O Clube do Suicídio

O Clube do Suicídio Robert Louis Stevenson




Resenhas - O Clube do Suicídio e outras histórias


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rafunds3d 02/02/2014

Não é o que parece...
Em seu interior o livro não contem o que o título impressiona! Não é um livro depressivo e cansativo, que da angústia e tristeza ao ler... Se apreciar uma boa leitura de aventura e pensamento sobre o que é vida/morte, esse livro não é dos melhores mas é gostoso de ler
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criscat 23/10/2012

Stevenson e suas outras estórias
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Leonardo 02/10/2012

Um autor que ensina a ler e a escrever
Disponível em http://catalisecritica.wordpress.com/

Até bem pouco tempo, ao ouvir o nome de Robert Louis Stevenson, minha memória evocaria, de cara, A Ilha do Tesouro (em minha imaginação – de quem não leu o livro – um livro de aventuras para crianças) e O médico e o monstro, uma história clássica à qual nunca dediquei muita atenção.
Aí vem a Cosac Naify e lança este livro. Encontrei-o numa livraria há algum tempo e folheei-o, e só então descobri que era um volume de contos. Fui ao site da Cosac Naify, fiz mais algumas buscas e li que gente como Poe, Henry James, Jorge Luis Borges, Nabokov, Joseph Conrad, Bertolt Brecht, Ernest Hemingway e muitos outros prestam reverência a Stevenson, considerado um grande narrador, um autor cujos escritos ensinam a ler e a escrever, além das óbvias qualidades literárias.
Fiquei de queixo caído e decidi que tinha que ler esse livro.
Antes de começar a falar do texto, porém, abro um pequeno parêntese para falar desta edição da Cosac Naify. Além da já esperada qualidade gráfica, cuidado com revisão, estética etc., o livro traz, em adição aos seis contos, quatro presentes aos leitores:
Logo na abertura, um esclarecedor artigo de Davi Arrigucci Jr., A poesia da circunstância. Cerca de quarenta páginas analisando a escrita de Stevenson, a partir de alguns de seus contos. Ao terminar, o leitor até então desinformado (como era meu caso) parte para os contos com uma perspectiva ampliada;
No apêndice, um artigo de Henry James – Robert Louis Stevenson, a análise do O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde por Vladimir Nabokov e, para finalizar em grande estilo, sugestões de leitura para se aprofundar na obra do escritor escocês.

Por essas e outras que o selo Cosac Naify é, para mim, segurança de que o livro é bom. Neste caso, meus caros amigos da Cosac Naify (se é que alguém vai chegar a ler isso aqui), vocês se superaram. Parabéns!!!

Agora sim, falo dos contos. A orelha do livro lembra que Stevenson desafia todo tipo de classificação. E os seis contos que compõem essa coletânea comprovam isso. Apesar de o estilo elegante do escocês ser visível ao longo das seis histórias, ele não se prende a uma forma de narrar. Enquanto O Clube do Suicídio parece, à primeira vista, uma história de aventura, temos narrativas de alta carga psicológica, como O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hide e Markheim e histórias curtas, mas impressionantes, como O Ladrão de Cadáveres e O Vestíbulo.
Abaixo, um pouco sobre cada um dos contos:

