Resenhas - A Hora da Estrela

gy.arjo 07/05/2024

A hora da estrela
"Os que me lerem, assim, levem um soco no estômago para ver se é bom. A vida é um soco no estômago". E foi com essa sensação que eu fiquei ao finalizar a leitura, como quem leva um soco no estômago. Apesar de demorar muito para começar a nos contar a história de Macabéa, A hora da estrela, é uma leitura que vale a pena, que nos traz várias reflexões sobre a vida.

Será que eu realmente estou vivendo ou só deixando os meus dias serem os dias roubados da morte?

Lena77_ 07/05/2024

A escrita de Clarice Lispector é maravilhosa e muito inteligente. Para ler "Hora da Estrela" tive que parar e voltar várias vezes para entender, e sinceramente, eu ficava entediada quando aparecia o Rodrigo S.M. Mesmo tendo dificuldade na leitura, foi gratificante ler e me fez refletir bastante sobre algumas coisas.

Manuzit 07/05/2024

Primeira vez lendo Clarice Lispector. Sinceramente eu amei o jeito da escrita, como ela escreve tudo que ela tá pensando na hora é incrível, isso traz uma comunicação com o leitor e eu acho isso muito bom. A macabéa é uma personagem que enxerga felicidade em pequenas coisas ela é inocente como se não soubesse nada sobre a vida, eu queria só salvar ela daquilo tudo porque que vida ruim, passei muita raiva com o Olímpico que homem ridículo!!!! O livro traz muita reflexão sobre a vida e isso tá me fazendo pensar demais sobre. Simplesmente incrível o livro.

kaique.lv 07/05/2024

Me entreguei ao livro e me senti o próprio narrador
Macabéa me matou. A hora da estrela me provocou sentimentos de fatalidade, pena e alegria. Eu gostava de ver como Macabéa tinha sua então inocência, porém não gostava de como essa inocência apareceu. Foi muito difícil engolir o final do livro; Clarice Lispector alugou um triplex na minha mente com essa obra dela e com certeza eu vou ler de novo.

Emilly_Ss 07/05/2024

?
-"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam."

Clarice tem essa maneira só dela de escrever. Única. Macabéa é a representação da mulher brasileira, uma personagem já abatida pela vida e sem pespectiva de futuro. Clarice retrata todos aqueles que a vida derrubou no instante em que nasceu.

israelluna 07/05/2024

Se você tiver paciência e conseguir passar da chatissima introdução do livro, da introdução da história (só agora que a gente começa a ler de verdade alguma coisa da autora) e se acostumar mais com a escrita da Clarisse Lispector (não totalmente, acho que ela é genial demais pra isso) você vai encontrar a leitura muito fluída e cativante que é A Hora Da Estrela
Um livro cheio desses quotes marcantes que a gente geralmente vê solto por aí

akamnds 07/05/2024

.Quanto ao futuro.
A hora da estrela é, entre muitas coisas, um lamento cotidiano. Macabéa, uma nordestina alienada em sua própria existência, mais uma entre tantas mulheres que não sabem a verdadeira infinidade de ser.
Clarice mesmo ao assumir outro papel em sua escrita como Rodrigo, não consegue passar despercebida. Em essência, Clarice está ali e talvez sua tentativa de sair da história tornou sua existência ainda mais presente.
Macabéa é uma entre tantas. Diante de nós existem diversas Macabéas, que mesmo inconscientemente, anseiam por um sentido.
sentido de.
A hora da estrela monstra o mundo sem lentes. O mundo é assim, cruel. E em um grito silencioso, a vida escapa furtivamente pela porta dos fundos.

Cláudia 07/05/2024

Tão poucas páginas, e eu precisei parar e respirar fundo tantas vezes.

Clarice cria até um falso autor para seu livro, o narrador Rodrigo S.M., mas nem assim consegue se esconder. O desejo de desaparecimento, que a morte real logo depois consolidaria, se frustra. (Amazon)

Macabéa vive de forma miserável, alienada à própria existência, passando seus dias ouvindo a Rádio Relógio e sem grandes aspirações. Seu breve romance com Olímpico de Jesus, que esmaga o coração da gente a cada diálogo, acaba logo, quando é trocada por sua amiga, levando-a a buscar consolo em uma cartomante que lhe promete um futuro brilhante, contrastando com sua realidade sombria.

"Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos." (narrador Rodrigo S.M, a própria Clarice Lispector)

"E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado:
? Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?"

"Sabe o que eu mais queria na vida? Pois era ser artista de cinema. Só vou ao cinema no dia em que o chefe me paga. Eu escolho cinema poeira, sai mais barato. Adoro as artistas. Sabe que Marylin era toda cor-de-rosa?
E você tem cor de suja. Nem tem rosto nem corpo para ser artista de cinema
Você acha mesmo?
Tá na cara"

Gostei muito

Renata 07/05/2024

Um dia, quando tiver totalmente digerido, volto e escrevo sobre o prazer que foi isso.

Bônus para a ótima adaptação feita pela Suzana Amaral e pela atuação da paraibana Marcélia Cartaxo, que interpretou nossa Macabéa com tanto carinho.

tamiresaviana 06/05/2024

Macabéa e sua pureza, feliz sendo quem nem sabia que era.
A mal tratada alegre e feliz: "Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam."

Repetitivo. Clarice nos consome com sua forma, por vezes arrastada, de conduzir Macabéa: "Me dou mal com a repetição: a rotina me afasta de minhas possíveis novidades".

