Mabu 31/10/2023
Muito bem, vamos lá.
confesso que poderia sinceramente passar a tarde inteira e mais umas horas da noite só escrevendo sobre como ler esse livro é uma experiência engrandecedora, que a vida das irmãs Brontë é objeto de estudo muito reflexivo e inspirador, especialmente se tratando da época em que essas irmãs viveram e as coisas que sacrificaram para existir como bem eram, do jeito que eram, lutando por um espaço tão predominantemente masculino que era e ainda é o romance.
mas quero começar e finalizar com uma crítica.
quando li "Miss Brontë", em nenhum momento consegui desvincular o fato de que essas pessoas de fato existiram, de fato foram reais. Que as dores que passaram foram dores verdadeiras, que os sonhos que tiveram foram sonhos de mulheres que vieram da pobreza, que tiveram a vida das irmãs arrancadas e morreram prematuramente antes mesmo de desfrutarem a beleza das coisas da vida ? principalmente Charlotte, que mal havia redescoberto a felicidade e faleceu de forma tão triste.
o livro não quer que você pense nessas pessoas como personagens fictícios, e, na minha opinião, é exatamente aí onde peca e acerta.
na maior parte das vezes, a verossimilhança com as verdadeiras Brontë foi algo que auxiliou na construção de identificação com as personagens, bem como no impacto quando as tragédias passaram a acontecer. mas eu não consegui me sentir em nenhum momento confortável quando a autora ? tantas vezes brilhante na hora da escrita ? começou a relatar os momentos de maior intimidade entre Arthur e Charlotte.
ver ao longo de todo o livro a forma como Arthur e Charlotte tinham grande importância em serem reservados e de repente começar a receber informações sobre como deve ter sido suas primeiras relações sexuais foi bem chocante para mim, não pelo ato em si mas sim porque essas pessoas não são criação de alguém; elas foram reais.
Acredito que houve uma certa falta de tato na hora de retratar as coisas, o que me deu um certo desconforto nessa parte da leitura, mas, de resto, o livro é impecável.