O Clube do Suicídio

Em um dos artigos se fala da visão cinematográfica de Stevenson, e nem lembro se o autor se referia a este conto. Para mim, contudo, a leitura desta história foi suficiente para eu ter a certeza de que tinha nas mãos os escritos de um grande escritor. A narrativa pode ser assim resumida (quase uma versão Twitter): O príncipe Florizel, da Boêmia, é um homem corajoso e com gosto por aventuras. Tendo residido um tempo em Londres, ele, ao lado de seu fiel amigo, o coronel Geraldine, perambulava pelas noites, disfarçado, em busca de emoções. Chega ao seu conhecimento a existência de um Clube do Suicídio, uma sociedade altamente secreta para quem quer morrer sem deixar sobre si (ou sobre sua família) o opróbrio de uma morte vergonhosa. O “associado” paga uma taxa e tem sua morte providenciada pelo clube. O príncipe, contra toda a prudência (e os conselhos do coronel), resolve por fim ao clube.
Nem de perto deu uma versão de 140 caracteres, mas o conto tem quase cem páginas, portanto, muita coisa acontece.
A primeira sacada de gênio é a maneira como Stevenson narra a história: ele divide-a em três capítulos – A história do rapaz das tortas de creme, A história do médico e do baú de Saratoga e A aventura das carruagens de aluguel.
Cada história começa com personagens diferentes, e é como se outra aventura estivesse sendo contada. Aos poucos, e de maneira extremamente habilidosa, Robert Louis Stevenson vai nos dando pistas das relações entre aquela narrativa e o clube do suicídio. No final das contas, as três histórias se casam e você tem a impressão de já ter visto isso em algum filme.

O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hide

Nunca havia lido “O Médico e o Monstro” por achar que se tratasse de “baixa literatura”, puro entretenimento. Quanta ignorância a minha, meu Deus! Ainda bem que esse tipo de ignorância tem cura!
Para começo de conversa, as paródias e brincadeiras sobre o Médico e o Monstro que eu já tinha visto nada têm a ver com este conto. Narrado de maneira grave, precisa, atenta, é impossível resistir à vontade de ler mais uma página, e mais outra, e mais outra. É outro conto longo (ou novela?), com cerca cem páginas. Mas cada uma delas vale a pena. Não vou comentar sobre a história, já bem conhecida. Faço uma observação somente a respeito de um “detalhe” que o autor utiliza para narrar a história: o ponto de vista. Ao invés de se colocar no meio da história, narrando tudo a partir do Dr. Jekyll, Stevenson primeiro nos apresenta Mr. Utterson, o condutor da história. Mas o autor não tem pressa. Ao invés de adentrar logo no drama de Jekyll e Hyde, ele fala do que Mr. Utterson gosta, como ele é visto pelos amigos, quais são seus hábitos. Quando vemos, o caso que dá nome ao conto se tornou o centro das atenções, tudo de maneira fluída, magistral.
Este é, sem dúvida, um conto para ser relido sempre (eu ia colocar esta observação no final deste texto, referindo-me a todos os contos de Stevenson, mas O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde merece uma leitura enquanto ficção científica, outra enquanto horror, outra pelo estilo, várias para se analisar os aspectos psicológicos presentes, e inúmeras pela obra literária que é, independentemente de tudo isso.

Markheim

Este é um dos contos curtos desta coleção, com vinte e três páginas. Esta afirmação, é claro, não carrega entonação qualitativa.
Um homem chega a um antiquário, em plena noite de Natal, dizendo que quer comprar algo para uma dama. O antiquário é seu velho conhecido, sabe do seu pendor para a gastança, por isso tem má vontade com ele. O homem tem outras intenções e não posso ir além disso. Vá ler o conto. Adianto que há muito de Crime e Castigo, com uma pitada de fantástico.

O demônio da garrafa

Ao terminar a leitura deste conto, me perguntei: por que este não é um conto dos mais conhecidos de Stevenson?
Em nota no início do conto, o próprio Stevenson lembra que a ideia do conto não é originalmente dele, mas de uma peça célebre em sua época. Ele diz que procurou transformar a história em algo novo.
Qualquer um de nós vai reconhecer elementos do velho conto do gênio da garrafa, mas aqui com ares mais cruéis. Há uma garrafa que tem passado de mão em mão há incontáveis tempos, sempre sendo vendida por um preço menor do que foi comprada da última vez. Seu dono pode pedir o que quiser, e será atendido. Ele não poderá se livrar da garrafa, a não ser que a venda. Caso morra de posse dela, sua alma irá para o inferno.
Um havaiano chamado Keawe acaba comprando a garrafa e ficando rico. Conhece seu grande amor e uma série de contratempos faz com que repetidas vezes ele perca a posse da garrafa e a recupere.
É uma história com elementos sobrenaturais, algo comum, aliás, na obra de Stevenson, pelo que pude ver, mas também é uma história sobre desejos, insatisfações, amor. É, enfim, uma história deliciosa de ser lida, escrita com maestria.