Do simples nada, do nada (explosão) felicidade é questão de ser.

filipe porto 06/05/2024

Fascinante
O último livro de Clarice, não sei se melhor, mas com certeza, fascinante. foi i primeiro romance que li da autora, mas antes já havia lido crônicas magníficas. acho que minha expectativa sobre a obra era outra, mas também acho que um dos intuitos é o de quebrar expectativas com a personagem hora miserável, hora, sinceramente, complexa com sua forma vazia de ser. Macabéa (o corretor corrigiu o nome para ?maçaneta? kkkk). acho que, ao menos para mim, é necessário pesquisar outras resenhas e até estudos sobre o livro para o compreender em sua, talvez, totalidade.

Victor415 06/05/2024

Genial e Unico
Clarice é incrível, cheia de reflexões sobra a vida e a morte, é possível ver traços dela mesma na personagem de a hora da estrela, é bom proteger seu estômago pois como a vida, esse livro é um soco no estômago!

Um choque de realidade de como somos insignificantes.

Recomendo a leitura, mas já dou alerta, a altas chances de você se apegar a macabéa, e é aí que está o problema.



Minhas considerações com spoilers se encontra no último histórico de leitura.

Synesthesia 06/05/2024

Não linearidade inebriante
Metáforas difíceis de engolir e assimetrias na narrativa são o que me fazem amar tanto a experiência angustiante do desenrolar do destino de Macabea. E é isso que mais me fascina neste livro: a narrativa centralizada não só na escancarada pequenez da individualidade da protagonista, mas também no desprezo quase obsessivo (que é apenas um fascínio disfarçado) do narrador por ela. Macabea vive em um mundo que não foi feito para ela e que a rejeita. Em sua pequena trajetória, apenas engole a seco tudo que a atinge, sem sequer se dar conta de que este mundo a rejeita. Mas, muito pelo contrário do que o narrador afirma, Macabea, sob minha percepção, é uma personagem dotada de grande sensibilidade, em sua simplicidade, por notar o que não é notado: as coisas pequenas e insignificantes. Ela representa a fragilidade de existência e uma passividade agressiva.

Regis 06/05/2024

Ela vive sem saber para quê, sem se indagar
E daí que decidi começar a ler Clarice, mas começar como, se já a tinha lido antes? Eu já havia lido a triste e corriqueira história de Macabéa, mas tão nova, que talvez não tivesse sentido direito. Me disseram que essa era a história mais amena, mais serena, mais tranquila para começar a ler Clarice. A única que não reviraria minhas entranhas, meus sentimentos, meus avessos. A única que não me obrigaria a voltar-me para dentro de mim mesma e destrinchar minha existência para passar a limpo toda a espúria nódoa de meus pensamentos.

Então decidi reler Clarice e eis que A Hora da Estrela tomou proporções e ganhou espaço dentro de mim. 
O livro traz a presença forte de um narrador criado pela autora para que a história de Macabéa fosse contada pelo ponto de vista masculino. O narrador Rodrigo S.M. conta a história ao mesmo tempo que a escreve; ele é confuso, prolixo e, às vezes, frio ao narrar a vida dessa nordestina sozinha, ignorante de si mesma e substituível que veio do sertão de Alagoas para o Rio de Janeiro viver em um mundo que não foi feito para ela.

Macabéa é doce e obediente, tem um cheiro Morrinhento, é desprovida de encanto e delicadeza. Ela é feliz por não saber o que é. Ela vive sem saber para quê, sem se indagar. A única coisa que quer é viver. Macabéa se tivesse consciência de quem é e de como vive, talvez cairia dura no chão. 

Tudo que se diz de Macabéa é cortante e afiado, real e tátil é difícil não sentir essa leitura e abraçar a proposta do narrador/escritor de navegar pela mente da protagonista por entre as palavras que ele destila sem filtro e de forma lenta e emaranhada sobre uma virgem inócua que não faz falta para ninguém. 
Uma nordestina tola que representa várias outras como ela sem identidade que vagam espalhadas por cortiços, trabalhando em empregos estafantes e mal remunerados. 

O narrador vai nos dando pedaços da história enquanto divaga se perdendo em pensamentos e palavras que nos causa um certo deleite mental. Ele adia a narrativa e brinca com a ansiedade do leitor, provocando, instigando, tornando a história mais curiosa do que realmente é. Ele imprime a narrativa um ritmo descompassado, ela não parece clara, não é lúcida, apesar de dura e real ela paira por entre um nevoeiro de ideias e vez ou outra consegue ser avistada em meio a intensa cerração. Mas antes de tudo ele nos alerta de que nada nessa história cintilará e que não esperemos estrelas do que será narrado. 

Ao final do livro acabamos conhecendo tanto o narrador quanto Macabéa e dessa última fica conosco os questionamentos de ordem psicológica e existenciais que ela desperta. 

"Ela acreditava. Em quê? Quem sabe, apenas acreditava." 

Esse livro foi uma viagem que fiz duas vezes: uma com o olhar de menina, que quase nada compreendia, e agora com os olhos de mulher que busca ser desafiada pelas palavras e encontrou na escrita de Clarice um desafio à altura de suas expectativas.

Recomendo.

Legos 06/05/2024

(explosão)
E atravessou a rua com seu passo tímido (...)
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Construção - Chico Buarque