Lola 16/07/2012O Dia da DecepçãoEsperava uma história fantástica de ficção policial que me levaria a ser uma fã inveterada desse gênero literário. Encontrei um livro que não fez jus nenhum a essa expectativa.
James Patterson é um autor de ficção policial conhecido por suas narrativas de tirar o fôlego e vem sendo chamado de “o autor das páginas que viram sozinhas”. Não sei se foi por minha inexperiência com livros dele, ou se foi o fato de simplesmente ter detestado o personagem principal por suas incontáveis vezes sendo pretensioso e convencido, que definitivamente não caí de amores pela narrativa de Patterson. Como caí por Harlan Coben. (Peço desculpas pela comparação, mas ela é válida.)
O detetive Alex Cross é chamado para investigar um brutal assassinato de toda uma família, onde nem mesmo as crianças foram poupadas, e que aparentemente não foi cometido por uma só pessoa. Mas este acaba por se revelar mais do que apenas um caso de investigação, uma vez que uma das vítimas é, ou melhor, era uma conhecida de longa data do detetive Cross.
A partir dessa revolta pela violência com que tudo foi feito, Cross se lança em uma implacável e perigosa jornada em busca do responsável por este, que acaba sendo apenas o primeiro de uma série de mortes igualmente perturbadoras e brutais, que partilham do mesmo mandante.
Convém lembrar que quando o trabalho envolve motivos pessoais tudo toma uma proporção bem mais perigosa.
E foi nessa proporção que se concentrou o maior, como dizer, deslize do autor. Afinal, que tipo de pessoa deixa filhos pequenos, uma avó, namorada, enfim, toda sua vida pré-estabelecida e se lança em uma caçada a um assassino que parece feito de fumaça, que parece estar em muitos lugares ao mesmo tempo e é íntimo de pessoas do alto escalão que deveriam proteger as pessoas ao invés de jogar com a vida delas?
Eu já disse que essa caçada se passa na África? Isto é, detetive Cross sai do seu país e viaja para outro que ele não faz idéia do quanto pode ser hostil, contribuindo para que esta caçada tenha tudo para não terminar bem.
E o detalhe maior é que Alex Cross com certeza crê que tem um anjo da guarda super poderoso, já que ele não é versado em nenhum tipo de defesa pessoal ou artes marciais. Nadinha de nada. Mas nada mesmo.
Tirando esses detalhes o detetive continua sendo sem sal, achando que é o He-Man, porém sem a força, (uma vez que ele conta só com a ajuda divina para se proteger), e que se julga inabalável.
“Vigilância. Eu era bom nisso, sempre fui mestre e me manter um passo à frente do adversário. Mesmo quando lidava com pessoas tão traiçoeiras e perigosas (...)” – Página 88, Capítulo 57.
Sério detetive? Foi por isso que você quase morreu uma 10 vezes, e só ficou vivo porque o próprio assassino assim quis?
Os capítulos são curtinhos, coisa que não aprovei, pois ao invés de incutir um ritmo ágil na narrativa apenas notei que o livro tinha 2239 mentira, tem menos capítulos. E o enredo continuou cansativo e chato.
A editora fez seu trabalho com louvor uma vez que não notei erros de tradução/concordância. Não gosto muito da capa, entretanto ela tem muito a ver com o conteúdo do livro.
Apesar da decepção com o primeiro livro de Patterson ainda lerei outros livros dele, uma vez que O Dia da Caça é o 14º livro da série, que mesmo não sendo obrigatória a leitura dos outros em ordem linear, talvez faça diferença começar do início.
A Arqueiro provavelmente lançará todos os livros faltantes da Série Alex Cross e então poderei opinar melhor. Afinal, Patterson por ser um autor tão aclamado deve ter um livro fantástico que faça jus a sua fama.
Resenha originalmente publicada em: http://adventurerpenelope.blogspot.com.br/2012/06/o-dia-da-caca-james-patterson.html