deliciosa leitura.

Memorial do Convento, conta a história (real) da construção de um convento na cidade de Mafra, em Portugal, resultado de uma promessa feita pelo rei D. João V. Sua esposa D. Maria Ana, não conseguia engravidar e D. João então prometeu que se lhe fosse dado um herdeiro, construiria o convento. Uma menina nasceu e o convento começou a ser construído.

Envolto com esta história, Saramago narra outra, mas esta de amor (essa fictícia), entre Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas, o primeiro voltou da guerra maneta da mão esquerda e Blimunda perdeu a mãe mandada embora de Portugal, em exílio, pela Inquisição, nesse momento os dois se encontram. Blimunda é dona de um poder mágico misterioso, que permite a ela ver as pessoas "por dentro", ver suas vontades. Porém, ela pode controlar quando quer ver, pois ela só consegue visualizar o interior das pessoas, desde que não tenha comido seu pedaço de pão no desjejum. E uma das escolhas mais interessantes de Blimunda é absolutamente nunca olhar o interior de Baltasar, não quer sonda-lo, não quer enxergar seu interior, quer apenas ver aquilo que Baltasar lhe permite que seja visto, que na realidade percebe-se que é tudo o que ele realmente é. Não há fingimentos na relação de Blimunda e Baltasar, não há coisas escondidas neste relacionamento, cada um mostra-se ao outro como é, e portanto a única pessoa que se mostra verdadeiramente como é à Blimunda, ela escolhe não usar seus poderes visuais com ele.

Os dois se encontram e se apaixonam com a rapidez de um respiro. Passam a viver juntos, sem nenhum dos dois quererem a "benção" da Igreja, que ao seu tempo queima mais gente do que abençoa.

Blimunda e Baltasar conhecem um padre, um pouco diferente dos demais de sua época, Bartolomeu Lourenço, o Voador, aquele que sonha em construir uma máquina voadora, uma passarola que o levasse a voar como os pássaros. Um sonho um pouco incomum e um tanto perigoso durante a inquisição da idade média.

Os três passam a viver em Lisboa onde começam, com financiamento do próprio D. João V, a construir a passarola voadora e compartilhar da vontade de voar como é permitido aos pássaros que voem.

O texto de Saramago não é dos mais fáceis, a forma como ele constrói a escrita e mesmo a história pode levar a leitores iniciantes do escritor a se perder, ou mesmo a achar um pouco confuso e lento, mas cabe a persistência do leitor porque não demora muito, e acaba-se acostumando e assim, a leitura flui normalmente. Saramago não usa a maioria dos recursos de escrita comum para um diálogo, de repente nota-se que no meio do texto há uma e outra fala da personagem sem travessão, sem mudança de linha, nada, simplesmente uma vírgula e uma letra maiúscula, por isso descobrir "o ritmo" de leitura de Saramago é essencial para que o livro engrene.

Depois desse estranhamento inicial, que pode acontecer com alguns leitores, tenho certeza que a escrita poética de Saramago irá conquistar qualquer um. Apesar da peculiaridade que Saramago traz em seus textos, em relação a acentuação e pontuação, o texto é simples, quando lido com toda a atenção que este fantástico livro merece. Além disso, o escritor é irônico, sarcástico, a ironia permeia todo o texto, principalmente quando há menção do rei João V ou da igreja católica, seus rituais e santos, os gastos excessivos, a exploração do trabalho, a situação precária, as muitas mortes, ou seja traz à luz diversos eventos extremamente injustos que foram tão comuns naquela época. A critica aliás, é um dos fortes de Saramago, e fortíssimo dentro desta história, porém levemente assinalada com o tom sarcástico e irônico dentro de diálogos e histórias que ocorrem por todo o livro.

Blimunda, Baltasar e o padre Bartolomeu me pareceram totalmente fora da época que eles são descritos, personagens que contribuem para um olhar externo e independente do que aconteceu na idade média e dos acontecimentos envolvendo a Igreja, querem buscar novos rumos e caminhos, rumar até o sol, que é o limite, voar e descobrir o mundo ao qual fazem parte ou talvez, que seja, descobrir novos, já que aquele lá não está muito bom de se viver. Saramago coloca pessoas que não se reconhecem como parte de tudo que ocorre ao seu redor, e busca acima de tudo novas oportunidades e além de tudo olham com outros olhos para o mundo que os cercam. Talvez a oportunidade maior seja voar e voar numa passarola, animada pelo sol e pelas vontades humanas que são capazes de levantar do chão o que parecia improvável e impossível. Afinal são as vontades humanas que trazem e movem a vida, e que elas podem ao final interferir não só na sua vida mas, sem muita previsão na de outras pessoas.