O ladrão de cadáveres

Essa é a história mais sombria do volume. Fettes é um velho homem que costuma frequentar uma taverna onde bebe com seus amigos. Pouco se sabe sobre ele, além do fato de ter tido uma formação não concluída em medicina. Numa determinada noite, o destino leva-o a reencontrar um antigo conhecido, hoje um eminente médico, mas, segundo ele, um homem sem caráter, capaz de fazer as piores barbaridades. Os seus amigos começam a pesquisar sobre essa história, já que ele mesmo não revela mais nenhum detalhe. Acaba descobrindo que, muitos anos atrás, ambos foram colegas da faculdade de ciências médicas. Eles trabalharam na sala de dissecação com um prestigioso médico, o Sr. K, para quem eles faziam um mórbido serviço: roubar cadáveres. Com o passar do tempo, Fettes percebe que há mais do que o simples roubo de cadáveres. E ele começa a questionar o que se passa naquela faculdade.
Mais do que uma história de horror, mais uma vez Stevenson joga com valores, com conflitos éticos e morais. A passagem em que é narrado o roubo do corpo de uma senhora muito conhecida numa pequena vila é exemplar. Modelo de precisão e de beleza, não tem como não se envolver com aquela narrativa. O escuro, a chuva, o corpo, a luz que se apaga... Conto de leitura obrigatória para quem ama a literatura.

O vestíbulo

Este é o conto mais curto do volume. Curtíssimo, aliás. Menos que cinco páginas. Mas é de uma inventividade estonteante. É, sem sombra de dúvidas, a maneira mais original por meio da qual alguém cometeu um assassinato. Um homem odeia outro, que não sabe desse ódio. O homem que odeia, contudo, sabe que o alvo de sua ira é supersticioso, e após quase sofrer um acidente num canto recôndito, resolve levar o outro à morte, começando pela narrativa de um sonho.
Posso resumir o que pensei ao terminar a leitura deste conto em três palavras: genial, genial, genial.

Conclusão

Robert Louis Stevenson é um artista da palavra. Ele tem boas histórias para contar e sabe contá-las com maestria. Você acaba se questionando: as histórias são tão boas assim ou se tornam melhores porque a técnica dele é soberba? Não importa. É um círculo virtuoso: um homem com uma imaginação estupenda que sabe como poucos como transformar ideias em obras de arte, que prendem, capturam o leitor até a última linha.
Não vejo a hora de ler mais alguma deste brilhante escritor.
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Anica 08/09/2011

O Clube do Suicídio e outras histórias (Robert Louis Stevenson)
Robert Louis Stevenson nasceu em Edimburgo, em 1850. Caso tivesse feito o gosto do pai, seria engenheiro, e não um dos melhores contadores de história da Grã-Bretanha. Stevenson viajou o mundo e transpôs muito do que viu para seus trabalhos, como por exemplo A Ilha do Tesouro – trazendo relatos que são diversão garantida para quem lê, e talvez até por isso mesmo já tenha sido uma “celebridade” ainda em vida, o que lhe garantiu a segurança para ter a escrita como profissão, e o que em consequência nos trouxe histórias inesquecíveis, que continuam agradando ao leitor mesmo tantos anos após a publicação original.

E isto fica evidente ao ler O Clube do Suicídio e outras histórias, que chegou este mês através da coleção Prosa do Mundo da Cosac Naify. O livro tem duas novelas e quatro contos que retratam de forma exemplar a produção do autor, além disso traz introdução de Davi Arrigucci Jr. e também no Apêndice dois textos interessantíssimos para quem gostou do que pode conferir nessa coletânea: Robert Louis Stevenson por Henry James e O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde por Vladimir Nabokov.

