spoiler visualizarJAlia372 20/05/2024
Não deveria ter me "identificado" e me tocado tanto
"O amor muitas vezes tem o rosto da violência"
Talvez essa seja a avaliação mais intimista que eu vou fazer, e não haveria outra maneira realmente. Nem sei se deveria me expor tanto assim. Caso essa review atinja mais gente do que o esperado, ta tudo certo, deixando bem claro.
O que mais me tocou durante a leitura foi como Kafka colocou tudo o que sinto em palavras. Não imaginei que isso seria possível. Sinceramente, não quero e nem consigo mais escrever, já chorei tanto lendo que se continuar escrevendo é capaz de eu chorar de novo. Em suma, melancólico e tocante, me dói o coração saber de todas as agonias que o autor passou.
Eu grifei algumas partes que me tocaram, quero deixar registrado aqui.
"Também é verdade que tu nunca bateste em mim de fato. Porém os gritos, o vermelhão do teu rosto, o gesto de tirar a cinta e deixá-la pronta no espaldar da cadeira eram quase piores para mim."
"Querido pai, tu me perguntaste recentemente por que afirmo ter medo ti."
"E é significativo que até hoje tu apenas me encorajes de fato naquilo que te afeta pessoalmente [...]."
"Tua opinião era certa, qualquer outra era disparatada, extravagante, anormal."
"[...]poderia acontecer de em algum assunto nem sequer teres opinião e, consequentemente, todas as opiniões possíveis relativas ao assunto eram, necessariamente, sem exceção, erradas."
"Bastava a gente estar feliz com alcuma coisa, sentir-se realizado com ela, chegar em casa e expressá-la, para que a resposta fosse um suspiro irônico[...]"
"Para mim sempre foi incompreensível tua falta total de sensibilidade em relação à dor e à vergonha que podias me infligir com palavras e veredictos;"
"Também eu por certo muitas vezes te magoei com palavras, mas depois sempre reconheci e isso me doia, porém eu não conseguia me controlar, não conseguia refrear as palavras, já me arrependia enquanto as pronunciava."
"Por favor, pai, me entenda bem, esses pormenores teriam sido totalmente insignifi- cantes em si; eles só me oprimiam porque o homem que de maneira tão grandiosa era a medida de todas as coisas não atendia ele mesmo aos mandamentos que me impunha."
"Eu hoje só tremo menos do que na infância porque o sentimento de culpa exclusivo da criança em parte foi substituído pela compreensão do nosso desamparo comum."
"[...]tu me proibiste a palavra desde cedo[...]"
"[...]um curioso equivoco tu acreditares que nunca me submeti à tua vontade[...]"
"[...]parecia que minha mãe finalmente chegava para salvar a gente."