Além de tudo, o final é surpreendentemente lindo. Memorial do Convento não é um livro para ser lido com pressa, é um livro para ser apreciado, compreendido, lido com todo cuidado para que importantes mensagens, muitas vezes em uma diálogo simples, não seja perdida.

Eu vi certa vez, alguém comentando e me perdoe, não me lembro mais aonde, que este livro possuía certa harmonia, e essa foi exatamente a minha sensação. A parte ficcional funde-se de uma forma tão perfeita com a parte real que mal sabemos onde começa uma e termina a outra.

Uma das grandes obras em Língua Portuguesa, Saramago tem uma forma muito própria de narrar sua história, porém é toda essa peculiaridade que o faz um ícone da literatura mundial.


site: http://decoisasporai.blogspot.com.br/2013/11/memorial-do-convento-de-jose-saramago.html
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Arsenio Meira 23/10/2013

Sem convento, mas com memória.

Li faz um certo tempo, e fiel ao que senti, lembro bem o quanto me deixou cansado a leitura deste romance.

Faz parte de uma lista de livros que li e não cadastrei e avaliei ainda.
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Bruna 05/07/2013

Memorial do convento – José Saramago.

O livro é sobre a história de Baltasar sete-sóis e Blimunda sete-luas,uma história vivida na época da inquisição em Portugal, é interessante o quanto o livro remete lembrança do livro Cem anos de solidão do Gabriel Garcia, apesar de nada ligar um livro ao outro.
A história começa com o Rei D.João V, ele manda construir um convento em Mafra por ter feito uma promessa caso a rainha conseguisse engravidar, com a construção desse convento grandioso muitas vidas foram interrompidas, muito dinheiro gasto e um sofrimento atroz dos trabalhadores pobres .
Baltasar sete-sóis falta-lhe uma mão que perdeu na guerra, ele fez uma adaptação com um gancho.Ele vai trabalhar em sua terra natal Mafra ,na construção do convento,junto com sua mulher Blimunda sete-luas, nesse desenrolar da história eles trabalham junto com seu amigo padre Bartolomeu Dias na construção de uma máquina voadora ( passarola),o padre Bartolomeu foge com medo da inquisição , e Baltasar sem intenção consegue fazer a máquina voar, e some junto com ela.Durante nove anos Blimunda procura por Baltasar, peregrinando por toas as partes, o amor dela por ele é imensurável e conseguimos sentir toda cumplicidade e lealdade do casal por todo o livro, é um amor que sobrepõe toda pobreza,formam um casal inseparável daqueles dignos de aplausos, companheiros fidedignos.
Blimunda tem o poder de enxergar o interiro das pessoas, ela consegue isso antes de fazer seu desjejum, por esse motivo ela antes de abrir os olhos sempre comia um pedaço de pão antes,para não ver o interior de sete-sóis.
Durante a busca por sete-sóis ela se depara com uma fogueira, com um grupo sendo queimado pela inquisição religiosa,e nesse grupo estava sete-sóis, e estando Blimunda sem comer a mais 24 horas ela vê Baltasar por dentro, assim no seu último instante de vida.
“ Que todas as histórias de amor sejam eternas não como a de Romeu e Julieta, mas como essa do sol e da lua”.
P.S – Que livro!
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Nando 08/05/2013