O livro abre com a novela O Clube do Suicídio, uma aventura que em muito lembra os bons momentos de outro escocês, Sir Arthur Conan Doyle e seu Sherlock Holmes. Em uma trama envolvendo crime e muita astúcia num jogo de gato e rato entre o príncipe Florizel da Boêmia e o presidente do Clube do Suicídio. São três capítulos que brincam principalmente com a curiosidade do leitor sobre o destino das personagens, que são muito interessantes e acredito se encaixarem muito bem na imagem que se fazia dos “gentlemen” do período vitoriano.

Fica inclusive o reconhecimento pela Cosac trazer esta novela que não era tão conhecida aqui no Brasil, e colocá-la em destaque na coletânea, que por conta com O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde (também conhecida como O Médico e o Monstro), novela genial do autor mas que já é amplamente conhecida do público. O retrato da dualidade do ser humano, misturado com uma atmosfera de terror muito bem desenvolvida mostra bem porque esse texto sobreviveu ao longo dos anos. Tamanha a força da obra que mesmo quem nunca teve o livro em mãos sabe do que se trata a referência de ser “o médico e o monstro”.

Assim, tomando a coletânea como uma representação das publicações de Stevenson, O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde é um título fundamental, e também imperdível. Porque além de levantar a já comentada questão sobre o que é o mal e de como não existe uma pessoa que tenha dentro de si apenas a bondade, ele também é mais um daqueles casos que mostram como Stevenson era um excelente contador de histórias, prendendo a atenção do leitor do começo ao fim.

O mesmo se dá obviamente com os contos, nos quais o elemento fantástico sempre marca presença, mesmo que em alguns casos apenas de modo sutil. Markheim traz novamente o tema do que é o mal, mas aqui sob a ótica da culpa, e com um desfecho muito empolgante que provavelmente deixará o leitor com um ponto de interrogação na testa. O engraçado é que se considerar o início desse conto, quase não dá para acreditar no trabalho de desenvolvimento de Stevenson, que chega na conclusão como algo completamente inesperado.

O conto a seguir, O demônio da garrafa, é um dos meus favoritos. O próprio autor já deixa claro que essa história não é nenhuma novidade, que ele está apenas recontando algo para o público polinésio para, segundo Stevenson, “despertar, perto de casa, algum interesse por aquilo que vem de fora”. Alguns detalhes se repetem bastante no conto, mas isso porque parte da ação consiste na obrigação da personagem de se livrar da garrafa com o demônio, que lhe garantiria desejos mas acaso ele morresse com o objeto em mãos, iria direto para o Inferno. Para passar adiante a garrafa seria necessário vendê-la por um valor menor do que a que foi comprada – agora pense em anos de existência da garrafa, e o perigoso valor pelo qual o protagonista a adquire inicialmente.

O ladrão de cadáveres é terror puro, e tem sua raiz em uma história real, a de Burke e Hare, que roubavam corpos em cemitérios para levar para a escola de medicina, e algum tempo depois passaram a matar pessoas para “garantir o estoque”, digamos assim. Aqui vemos um estudante que primeiro tem como tarefa receber os corpos para as aulas de anatomia, fazendo vista grossa para o que obviamente passaram a ser assassinatos. Até que chega o momento em que ele precisa ir atrás de um corpo… É, volto a insistir, delicioso de ler porque a prosa de Stevenson consegue prender o leitor, realmente o envolver na atmosfera da história.

O último conto é o mais curto e também o mais fraco (embora seja importante destacar que não é ruim, só não é tão bom quanto os demais), O vestíbulo. Aqui temos uma narrativa de crime, embora o desfecho não deixa claro se realmente o foi, em uma espécie de brincadeira com o leitor. De qualquer forma, não é tão empolgante quanto os demais.

Mesmo com um desfecho um pouco mais fraco, a verdade é que a coletânea é excelente. Como acontece em livros assim, é uma boa sugestão para quem está querendo conhecer um pouco do autor. Mas é também uma ótima pedida para todos aqueles que querem se divertir com qualidade de uma prosa muito bem desenvolvida, coisa que Stevenson faz muito bem em todas as páginas desse livro.
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