Vania.Cristina 24/02/2024
O poder da resiliência
Segundo volume dessa série clássica de mangás baseada nas memórias do autor, um sobrevivente de Hiroshima.
No primeiro livro temos um panorama da sociedade japonesa do início dos anos quarenta, com o império japonês doutrinando seu povo para a guerra. Vemos a família Nakaoka, cujo pai é um pacifista, vivendo em 1945 na bela cidade de Hiroshima. Por causa da postura do pai, a família sofre com a hostilidade dos vizinhos e das instituições.
Se no primeiro volume temos um clima de expectativa, de suspense e terror, porque sabemos que a bomba vai cair, nesse segundo livro o clima é de horror absoluto. Nele são narrados os primeiros momentos após a queda da bomba. As cenas são descritivas, escatológicas, para estômagos fortes.
Quase toda a família Nakaoka morre no ataque e Gen, ainda uma criança, tem que descobrir formas de sobreviver na cidade devastada. Vamos descobrir quem é solidário e quem não é.
Nos primeiros momentos a cidade está em chamas, depois cheia de corpos que apodrecem ao léu. Os sobreviventes vagam deformados e começam a ser sentidos os efeitos da radiação.
Boa parte do país segue ignorando o que está acontecendo. Aí a gente vê o que já vimos em outros clássicos do cinema e da literatura como O Quinze, da Raquel de Queiroz, As Vinhas da Ira, de Steimbeck, O Túmulo dos Vagalumes, do Estúdio Ghibli, entre tantas outras histórias impactantes: os refugiados passam a ser tratados com preconceito, como vagabundos inferiores.
Quem já era discriminado passa a ser ainda mais, e esse é o caso dos coreanos no Japão. Os médicos japoneses não tinham como atender todos os feridos, então os de nacionalidade japonesa foram priorizados.
Esse segundo livro vem reforçar a crítica certeira que o autor faz da sociedade japonesa da época e do pensamento imperialista.
É o tipo de história que sempre me faz pensar como as coisas são transitórias, e em como podemos perder tudo, a qualquer momento. Mas também me faz pensar na enorme capacidade humana de seguir em frente, no poder da resiliência.