Um livro pra ser digerido
Nunca escondi minha dificuldade em ler Saramago, embora eu tenha, sempre ao admiti-la, admitido também a grande admiração que cultivo pelo autor. Saramago não é uma leitura fácil, pois sua forma de escrever não segue os padrões que a gente aprende na aula de produção de texto: "meu filho, antes de um parágrafo, salte para a próxima linha; antes de uma fala coloque dois pontos, um em cima e outro em baixo, vá para a próxima linha e, afastado da margem, trace um travessão." O seu jeito de escrever, como já disse em outros textos, me fez implicar e ficar sem lê-lo durante um bom tempo, até que o seu blog na internet me fez enxergar toda a sua genialidade, mas isso aí é outra história, procurem um artigo-antigo em que eu falo sobre "a redenção de Saramago" na minha vida de leitor, é chato, mas é meu.
Quanto ao livro, é o quarto que leio dele e mesmo com toda a implicância que reservo ao seu estilo desparagrafado e virgulado que me leva a ter que repetir duas vezes uma mesma página, hora ou outra, para compreender o que se diz num momento de distração (desculpem, não sou perfeito), ainda assim permanece viva a admiração que tenho pelo autor e pela obra. O mesmo Saramago que se mostra genial ao apresentar males fantasiosos e modernos que amedrontam a humanidade contemporânea (A cegueira epidêmica, a sensação de haver uma pessoa igualzinha a si na mesma cidade, a ausência temporária da morte) e as consequências desses males para as ações humanas, mostra igual genialidade ao relatar um fato histórico e neste relato enfiar alguns outros fatos de sua própria cabeça e opinião, diálogos imaginados, mas que enriquecem a história e demonstram sua ironia para com os temas que vêm tratados na narrativa. Inquisição, o poderio do rei, os acordos entre reinos europeus, a pobreza do povo em contradição à riqueza dos nobres, as velhas críticas à fé cristã, tudo isso vem tratado com um humor típico do autor português, aquela fina ironia, que ao mesmo tempo zomba e faz refletir. Que é a vida? Que é a morte? Que é a fé?
Na minha opinião, Memorial do Convento é um livro para ser lido com calma, degustado, saboreado, digerido, ou, como dizia o Álvaro de Campos sobre outra coisa, mas com palavras que pego emprestadas agora, "não é prato que se coma frio". E acrescento eu, nem às correrias.
raissa 15/06/2013minha estante
concordo em tudo. é o meu primeiro dele e foi difícil. mas vale a pena.vale muitas penas. nao entendi o comentário do álvaro de campos, porque se o prato se come frio é porque tivemos que ter a paciência de esperá-lo esfriar, assim como devemos ter paci~encia com esse livro.


Daniel 22/10/2013minha estante
Concordo também com tudo o que vc escreveu. A gente sabe que está lendo algo bem escrito, literatura de primeira ordem, mas o estilo cansa, exige disposição e entrega do leitor.




Júlio 26/03/2013

Saramago e a arte do assombro (ou assombro da arte)
Havia escrito ainda na metade do livro: "Incrível como a cada página algo surpreende, encanta, estarrece, deslumbra..." - Ao cabo das 357 páginas, continuo com a mesma impressão.
Jorge Luis Borges disse, e não serei completamente fiel às palavras, a memória não anda lá muito boa, que uma das funções principais da arte é atingir o assombro. Não consigo imaginar, além do próprio Borges, outro autor que tenha obtido tamanho êxito nessa empresa tal qual Saramago, especialmente nesse Memorial. No enlace das histórias, nas observações acerca do homem, em pensamentos soltos, em questões filósoficas imiscuídas na trama naturalmente e, principalmente, pelo desfecho totalmente inesperado e verdadeiramente maravilhoso, Saramago cria, pra mim, uma obra assombrosa, na acepção da palavra. Ou melhor, na acepção de Arte.
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Thiago Ernesto 19/02/2013

