O Cavaleiro inexistente

O Cavaleiro inexistente Italo Calvino




Resenhas - O Cavaleiro Inexistente


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Li 03/06/2010

Estando inexistente, existe!
Um cavaleiro que não existe traz algumas reflexões sobre a nossa própria existência e (in) significâncias. Seria ele mais real do que cada um de nós jamais fora? A verdade é que O Cavaleiro Inexistente não é um livro sisudo ou tão profundo a ponto de nos fazer refletir com tamanha veemência, antes é uma história divertida, onde o improvável se faz presente e situações inacreditáveis acontecem.
O que falar de Gurdulu, o fiel escudeiro de Agilulfo, o bravo cavaleiro que inexiste? Um simples trapalhão ou a alusão real de como muitas pessoas podem viver sem se dar conta de sua própria existência? Como se fossem levadas por qualquer vento que muda de rota, ora sendo pereiras, ora sendo peras, numa mudança drástica de posições, sem tomar partido de nada. E Rambaldo que empenhado em sua vingança se vê tão perdido quando a mesma se conclui, como muitos de nós que não nos saciamos em nossas próprias conclusões, vivendo os quase com a vã esperança de haver mais vida nos pós das coisas. Também há a jovem Bradamante, que atrai e assusta, mas que no fundo é apenas uma mulher indefesa num corpo moldado para os confrontos, insaciável como todas nós somos, buscando cavaleiros tão perfeitos que inexistem. O jovem Torrismundo também aparece, surgido do nada, na última parte do livro, para reclamar posições e se desfazer de outras, se enfiando numa busca improvável e, se não fosse estranhamente engraçada, seria profundamente triste.
Um livro divertido, cuja segunda parte começa a galopar numa corrida desenfreada e curiosa, mas que se revela oportuna. Todos os personagens são inacreditavelmente reais e têm suas histórias costuradas de forma meticulosa e o cavaleiro inexistente é o centro de todas elas.
Ao final, fiquei com aquela sensação gostosa, que não sentia há muito tempo, aquele vazio de quando se imerge profundamente em algo que logo acaba, como o vácuo que fica o ventre, depois dos nove meses de espera.
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Ricardo 23/08/2010

Fábula
O livro se assemelha a uma fábula,o comeco é um pouco filosófico, mas sem ser chato.O final é um pouco forçado, mas não chega a estragar o livro.Leitura muito agradavel.
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Juliana 24/01/2011

É impossível dar menos que 5 estrelinhas para qualquer livro do Ítalo Calvino. O cavaleiro inexistente é isto que o livro diz. Um cavaleiro que não existe, apenas usa uma armadura branca. É quase um anti-herói, uma espécie de Dom Quixote do realismo fantástico. E Calvino cumpre com maestria a sua função no mundo: a de contar histórias e transformar o impossível em realidade.
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Tito 19/05/2011

As aventuras de Agilulfo Emo Bertrandino dos Guildiverni e dos Altri de Corbentraz e Sura, cavaleiro de Selimpia Citeriore e Fez, paladino que se distingue pelo zelo extremado, pela honra imaculada e, claro, pelo fato de não existir, exceto como manifestação concreta, alva e surreal de sua própria vontade.
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Hugo R 16/10/2011

Errar para ser
“A existência precede a essência”. Com a máxima, Sartre deu o pontapé inicial no movimento filosófico denominado existencialismo. Para o pensador francês, a existência mortal do homem precede a sua formação como persona, por intermédio das experiências modeladoras que, em vida, delinearão o ser humano. Por isso, entre os seres racionais, nada que não é, ou mesmo, que não exista, não pode, de forma alguma, ser. Retrato anterior à tese humanista de Jean-Paul Sartre tem-se com a publicação de O Cavaleiro Inexistente, em 1959, por Italo Calvino.

Nascido numa viagem dos pais cientistas a Cuba, Italo Giovanni Calvino Mameli (1923-1985) destacou-se logo como um dos grandes escritores italianos da geração do séc. XX. Tendo iniciado os estudos na Faculdade de Agronomia de Turim, em 1941, logo os abandona em prol do engajamento político, que o levara a se juntar a Resistência Italiana contra os nazistas. Mais tarde, foram tais acontecimentos que delinearam a vasta produção ficcional do autor, com livros como As Cidades Invisíveis, publicado originalmente em 1972, Se um Viajante numa Noite de Inverno, de 1979, e O Cavaleiro Inexistente, de 1959, caricato e irônico retrato de um romance de cavalaria.

