O Faroleiro

O Faroleiro Henryk Sienkiewicz




Resenhas - O faroleiro e outros contos


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Henrique Fendrich 18/02/2019

Bartek e o que as guerras fazem com você
Célebre por “Quo vadis”, esse polonês, Nobel da Literatura, tem muito mais a oferecer. Destaco a novela “Bartek, o conquistador”, presente nesta obra. Trata-se um pobre campônio polonês, extremamente ingênuo, que um dia se vê forçado a lutar contra os franceses na Guerra Franco-Prussiana, de 1870.

A perplexidade do sujeito com as razões da guerra é algo de se notar. Através dele percebemos a falta de lógica de todas elas. Bartek, de maneira inocente, acha estranho o fato de que se ele, um indivíduo isolado, matar alguém, precisará responder pelo seu ato perante a polícia, ao passo que, na guerra, a recomendação é matar e premia-se quem mata mais. É um pensamento que parece extraído dos livros filosóficos de Tolstoi.

Bartek não tinha nada a ver com aquela guerra, ele não era alemão e não fazia a menor ideia do que era um francês. Entretanto, tinha que obedecer. Algumas mentiras patrióticas foram suficientes para estimular toda a fúria daquele campônio, que se atirou valentemente contra os inimigos. Seus gestos de bravura não passaram despercebidos e ele passou a ser respeitado. Observa-se então o processo de desumanização de Bartek, pois o que a guerra faz com ele é tirar a sua condição de homem.

Digna a de nota a crise que se instaura na sua mente simples quando descobre poloneses lutando do outro lado. Mas as lutas fraticidas já haviam sido justificadas por outro personagem, que disse: “O meu cachorro não briga com o seu?”.

Ao final do conflito, ele volta para a sua Polônia e acha que os seus feitos terão alguma serventia por lá. Não perde por esperar, pois os alemães a que ele havia ajudado o levam à fome, à prisão e ao abandono da sua terra. E, como se não bastasse, há a subjugação de Bartek pelo medo. Já não tem coragem de ser um polonês e vota, obediente como um soldado, nos seus opressores alemães.
Henrique Fendrich 23/02/2019minha estante
Bem, agora terminei o livro e vou falar sobre os outros textos.

O conto que batiza o livro eu já havia lido, mas pelo nome ?O faroleiro de Aspinwal?. É um belo conto sobre um polonês desterrado que, subitamente, recebe um pouco da sua pátria pelos correios.

Mas a melhor obra do livro, para mim, é mesmo ?Bartek, o conquistador?, da qual já falei, e que é uma novela.

Há ainda mais duas pequenas histórias, o triste ?Janko, o pequeno músico?, e o interessante ?Sachem?, que, ao mesmo tempo em que escancara a ?crueldade civilizatória? da humanidade contra os índios, termina com a insuspeitada (e igualmente cruel) adesão de um dos seus remanescentes aos valores de seus opressores.

O último texto do livro também não é exatamente um conto, mas a novela ?Devemos segui-lo?, em que, assim como no célebre ?Quo vadis?, Sienkiewicz se volta às civilizações históricas, pois trata de um casal de romanos que, por acaso, se vê em Jerusalém no momento da crucificação de Jesus. Achei que o entusiasmo da mulher romana pela doutrina de Jesus se deu de forma muito precipitada, diante de umas poucas palavras que ouviu ao seu respeito, o que achei um tanto inverossímil.

Em verdade, eu gostei mais dos textos em que Sienkiewicz fala sobre poloneses.


Nilza Russo 18/02/2020minha estante
Muito boa a sua resenha! Chamou minha atenção, além de tudo o que apontou, a relação conjugal com a camponesa Magna. A personagem feminina e o casamento foram refratados maravilhosamente, de forma atemporal.


Henrique Fendrich 19/02/2020minha estante
Bem observado!




BnecoDeNeve 15/07/2023

Muitas filosofias
Eu adorei os 3 primeiros contos, mas os 2 último não tanto.
"O Faroleiro", "Bartek, o conquistador" e "Janko, o pequeno musico" eu gostei, refleti, amei os personagens, já no "Sachem" e "Devemos segui-lo" não tanto. O último eu gostei do começo mas do meio pro fim já tava entediada.
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