Alice1030 25/07/2024
Macabéa. É certo que todos nós em algum momento da vida nos sentimos sozinhos. Mas a Maca não, ela ERA sozinha. Uma criatura tão pequena que ninguém se importava. Não tinha o que comer e quando tinha era muito pouco. Diziam que era feia mas sei não, acho que feio mesmo era quem não tinha a coragem de sorrir pra ela.
Clarice retrata em " a hora da estrela" a vida de uma nordestina, e ao contrário do que vemos nos dias atuais, essa nordestina era frágil, pequena,insignificante. O oposto de uma grande nordestina que vimos fazer sucesso a pouco tempo atrás, a Juliete.
Mas por que trazer a Juliete nessa resenha? Porque ao mesmo tempo que ela era o oposto de Macabéa, elas tinham muito em comum, a solidão. Não que a Juliete tenha sido sozinha por toda vida, mas a Maca não tinha ninguém além de si mesma. Uma foi sozinha durante um curto tempo, a outra foi sozinha a vida inteira. Depois de ler o livro fiquei parada, pensando, quem passa por mim todos os dias e eu faço dele tão insignificante que não lhe dirijo nem o olhar? Sinto muito por todos esses que são tão excluídos a ponto de se tornarem um nada.
Clarice você foi cirúrgica com essa história, o Rio de Janeiro continua lindo, mas continua enorme e sem oportunidade aos mais fracos, as Macabéas e aos excluídos.
Me envolvi emocionalmente nessa história (e como não se envolver?) justamente porque li em um momento que me sentia muito sozinha.
Recomendo muito a leitura e viva Clarice Lispector!! ???