Nesta publicação, Italo Calvino alia uma prosa lírica com um sarcasmo zombeteiro para dar voz às peripécias emaranhadas nos enredos macroscópico e outros microscópicos do romance de apenas 136 páginas. Dando nome à narrativa, exemplarmente fardado com uma límpida armadura branca, metódico, disciplinado, perfeito, Agilulfo Emo Bertrandino dos Guildiverni e dos Altri de Corbentraz e Sura, cavaleiro de Selimpia Citeriore e Fez apresenta-se junto às tropas de Carlos Magno, como era de praxe a todo soldado. Ao contrário dos outros cavaleiros, porém, a bênção e a maldição do perfeccionismo de Agilulfo são justificadas por sua inexistência. Tais atributos que tanto angustiam o cavaleiro, no entanto, são os mesmos que o fazem cobiçado pela guerreira Bradamante, e invejado pelo jovem Rambaldo.

À procura da honra, Agilulfo se engaja numa jornada defendendo os títulos e a posição conquistados de uma acusação feita por Torresmundo, seguido por Bradamante, ansiosa pelo amor de um “não-ser”, e Rambaldo, batalhando pelo coração da guerreira. É assim que, na “cavalgante” narrativa, os personagens, confrontam o futuro com suas incessantes buscas, seus desejos e incertezas.

Essa carroça metafórica que rende um passeio pelo avesso do universo medieval é conduzida pela irmã Teodora, narradora e monja a quem foi designada a incumbência de escrever, como forma de penitência. Logo mais, porém, o ingênuo leitor descobrirá que ela não escreve por consideração ao amor cristão, custeando com o labor de sua pena a vida eterna. Pelo contrário, o intuito de Teodora, ou antes, Bradamente, é a penitência paga pela paixão ao inexistente em desacato ao amor tátil de Rambaldo. A narradora, por fim, agora paga o tempo da espera para alcançar seu salvador, o jovem cujos desejos foram outrora renegados, ansiosa e com a crença de que “se bem que, quando se chega ao ponto [o início do fim, o ponto final] aparece o salvador, sempre ele”.

Nesse tufão de identidades múltiplas, característica principal da flexibilidade e da intensa conexão de Gurdulu – escudeiro de Agilulfo – com o meio em que vive, assalta o cavaleiro inexistente, o que ocorre quando Agilulfo tem a armadura metaforicamente suja por um suposto erro, de modo que, assim, sucede a metamorfose do cavaleiro, que se esvai, liberto de prisão de sua armadura. Consequentemente, descobre no provérbio “errar é humano”, o aprendizado que anula sua condição inexistente, isto é, parafraseando Sartre, aquilo que passa a temperá-lo com as qualidades, defeitos e virtudes, característicos próprios daquele que existe e, por isso, simplesmente é.
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Israel145 18/10/2013

O cavaleiro Inexistente trata da história de Agilulfo Emo Bertandrino dos Guidiverni e dos Altri de Corbentraz e Sura, um cavaleiro que ocupa uma armadura vazia e que pelo próprio título faz-se perceber que não existe. Apesar da curiosidade inicial devido a estranheza, o livro cansa muito rápido.
Calvino domina a arte de conceber histórias, principalmente nos “moldes antigos” que desperta a imaginação e “marca” o leitor. Porém, esse formato só combina com histórias passadas em épocas distantes e que atualmente a meu ver não despertam interesse do grande público leitor e sim de um pequeno nicho.
Recheada de um humor e reviravoltas malucas, a saga do cavaleiro se arrasta paralelamente à história de um outro cavaleiro, Torrismundo, que tem que provar que é filho dos da ordem dos cavaleiros do Santo Graal. Enfim, uma história cansativa num formato obsoleto para um público cada vez menor.
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Marcos Faria 02/10/2012

Ítalo Calvino propõe uma série de jogos em "O cavaleiro inexistente" (Companhia das Letras, 1998). Para começar, é Calvino escrevendo um livro sobre uma monja que escreve uma história de uma armadura que não tem ninguém dentro. À primeira vista, é uma crítica da própria literatura, e em especial a do século XX, que de tanto elaborar discursos sobre si mesma acaba se perdendo no vazio. Enquanto isso, do outro lado, o de fora da armadura, as pessoas reais vivem, amam, sofrem, traem, se acovardam. Esse outro lado, porém, é também impotente sem a forma estruturante que a armadura proporciona. Sem ela, acaba ficando como o louco que acha que é pato quando está no meio dos patos, porco quando está no meio dos porcos e rei quando está diante de Carlos Magno. O final feliz depende da síntese bem sucedida, que depende de as duas partes abrirem mão do que são para se tornarem algo maior.

