Natanny 03/05/2024
"Não se esquecer que por enquanto é tempo de morangos."
(Está leitura foi feita para um trabalho da faculdade; a resenha está completa aqui, mas sem o conteúdo da analise crítica literária e um certo conteúdo acadêmico. Caso queira ler a análise por completo, me segue lá no instagram que está disponível no drive: @autora.nath)
"E como nada na vida é planejado, de acordo com a própria autora em seus escritos; "A Hora da Estrela" transcende a mera narrativa de Macabéa para se tornar uma reflexão profunda sobre a natureza da escrita e da condição humana. Clarice Lispector, ao assumir o papel de narrador-personagem, desafia as fronteiras entre autora e personagem, realidade e ficção, convidando-nos a examinar a própria essência da narrativa.
O constante entrelaçamento entre a voz do narrador e a da autora cria uma atmosfera de intimidade e autoconsciência, onde a arte de contar histórias se torna o cerne da discussão. Lemos a narrativa e nos perguntamos como tal complexidade pode ter sido escrita; "Lispector" — ou "Rodrigo S.M", quem dirá? — nos revela os bastidores da criação literária, confrontando-nos com as ambiguidades e os dilemas inerentes ao processo de escrita, ressaltando a complexa relação entre autor, personagem e leitor.
Macabéa, a figura central da trama, transcende sua condição de personagem para representar a humanidade em sua essência. Sua existência marginalizada e sua busca por um significado em um mundo desesperançoso ecoam as experiências de muitos marginalizados pela sociedade. A jornada de Macabéa nos confronta com as injustiças sociais e as desigualdades que permeiam nossa realidade, principalmente em território brasileiro.
A prosa fragmentada e não linear nos convida a explorar os recônditos mais profundos da psique humana. Macabéa era mesmo daquele jeito? Robson — ou Clarice — escreveu a personagem pensando em alguém, ou em milhões? Milhões de brasileiros nordestinos que vivem em condições semelhantes. Ao mergulhar nas profundezas da alma de seus personagens, Clarice vai nos desafiar a confrontar nossos próprios medos, desejos e angústias, revelando as complexidades que definem nossa humanidade.
"A Hora da Estrela" não é apenas uma obra de ficção; é um espelho da condição humana. Um espelho refletindo e exibindo para o mundo todos os pensamentos de um escritor e sua obra; seu amor e seu ódio por seus personagens, suas criações. Ao nos confrontar com as realidades cruas e dolorosas da vida, Clarice nos incita a refletir sobre nossas próprias existências e a buscar significado em meio à turbulência. É uma obra que vai nos desafiar, é emocionante e transforma, deixando-nos cativados pela profundidade e beleza da experiência literária.
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