História ou estória?
Se em 1982, quando foi publicada a primeira edição de Memorial do Convento, o nome de José Saramago era, em grande parte, desconhecido, tanto pela crítica quanto pelos leitores médios, o mesmo não se pode dizer atualmente do primeiro e, ainda, único, escritor de língua portuguesa vencedor do Nobel. O autor, que não chamou a atenção, nem encantou em sua primeira fase, quando surgiu, ainda jovem, na literatura, posteriormente, quando retornou, já maduro, atraiu olhares curiosos para seu estilo inconfundível e original.
Originalidade esta que, para muito além de sua escrita com pontuação econômica, reflete seu, não raro, olhar para a história. Saramago, em vários romances seus, revisita o passado histórico de forma analítica e busca, através da ficção, construir possibilidades para este. É o caso de Memorial do Convento, uma de suas mais conhecidas e bem avaliadas obras.
O romance tem como plano de fundo a construção do convento de Mafra, por D. João V, no século XVIII, se configurando, portanto, como um romance histórico. Entretanto, é necessário ter cuidado com essa classificação pois, para Saramago, escrever um romance histórico não significa, necessariamente, ser fiel à história. Pelo contrário: o escritor a reinventa, usando elementos próprios ou outros, frutos de pesquisas ou de conhecimentos próprios.
Em Memorial, Saramago conta a seus leitores a história de um rei que, fatigado à espera de um filho, faz uma promessa, orientado pelos monges franciscanos, de construir um grande convento caso recebesse um herdeiro. Atendido, o rei dá ordens para que se inicie a construção do grande convento. Obra-prima da arquitetura, este que é um dos mais belos prédios em solo português, não deixa de sofrer duras críticas do escritor, ex-membro do Partido Comunista Português, fortemente influenciado pela ótica marxista.
É nítido que a construção da obra é só um pretexto para que Saramago investigue as personalidades que realmente o interessam: os construtores. Estes, que, segundo boatos sobreviventes ao tempo, passaram de cem mil, foram, segundo a concepção saramaguiana, instrumentos de um rei vaidoso e de uma igreja condizente, usados para erguer um monumento opulento que consumiu, muito mal, as riquezas que vieram da colônia.
É nesse contexto que surgem as interessantes personagens da narrativa: o construtor, maneta, Baltasar Sete-Sóis e sua companheira, a vidente Blimunda. O primeiro vai a Mafra para trabalhar da construção da majestosa obra de João V, trazendo consigo a amiga que possui o dom de ver o interior das pessoas. Dom este que será explorado por um padre jesuíta obcecado por sua máquina voadora, chamada “passarola.” Esta realmente existiu e diz-se que foi o primeiro objeto a voar, tendo o feito em solo português. Saramago, brilhantemente, se apropria dessa história, verídica, contemporânea à construção do convento, para realizar um paralelismo belíssimo entre as duas.
Entretanto, mais que um historiador improvisado, Saramago é, e por isso também um mestre da literatura, um grande contador de estórias. A história, em suas mãos, toma forma de ficção, incorporando elementos fantásticos que seduzem o leitor ávido de uma boa narrativa. No romance em questão, a história da construção do convento, divide espaço com outras histórias, igualmente interessantes e banhadas em fatos históricos.
Assim, sua passarola é distinta daquela presente na história. É alimentada pelo éter que, segundo o padre Bartolomeu, seu construtor, seria mais leve que o ar, fazendo a máquina voar. O éter estaria escondido no interior das pessoas, sendo nada mais que suas vontades. Para capturar essa substância invisível, o padre tem ajuda de Blimunda, uma das mais interessantes personagens que permeiam a obra do escritor português. Capaz de ver o interior das pessoas, a moça captura o éter dentro de um pote e o entrega para o padre. Com isso, o jesuíta consegue por sua passarola para funcionar e realiza uma façanha para a época: voar.
É nesse sentido que os romances históricos de Saramago são maravilhosos: incorporam a um fato histórico, elementos mágicos, dando nova significação a eventos, muitas vezes, sem brilho. No caso da passarola, o autor dá um novo significado ao ato de voar, atribuindo este à vontade humana que é capaz de superar os limites impostos ao homem. Valoriza o impulso humano ao ponto de caracterizá-lo como aquilo que mantem o próprio Deus vivo, como se vê no trecho: “(...) o éter, deem agora muita atenção ao que vou dizer-lhes, antes de subir aos ares para ser o onde as estrelas se suspendem e o ar que Deus respira, vive dentro dos homens e das mulheres (...)”.
Se de um lado temos o grande sonho do padre Bartolomeu sendo realizado, de outro o que está em jogo não é a perseguição de um sonho humano, mas a concretização de sua soberba. Temos Blimunda trabalhando com o padre na passarola e Baltasar, na construção do convento. Aqui se dá um topos da obra de Saramago: a presença feminina capaz de redimir o universo humano.
Essa tópica foi explorada em grande parte dos romances do autor, com destaque para Ensaio Sobre a Cegueira, onde todo um país se queda cego com a exceção de uma mulher. Cabe então a ela guiar os outros cegos pelo mundo devastado. Tão forte quando esta é Blimunda que, ao participar da construção da passarola, em contraposição a Baltazar, construtor do convento, explicita a predileção de Saramago por heroínas que, mesmo anônimas, se mostram mais sensatas que os homens que detêm poder sobre o mundo.
Por último, outro aspecto importante de Memorial, já comentado acima, é sua constante crítica política e religiosa. Política pela maneira que o governo português gastou o dinheiro do ouro brasileiro, na construção de um prédio que não traria benefícios diretos à população. Religioso, fazendo jus ao ateísmo convicto de Saramago, criticando a cumplicidade da igreja com tudo que ocorria e a monstruosidade do Santo Ofício que caçava os infiéis.
Assim, com Memorial do Convento, José Saramago consegue realizar um grande feito: uma narrativa envolvente, crítica e bela. Seu estilo rebuscado, como o próprio convento de Mafra, tomava forma com esse romance. Em 1982, quando publicada, pouco se sabia sobre as proporções que a obra tomaria. Hoje, depois de tantos livros que poderiam ser tratados como magnum opus do autor, o romance ainda guarda um lugar único na obra de Saramago. É aquele capaz de trazer a realidade, crua, para o maravilhoso e fantástico mundo da ficção, transformando a história em estória, digna de ser contada por um grande narrador.
larissa dowdney 31/01/2020minha estante
Belíssima resenha!




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