Publicado também no Almanaque - http://almanaque.wordpress.com/2012/10/02/meninos-eu-li-27/
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E. Dantas 23/01/2013

A MELHOR FABULA (NEM TANTO) CONTEMPORANEA (PARADOXALMENTE) DE TODOS OS TEMPOS
Se o título da resenha lhe soa confuso, você precisa conhecer Calvino. Se conhece Calvino, entenderá muito bem o título da resenha.
Acabo de ler esse pequeno livreto, porém grandissíssima obra, ha pouco mais de dez minutos e já me sinto seguro de dizer que, sim, é a melhor fábula que já li.
Já era fã do excelente e velho Calvino e toda sua maneira fisica-chanchada-fantasia-macarrônica maneira de escrever mas confesso que a estória de Agilulfo e todos as deliciosas personagens que o rodeiam arrebataram minha mente gerando vez ou outra uma careta infantil seguida de um "caramba! Que genial!" ( na verdade eu dizia "caralho" mas achei que pegaria mal usar um palavrão e o termo "infantil" juntos).
Calvino é genial. Isso é um fato. E não gostaria, não posso e não devo dizer nada mais que a sinopse descreve para aqueles que desejam le-la. Por que o segredo de Calvino é aquela grata surpresa ser pego por algo que parece simples e prazeiroso e que no fim de tudo, realmente é.
Ta legal, vou deixar de ser prolixo e resumir: Calvino e sua obra ( aqui falo de O Cavaleiro Inexistente em particular ) é o melhor perfume no pequeno frasco.

Sem mais!
Vale muito!
Beijos e inté!
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Ricardo Santos 24/02/2013

Um cavaleiro pós-moderno
Italo Calvino sempre foi um autor conhecido por seus jogos literários. Alguém que mistura a tradição livresca com experimentações contemporâneas, resultando em estórias deliciosas de ler, ao mesmo tempo profundas e brincalhonas. Sua intenção nada mais é do que rir (tristemente, é verdade) das mazelas humanas. Talvez essa atitude seja um ato de desespero, frente ao comportamento aviltante da humanidade na História, e que se repete no presente. Talvez uma lição de esperança, querendo acreditar que a gente ainda tem jeito para construir outro futuro. O Cavaleiro Inexistente é um ótimo exemplo disso.

É interessante ler uma estória passada na época de Carlos Magno, rei dos francos e imperador do Ocidente, no séc.I d.C., contada de maneira tão ágil e crítica. Este não é um romance histórico convencional. Primeiramente, dúvida-se da própria veracidade dos fatos. Aqui, a versão mítica de façanhas e conquistas é tantas vezes repetida pelos seus participantes que acaba tomando lugar do que realmente ocorreu. Segundo, a forma como Calvino apresenta o texto é bastante contemporânea. Quem narra é uma freira enclausurada num convento, que se põe a escrever um livro sobre O cavaleiro inexistente. Então o leitor se pegunta o tempo todo se pode confiar no que ela conta. É verdade, é mentira, aconteceu mesmo, é pura ficção?

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Eliane 03/03/2013

A loucura de não existir existindo.
Junto ao "grandioso" exército de Carlos Magno segue o determinado e comprometido soldado cujo problema, ou solução, é não existir. Sua armadura reluzente e vazia e seus hábitos de exímio combatente provocam uma reflexão sobre a existência e a loucura. Interessante!
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Sobrinho 18/04/2013

um pequeno romace de cavalaria
Comico, simples, direto. Protagonista da história, um cavaleiro nas fileiras de Carlos Magno que vai em busca da virgindade de uma princesa há mais de quinze anos com um fiel escudeiro e um admirador. Na realidade, uma sátira, ao meu sentir, ao grande romance de Cervantes, Dom Quixote. Vale a pena conferir. Faz parte de uma trilogia do escritor Italo Calvino.
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sonia 02/06/2013

gozação sobre as guerras medievais
humor inteligente, lembra Cervantes, descrevendo as cenas de guerra de modo ridículo, não chega a ser original, é agradável de ler.
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Flavio P. Oliveira 08/06/2013

Absurda Genialidade nos Capítulos Finais
Todos os livros que li deste excelente escritor italiano têm uma narrativa realista e extensa para tratar de uma história absurda, onde muitos personagens são, no mínimo, surreais. Este é o terceiro livro da série Os Nossos Antepassados, os outros dois são: O Visconde Partido ao Meio e O Barão nas Árvores. Pelos títulos, todos percebem que são histórias, como mencionei acima, surreais. O grande trunfo do escritor, além do transbordamento de comédia nas inusitadas situações, vem nas páginas finais e no entrelaçar de personagens, neste se repete, eu mesmo diria que o livro que vinha merecendo três estrelas chegou a completa genialidade nos capítulos finais. Quatro estrelas e um modo apoteótico de finalizar a história.
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